Gary Cawood
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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, fevereiro 4
quarta-feira, fevereiro 3
terça-feira, fevereiro 2
segunda-feira, fevereiro 1
MANUEL SERRA MORREU
Manuel Serra deve ter sido o dirigente político português que, na segunda metade do século XX, mais participou em movimentos para derrubar a ditadura. O homem de todas as revoltas. A sua biografia deverá estar a ser, por esta hora, divulgada. No dia em que o telefone soou para me anunciar a morte de meu pai estava reunido com ele para tratar de um assunto profissional: a criação de uma escola profissional. Mais tarde encontrei-o e revelou-me que, nas vésperas dos primeiros Congressos do MES e do PS, em Dezembro de 1974, se tinha reunido com o Vítor Wengorovius para discutir a eventual entrada do MES no PS em apoio à sua corrente que ameaçava derrotar Mário Soares. Nada se concretizou e a notícia foi uma surpresa para mim que nunca ouvira falar em tal diligência. Mas aquele era o tempo em que tudo era possível, o tempo de todas as ousadias. A sua coragem, cívica e física, era notável. Que viva!
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domingo, janeiro 31
FARENSE
Fotografia de Hélder Gonçalves
Juv. Évora 1 - 2 Farense
Os meus amigos menos atentos que me desculpem a minudência: o clube do meu coração foi hoje ganhar “em casa” do primeiro classificado. Não sei mais nada acerca do jogo pois não há relatos acerca de jogos do campeonato da 3ª divisão. Assim como não há notícias, quanto mais relatos, acerca de um sem número de acontecimentos verdadeiramente importantes para cada um de nós. É preciso aprender a viver com a nossa própria ignorância, a ignorância dos outros e a do mundo, assumindo-a como um desafio na descoberta da sua imensa virtualidade. Uma coisa é certa. Se não erro o Farense pode vencer os jogos todos que, se não pagar as dívidas, não sobe de divisão. As dívidas do Farense são uma miséria comparadas com o valor de aquisição, por “clube grande”, de um jogador banal que todos os dias se compra e logo se despacha de empréstimo desde a abertura ao fecho do “mercado”. Será que os chamados clubes grandes já se libertaram de todas as dívidas?
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sábado, janeiro 30
sexta-feira, janeiro 29
J.D. Salinger
'Catcher in the Rye' Author J.D. Salinger Dies
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"Espero que quando eu morrer alguém tenha o bom senso de me atirar para o rio ou qualquer coisa do género. Tudo menos espetarem-me no raio de um cemitério. Um sítio com pessoas a trazerem montes de flores aos domingos e essas tretas. Quem precisa de flores depois de morto? Ninguém."
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quinta-feira, janeiro 28
OBAMA: "ESTADO DA UNIÃO"
Para que se entenda melhor o discurso político doméstico na apresentação do Orçamento de Estado para 2010:
quarta-feira, janeiro 27
terça-feira, janeiro 26
segunda-feira, janeiro 25
sábado, janeiro 23
O BE E MANUEL ALEGRE
Qualquer cidadão é livre de manifestar a sua intenção de se candidatar a Presidente da República. Qualquer partido é livre de manifestar apoio à intenção de qualquer cidadão em candidatar-se a Presidente da República. Mas esta dança de palavras do BE manifestando apoio à intenção de candidatura de Alegre embrulhada numa suposta superioridade supra partidária faz-me lembrar coisas tristes. Cada um é livre, em democracia, de afirmar as suas intenções e preferências mas não me venham, num regime de partidos, tentar “vender” a superioridade de candidaturas presidenciais supra partidárias quando todas nascendo da vontade livre dos candidatos são apoiadas pelos partidos. Deixemo-nos, pois, de brincadeiras que a coisa é séria.
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sexta-feira, janeiro 22
AS DIREITAS RADICAIS
Império Nação Revolução – As direitas radicais portuguesas no fim do Estado Novo (1959-1974) - de Riccardo Marchi. Tomei boa nota. A ler.
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quinta-feira, janeiro 21
quarta-feira, janeiro 20
ALBERT CAMUS - Alguns apontamentos para Nemésis
Eis outro magnífico texto, acerca de Albert Camus, de autoria de Maria Luísa Malato Borralho, a propósito do cinquentenário da sua morte. Foi publicado, no passado dia 15 de Janeiro, em As Artes Entre as Letras e pode ser lido, na íntegra, AQUI.
Fez no dia 4 de Janeiro cinquenta anos que Albert Camus morreu. Tinha uns dias antes, terminado uns apontamentos sobre a forma de aforismos: um nunca fechado ensaio sobre o que não convém esquecer, sobre o que convém arrastar ao longo do tempo. Chamara-lhe “Para Nemésis” (Nemésis, a deusa filha da Noite e do Oceano), e dedicara-o a Cerésol, um amigo de longa data. Evocar Camus poderia ser mais um ritual literário. Não é ele que nos move. Mas o pretexto para não o deixar morrer. Porque um escritor morre quando não é lido. E a avaliar pelas leituras das novas gerações que chegam aos cursos universitários de Literatura, a crer nos inquéritos que preenchem, e nos modelos de literatura que incorporam, Albert Camus caiu num indiferente silêncio. Quem é Albert Camus? Um escritor que não queria esquecer em si a amálgama de raças de que todos somos feitos. Amarguravam-no os rótulos, sacudia-os muitas vezes debalde, sobretudo depois de ter recebido o Prémio Nobel. Sempre demasiado filósofo para entrar na cúria dos escritores, demasiado escritor para entrar na quinta dos filósofos, demasiado instintivo para o coro dos existencialistas, demasiado existencialista para o hino dos neo-realistas, demasiado materialista para ser religioso, demasiado religioso para ser materialista.
terça-feira, janeiro 19
UM CÃO CHAMADO BENFICA
Já não vejo pelas ruas cães vadios como no outro tempo em que fazia a pé o caminho de casa até à escola. Vejo cães de companhia, pela trela, presos na perna da mesa da esplanada enquanto os seus donos tomam café. Ladram e assustam as crianças nas entradas dos estabelecimentos. Os cães vadios devem ter sido exterminados ou vejo-os com olhos diferentes de quando era criança. Numa das poucas fotografias na qual pouso, na época da minha adolescência, vejo-me acompanhado por um cão lá de casa que se chamava Benfica. Reconheço a roupa que me cobria o corpo magro. Faz, quase sempre, calor pelas terras do sul. E o Benfica, indiferente, acompanha-me mal sabendo que aquela é uma das poucas roupas daquele tempo do nada acontecer. Um dia os meus pais esqueceram-se, não sei a razão, do Benfica para os lados dos campos de meus avós maternos. Contaram-me que uns dias depois voltaram ao local e lá estava o Benfica, resistente, na paciente espera. Sempre me quis parecer que ficaram roídos de dores na consciência e que foram na busca do acaso ao reencontro. E tudo correu pelo melhor para felicidade de todos e, em particular, do Benfica. Um dia o Benfica morreu mas não me lembro os detalhes. Devem ter-me escondido o infausto evento ou fui eu que me escondi dele. Mas para mim o Benfica, mesmo perdendo-se na ganância de ganhar, nunca morre.
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segunda-feira, janeiro 18
NÃO PAGO
Por mim resolvo, de forma simples, a questão do preço cobrado pela leitura de informação on-line: não pago, logo não leio. Admito uma ou outra, rara, excepção por motivo de necessidade absoluta ou paixão incontornável. Na verdade existe informação em excesso, desnecessária e inútil, e já deu para entender que toda a informação verdadeiramente importante acabará por encontrar um caminho alternativo para se me tornar acessível. Os patrões dos media deviam reflectir melhor os caminhos da rentabilização do seu negócio. Também não aceito a publicidade sobreposta que se impõe à vontade do leitor nos sites de notícias. Mudo, de imediato, de sítio. Eu perco a notícia, o site perde um leitor. Haja saúde!
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