quarta-feira, julho 14

COMO ACREDITAR?


Mitch Dobrowner

Verdade? Mentira? Realidade? Ficção? Se for verdade desejaria que fosse mentira. Se corresponder à realidade gostaria que fosse ficção. Em qualquer caso a notícia é construída a partir de testemunhos dos protagonistas. Hoje antes de dar de caras com esta notícia escrevi: O que dizer do cansaço, das decisões que nos contrariam, do caminho difícil da modernidade, da ineficiência, da recusa em caminhar adiante, em fazer melhor, em vencer as dificuldades, em nos ultrapassarmos a nós mesmos; o que dizer da recusa em cumprir o dever, em pensar no melhor caminho, em nos sentarmos a reflectir em comum, em partilhar a felicidade e o destino infeliz; o que dizer de tudo o que nos faz sofrer; o que dizer da nossa vida mergulhada na incerteza, ou na certeza de que a nossa reputação pode cair na rua de um momento para o outro; tanta gente a tratar da justiça, e nós acreditamos? Dêem-nos razões para acreditar na justiça …

SÉRGIO PAULINHO


segunda-feira, julho 12

ALBERT CAMUS - "O PRIMEIRO HOMEM" (Sublinhados de leitura)


[Mais aqui]

Já publiquei sublinhados de leitura de obras de Albert Camus mas nunca, na íntegra, os meus sublinhados leitura do livro póstumo, e único assumidamente autobiográfico, “O Primeiro Homem” - edição portuguesa, 1994, Livros do Brasil, tradução de Eduardo Saló. No fim talvez transcreva um Anexo, muito interessante, intitulado “Notas e Planos” que diz tudo acerca da sua natureza. Pelo meio algumas anotações que escrevi no próprio livro.

“A mulher tinha um rosto terno e regular, os cabelos de espanhola bem ondulados e negros, nariz pequeno e direito e um belo e quente olhar castanho. Mas havia algo naquele semblante que atraía a atenção. Não era apenas uma espécie de máscara que o cansaço ou o que quer que fosse de parecido escrevia provisoriamente nos traços fisionómicos; não, antes um ar de ausência e de distracção suave, como o que exibem perpetuamente alguns inocentes, mas que aqui aflorava de um modo fugidio na beleza das feições.” [Descrição da mãe na viagem que antecede o seu próprio nascimento “numa noite do Outono de 1913” – Camus nasceu no dia 7 de Novembro de 1913 em Mondovi, Constantine, na Argélia.]
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domingo, julho 11

MUNDIAL (finito)
























Para colocar um ponto final no Mundial de Futebol: já perceberam a verdadeira razão da eliminação de Portugal? A selecção de Espanha sagrou-se campeã do mundo vencendo todos os jogos, a eliminar, por 1-0. Portugal foi uma das selecções que perdeu com a Espanha tal como a Alemanha e a Holanda. No meio de tudo vejo uma notícia que me alegra: Uruguay's Diego Forlan has been named the best player of the 2010 World Cup, taking home the Golden Ball in the process.
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POST 5000




                                      Douglas Prince

Ontem assisti a um fragmento do programa de Mário Crespo - Plano Inclinado - que só me interessou pela presença de Alexandre Soares dos Santos, líder do Grupo Jerónimo Martins. A certo passo com o ar de mestre tremendista que o caracteriza Medina Carreira, falando-se a propósito da Polónia, mão-de-obra, legislação do trabalho e o mais que pode desafiar um grande empresário português a falar mal do seu país, lançou a pergunta: também tem o programa Novas Oportunidades? Um sorriso aflorou ao rosto de Alexandre Soares dos Santos: que sim senhor tinha tal programa na sua empresa – em horário de trabalho – e fora dele, frequentado por milhares de trabalhadores e que era daqueles programas que o fazia sentir orgulho do seu país. Desconcertados os tremendistas presentes, onde se inclui um Duque, presidente da minha escola, que me fez sentir vergonha dela, balbuciaram uns apartes dando conta de um pseudo desprestígio de tal programa. Mas o sorriso não desapareceu do rosto do grande empresário que prosseguiu dando testemunho pessoal da importância do programa Novas Oportunidades para desespero da turma residente que deu uma cabal demonstração dos seus preconceitos políticos e da ignorância acerca do empenhamento dos seus convidados nos temas que trazem à liça.
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quarta-feira, julho 7

JORGE FAGUNDES

Terri Weifenbach

À hora de almoço, chegou-me a notícia: morreu ontem o Jorge Fagundes. A última vez que estivemos juntos foi, com o seu grande amigo José Vera Jardim e o Eduardo Graça, à volta de umas cervejas, numa esplanada, na tarde quente do fim de Julho de 2009, depois do funeral de Palma Inácio. Em Dezembro, porque tinha acabado de sair do hospital, já o não consegui "convocar" para o jantar do Procópio, onde era visitante incerto mas sempre muito saudado.

O Jorge Fagundes era um "bom gigante", uma figura amável e bem disposta, que conheci através do Nuno Brederode de Santos, com quem sempre o ouvi cruzar velhas e divertidas histórias de Campo de Ourique. Advogado de causas, defendeu presos políticos durante a ditadura, como Saldanha Sanches, Carlos Antunes ou Isabel do Carmo. Pertenceu à CDE de Lisboa, nas eleições de 1969. Após abril, veio a andar por áreas políticas bem à esquerda, tendo sido diretor do jornal "Página Um", um jornal próximo do PRP. Sportinguista sem quaisquer limites de tolerância, foi presidente da Federação Portuguesa de Futebol, numa direção a que, se não me engano, pertenceu também Marcelo Rebelo de Sousa. Não esqueço uma chamada telefónica de solidariedade que dele recebi,num momento especial da minha vida.

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domingo, julho 4

POLÍTICA A SÉRIO




Para além das trivialidades dos ataques de carácter aqui está uma questão política a sério. É por este lado, o da política que envolve os interesses da comunidade e orienta a estratégia do Estado, que vale a pena avaliar os políticos, as suas ideas e tomadas de posição. Eis como, de súbito, o longe se faz perto, o fraco se faz forte, o futuro se faz presente. Aconteça o que acontecer. 
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quinta-feira, julho 1

A PT/VIVO

Fez bem o governo, surpreendendo muitos dos seus críticos, ao arrepio da lógica selvagem do mercado que muitos criticam mas poucos têm a coragem de contrariar, em se opor à operação de compra da Vivo. Se todos são unânimes em considerar um mau negócio a venda da Vivo qual a razão para o Estado a não contrariar com os instrumentos legítimos de que dispõe? Que faria o Estado Espanhol no nosso lugar? E os outros estados da UE? O que têm feito ao longo dos anos os outros estados e, em particular, o estado espanhol para proteger os seus interesses nacionais? O que fazem todos? São medidas que demonstram as derivas nacionalistas que entram pelos olhos adentro de todos nós. Provavelmente! Mas o que diriam do governo português aqueles que o criticam se não tivesse impedido a venda da Vivo? Vamos ser penalizados mais tarde, vem aí uma OPA hostil, e tudo o mais, mas a melhor defesa é o ataque e, apesar de pequeno, Portugal, suponho, também tem os seus argumentos e as suas “armas” nesta luta desigual. Que as usemos então sem perder a Europa como aliada mas também sem nos ajoelharmos aos ditames das politicas ultraliberais que sendo afinal apontadas como a raiz de todos os males, com que a presente crise nos ameaça, renascem em cada esquina, a propósito de todo e qualquer debate, e em reacção a toda e qualquer medida legítima dos governos.
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