O que sabemos dos outros, da comunidade, do mundo é sempre pouco. Menos ainda sabemos dos seus sentimentos, vontades, gostos, além da superfície das conveniências de momento. Os portugueses, nós portugueses, estamos a passar um momento em que única certeza é a incerteza. O discurso público, a todos os níveis de responsabilidade, é vacilante, pessimista ou mesmo tremendista (salvo raras exceções). Há razões para temer uma confrontação social se não forem tomadas decisões politicas inovadoras. Os ares do tempo parecem-se com os periodos mais negros da nossa história. Será assim em todos os países do sul e nalguns países de leste. O populismo incendeia a opinião pública e se vencer a comiseração geral com a deriva populista não tarda teremos perseguições aos hereges, ou seja, a todos os que, em cada lugar e circunstância, tenham uma opinião diferente. Será de toda a conveniência, a quem de direito, e a todos nós, acender as luzes de alerta!
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, outubro 12
quinta-feira, outubro 11
quarta-feira, outubro 10
terça-feira, outubro 9
sábado, outubro 6
sexta-feira, outubro 5
quarta-feira, outubro 3
Jean Sibelius - Valse Triste
A minha sentida homenagem ao Robin Fior cujas cerimónias fúnebres decorreram hoje no cemitério inglês de Lisboa. A urna desceu à terra à maneira tradicional como há muito não via. Somente aqueles que, como eu próprio, partilharam alguns momentos únicos da sua vida de criador entenderão o que senti. Honra à sua memória.
terça-feira, outubro 2
ROBIN FIOR
segunda-feira, outubro 1
domingo, setembro 30
MORREU ROBIN FIOR
Robin Fior morreu. Fica por concretizar um livro que havia acertado organizar com ele no qual se reunissem os trabalhos gráficos que realizou para o MES nos tempos de brasa do 25 de abril. Robin era um designer de grande craveira que se juntou ao MES e com ele colaborou ativamente. Honra à sua memória.
Imagem do número um do “Esquerda
Socialista” jornal do
Movimento de Esquerda Socialista, disponível na Hemeroteca Digital da Câmara
Municipal de Lisboa. Pode ser folheado aqui.
O jornal foi dado à estampa tardiamente – 16 de Outubro de 1974 – e o seu design gráfico, tal como o símbolo do MES, são de autoria do Robin Fior. O seu primeiro director foi o César de Oliveira. Antes, pela passagem do 1º aniversário do golpe militar que derrubou Allende, no Chile, 11 de Setembro, já tinha saído o nº0 com uma tiragem de loucura! Aí uns 100 000 exemplares, ou estou enganado? [Post corrigido.]
ALBERT CAMUS - não existencialista
Como já antes escrevi algures, aquando da minha última
estadia em Faro de férias, por sinal, curtas demais, o alfarrabista que faz
venda na esquina da rua que frequento, trouxe-me um conjunto de livros de Camus
em português. Sempre aparece uma surpresa. Desta vez fiquei a saber que existe
mais um livro de autor português acerca de Camus: “Do Absurdo à Solidariedade –
a visão do mundo de albert camus”, de Hélder Ribeiro.
O livro é muito interessante, pelo menos para mim, e estou a
finalizar a sua leitura. Foi dele que repesquei a citação seguinte que tem o
interesse de, para surpresa de muitos, reforçar a ideia de que Camus não se
considerava um autor existencialista o que muitos estudiosos da sua obra têm
assinalado de forma abundante. Qual o interesse da questão? Que mais não seja a
citação evidencia como os autores são desapropriados do seu papel e do lugar da
sua obra na história e se toma por verdade adquirida uma mentira vulgar. Eis a citação de Camus cujas fontes, referenciadas no livro em apreço, aqui se omitem:
Começo a estar ligeiramente (muito ligeiramente) incomodado pela confusão contínua que me confunde com o existencialismo. Enquanto o mal-entendido passa nos jornais, a coisa não é tão grave. Mas ao chegar às revistas, prova bastante a falta de informação em que se encontra a crítica. Uma vez que Troyat escreve que toda a peça de A. Camus não é senão uma ilustração dos princípios existencialistas de J.-P. Sartre, sinto-me na obrigação de precisar três pontos:
1 – Calígula foi escrito em 1938. Nessa época, o
existencialismo francês não existia na sua versão actual, ateia. Nesse tempo,
ainda Sartre não tinha publicado as obras onde devia dar forma a essa
filosofia.
2 – O único livro de ideias que eu escrevi – Le Mythe de
Sisyphe – foi dirigido precisamente contra as ideias existencialistas. Uma
parte dessa crítica aplica-se ainda, no seu espirito, à filosofia de Sartre.3 – Não é pelo facto de dizermos que o mundo é absurdo que se aceita a filosofia existencialista. Nesse caso, 80% dos passageiros do metro, a acreditarmos nas conversas que aí ouvimos, são existencialistas. E não posso acreditar nisso. O existencialismo é uma doutrina completa, uma visão do mundo, que supõe uma metafísica e uma moral.
Embora me aperceba da importância histórica desse movimento,
não tenho suficiente confiança na razão para entrar num sistema. Não nutro
muito gosto pela demasiado célebre filosofia existencial e, para dizer tudo,
creio que as suas conclusões são falsas. Mas ela representa, pelo menos, uma
grande aventura do pensamento. Sartre e eu não acreditamos em Deus, é verdade. E
também não acreditamos no racionalismo absoluto. Não, não sou existencialista. Sartre
e eu ficamos admirados de ver os nossos nomes sempre associados.
Pensamos mesmo um dia publicar um pequeno anúncio onde
assinaremos não ter nada em comum e nos recusaremos a responder ao que cada um
deve ao outro. Porque, enfim, é uma brincadeira. Sartre e eu publicámos todos
os nossos livros antes de nos conhecermos. E quando nos conhecemos foi para
constatar as nossas diferenças. Sartre é existencialista e o único livro de ideias
que eu publiquei era dirigido contra as filosofias ditas existencialistas. sábado, setembro 29
quinta-feira, setembro 27
quarta-feira, setembro 26
terça-feira, setembro 25
segunda-feira, setembro 24
domingo, setembro 23
sábado, setembro 22
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