Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, março 26
quinta-feira, março 25
Os Justos, de Albert Camus, depois do 11 de Setembro
Há datas em que vemos morrer o mundo tal como o conhecíamos. Nem sempre nos damos conta dessa morte, embora ela tenha sido anunciada, ou lentamente se consciencialize o luto, nas fases clássicas do modelo de Kübler-Ross: negação, cólera, negociação, depressão e aceitação. Mudamos nós e muda o mundo: individual e colectivamente, perante a falência dos valores em que fomos educados e a emergência da nova ordem de paradigmas em que nos pedem para viver. Primeiro, assistimos incrédulos. Depois, criamos eixos do mal. Ponderamos o tipo de aliados. Constatamos os longos fracassos. Aceitamos finalmente “viver sem”, porque temos de viver com tudo o que entretanto aprendemos.
Só depois organizamos o tempo histórico segundo esses ritmos de aprendizagem. Antes e depois do 11 de Setembro. Antes e depois do Holocausto. Antes e depois da Revolução Soviética. Antes e depois da Revolução Francesa… Essa organização é o desejo de compreendermos a nossa sociedade, aqui e agora, e é ele que nos faz ir buscar autores de outras épocas e de outras mortes, sempre em distinto retorno. A “redescoberta” da obra de Albert Camus neste princípio de milénio talvez tenha também a ver com essa “nostalgia de nós” que nos faz rever leituras e procurar no passado lições para o presente. Camus sabe que a Guerra de 39-45 e o Holocausto assinalaram o fim da sua juventude: “todas as gerações, sem dúvida, se julgam fadadas para refazer o mundo. A minha sabe, no entanto, que não poderá refazê-lo. A sua tarefa é talvez maior. Consiste ela em impedir que se desfaça, partindo unicamente das suas negações” (Discursos da Suécia). A geração actual, que cresce entre a memória de cataclismos passados e o anúncio de cataclismos futuros, talvez compreenda melhor estas palavras do que “a geração” que existiu abstractamente entre elas: a que acreditava nos fins da História, marxistas ou demo-liberais, no desaparecimento das guerras frias depois da queda do muro de Berlim, ou no paradisíaco choque tecnológico de Tofler.
Maria Luísa Malato (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)
[Publicado em As Artes entre as Letras, n.º 22, 24/3, Porto, 2010, p. 9. O artigo, na íntegra, pode ser lido também aqui.]
quarta-feira, março 24
LISBOA
Patrick Zachmann - Lisbon 1991. Alfama.
Lisboa é coisa boa. Os que nos olham de fora gostam do que vêem. Os que nos visitam apreciam a beleza, a luz, os sons, as cores, o jeito e o sentimento das gentes. De Lisboa e do país. Mesmo que não sejamos capazes de nos apreciar os de fora, apreciam-nos. Nós mesmos quando nos visitamos depois de, por um tempo, nos afastarmos sentimos o que perdemos.
Lisboa é coisa boa. Os que nos olham de fora gostam do que vêem. Os que nos visitam apreciam a beleza, a luz, os sons, as cores, o jeito e o sentimento das gentes. De Lisboa e do país. Mesmo que não sejamos capazes de nos apreciar os de fora, apreciam-nos. Nós mesmos quando nos visitamos depois de, por um tempo, nos afastarmos sentimos o que perdemos.
terça-feira, março 23
segunda-feira, março 22
Esta calle es de las Damas de Blanco
O BANQUEIRO DOS POBRES (II)
Tom Chambers
Uma universidade não deve ser uma torre de marfim onde os académicos ascendem a níveis cada vez mais elevados de conhecimento, sem partilhar uma parte desse saber com o mundo que os rodeia. [Uma antiga palavra de ordem do movimento estudantil: “saltar os muros da universidade”. Quero crer que, desde os anos 60, não avançou um passo!]
Assim, sempre que um programa de alívio de pobreza inclui os não pobres, os verdadeiros pobres depressa se vêem afastados do programa por aqueles que possuem melhores condições económicas.
Tal como o demonstra a velha lei de Gresham, convém lembrar que, no domínio do desenvolvimento, se se mistura os pobres e os não pobres num mesmo programa, os não pobres excluirão sempre os pobres, e os menos pobres excluirão os mais pobres, e isto pode continuar ad infinitum a não ser que se tomem medidas preventivas logo no início. [Por isso é elementar que os programas de luta contra a pobreza devem dirigir-se aos pobres. Mas nas sociedades ocidentais o conceito de pobreza é controverso!]
Estava a descobrir o princípio básico universal da banca, ou seja, “quanto mais se tem, mais se pode ter”. E inversamente, “quem não tem nada, não obterá nada”. [Regressando às origens … encontramos o princípio mutualista. É possível!]
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OBAMA: REFORMA DA LEGISLAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE À BEIRA DA APROVAÇÃO
Continua, por esta hora, o debate que antecede a votação final da legislação que permitirá o acesso de milhões de cidadãos americanos a cuidados de saúde. Esta foi uma das principais bandeiras políticas de Obama. O primeiro sinal efectivo de que a legislação em causa será aprovada foi dado pela votação dos procedimentos a seguir no debate: By a vote of 224-206, the House approved the key procedural measure necessary to pass the legislation, showing that Democrats and Mr. Obama had succeeded in cobbling together the votes they need to achieve a goal sought by presidents and progressives for more than a half-century. PODE SEGUIR O DEBATE E A VOTAÇÃO.
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domingo, março 21
FRANÇA: A ESQUERDA GANHA AS ELEIÇÕES REGIONAIS
A esquerda ganhou, à 2ª volta, as eleições regionais em França. O significado deste resultado: um voto de castigo para o partido do governo. Mas só quando chegar a hora das eleições presidenciais se fará a prova da força ou fraqueza da esquerda e de Sarkozy . É cedo! Entretanto, no rescaldo, o mais interessante é este apelo de Daniel Cohn-Bendit: «Inventons ensemble une Coopérative politique».
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sábado, março 20
sexta-feira, março 19
quinta-feira, março 18
Las Damas de Blanco
quarta-feira, março 17
terça-feira, março 16
segunda-feira, março 15
A MEMÓRIA ... OU A FALTA DELA?
Regresso à política caseira. O mais extraordinário deste episódio é o espanto que ele suscita entre os lideres de opinião. Depois de tanto trabalho para colar o PS a promotor da famigerada “asfixia democrática” … através de meia dúzia de frases deram de caras com a realidade, a verdade, um conceito de liberdade. Se quiserem experimentar ... A memória ou a falta dela?
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domingo, março 14
sexta-feira, março 12
quinta-feira, março 11
PS NA FRENTE - POR ENTRE VENTOS E MARÉS
Desde há muito tempo que não sublinho sondagens que têm vindo a ser divulgadas. Mas esta merece ser sublinhada. Está para emergir uma nova liderança no PSD. Esse facto, seja qual for o vencedor, abrirá uma nova fase na vida política nacional. A seu tempo veremos os seus efeitos nas expectativas dos cidadãos face ao futuro. Mas convenhamos que permanecer na frente - com um avanço de 8 pontos - após tão intensa e persistente campanha contra o PS, o 1º ministro e o governo, é obra. Sondagens são sondagens, valem o que valem, mas quase que sou capaz de apostar que o presidente da República já sabia os resultados desta antes da entrevista que ontem concedeu à RTP.
.[Ver aqui.]
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Ver também o Barómetro da Eurosondagem no Expresso.
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quarta-feira, março 10
TEMPOS DIFÍCEIS
Em Portugal a direita política, fraca de ideologia, não aceita que lhe disputem a influência nos negócios que a esquerda da esquerda abomina. Mas, afinal, o que são os negócios senão a tão discutida economia. Há-os, em todo o tempo e lugar, limpos e sujos, servidos por gente honesta e por crápulas, nos sectores privado, público e social. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.
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