Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, janeiro 6
O FUNERAL DE ALBERT CAMUS - 6 de JANEIRO DE 1960
Le 6 janvier
1960, une foule d´anonymes et quelques amis se retrouvent devant la grande
maison de Lourmarin où le corps d´Albert Camus a été transporté dans la nuit.
Quatre villageois portent le cercueil que suivent son épouse, son frère Lucien,
René Char, Jules Roy, Emmanuel Roblès, Louis Guilloux, Gaston Gallimard et
quelques amis moins connu, parmi lesquels les jeunes footballeurs du village.
Le cortège avance lentement dans cette journée un peut froide et atone de ce
« pays solennel et austère – malgré
sa beauté bouleversante ».
Devant le caveau,
Francine Camus jette une rose sur le cercueil. Le maire prononce une courte
allocution et le silence n´est troublé que par le bruit de la terre sue le bois
de la bière.
L´heure est de
recueillement. Les communiqués officiels, les télégrammes affluent. Tous
unanimes dans l´hommage et l´affliction conjugués.
Les temps ont
changé, et ils sont nombreux, les détracteurs d´hier qui saluent aujourd´hui la
disparition de celui aux côtés duquel ils avaient obstinément refusé de
marcher. Celui qui, au terme de tant d´attaques et de malveillance, avait choisi
de s´enfermer dans un douloureux silence.
Les premiers tirs
étaient venus de gauche, et plus particulièrement du parti communiste qui ne
pardonnait pas à cet ex-compagnon de route de prendre du recul, de regarder en
face certaines réalités. De dire l´intolérable :
le stalinisme, les camps, les idéaux mis au pas par des tyrans de
l´histoire.
In Les Derniers
Jours de la vie d´Albert Camus, José Lenzini, Actes Sud
sexta-feira, janeiro 4
ALBERT CAMUS - O DIA DA SUA MORTE NO ANO DO CENTENÁRIO [1913-1960]
Em 2013 celebra-se o
centenário de Albert Camus, nascido em 7 de novembro de 1913, na Argélia.
Não estranhará a ninguém que aqui o evoquemos ainda com mais assiduidade ao
longo deste ano. Este é o primeiro post de uma série que contamos dedicar à sua
personalidade e à sua obra. Hoje é o dia do 53º aniversário
da sua morte, ocorrida em 4 de janiro de 1960.
Camus publicou em vida dezanove obras, de 1937 a 1959, entre
as quais se destacam os romances (“L’Étranger” em 1942, “La Peste” em 1947), as
novelas (“La Chute” em 1956, “L’Exil et le Royaume” em 1957) as peças de teatro
(“Caligula” e “Le Malentendu" em 1944, “L’État de siège" em 1948,
“Les Justes” em 1950), e os ensaios (“L’Envers et l’Endroit" em 1937,
“Noces” em 1939, “Le Mythe de Sisyphe” em 1942, “Les lettres à un ami allemand”
em 1945, “L´Homme révolté” em 1951 e”LÊté” em 1954). É necessário ainda juntar
três recolhas de ensaios políticos (“Les Actuelles”), “Les deux Discours de
Suède” (pronunciados aquando da atribuição do Nobel) e a contribuição para a
obra de Arthur Koestler intitulada “Réflexions sur la peine capitale”.
Outras obras foram editadas após a sua morte entre as quais
se contam o “diário” dos seus pensamentos e leituras, assim como notas de
trabalho, publicado sob o título “Carnets”; o diploma de estudos superiores de
1936: “Métaphysique chrétienne et néoplatonisme”, publicado pela “La Pléiade”;
o romance inédito, “La Morte heureuse”, cuja redacção data de 1937; o
manuscrito inacabado, encontrado na pasta de Camus depois do acidente de viação
que o vitimou:“Le Premier Homme”, esboço do que viria a tornar-se o seu grande
romance quasi autobiográfico e ainda a sua correspondência com o amigo Jean
Grenier.
quarta-feira, janeiro 2
12-8
Hoje pela manhã cedo fui fazer os exames da medicina do
trabalho – pois eu trabalho e tenho muito orgulho em trabalhar – e sinto sempre
um vago sentimento de medo quando faço exames médicos seja de medicina do
trabalho, ou quejandos, e o medo faz-me subir a tensão arterial, (só a bata
branca me atemoriza), e disse-o ao médico, afável, que após a medição me disse
12-8, sem mais nem menos, admirável surpresa, tão baixa, e logo me lembrei quão
efémera é a vida. O dia seguiu sem mais surpresas… e longo será este ano!
terça-feira, janeiro 1
ANTÓNIO MARQUES JÚNIOR
HOMENAGEM A ANTÓNIO MARQUES JÚNIOR MILITAR DEMOCRATA E POLÍTICO DE CORPO INTEIRO, UM CIDADÃO ENTRE PARES, QUE PARTILHOU A LIDERANÇA DA REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL ASSUMINDO TODOS OS RISCOS SEM NADA PEDIR EM TROCA. QUE VIVA!
segunda-feira, dezembro 31
BOM ANO DE 2013
Uma fotografia que me foi oferecida, agora mesmo, pelo Helder Gonçalves ilustrando a paisagem do sítio onde o ano novo nascerá para mim (Azenhas do Mar). Para todas e todos, amigas e amigos, conhecidas (os) e reconhecidas (os), de todos os graus e intensidades, tempos e lugares, Bom Ano de 2013, com um abraço. |
domingo, dezembro 30
OS EREMITAS
O interesse de Afonso Henriques pelas novas formas de vida religiosa que apareciam no Condado Portucalense manifestou-se, como vimos, no apoio concedido aos Templários e Hospitalários e na protecção aos fundadores de Santa Cruz de Coimbra. (…) Os eremitas são, por sua própria natureza, avessos a soluções institucionais, mas inserem-se na mesma corrente inovadora. Formaram, talvez, a sua corrente mais radical, como haviam sido no século IV, os do Egipto e da Síria. Inovadores, inconformistas, avessos a qualquer espécie de organização, representam bem a energia, o entusiasmo, a criatividade e o desprendimento que caracterizam o fenómeno religioso no século XII. Também apareceram em Portugal, de forma espontânea, com as mesmas características do que no resto da Europa.
(…)
Afonso Henriques também acompanhou o movimento eremítico português. Fê-lo, mesmo, com uma surpreendente precocidade, porque o primeiro diploma autêntico que dele se conhece é justamente, como já vimos, uma carta de couto em favor dos eremitas de São Vicente de Fragoso, no actual concelho de Barcelos, datada de 4 de Dezembro de 1127, ou seja, meio ano antes da batalha de São Mamede.
(…)
Um dos aspectos mais importantes do fenómeno eremítico do século XII é o facto de ter sido absorvido pelos movimentos contemporâneos mais institucionalizados, em particular pela ordem de Cister e pela ordem premonstratense.
(…)
(Os eremitérios) integraram-se em movimentos religiosos da corrente renovadora da época, na qual, apesar das diferenças que separavam entre si os três ramos de monges, cónegos regrantes e eremitas, se influenciaram umas às outras. Seja com for, Afonso Henriques, ao proteger os eremitas, devia apreciar vivamente o seu fervor e o seu dinamismo.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”8. “Eremitas, cistercienses e monjas”, pgs. 90/94 (22).
[Notas da minha leitura da extraordinária biografia "D. Afonso Henriques", de Mattoso, em setembro de 2007, demonstração eloquente de como a história torna irrelevantes - que não potencialmente nocivas - todas as políticas que a ignorem.]
(…)
Afonso Henriques também acompanhou o movimento eremítico português. Fê-lo, mesmo, com uma surpreendente precocidade, porque o primeiro diploma autêntico que dele se conhece é justamente, como já vimos, uma carta de couto em favor dos eremitas de São Vicente de Fragoso, no actual concelho de Barcelos, datada de 4 de Dezembro de 1127, ou seja, meio ano antes da batalha de São Mamede.
(…)
Um dos aspectos mais importantes do fenómeno eremítico do século XII é o facto de ter sido absorvido pelos movimentos contemporâneos mais institucionalizados, em particular pela ordem de Cister e pela ordem premonstratense.
(…)
(Os eremitérios) integraram-se em movimentos religiosos da corrente renovadora da época, na qual, apesar das diferenças que separavam entre si os três ramos de monges, cónegos regrantes e eremitas, se influenciaram umas às outras. Seja com for, Afonso Henriques, ao proteger os eremitas, devia apreciar vivamente o seu fervor e o seu dinamismo.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”8. “Eremitas, cistercienses e monjas”, pgs. 90/94 (22).
sábado, dezembro 29
PÓ DOS LIVROS
Ao arrumar estantes surgem muitas surpresas. Livros que nos
marcaram. Por diversas razões, em variadas épocas. De todos os géneros. O pó dos
livros faz parte dos cheiros que nos marcam para sempre.
Alguns reencontros ao acaso:
"1968 - A Revolução Que tanto Amámos", Daniel Cohn-Bendit (D. Quixote -1988);
"Angústia Para o Jantar", Luís de Sttau Monteiro (Ática, 6ª Edição, 1970);
(No seu interior encontro uma prata, impecavelmente conservada, com um pai natal, em tons de vermelho vivo, daquelas que embrulham as sombrinhas de chocolate.);
"Memórias" - "Vale de Josafat", Volume III, Raul Brandão (Perspectivas e Realidades, sem data de edição);
(Ostenta uma nota que informa ter sido comprado na Feira do Livro de Lisboa, em 6 de Junho de 1984, 3 volumes - 500$00);
"Hiroxima - Antologia de Poemas", vários, (Nova Realidade, 1967);
"Cartas de Fuzilados"Edições "aov" - Colecção "Vitória", 2ª edição, sem data;
(O mais antigo destes livros, a carecer de restauro, certamente do período imediato à 2ª Guerra Mundial. Cartas de resistentes franceses antes de serem fuzilados. É um documento impressionante.);
"Comunidade" - Luiz Pacheco, Desenhos de Teresa Dias Coelho (Contexto-1980);
(6ª edição de "Comunidade" com os belos desenhos de T.D.C.);
"Dores" - Maria Velho da Costa e Teresa Dias Coelho; (D. Quixote, 1994).
Alguns reencontros ao acaso:
"1968 - A Revolução Que tanto Amámos", Daniel Cohn-Bendit (D. Quixote -1988);
"Angústia Para o Jantar", Luís de Sttau Monteiro (Ática, 6ª Edição, 1970);
(No seu interior encontro uma prata, impecavelmente conservada, com um pai natal, em tons de vermelho vivo, daquelas que embrulham as sombrinhas de chocolate.);
"Memórias" - "Vale de Josafat", Volume III, Raul Brandão (Perspectivas e Realidades, sem data de edição);
(Ostenta uma nota que informa ter sido comprado na Feira do Livro de Lisboa, em 6 de Junho de 1984, 3 volumes - 500$00);
"Hiroxima - Antologia de Poemas", vários, (Nova Realidade, 1967);
"Cartas de Fuzilados"Edições "aov" - Colecção "Vitória", 2ª edição, sem data;
(O mais antigo destes livros, a carecer de restauro, certamente do período imediato à 2ª Guerra Mundial. Cartas de resistentes franceses antes de serem fuzilados. É um documento impressionante.);
"Comunidade" - Luiz Pacheco, Desenhos de Teresa Dias Coelho (Contexto-1980);
(6ª edição de "Comunidade" com os belos desenhos de T.D.C.);
"Dores" - Maria Velho da Costa e Teresa Dias Coelho; (D. Quixote, 1994).
[Uma ressonância antiga - de setembro de 2004 - referenciando o reencontro com muitos livros esquecidos nas estantes - uns lidos e a maior parte sempre por ler. Por acaso acabei de ler, neste momento, "Resgatados" de David Dinis e Hugo Filipe Coelho - uma surtida bem construída pelos bastidores da política nacional.]
quinta-feira, dezembro 27
A democracia em debate
“É verdade, o senhor conhece aquela cela de masmorra a que na Idade Média
chamavam o «desconforto»? Em geral, esqueciam-nos aí para o resto da vida. Esta
cela distinguia-se das outras por engenhosas dimensões. Não era suficientemente
alta para se poder estar de pé, nem suficientemente larga para se poder estar
deitado. Tinha-se de adoptar o género tolhido, viver em diagonal; o sono era uma
queda, a vigília um acocoramento.”
In “A Queda”, Albert Camus, na data em que, cinquenta anos atrás, recebeu o Nobel da Literatura.
Não sei se é vantajoso para Portugal negociar com Chávez mas todos os países negoceiam com todos e, se forem grandes potências, ninguém leva a mal. A natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios. De outra maneira nenhum país democrático negociava com a China que não é um país democrático. Porque não com a Venezuela que é um país democrático? Imaginem!
Não sei se é vantajoso para Portugal gastar energias na promoção de uma cimeira dos países da União Europeia com os países africanos. Uma parte significativa dos regimes políticos dos países africanos são cleptocracias, oligarquias, ditaduras e o mais que se possa imaginar para pior (com excepções!). Neste caso, mais uma vez, a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios.
Não sei se é vantajoso para Portugal apostar na consolidação e aprofundamento da União Europeia e suponho que, mesmo dentro do partido do governo, campeiam dúvidas acerca da bondade do projecto europeu. Pois se a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios que razão há para partilhar um espaço supra nacional que exige um esforço de partilha da liberdade e da democracia?
Não sei se é vantajoso para Portugal dispor de um governo que se sujeite ao julgamento das urnas, ou seja, um governo democrático se, como diz a voz do povo e a de alguns intelectuais ultra pessimistas, como Medina Carreira, os governos, nos últimos trinta anos, são todos iguais na incúria, incompetência e desleixo? A mensagem subliminar deste discurso é a de que a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios e, ainda menos, aos cidadãos.
Há cada vez mais gente que defende que não é possível em Portugal discutir seja o que for acerca do futuro, o futuro dos portugueses, pois o tempo, no nosso tempo, corre a uma velocidade vertiginosa e os políticos eleitos, seguindo as regras da democracia representativa, tornam-se lívidos perante os ciclos eleitorais e a ditadura mediática, reduzindo a ética republicana a um minúsculo emblema que ostentam na lapela.
Se a maioria dos cidadãos está apartada da política e, na sua mão, somente luze uma vaga esperança em assegurar a sobrevivência material, não sei se não seria vantajoso para Portugal “convocar as cortes” para debater, enquanto é tempo, a própria democracia em prol de uma reforma profunda do regime democrático, a duras penas conquistado.
Ao contrário de todas as evidências a natureza dos regimes políticos interessa aos negócios e, mais do que aos negócios, interessa aos cidadãos e só o inconformismo que ouse colocar a democracia em debate pode salvar a própria democracia.
[Artigo publicado na edição de hoje do Semanário Económico – versão integral.]
(Em 7 de dezembro de 2007 refletindo acerca de uma questão que sendo colocada hoje, embora noutros termos, causa grande escândalo...)
In “A Queda”, Albert Camus, na data em que, cinquenta anos atrás, recebeu o Nobel da Literatura.
Não sei se é vantajoso para Portugal negociar com Chávez mas todos os países negoceiam com todos e, se forem grandes potências, ninguém leva a mal. A natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios. De outra maneira nenhum país democrático negociava com a China que não é um país democrático. Porque não com a Venezuela que é um país democrático? Imaginem!
Não sei se é vantajoso para Portugal gastar energias na promoção de uma cimeira dos países da União Europeia com os países africanos. Uma parte significativa dos regimes políticos dos países africanos são cleptocracias, oligarquias, ditaduras e o mais que se possa imaginar para pior (com excepções!). Neste caso, mais uma vez, a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios.
Não sei se é vantajoso para Portugal apostar na consolidação e aprofundamento da União Europeia e suponho que, mesmo dentro do partido do governo, campeiam dúvidas acerca da bondade do projecto europeu. Pois se a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios que razão há para partilhar um espaço supra nacional que exige um esforço de partilha da liberdade e da democracia?
Não sei se é vantajoso para Portugal dispor de um governo que se sujeite ao julgamento das urnas, ou seja, um governo democrático se, como diz a voz do povo e a de alguns intelectuais ultra pessimistas, como Medina Carreira, os governos, nos últimos trinta anos, são todos iguais na incúria, incompetência e desleixo? A mensagem subliminar deste discurso é a de que a natureza dos regimes políticos interessa pouco aos negócios e, ainda menos, aos cidadãos.
Há cada vez mais gente que defende que não é possível em Portugal discutir seja o que for acerca do futuro, o futuro dos portugueses, pois o tempo, no nosso tempo, corre a uma velocidade vertiginosa e os políticos eleitos, seguindo as regras da democracia representativa, tornam-se lívidos perante os ciclos eleitorais e a ditadura mediática, reduzindo a ética republicana a um minúsculo emblema que ostentam na lapela.
Se a maioria dos cidadãos está apartada da política e, na sua mão, somente luze uma vaga esperança em assegurar a sobrevivência material, não sei se não seria vantajoso para Portugal “convocar as cortes” para debater, enquanto é tempo, a própria democracia em prol de uma reforma profunda do regime democrático, a duras penas conquistado.
Ao contrário de todas as evidências a natureza dos regimes políticos interessa aos negócios e, mais do que aos negócios, interessa aos cidadãos e só o inconformismo que ouse colocar a democracia em debate pode salvar a própria democracia.
[Artigo publicado na edição de hoje do Semanário Económico – versão integral.]
(Em 7 de dezembro de 2007 refletindo acerca de uma questão que sendo colocada hoje, embora noutros termos, causa grande escândalo...)
Fotografia de Darryl Baird |
quarta-feira, dezembro 26
segunda-feira, dezembro 24
NATAL DE 2012
As celebrações fazem-nos abrir os corações, mas também adensam os dramas e acirram as disputas. A todas, e a todos, digo o que sempre digo: tornemos a breve trégua num largo horizonte de paz e concórdia. Uma tarefa de todos os dias. A sul, na minha terra, o céu está claro, o tempo ameno (noutras latitudes apela à praia!) e ouço, feitos presentes, os passos dos meus, a carne da minha carne. Que vivam!
A minha mãe. |
sábado, dezembro 22
quinta-feira, dezembro 20
quarta-feira, dezembro 19
9 ANOS
Fotografia de Hélder Gonçalves |
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de
permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com
eles,
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
(um programa para o absorto)
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
(um programa para o absorto)
terça-feira, dezembro 18
UM CORPO
Um corpo desejável envolto em pose despojada
Ser tocado e fazer-se mais desejado entreaberto
Na espera do inesperado sem horas nem tempo
O corpo somente o corpo pontiagudo se derrete
E escorre ao longo dos meus lábios lentamente.
21 de Dezembro de 2004
Ser tocado e fazer-se mais desejado entreaberto
Na espera do inesperado sem horas nem tempo
O corpo somente o corpo pontiagudo se derrete
E escorre ao longo dos meus lábios lentamente.
21 de Dezembro de 2004
Fotografia de Margarida Delgado
[Por vezes postei poesia mais de outros, do que minha, por gosto de compor os versos com imagens como as de Margarida Delgado que sempre me encantaram.Este é de 16 de setembro de 2005.]
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