Cuba. Alguma coisa, de sério, vai mudar. Só resta saber como vai mudar o regime.
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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, abril 12
sábado, abril 11
quinta-feira, abril 9
quarta-feira, abril 8
PLURALISMO E DEMOCRACIA
Kyle Ford: Second Nature
Sócrates apoia Durão Barroso porque considera que fez um bom trabalho
Nada mau para um partido que alguns democratas de velha cepa têm apelidado de monolítico, submetido ao jugo do pensamento único, enfim, uma bela desmontagem prática da colagem do rótulo de partido estalinista ao PS. Ou, se quisermos, de como o governo pode divergir do PS, partido maioritário que o apoia ou, ao menos, da posição de Vital Moreira, seu cabeça de lista às eleições para o Parlamento Europeu. Oportunismo? Pluralismo e democracia em qualquer caso. Olaré!
Sócrates apoia Durão Barroso porque considera que fez um bom trabalho
Nada mau para um partido que alguns democratas de velha cepa têm apelidado de monolítico, submetido ao jugo do pensamento único, enfim, uma bela desmontagem prática da colagem do rótulo de partido estalinista ao PS. Ou, se quisermos, de como o governo pode divergir do PS, partido maioritário que o apoia ou, ao menos, da posição de Vital Moreira, seu cabeça de lista às eleições para o Parlamento Europeu. Oportunismo? Pluralismo e democracia em qualquer caso. Olaré!
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A posição de Vital Moreira:
Em relação à especulação indevidamente feita à volta das minhas declarações, ontem no Porto, sobre a eleição do presidente da Comissão Europeia, importa clarificar o seguinte:
a) Entendo que, de acordo com as regras comuns da democracia eleitoral, deve ser o partido mais votado nas eleições europeias a indigitar o presidente da Comissão Europeia, o qual tem de ser aprovado pelo Parlamento Europeu ;
b) Assim, se o PPE for de novo o partido mais votado, cabe-lhe obviamente indigitar o Presidente da Comissão, para o qual aliás já aprovou oficialmente a candidatura do actual presidente, Durão Barroso;
c) Nesse caso, sendo ele naturalmente o nome proposto pelo Conselho ao Parlamento Europeu, não tenho nenhuma razão para não votar a favor, respeitando o voto dos cidadãos europeus, tratando-se além disso de um cidadão português;
d) Caso, porém, seja o PSE a ganhar as eleições, é lógico que, mesmo sem um candidato pré-eleitoral, seja ele a propor o candidato a presidente da Comissão.
e) Não desconheço a posição oficial do PS de apoio à recandidatura de Durão Barroso, mas também é público e notório que o PS respeita as posições individuais dos seus deputados ao PE nesta matéria.
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EXERCÍCIO DO PODER
O boticário mor do reino continua a fazer das suas. Depois de fazer gato-sapato de governos, ministros e candidatos a primeiros-ministros, não admitindo qualquer tipo de concorrência no negócio das boticas, ameaça o Estado com a justiça, ou seja, ameaça morder a mão do dono. Pois retirem os dinheiros públicos do circuito do negócio das farmácias e logo terão uma pequena lição do como o mercado, no caso em apreço, é uma falácia. Dizem que as farmácias são um sector que se modernizou e parece ser verdade. Mas também se dizia o mesmo da banca! E, se?
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terça-feira, abril 7
Vermont Legislature Legalizes Same-Sex marriage
The Vermont Legislature on Tuesday overrode Gov. Jim Douglas’s veto of a bill allowing gay couples to marry, mustering one more vote than needed to preserve the measure. The step makes Vermont the first state to allow same-sex marriage through legislative action instead of a court ruling.
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segunda-feira, abril 6
NÁUSEA
Toda a gente fala mesmo os que sempre mostraram que não têm vocação para falar, sem uma palavra autêntica de arrependimento, ou de auto-crítica sincera, antecipando juízos que não lhes competem e sem deixar chegar ao fim os julgamentos de cujos processos foram tristes protagonistas. Até aos limites da náusea, sem carisma, nem dignidade institucional.
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domingo, abril 5
CUBA - FIM DO BLOQUEIO / FIM DO REGIME
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Perante as medidas de Obama, destinadas a promover o fim gradual do bloqueio dos USA a Cuba (bloqueio que já foi rompido por muitos outros países), Fidel afirma não temer o diálogo pois sabe que os USA não precisam de diálogo para promover a abertura. A abertura que Obama encetou é um desejo profundo do povo cubano que olha para Obama, hoje, com a mesma esperança com que, ontem, olhou a revolução cubana. O que diz Fidel:
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sábado, abril 4
sexta-feira, abril 3
SONDAGENS
Como gosto de acompanhar as sondagens, sejam quais forem os resultados, deixo acima os gráficos das mais recentes (clicar em qualquer deles para aumentar). Os institutos responsáveis são a Eurosondagem e a Marktest. [Aqui pode ver os quadros da SIC respeitantes à Eurosondagem.] Os trabalhos de campo decorreram num período cujas características só poderiam penalizar o PS. Mas no meio da tempestade o PS desce (pouco) numa e sobe (pouco) noutra. O que continua a surpreender é o facto de o PSD ter um comportamento quase simétrico, ou seja, não dá sinais consistentes de recuperação. Vamos ver quem ganha o outro “campeonato” cada vez mais renhido entre BE e PCP com o PP a ameaçar intrometer-se. Quem quiser ter uma ideia mais estruturada acerca das tendências de longo prazo sempre pode consultar o Margens de Erro.
quinta-feira, abril 2
O TRIUNFO DOS PORCOS
É sempre bom saber destas coisas, mesmo 70 anos depois, para se aquilatar do que sempre se oculta acerca da censura. A censura, ou a rasura do pensamento, por motivos políticos, é só a ponta do iceberg. Os detentores do poder, seja de que natureza for, são tentados a fazer censura, suprimindo, ou limitando, as liberdades. Não se pode publicar tudo! Não se pode dizer tudo! O próximo alvo dos censores institucionais é a internet: uma verdadeira dor de cabeça para todos os que toleram mal o regime democrático liberal. Uma arma letal contra as ditaduras. A defesa da liberdade de acesso, e utilização, da internet é uma das principais bandeiras, nos nossos dias, na luta contra a tirania. Uma batalha que vai endurecer nos próximos tempos.
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quarta-feira, abril 1
UM PROBLEMA QUE VEM DE LONGE
Michael Matsil
O ponto de vista situacionista: tudo o que aconteceu na educação nos últimos quatro anos não é verdade. Mas será verdade o que aconteceu nos últimos 149 anos? Durante quase século e meio ocuparam a pasta da Educação 120 Ministros. Destes só 7, contando com a actual ministra, exerceram funções por mais de 4 anos.
O ponto de vista situacionista: tudo o que aconteceu na educação nos últimos quatro anos não é verdade. Mas será verdade o que aconteceu nos últimos 149 anos? Durante quase século e meio ocuparam a pasta da Educação 120 Ministros. Destes só 7, contando com a actual ministra, exerceram funções por mais de 4 anos.
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terça-feira, março 31
ACERCA DA CRISE
Carlos Tarrats
A crise financeira internacional vai revelando um infindável cortejo de aberrações na gestão dos empórios financeiros e industriais, um magma, por vezes indecifrável, de aberrantes privilégios que só podem encontrar justificação na crença cega nas virtudes do mercado como antes, com o império soviético, muitos acreditaram cegamente nas virtudes da propriedade colectiva dos meios de produção. O problema é que, sob as mais diversas formas, a crise faz sempre engrossar as fileiras dos extremistas. Os cidadãos trabalhadores, em todos os níveis da escala social, crentes na vantagem do regime democrático, exigem que os governos eleitos não distribuam os recursos de todos em favor dos “ladrões do templo”. Os governos democráticos não podem ceder às facilidades de apoiar, indiscriminadamente, quem mais alto grita a sua aflição. Não quero sequer pensar que aqueles que pagam, a tempo e horas, os seus impostos, contribuições, taxas e afins, os cidadãos cumpridores das suas obrigações perante a comunidade, sejam espoliados por uma aliança espúria entre políticos eleitos e ladrões com estatuto de empreendedores. É preciso desmanchar a trama. E para surpresa de muitos que acreditaram, com boa fé, nos amanhãs que cantam, têm que ser os partidos do centro esquerda a tomar a iniciativa de empreender políticas regeneradoras. A direita fará sempre renascer a especulação desenfreada, a esquerda da esquerda os mitos do colectivismo empobrecedor. É preciso, nesta época difícil, como aconteceu outras vezes no passado, ter a coragem de defender as reformas centradas no bom senso, na conciliação dos interesses, na defesa de um modelo de radicalismo centrista. A alternativa é o populismo que conduz à guerra. Mas como os políticos do ocidente, seja qual for o seu quadrante político, nos dias de hoje, não têm a memória da guerra era uma boa terapia que frequentassem a rua e ouvissem, na pastelaria, a conversa da mesa do lado. Um exercício simples mas eloquente para informar políticas. Como Obama confessava, numa entrevista recente, faz-lhe falta ouvir a rua e essa falta, na verdade, é um handicap terrível para os políticos da era mediática.
A crise financeira internacional vai revelando um infindável cortejo de aberrações na gestão dos empórios financeiros e industriais, um magma, por vezes indecifrável, de aberrantes privilégios que só podem encontrar justificação na crença cega nas virtudes do mercado como antes, com o império soviético, muitos acreditaram cegamente nas virtudes da propriedade colectiva dos meios de produção. O problema é que, sob as mais diversas formas, a crise faz sempre engrossar as fileiras dos extremistas. Os cidadãos trabalhadores, em todos os níveis da escala social, crentes na vantagem do regime democrático, exigem que os governos eleitos não distribuam os recursos de todos em favor dos “ladrões do templo”. Os governos democráticos não podem ceder às facilidades de apoiar, indiscriminadamente, quem mais alto grita a sua aflição. Não quero sequer pensar que aqueles que pagam, a tempo e horas, os seus impostos, contribuições, taxas e afins, os cidadãos cumpridores das suas obrigações perante a comunidade, sejam espoliados por uma aliança espúria entre políticos eleitos e ladrões com estatuto de empreendedores. É preciso desmanchar a trama. E para surpresa de muitos que acreditaram, com boa fé, nos amanhãs que cantam, têm que ser os partidos do centro esquerda a tomar a iniciativa de empreender políticas regeneradoras. A direita fará sempre renascer a especulação desenfreada, a esquerda da esquerda os mitos do colectivismo empobrecedor. É preciso, nesta época difícil, como aconteceu outras vezes no passado, ter a coragem de defender as reformas centradas no bom senso, na conciliação dos interesses, na defesa de um modelo de radicalismo centrista. A alternativa é o populismo que conduz à guerra. Mas como os políticos do ocidente, seja qual for o seu quadrante político, nos dias de hoje, não têm a memória da guerra era uma boa terapia que frequentassem a rua e ouvissem, na pastelaria, a conversa da mesa do lado. Um exercício simples mas eloquente para informar políticas. Como Obama confessava, numa entrevista recente, faz-lhe falta ouvir a rua e essa falta, na verdade, é um handicap terrível para os políticos da era mediática.
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segunda-feira, março 30
25 de Abril de 1974 - três momentos fascinantes
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A rendição de um PIDE
Num post anterior, publicado em 16 de Março, aniversário do «Golpe da Caldas» descrevi, de forma mais sucinta possível, a minha insólita participação na coluna de Salgueiro Maia na madrugada do 25 de Abril.
Nessa madrugada já após termos ultrapassado a coluna de Salgueiro Maia não sei já se na Rua do Arsenal, ou na Av. Ribeira das Naus, entrámos, ia alta a noite, no Quartel do Campo Grande e desde essa madrugada, até depois do dia 1º de Maio de 1974, não saí do quartel senão uma única vez.
Não vivi na rua a verdadeira festa do 25 de Abril após a consumação da vitória da revolução. Não assisti à enxurrada de manifestações populares nem participei, com muita pena minha, na manifestação do 1º de Maio de 1974. Os soldados ficaram, horas a fio, alinhados nas casernas, por detrás das janelas de armas apontadas para a rua, preparados para o que desse e viesse. Alguém tinha que cuidar desses detalhes da «cozinha» da revolução.
Num desses dias, estava de oficial de dia o António Dias, quando foi procurado por alguém que da rua pretendia falar. Era um agente da PIDE que se queria entregar. Foi recebido com deferência. Identificou-se e fez a entrega da arma. Uma bela pistola que, devo confessar, me suscitou cobiça e nunca mais esqueci.
De seguida coube-me a tarefa de o escoltar a caminho da Ajuda onde o entreguei em «Cavalaria 7» ou «Lanceiros 2». Foi a minha única saída do quartel em todos aqueles dias de brasa.
No percurso, realizado em jipe, nem uma palavra se trocou. Lembro-me de ter cumprido a missão, com rapidez, respeitando e defendendo, do primeiro ao último momento, a dignidade de um homem aterrorizado que tinha passado, de um dia para o outro, de agente do poder a prisioneiro do poder.
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O passo em frente
Os dias que se seguiram ao 25 de Abril foram de ansiedade e expectativa. Nas ruas a euforia disfarçava o nervosismo mas nos quartéis o ambiente não era de certezas definitivas. O Oficial que assumiu o Comando da minha unidade, certamente o Major Azevedo, mandou reunir os oficiais milicianos.
Formámos um semi-círculo e o comandante perguntou se alguém estava contra, ou tinha reservas, face ao Movimento das Forças Armadas. Quem estivesse contra daria um passo em frente. Gerou-se um ambiente de silêncio e passividade total.
Eis senão quando o Graça (Mário), o de Moçambique, deu um passo em frente. Ficámos sem saber o que pensar. Mas ele explicou. Não tinha a certeza se os militares levariam até ao fim o processo de libertação do povo português e a descolonização.
Ficamos mais descansados e destroçamos com sorrisos. Na prática todos os oficiais milicianos do quartel estavam com o MFA.
Mário Viegas
Mas o oficial miliciano mais fascinante do meu Quartel era o Mário Viegas. O seu estatuto no serviço militar era apropriado ao seu talento de actor.
Vivemos em comum aqueles momentos inesquecíveis em que a liberdade foi devolvida aos portugueses. Tinha por ele um natural fascínio que sempre me retribuiu até à sua morte prematura.
Por um daqueles dias entre o 25 de Abril e o 1 de Maio de 1974, se não erro, no Quartel do Campo Grande, assisti ao espectáculo mais extraordinário de toda a minha vida. Havia que festejar o que agora comemoramos com nostalgia. O refeitório foi transformado numa sala de espectáculos. Nele se reuniu toda a gente de serviço no quartel.
Imaginem o elenco daquela festa improvisada: Carlos Paredes, Zeca Afonso e Mário Viegas. Todos mestres geniais na sua arte. A certa altura o Mário Viegas subiu para o tampo de uma mesa e a poesia brotou, em palavras ditas, como se diante de nós se revelasse um novo mundo ou tivéssemos da vida renascido.
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