sábado, janeiro 15

EU VOTO PS

Amanhã vai ter inicio, ofialmente, a campanha eleitoral que levará ao voto nas eleições legislativas (antecipadas) de 30 de janeiro. Eu voto PS.
O meu voto, nesse domingo, não vai falhar como nunca falhou. Não vai mudar como nunca mudou. Até 1979 votei MES e, a partir desse ano, sempre votei no PS. Aliás em 1979 o MES, antes ainda da sua original imolação político/festiva, aconselhou, expressamente, o voto no PS ou na APU. O meu voto, desde esse apelo, nunca sofreu qualquer desvio em eleições legislativas. Alguns dos meus amigos alinharam nas “aventuras” de Pintassilgo ou de Zenha, do PRD ou UEDS, mas eu sempre votei no PS. É um voto pela liberdade e pela justiça. Não só alimentado pelas utopias que sempre estiveram presentes nos nossos sonhos por uma vida e um mundo melhores, mas também em defesa da concretização possível desses sonhos. É uma opção tomada em consciência, formada através de muitas experiências, que deram para compreender que os valores supremos a defender pelo voto são a justiça, a democracia e a liberdade. E o partido que melhor assegura a defesa desses valores, no nosso tempo, é o PS.

quinta-feira, janeiro 13

OS BRANDOS COSTUMES

Em Lisboa, nos arrabaldes de Belém, o Duque de Aveiro e alguns membros da família dos Távoras foram publicamente executados, em 13 de Janeiro de 1759, por estarem implicados no atentado contra o rei D. José. A sentença foi aplicada de uma forma tão brutal e selvagem que foi muito criticada pela opinião pública internacional. Na gravura vê-se o patíbulo com os condenados a serem sentenciados e os seus carrascos; magistrados com as suas varas encarnadas e tropas de infantaria, com os seus tradicionais uniformes brancos com granadeiros de gorro de pele à direita da bandeira regimental, assim como de tropas de artilharia com os seus uniformes azuis. A legenda da gravura enumera os condenados. (In Portal da História)

quarta-feira, janeiro 12

COSTA NÃO É MEDINA

O jogo das sondagens e uma questão pertinente. Um vencedor folgado nas sondagens pode desmobilizar o seu elitorado natural. No caso o PS ao surgir mais folgado nestas últimas sondagens poderia provocar o chamado "efeito Moedas". Da minha aobservação julgo que nestas eleições a situação se apresenta com substancal diferença: Costa não é Medina, é mais presente, enérgico e profissional e estas não são eleições autárquicas, mas legislativas. É o governo que está em jogo e a maior parte do eleitorado do PS não vai deixar de votar pelo efeito do excesso de confiança, pois não quer a direita no governo. O efeito "fadida do poder" não me parece suficiente para virar o jogo. Lembro-me das legislativas de 1991 - seis anos após Cavaco ter assumido o Governo - e ainda com recursos para investir, apesar da fadiga, ter ganho com maioria absoluta contra Sampaio. Veremos. "Em resposta ao PÚBLICO, o director-geral da Intercampus assinala o aumento do número de indecisos e explica como a liderança de um candidato nas sondagens pode causar a desmobilização do seu eleitorado pela ideia de que a vitória está garantida. O exemplo mais recente é a surpreendente derrota de Fernando Medina na corrida autárquica de Lisboa."

AS NOTÍCIAS SÃO POUCO ANIMADORAS

As notícias que nos chegam do mundo são muito desanimadoras. As potências vigiam-se mutuamente e ensaiam manobram de intimidação na disputa dos espaços vitais a todos os níveis. Fica-se com a sensação de estarem em curso manobras de pré guerra sem que o comum dos mortais seja capaz de escapar a um cada vez mais forte sentimento de insegurança. Não me refiro a situações em concreto pois estou certo que, por detrás das que são noticiadas, avulta uma realidade desconhecida das opiniões públicas. As ameaças à paz são sempre acompanhadas pela degradação das democracias e pela limitação das liberdades. O movimento em curso pode não desembocar numa guerra convencional pois não sabemos como se desenhará a guerra do futuro. Ou se não estará já em curso, no presente, a guerra do futuro. As notícias que nos chegam do mundo são muito desanimadoras.(publicado faz muito tempo mas sempre actual.)

terça-feira, janeiro 11

PESSOAL, PRECISA-SE

Os alemães colocam o dedo na ferida qual seja a falta de pessoal. Todos aqueles que lidam com o investimento que está a ser contratualizado, em geral e também no âmbito dos fundos comunitários, sabem que não há mão de obra suficiente em diversas áreas. A imigração desde muito tempo atrás foi apontada como uma das soluções necessárias para encarar a solução deste problema. A campanha eleitoral deveria servir para debater o tema a sério. “Temos 300 mil vagas de emprego abertas e esperamos que ultrapassem um milhão”, declarou Habeck, co-líder dos Verdes, numa conferência de imprensa. “Se não colmatarmos essa lacuna, teremos verdadeiros problemas de produtividade.” “Naturalmente, [isto significa] que temos de ter uma melhor combinação de qualificações, formação e que haja possibilidades para famílias e empregos, mas na Alemanha teremos de ter certamente mais imigração, e em todas as áreas, para engenheiros, artesãos, cuidadores. Temos de organizar isto”, disse Habeck, que é também vice-chanceler na nova coligação governamental alemã liderada pelo social-democrata Olaf Scholz. (In "Público").

domingo, janeiro 9

AO VOTO EM DEFESA DA LIBERDADE E DEMOCRACIA

Estamos, em Portugal, na presença de mais um combate político travado em democracia. Esta frase parece uma banalidade mas é saudável recordar que em Portugal, durante 48 anos, vigorou uma ditadura. Não vale a pena dourar a pílula, com fraseados mais ou menos adocicados, acerca do regime politico que vigorou em Portugal entre 1926 e 1974 - uma ditadura. Nesse período, correspondente a mais do que uma geração de portugueses - o meu pai só conheceu a cor da liberdade aos 63 anos de idade - efectuaram-se simulacros de eleições. Somente após o 25 de abril de 1974 se realizaram eleições livres e democráticas, com o pleno vencimento do sufrágio universal, que mesmo na 1ª República havia sido limitado, por exemplo, no caso do voto das mulheres. Nunca poderei dizer que não me interessa o vencedor das eleições de 30 de janeiro próximo (com voto em mobilidade já a 23 de janeiro) e, muito menos, pôr em dúvida o exercício de voto pois sempre votei em todas as eleições realizadas depois do 25 de abril (e mesmo em alguns simulacros de eleições realizadas antes.). Sempre, desde a adolescência, fui atraído pelos ideais do socialismo partilhando todas (ou quase todas) as suas derivas, ou tendências, que, em cada época, ganham novos contornos e protagonistas. Votarei em fidelidade aos meus ideais de sempre. Mas o voto, em liberdade e democracia, só faz sentido, para mim, no respeito sagrado pelo sentido do voto de todos e de cada um.

sábado, janeiro 8

O MEU PAI DIMAS

Passam amanhã trinta anos sobre a morte do meu pai Dimas (Franco Neto Graça). Em sua homenagem republico a descrição breve de um episódio marcante na minha vida retido pela memória.
Por aqueles dias da primavera de 1958 o meu pai perdeu o medo. Pegou-me pela mão e levou-me a ver a passagem por Faro de Humberto Delgado. Estávamos em plena campanha presidencial. Pela primeira vez, desde o imediato pós guerra, o poder de Salazar tremia. Delgado era destemido, até à beira da loucura, segundo os seus detractores. A sua candidatura forçou à desistência de Arlindo Vicente, candidato apoiado pelo Partido Comunista. Humberto Delgado fez-se ao caminho e arrastou multidões até às urnas. Eu também lá estive pela mão do meu pai. Seguimos de Faro para Olhão onde a recepção foi apoteótica. Nunca hei-de esquecer a mão quente de meu pai apertando a minha. Eu não sabia ainda o significado da palavra fascismo. Mais tarde Humberto Delgado foi assassinado pelos esbirros da PIDE. Os assassinos morreram na cama. É revoltante. Tenho medo de sentir esta sensação de revolta perante a tolerância da democracia. Mas a tolerância, afinal, nunca é excessiva. Aprendi isso com o meu pai. Era um comerciante honrado. Morreu no dia 9 de Janeiro de 1992.

sexta-feira, janeiro 7

Sidney Poitier

RIP.
Morreu Sidney Poitier, “Martin Luther King dos filmes” e primeiro ator negro a receber um Óscar. (In "Expresso").

quarta-feira, janeiro 5

PCP

Não vi o frente a frente Costa/Jerónimo mas cá em casa todos ficaram com pena do Jerónimo. O PCP é nada menos que o Partido politico mais antigo com atividades permanente em Portugal. Com experiência que baste, sem igual, mas tomou uma decisão incompreensível: não viabilizar o orçamento de estado para 2022, abrindo a porta a eleições antecipadas. É elementar. Não sei o que se passou na reunião do CC que tomou essa decisão mas deixou Jerónimo sem argumentos nem energia para defender de forma coerente essa decisão. As coisas são como são, e o PCP nunca mais será como o temos conhecido em democracia. Resta saber como se distribuem os votos dos desiludidos do PCP... que serão muitos.

terça-feira, janeiro 4

A OBRA DE CAMUS (síntese) NO ANIVERSÁRIO DE SUA MORTE - 4 JANEIRO 1960

Camus publicou em vida dezanove obras, de 1937 a 1959, entre as quais se destacam os romances (“L’Étranger” em 1942, “La Peste” em 1947), as novelas (“La Chute” em 1956, “L’Exil et le Royaume” em 1957) as peças de teatro (“Caligula” e “Le Malentendu" em 1944, “L’État de siège" em 1948, “Les Justes” em 1950), e os ensaios (“L’Envers et l’Endroit" em 1937, “Noces” em 1939, “Le Mythe de Sisyphe” em 1942, “Les lettres à un ami allemand” em 1945, “L´Homme révolté” em 1951 e”LÊté” em 1954). É necessário ainda juntar três recolhas de ensaios políticos (“Les Actuelles”), “Les deux Discours de Suède” (pronunciados aquando da atribuição do Nobel) e a contribuição para a obra de Arthur Koestler intitulada “Réflexions sur la peine capitale”. Outras obras foram editadas após a sua morte entre as quais se contam o “diário” dos seus pensamentos e leituras, assim como notas de trabalho, publicado sob o título “Carnets”; o diploma de estudos superiores de 1936: “Métaphysique chrétienne et néoplatonisme”, publicado pela “La Pléiade”; o romance inédito, “La Morte heureuse”, cuja redacção data de 1937; o manuscrito inacabado, encontrado na pasta de Camus depois do acidente de viação que o vitimou:“Le Premier Homme”, esboço do que viria a tornar-se o seu grande romance quasi autobiográfico e ainda a sua correspondência com o amigo Jean Grenier.

segunda-feira, janeiro 3

PELO 62º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE ALBERT CAMUS

“Camus trabalhou assiduamente em O Primeiro Homem durante todo o ano de 1959. Em Novembro foi para Lourmarin para aí permanecer ate à passagem do ano; depois, em Paris, queria ficar com um teatro próprio e considerou também a hipótese de desempenhar o papel principal masculino no filme Moderato Cantabile baseado no conto de Marguerite Duras. O Natal passou-o com a família na casa da Provença e a família Gallimard passou com eles a festa do Ano Novo. A 2 de Janeiro a mulher de Camus teve de regressar a Paris com as crianças por causa do recomeço das aulas. Os Gallimard propuseram a Camus regressar de carro com eles no dia seguinte. Queriam ir calmamente e aproveitar para comer bem, pelo que previram dois dias para o regresso. A 4 de Janeiro o grupo em viagem almoçou em Sens, a cerca de cem quilómetros de Paris. Depois prosseguiram viagem pela estrada nacional, passando por uma série de pequenas aldeias. Próximo de Villeblevin, o carro derrapou sem razão aparente e chocou frontalmente contra uma árvore. À excepção de Camus, que ia sentado ao lado do condutor, foram todos cuspidos do carro: Michel Gallimard ficou gravemente ferido e foi levado para o hospital com a mulher e a filha que não mostravam ferimentos visíveis. Morreu poucos dias depois. Camus fracturou o crânio e a coluna vertebral. Foi um tipo de morte violenta com que já tinha sonhado, uma morte, como Camus escrevera em 1951 nos Carnets, … em que se nos desculpem os gritos contra a dilaceração da alma. A isso contrapõe um fim longo e constantemente lúcido para que ao menos não se dissesse que eu fora colhido de surpresa. O corpo de Camus foi depositado em câmara-ardente no salão da Câmara de Villeblevin e na manhã seguinte transladado para Lourmarin. Dois dias após o acidente realizou-se o funeral. Na frente do cortejo funerário iam Francine Camus, o irmão de Camus e René Char. Não levaram o caixão para a igreja, mas directamente para o cemitério que ficava a alguma distância, frente à casa de Camus. Aí tem Camus a sua campa entre as dos aldeões, de igual tamanho e com uma simples pedra.” In Camus, de Brigitte Sändig Circulo de Leitores

sábado, janeiro 1

ANTI NUCLEAR SEMPRE

O novo governo alemão manifesta-se contra o que se julgaria ser uma impensável proposta da UE: "incluir a energia nuclear no grupo das actividades económicas sustentáveis da União Europeia." Paradoxal esta situação certamente resultante de poderosos interesses que me movem nos meandros dos proclamados grandes desígnios da transição ecológica. Espero bem que o governo alemão mantenha uma posição contrária e que Portugal, honrando a sua tradição anti nuclear, faça ouvir a sua voz, contra. “Parece-me um erro absoluto que a Comissão Europeia (CE) pretenda incluir a energia nuclear no grupo das actividades económicas sustentáveis da União Europeia (UE)”, disse a ministra do Ambiente alemã, Steffi Lemke, em declarações ao grupo de comunicação social Funke. Segundo a ministra, dos Verdes alemães (um dos três partidos da coligação governamental), “uma forma de energia que, por um lado, pode levar a catástrofes ambientais devastadoras – em caso de acidente grave num reactor – e, por outro, deixa grandes quantidades de resíduos perigosos altamente radioactivos, não pode ser sustentável”. “Vamos agora estudar os critérios do projecto que a CE nos apresentou na noite de sexta-feira e chegar a acordo sobre a questão dentro do Governo”, disse a ministra, afirmando ser “extremamente problemático” que a Comissão “queira dispensar uma consulta pública numa questão tão delicada”. (In "Público") "España rechaza la propuesta de Bruselas para que la nuclear y el gas sean consideradas energías verdes El Gobierno defiende que ambas queden recogidas en una categoría intermedia, “ámbar”, pero no que queden a la misma altura de otras tecnologías “sin riesgo ni daño ambiental” (In "El País")

ANO NOVO

Primeiro dia, ano 2022, quem diria chegar tão longe no tempo! Por aqui perto da zona mais ocidental da Europa fez-se verão de inverno para receber este dia inaugural. Cumprem-se os preceitos próprios da época superando todas as dificuldades.Perfilam-se novos desafios em todas as frentes eivadas de incertezas. Estamos prontos para os enfrentar. Bom ano para todas e todos os que por aqui se passeiam.

sexta-feira, dezembro 31

AS ÁRVORES E AS SOMBRAS

A natureza despe-se sem pudor apesar do olhar dos homens. Nasci com a escassez da água por entre os medos da seca e da fome. Mas a natureza não detém a sua marcha perante os receios do homem. * No sul o frio é suave e temperado pelo mar e pela vizinhança de África. A minha terra fica mais próxima de África do que de Lisboa. Sempre nos esquecemos disso quando pensamos nos espanhóis. * A sul a neve caiu de 1 para 2 de Fevereiro de 1954. Vi-a cair pela primeira vez debruçado de espanto da janela com vista para o meu mundo. A rua ficou branca e fiz bolas de jogar. Mas a neve na minha memória é quente. * A nespereira familiar da minha infância prepara-se para dar frutos. Imagino o seu lugar no quintal de onde nunca saiu e se apresenta sempre viçosa às gerações que passam. Ela renova-se e parece imortal. * A figueira do caminho do campo despida de folhas olha-me curiosa. O frio fê-la ficar nua e reparei que não se mexia nem tiritava nem sequer temia a sua morte anunciada. Ela sabe que no próximo verão ainda vai dar frutos suculentos. * As árvores são um mundo de vida e de afectos para os artistas. Poetas, pintores, músicos, cineastas, fotógrafos ... muitos dos grandes artistas cantaram a natureza através das árvores. * A sombra de cada árvore é diferente conforme a sua natureza. Cada sombra projectada por uma árvore tem vida própria e uma personalidade diferente conforme as espécies. As sombras das árvores são todas diferentes. * Ir para a sombra era uma obsessão da minha infância. No sul o sol impõe as suas regras. As árvores no verão eram o lugar da sombra antes de serem o lugar dos frutos e da subsistência.

quinta-feira, dezembro 30

UM POUCO MAIS AO LADO

"L’hôpital au point de rupture : une crise qui vient de loin Le Covid-19 a mis en lumière les maux des établissements de santé. Ils prennent leur source dans plus de vingt ans de réformes, de droite comme de gauche, avec un objectif de réduction des coûts." (In "Le Monde")

quarta-feira, dezembro 29

AQUI AO LADO

"La sexta ola de la pandemia continúa su crecimiento exponencial de contagios diarios. En el último informe publicado por el Ministerio de Sanidad se han registrado por primera vez más de 100.000 positivos en un día. En concreto, se han comunicado 100.760 contagios y 78 muertes al recuento oficial. La incidencia sube 147 puntos y se sitúa en 1.508 casos por 100.000 habitantes a 14 días. En total, 6.133.057 personas se han contagiado y 89.331 han muerto desde el comienzo de la pandemia. “Nos encontramos en una situación epidemiológica de un alto nivel de circulación del virus”, ha reconocido la ministra de Sanidad, Carolina Darias, tras reunirse este miércoles con los representantes sanitarios de las comunidades." (29/12/2021, In El Pais")

segunda-feira, dezembro 27

O Almirante navega

"O Presidente da República deu hoje posse ao vice-almirante Henrique Gouveia e Melo como novo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), na sequência da exoneração de Mendes Calado, que afirmou anteriormente que não sai "por vontade própria" e não esteve na cerimónia." (Das notícias nos jornais.) Reparei que a direita e os seus arautos, mesmo os mais ilustres e credíveis, manifestaram azedume pela nomeação do Vice Almirante Gouveia e Melo para CEMA. Nâo conheço os meandros do processo a não ser pelas notícias públicas, mas se estes arautos da direita estão contra é muito bom sinal. Ademais sem comentar as declarações politicas do Vice Almirante, a polémica parece-me ser herdeira da velha questão da inveja por alguém que realizou um trabalho competente, que ninguém questiona, granjeou notoriedade pública e reune as condições de carreira e competência profissional para ser nomeado para tal cargo. O Almirante navega, e daí?

sábado, dezembro 25

Na minha terra a sul

Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol. Uma vez caiu neve mas já ninguém se lembra. Quando ameaçava chuva o meu pai, pela manhã, assomava à janela e proclamava “está nuvrado”. Mas, quase sempre, a ameaça não se derramava. Nos dias de chuva ouvir a água correr nos algerozes era um encantamento e o seu gotejar no parapeito da janela fazia amanhecer a imaginação. Andar ao sol era perigoso mas andar à chuva não me lembro. A água valia ouro. Os poços eram fundos e abertos a dinamite no sítio onde o vedor “adivinhava” a água. A horta era regada com parcimónia. A água deslizava por gravidade tomando o caminho dos mimos em levadas abertas a golpes de enxada. Os mouros ainda andavam por ali. A vista das melancias grandes, no fim da época, quando ficavam maduras era sublime. Via nelas o resultado da fecundação da terra pela água e os seus castelos vermelhos eram um sinal de vida. Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol.

quinta-feira, dezembro 23

NATAL

Volto à página branca como se fora um caderno de apontamentos. Agora o Natal com seu cortejo de atos e memórias. Na minha primeira idade a chaminé oferecia-me uma sombrinha de chocolate. Imensa alegria no reluzente brilho único da prata colorida. Não tenho medo da redução do consumo a que as sociedades foram conduzidas pela avidez do capital financeiro. Por isso não se admirem os meus amigos pela sedução que sobre mim exercem as palavras do Papa Francisco. Tudo tem a sua conta e medida, nada podendo justificar a sacralização, ou banalização, da miséria e o silencioso, mas brutal, aumento das desigualdades. Não é uma questão de perfilhar uma posição ideológica ou defender uma barricada politica, mas simplesmente, a de não sacrificar, em qualquer circunstância, a defesa de princípios basilares em que assenta a dignidade humana: liberdade, igualdade, fraternidade. Ou se quiserem, como digo vezes sem conta no meu mister de todos os dias: cooperação e solidariedade! Natal!

terça-feira, dezembro 21

Uma efeméride especial

O I Congresso do MES realizou-se nos dias 21 e 22 de dezembro de 1974. As efemérides valem o que valem, mas esta não poderia deixar passar em claro.