quinta-feira, setembro 8

São Sebastião


São Sebastião no New York on Time

Pode ver um extraordinário ficheiro de imagens aqui.

Na minha terra a sul


Giovani Santarelli

Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol. Uma vez caiu neve mas já ninguém se lembra. Quando ameaçava chuva o meu pai, pela manhã, assomava à janela e proclamava “está nuvrado”. Mas, quase sempre, a ameaça não se derramava.

Nos dias de chuva ouvir a água correr nos algerozes era um encantamento e o seu gotejar no parapeito da janela fazia amanhecer a imaginação. Andar ao sol era perigoso mas andar à chuva não me lembro.

A água valia ouro. Os poços eram fundos e abertos a dinamite no sítio onde o vedor “adivinhava” a água. A horta era regada com parcimónia. A água deslizava por gravidade tomando o caminho dos mimos em levadas abertas a golpes de enxada. Os mouros ainda andavam por ali.

A vista das melancias grandes, no fim da época, quando ficavam maduras era sublime. Via nelas o resultado da fecundação da terra pela água e os seus castelos vermelhos eram um sinal de vida.

Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol.

quarta-feira, setembro 7

BRASIL


Fotografia de António José Alegria in Amistad

Hoje celebra-se o dia da Independência do Brasil.

O Sofrimento Humano


Na esquina de um olhar – Fotografia de Hélder Gonçalves

“É necessário pagar e impregnar-se do abjecto sofrimento humano. O sujo, repugnante e viscoso universo da dor.”

“Setembro. (1941)
Organiza-se tudo: É simples e evidente. Mas o sofrimento humano intervém, e altera todos os planos.”

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

terça-feira, setembro 6

HARLEM


Harlem, Agosto de 2005 – Fotografia de Isabel Ramos

Acabada de receber da própria com o seguinte comentário: “a propósito do teu post acerca de Martin Luther King”.

Educação, nada mal!


Fotografia de Margarida Delgado

No discurso de tomada de posse do governo socialista, segundo o “Jornal de Negócios”, “Sócrates avançou com as suas prioridades para esta legislatura. A aposta na educação, na ciência e na qualificação serão as «prioridades decisivas», já que «a melhor política económica é a política de educação».

Ontem, Nicolau Santos, no “Expresso online”, titula a sua coluna de opinião com a frase: Bons ventos na Educação.

Lembremos, a propósito, que o governo, em funções, resultou do resultado de eleições legislativas realizadas em 20 de Fevereiro de 2005. Considerando o dia do voto passaram 100 dias até ao final de Maio e passam mais 100 até ao próximo dia 8 de Setembro. Mas como o governo tomou posse no dia 12 de Março há que descontar 20 dias.

Assim, no dia de hoje, considerando a data da tomada de posse, o governo Sócrates perfaz 178 dias, ou seja, menos de meio ano.

Convenhamos que, para uma legislatura de mais de 4 anos, é pouco tempo. Balanceando hesitações, iniciativas, omissões, erros e sucessos os resultados, pelo menos na área da educação, são encorajantes.

Nada mau face aos 3 anos de “pânico e pavor” que decorreram desde Março de 2002 a Março de 2005. De vez em quando é saudável exercitar a memória, não é Prof.ª Maria do Carmo Seabra?

Martin Luther King


Fotografia e texto do Portal da História

Por estes dias têm-me assomado à memória diversas figuras da história americana. Não me sai da cabeça este discurso de MARTIN LUTHER KING JR., proferido em Washington, D.C., no dia 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington, que pode ser lido, na íntegra, aqui.

"O discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, foi ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a «Marcha para Washington por Emprego e Liberdade».

A manifestação foi pensada como uma maneira de divulgar de uma forma dramática as condições de vida desesperadas dos negros no Sul dos Estados Unidos, e exigir ao poder federal um maior comprometimento na segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul.

Realizado num clima muito tenso, a manifestação foi um estrondoso sucesso, e o discurso conhecido sobretudo pela frase permanentemente repetida no meio do discurso «I have a Dream» (Eu tenho um sonho), mas também pela frase que é repetida no fim - «That Liberty Ring» (Que a Liberdade ressoe), que retoma o poema patriótico «América», tornou-se, com o discurso de Lincoln em Gettysburg, um dos mais importantes da oratória americana.


Em 1964 a Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965 a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada.

Martin Luther King, Jr. foi escolhido como Prémio Nobel da Paz no ano seguinte, em 1964."

segunda-feira, setembro 5

VENTO


Fotografia de Margarida Delgado

“O vento, uma das raras coisas próprias do mundo.”

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

domingo, setembro 4

Passeio Alegre


As Palmeiras do Passeio Alegre, in Dias com árvores

PASSEIO ALEGRE

Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausicaa, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.

Eugénio de Andrade
"Rente ao Dizer" (1992)


Paseo alegre

Llegaron tarde a mi vida
las palmeras. Em Marrakesh vi una
que Ulisses hubiera comparado
a Nausicaa, mas sólo
en el jardín del Paseo Alegre
comencé a amarlas. Son altas
como los marineros de Homero.
Ante el mar desafían a los vientos
venidos del norte y del sur,
del este y del oeste,
para doblegarlas por la cintura.
Invulnerables – así desnudas.

“Próximo al decir”
Amarú Ediciones
Traducción de José Luís Puerto

A CASA (LA CASA)


Fotografia de família. Hoje seria o dia de aniversário de meu pai.

A casa
(Glosa a um verso do poema “A Casa” de Gabriela Mistral)

Meu filho, a mesa já está posta,

Subi a rua toquei na soleira da porta.
Vi-me na janela em que, olhos espantados,
Observei o cair da neve naquela manhã

(ou seria tarde?)

Tornei ao largo da Feira do Carmo.
Vi-me no lugar dos cheiros acres e alados
Caminhei ao longo do cós da infância

(ou seria a liberdade?)

Gastei o tempo da minha vida olhando.
Vi-me, súbito, face a minha mãe:
Meu filho, a mesa já está posta,

(ou seria a saudade?)

Faro, 4 de Setembro de 2004



LA CASA

La mesas, hijo, está tendida,
en blancura quieta de nata,
y en cuatro muros azulea,
dando relumbres, la cerámica.
Ésta es la sal, éste el aceite
y al centro el Pan que casi habla.
Oro más lindo que oro del Pan
no está ni en fruta ni en retama,
y da su olor de espiga y horno
una dicha que nunca sacia.
Lo partimos, hijito, juntos,
con dedos puros y palma blanda,
y tú lo miras asombrado
de tierra negra que da flor blanca.

Baja la mano de comer,
que tu madre también la baja.
Los trigos, hijo, son del aire,
y son del sol y de la azada;
pero este Pan"'cara de Dios"*
no llega a mesas de las casas.
Y si otros niños no lo tienen,
mejor, mi hijo, no lo tocaras,
y no tomarlo mejor sería
con mano y mano avergonzadas.

Hijo, el Hambre, cara de mueca,
en remolino gira las parvas,
y se buscan y no se encuentra
nel pan y el Hambre corcobada.
Para que lo halle, si ahora entra,
el Pan dejemos hasta mañana;
el fuego ardiendo marque la puerta,
que el indio quechua nunca cerraba,
y miremos comer al Hambre,
para dormir con cuerpo y alma.

Gabriela Mistral

Nota
* En Chile, el Pueblo llama al pan "cara de Dios".

sábado, setembro 3

"O que governa um coração?"


Fotografia de Margarida Delgado

“O que governa um coração? O amor? Nada é menos certo. Não se pode saber o que é o sofrimento de amor, não se sabe o que é o amor. Ele é aqui privação, saudade, mãos vazias. Não terei o entusiasmo; resta-me a angústia. Um inferno onde tudo faz supor o paraíso. Apesar de tudo é um inferno. Eu chamo vida e amor ao que me deixa vazio. Partida, obrigação, ruptura, este coração sem luz disperso em mim, o gosto salgado das lágrimas e do amor.”

Albert Camus


Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

(Na primavera de 1941, em Orão, Camus manifesta em diversos fragmentos a sua infelicidade.)

A IMORTALIDADE É UMA IDEIA SEM FUTURO


Timão

“Renunciar a essa servidão que é o atractivo feminino”

“Privado daquilo que é pecado, o homem não poderia viver; mas viveria perfeitamente privado do que é são.” – A imortalidade é uma ideia sem futuro.

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

sexta-feira, setembro 2

E Agora, Senhor Bush?


Fotografia in Público

Bush admite fracasso da resposta à crise humanitária provocada pelo "Katrina"

É um paradoxo que embaraça mesmo o mais radical dos opositores da política do Senhor Bush. Não vale a pena esquecer as vítimas nem o fracasso da resposta da “protecção civil” interna de um país que “protege” povos inteiros das mais variadas “desgraças”.

É um paradoxo dramático observar que a população dos USA, em particular, a mais pobre, não encontra melhor sorte nas desgraças do que a mais pobre população de um país dos mais pobres do planeta. Há diferenças, certamente que as há. Mas fica a ideia de uma administração americana à deriva face às exigências mínimas na resposta a uma catástrofe natural anunciada.

O senhor Bush deve ter acabado, politicamente, por estes dias. Afinal não foi nenhuma intervenção externa que o fez cair. Mas é preciso ter cuidado pois quando as coisas correm mal, na frente interna, os presidentes americanos, acossados, lançam uma confrontação externa. Qual será ela?

O SEU A SEU DONO

“Presidi aos destinos do INATEL durante 7 anos. Devo ser, pois, o cidadão português, vivo, que durante mais tempo exerceu aquelas funções.”

Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo de opinião sob o título em epígrafe.

PEDRO PEDROSA


O Pedro Pedrosa é um velho conhecido meu das lides do processo de modernização do INATEL. Assumiu muitas e variadas responsabilidades de que destaco a coordenação da equipa de projecto que concebeu e executou a “Carta do Lazer das Aldeias Históricas”.

Soube agora que vai finalmente fazer a defesa da Tese de Mestrado no próximo dia 6 de Setembro, terça-feira, pelas 14h30, na Sala de Actos (edifício IV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), situada no Monte da Caparica.

A tese é subordinada ao tema: "Redes Integradas de Percursos Turísticos assistidas por Tecnologias de Localização". Um tema, certamente, muito interessante abordando o papel das modernas tecnologias aplicadas ao desenvolvimento e modernização da actividade turística.

O Júri será constituído por Maria do Rosário Partidário (FCT/UNL), António Câmara (FCT/UNL) e Carlos Costa (Univ. Aveiro).

Boa Sorte!

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Sumário da Dissertação

«O trabalho realizado parte da premissa de que existem regiões do território em busca de desenvolvimento económico-social e que este se deve pautar pelos princípios do desenvolvimento sustentável. Algumas das áreas de Portugal enquadráveis nestas condições encontram-se no interior do país, onde projectos como as redes de aldeias iniciaram um caminho nessa via.

Defende-se o fomento de processos de Desenvolvimento Turístico Sustentável e apresentam-se as suas características e formas de implementação. Têm-se em conta tipos oferta e procura, utilizando modelos de turismo alternativo ao turismo de massas, sendo proposto o recurso ao turismo de natureza e à utilização de percursos e suas redes como forma preferencial de organizar e dar a conhecer todo o tipo de recursos turísticos de uma região.


Afirma-se ainda que a utilização de tecnologias de informação e comunicação sem fios traz vantagens para o Desenvolvimento Turístico Sustentável e seu ordenamento e planeamento como parte de um sistema de informação turística de nova geração. Estas tecnologias podem ser utilizadas tanto pelo gestor do território como pelo turista.

Da análise da realidade nacional, observam-se as potencialidades do país para modelos de turismo alternativo, transformando a ameaças de desertificação de áreas de baixa densidade em oportunidades de desenvolvimento turístico, capazes de afirmar Portugal enquanto destino de primeira escolha no mercado turístico mundial.»

NICÓSIA


Cidade Velha de Nicósia - Fotografia de Hélder Gonçalves

Prosseguindo uma série de olhares sobre fragmentos de “cidades velhas” do sul, porque me encantam.

Obviamente, Mário Soares!


Ler no Almocreve das Petas

Obviamente, Mário Soares!

quinta-feira, setembro 1

LISBOA


Lisboa a P&B - Fotografia de JCNero
In Olhares

A imagem de uma rua de Lisboa. A luz, as marcas do tempo, a calçada, os carris, os remendos, a memória na qual nos reconhecemos.

ARGEL


Argel, vista de terra, antes de 1954

“18 de Março de 41.

Os montes por cima de Argel transbordam de flores na primavera. O aroma a mel das flores derrama-se pelas ruazinhas. Enormes ciprestes negros deixam jorrar dos seus cumes reflexos de glicínias e de espinheiros cujo percurso se mantém dissimulado no interior. Um vento suave, o golfo imenso e plano. Um desejo forte e simples – e o absurdo de abandonar tudo isto.”


Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).


(A pensar no Dias com árvores. Camus, no final de 1940, casa com Francine Faure, estudante de uma família abastada de Orão. Este fragmento deixa antever a época que antecedeu a sua partida para Orão onde viverá em casa da família da mulher até aos inícios de 42.)

quarta-feira, agosto 31

MENSAGEM


MENSAGEM - Edição bilingue Português/Espanhol

NOTA PRELIMINAR

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.

A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.

Fernando Pessoa

………………..

El entendimiento de los símbolos y de los rituales (simbólicos) exige del intérprete que posea cinco cualidades o condiciones, sin las cuales los símbolos serán para él muertos, y él un muerto para ellos.

La primera es la simpatía; no diré la primera en tiempo, pero la primera a medida que voy citando, y cito por grados de simplicidad. Tiene el intérprete que sentir simpatía por el símbolo que se propone interpretar.

La segunda es la intuición. La simpatía puede auxiliarla, si ella ya existiera, pero no crearla. Por intuición se entiende aquella especie de entendimiento con el que se siente o que está más allá del símbolo, sin que se vea.

La tercera es la inteligencia. La inteligencia analisa, descompone, reconstruye en otro nivel el símbolo; tiene, aún, que hacerlo después que, en el fondo, es todo lo mismo. No diré erudicción, como podría en el examen de los símbolos,es la de relacionar en lo alto lo que está de acuerdo con la relación que está debajo. No podrá hacer eso si la simpatía no hubiera recordado esa relación, si la intuición no la hubiera embellecido. Entonces la inteligencia, de discursiva que naturalmente es, se tornará análoga, y el símbolo podrá ser interpretado.

La cuarta es la comprensión, entendiendo por esta palabra el conocimiento de otras materias, que permitan que el símbolo sea iluminado por varias luces, relacionado con varios otros símbolos, pues que, en el fondo, es todo lo mismo. No diré erudicción, como podría haber dicho, pues la erudicción es una suma; ni diré cultura, pues la cultura es una síntesis; y la comprensión es una vida. Así ciertos símbolos no pueden ser bien entendidos si no hubiera antes, o en el mismo tiempo, el entendimiento de símbolos diferentes.

La quinta es la menos definible. Diré tal vez, hablando a unos, que es la gracia, hablando a otros, que es la mano del Superior Incógnito, hablando a terceros, que es el Conocimiento y la Conversación del Santo Ángel de la Guarda, entendiendo cada una de estas cosas, que son la misma manera como las entienden aquellos que de ellas usan, hablando o escribiendo.