segunda-feira, maio 28

PELAS RUAS

Posted by PicasaDane Shitagi USA, b.1972

Pelas ruas ouve-se um silêncio estranho de espera
Ou será de quem desespera por esperar um dia
Que há-de vir de novo que lhes traga uma alegria

Pelas ruas rareia o movimento como um regresso
Ao passado que se não reconhece no presente
E os homens transformados na sua sombra ausente

Pelas ruas não se notam sinais do riso das mulheres
Nem os fumos de verão saídos dos seus decotes
E nada se parece com as cores dos dias felizes

Pelas ruas não vagueiam os cães nem as carroças
Puxadas a cavalo nem quase uma só bicicleta
E os cheiros são vagamente inodoros de vícios

Pelas ruas corre o vento e o sol por vezes abrasa
Nada faz dormir a natureza e levá-la para casa
É decerto impossível mesmo a golpes de espada

Pelas ruas caminho com pressa ou devagarinho
E olho com fervor aqueles que em certos dias
Me olham com atenção que em outros dias não

Pelas ruas ouve-se um silêncio estranho de espera
Do dia em que desfilem às arrecuas as fanfarras
Anunciando uma boa nova porque se desespera

Pelas ruas por vezes acontece a solidão das mãos
Estendidas mas nada de notícias de boas vindas
Nem braços de polícias sinaleiros nas esquinas

Pelas ruas secou o rio do formigueiro humano
Vejo filas de espera por um lugar no autocarro
Que é feito do teu coração cidade que eu amo?

Lisboa, 12 de Abril de 2005
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ELEIÇÕES EM ESPANHA

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domingo, maio 27

SPORTING [post 3000]

Posted by PicasaImagem daqui

Foi uma trabalheira para arranjar o bilhete para a bola, como soe dizer-se, as claques rapinaram tudo. Mas quando já desesperava ele lá conseguiu o ingresso e hoje pode celebrar a conquista de um título.

Falo do meu filho está claro que deve, por esta hora, caminhar para o Estádio de Alvalade porque isto de ser sportinguista e ganhar um título não é para todos os dias e, desta vez, reconheçamos que foi merecido.

Neste caso é a vitória de uma estratégia de aposta na juventude, na criação e formação de talentos, pois o futebol não é diferente de todas as outras actividades empresariais. O caso do Sporting, desse pondo de vista, é exemplar para o país. Só por isso merece ser premiado.

[Por coincidência este é o post 3000, puxa vida!]
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ASSÉDIO MUÇULMANO A COIMBRA

É notável o papel das mulheres na direcção política dos acontecimentos, anteriores à formação do reino, assim como as relações de D. Teresa com os cavaleiros galegos entre os quais se destacaram os Travas.

“Em 1116, [Afonso Henriques nascera em 1109] uma forte expedição muçulmana comandada pelo próprio emir de Marrocos Ali b. Yusuf saiu de Santarém e, dirigindo-se para norte, saqueou e incendiou Miranda do Corvo, fazendo muitos prisioneiros.”
(…)
A 7 de Julho de 1116, os almorávidas conquistaram o castelo de S.Eulália, junto a Montemor-o-Velho, e puseram cerco a Coimbra, estando aí então a rainha, …" [
D. Teresa, no entanto, só se intitulou rainha em Maio de 1117]
(…)
“No ano seguinte, em Junho, os muçulmanos voltaram a atacar, comandados, de novo, pelo emir de Marrocos, que usou a via marítima, desembarcando perto de Montemor-o-Velho, e se juntou às tropas vindas por terra. Em 22 de Junho, voltou a pôr cerco a Coimbra, mas ao cabo de vinte dias teve de retirar sem haver conseguido apoderar-se da cidade.
Como é evidente, o perigoso ataque almorávida representava um risco acrescido em virtude das divisões internas que enfraqueciam a capacidade de defesa e a coordenação das forças cristãs sob a direcção de D. Teresa. Mas obrigaram os portugueses (…) a reforçarem os dispositivos de defesa, para se protegerem contra ataques de grande envergadura, como o que Coimbra, nessa altura, sofreu. A reacção não parece ter envolvido Urraca nem os membros da cúria régia que com ela partilhavam a responsabilidade de defender o reino, mas trouxe ao território português alguns nobres galegos, além de Bermudes Peres de Trava, (…). A presença de Teresa em Coimbra, pouco depois dos combates em torno do castelo de Sobroso, significa, talvez, que assumiu, sozinha ou com ajuda dos cavaleiros galegos, a defesa da cidade.”
(…)
“Seja como for, os nobres galegos vêm, nessa altura e nos anos seguintes, colaborar com os cavaleiros que defendiam Coimbra. O mais notável foi Fernão Peres de Trava, o filho primogénito de Pedro Froilaz, …”
(…)
Assim, o enfraquecimento do poder central leonez era compensado, na periferia meridional, por meio de uma concentração de forças militares de nível regional, que vinha contribuir, juntamente com outros factores, já referidos, para a estruturação dos poderes intermédios que antecederam a formação dos vários reinos peninsulares.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "Assédio muçulmano a Coimbra”", pgs. 28 e 29. (6)
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ELEIÇÕES EM ESPANHA

Posted by PicasaFotografia daqui

Hoje há eleições municipais e “autonómicas” em Espanha. Lá o PP, a direita na oposição, tem a ETA – um problema de estado – para lançar contra o governo do PSOE. Aqui o PSD, a direita na oposição, tem a OTA – uma obra adiada -e o Dr. Charrua (?) para lançar contra o governo do PS. Não é só uma diferença de estilo …mas de peso.
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Mary Cheney

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Paul Newman

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sábado, maio 26

LISBOA - CONTRIBUTOS PARA UM PROGRAMA (I)

Posted by PicasaSimon Gris

Estas eleições autárquicas em Lisboa são uma espécie de primárias das eleições que se hão-de disputar daqui a ano e meio. Não que do resultado destas decorra a eliminação de quaisquer candidaturas para as eleições seguintes, mas o seu resultado será uma clarificação decisiva para a próxima escolha.

Todas as sondagens, apesar das suas limitações, parecem apontar para uma vitória de António Costa. Resta saber a dimensão política dessa vitória, ou seja, se alcançará a maioria, difícil no contexto de tantas candidaturas, ou se Costa será obrigado a fazer acordos que permitam governar a cidade.

Não dou uma importância decisiva a esse factor na justa medida em que a provável vitória relativa do PS nestas eleições, e as dificuldades a que dará azo, tornará mais clara a necessidade de uma maioria absoluta nas eleições de 2009.
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Sou residente e eleitor em Lisboa desde que, em 25 de Abril de 1974, foi restaurada a democracia em Portugal e votei em todas as eleições. Continuo a achar o voto um acto cívico exaltante.

Lamentavelmente as próximas eleições decorrem em 15 de Julho a pior data de todas com excepção das restantes seis possíveis nos meses de Julho e Agosto. Não tinha o governo de direita – PSD/PP – prometido, de forma solene, acabar com os governadores civis?

Deixando de lado as inexplicáveis tortuosidades e delongas do processo eleitoral, que requer urgente reforma, sou dos que consideram que o PS tomou uma decisão acertada, e corajosa, ao fazer avançar António Costa para a cabeça desta candidatura.

Como cidadão venho dar o meu contributo, neste e nos documentos que se seguirão, para um programa de governo para a cidade de Lisboa. Nada que não tenha já sido dito, no essencial, mas sou daqueles que acha que nunca se perde tempo quando se exercem os deveres de cidadania.
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Promover a reforma administrativa da cidade, criando novas freguesias em lugar das velhas, ajustando o mapa administrativo da cidade à sua realidade sociológica e económica.

Elaborar uma “Carta para o Desenvolvimento Sustentável de Lisboa”, integrando todos os instrumentos de gestão urbanística, na qual se inscrevam as prioridades do investimento, público e privado, assim como as regras e incentivos à iniciativa empresarial com prioridade para a criação de emprego.

Viabilizar o projecto de “Reabilitação e Revitalização da Baixa da Lisboa” criando condições para o seu “repovoamento” através da oferta de habitação para venda e arrendamento e incentivando a fixação de empresas de bens e serviços qualificados.

Criar o programa “Lisboa Cidade do Conhecimento”, promovendo a articulação entre as entidades produtoras de conhecimento e a actividade empresarial, assumindo que o desenvolvimento da economia de Lisboa assenta na criação de riqueza oriunda de actividades intensivas em inovação, informação, conhecimento e competência técnico científica.

Realizar, com prioridade, uma auditoria às entidades empresariais participadas pela CML, tendo em vista a sua reorganização e promovendo, caso se justifique, a sua extinção, fusão ou privatização.

Racionalizar o trânsito automóvel na cidade através da criação de uma nova política de mobilidade que valorize os transportes públicos e incentive a sua utilização em conjugação com a criação de estacionamentos periféricos e uma efectiva desmotivação do estacionamento à superfície.

E que cada candidato, além da declaração pública de interesses, obrigatória por lei, declare que a motivação da sua candidatura não é económica mas de prestação de um serviço público. Difícil, utópico? Para começar já me satisfazia com um compromisso público de não participação, directa ou indirecta, dos candidatos e dos mandatários, em estudos, projectos e empreendimentos, lucrativos, que tenham lugar no concelho de Lisboa.
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SÃO DUAS OU TRÊS COISAS

Posted by PicasaIvan Junqueira

São duas ou três coisas que eu sei dela,
e nada mais além de seu perfume.
Sei que nas noites ermas ela assume
esse ar de quem flutua na janela,
como o duende fugaz que em si resume
um tempo que a ampulheta não revela:
o tempo além do tempo que só nela
navega mais que o peixe no cardume.
Sei que ela traz nos olhos esse lume
de quem sofreu e a dor tornou mais bela,
pois o naufrágio lhe infundiu aquela
vertigem que do alfange é o próprio gume.
Sei que ela vive no halo de uma vela
e queima, sem consolo, em minha cela.

Ivan Junqueira
In “O Tempo além do Tempo”
Edições Quasi

[Antologia cujo lançamento ocorreu
ontem no Palácio Fronteira.]
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CEMITÉRIO

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sexta-feira, maio 25

PS RECUPERA MAIORIA CONFORTÁVEL

Posted by PicasaDick Sanders USA, b.1946

Num mês dominado pela crise na Câmara de Lisboa, o PS recupera a nível nacional a maioria absoluta, muito confortável, que tinha conseguido nos meses de Fevereiro e Março, que se cifra nos 47%.

Já sabemos que sondagens são sondagens. Mas o que será necessário acontecer para fazer o PS cair nas sondagens? Curiosa esta revelação: o tempo, aparentemente, não desgasta a popularidade do PS e do primeiro-ministro! Quando se ocupa o lugar da oposição estas notícias são desesperantes! Quando se ocupa o lugar do governo devem ser recebidas com prudência.
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quinta-feira, maio 24

D. TERESA - O ENQUADRAMENTO DE UM CONFLITO

Posted by PicasaImagem do “Carambas!”

Alguns excertos para a compreensão do papel de D. Teresa (mãe de D. Afonso Henriques), e do conflito entre mãe e filho que assume proporções míticas na nossa história.

“Todavia, verificava-se, desde a morte de Afonso VI (1109), uma deslocação do nível em que se decidiam os problemas político-sociais dominantes, decorrentes de fenómenos de recomposição da aristocracia asturiana, leonesa, galega, castelhana ou aragonesa: antes resolviam-se na área do poder régio; a partir desses anos, a decisão passa a depender da recomposição dos poderes regionais (ou já nacionais). Com a perda da autoridade monárquica, os interesses regionais passaram a dominar o palco político, onde os protagonismos pessoais ou linhagísticos alcançam cada vez maior relevo. ”

(…)

“É neste contexto que se situa a posição de D. Teresa e dos barões portucalenses. Coloca-se o problema de saber se seguem os interesses da nobreza galega ou se procuram desempenhar um papel próprio, análogo ao de outros conjuntos aristocráticos regionais. Parece-me claro que se verifica um processo de evolução rápida a partir de um estádio caracterizado por uma certa indefinição inicial, mas que depressa se transforma como consequência da evidente oposição de interesses entre portugueses e galegos. A rainha (D. Teresa) viria a sofrer as consequências de apoiar os segundos em desfavor dos primeiros. Mas a progressiva oposição dos nobres portugueses contra os galegos só se manifesta quando se acentuam as rivalidades paralelas no plano eclesiástico. Estas já vêm desde os últimos anos do século anterior, e polarizam-se em torno da polémica entre Braga e Compostela, acentuada, agora, pelas desmedidas ambições de Gelmirez (arcebispo de Compostela), que segue a estratégia de procurar aumentar o seu poder à custa da apropriação dos direitos metropolitanos de Braga, como antiga capital da província romana da Galécia.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "Alterações do cenário político”", pg. 26. (5)
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LEMBREI-ME

Posted by PicasaDane Shitagi USA, b.1972

Lembrei-me de passar umas horas a esperar
Que acontecesse
Algo de excepcional beleza que me fizesse
Voar
Outra vez à altura dos sonhos verdadeiros
Que se esquecem.

Lembrei-me de passar os dias a divagar
Pelas ruas
Da minha adolescência e deitar-me nelas
Devagar
Revendo os amigos que não vejo nunca
E no ar
Fluido que me habita agarrá-los pela mão
Beijar-lhes
As faces coloridas dar-lhes boas notícias.

Passar
A palavra um a um numa cadeia infinita
E recomeçar
Do princípio a reconhecê-los pelos nomes
Próprios
Que se esquecem na vertigem de conhecer
Tudo
Não conhecendo nada mais que os sonhos
Que nos habitam.

Lembrei-me da jovem negra e da paixão
Inconfessa
Que me acalorou as costas quando pousou
Os joelhos
Nelas e eu me encostei aos seus caracóis
Loiros.

Lembrei-me agora aqui e em toda a parte
De passar
Ao lado do tempo e esperar que o destino
Me trouxesse
Nas mãos o sussurro e o prazer dos corpos
Que não esquecem.

Lisboa, 8 de Outubro de 2004
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CONFIRMAÇÃO DE UMA BOA NOTÍCIA

Posted by PicasaFotografia Daqui

OCDE confia na consolidação orçamental e revê crescimento em alta

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu hoje em alta as previsões de crescimento para a economia portuguesa alinhando-as com as do Governo e da Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional. A OCDE, nas perspectivas económicas acabadas de divulgar, espera que Portugal cresça 1,8% em 2007, mais 0,3 pontos do que a previsão de Novembro.

A instituição, que agrega as trinta economias mais desenvolvidas, dá também sinais positivos na frente orçamental: espera que o Governo consiga um défice orçamental de 3,3% do PIB, valor que compara com os 3,7% divulgados no final do ano passado. Para isso, estima que o consumo público recue 1%, três vezes o valor estimado há seis meses.

Apesar do aumento de desemprego no início do ano, a OCDE acredita que o ano irá fechar com uma taxa média de desemprego de 7,6%, o mesmo que a estimativa oficial do Governo.

Apesar de um abrandamento face ao ano passado, o bom momento das exportações deverá continuar, ao que se deverá juntar um abrandamento das importações. O resultado será uma contribuição líquida do comércio externo de 0,9 pontos percentuais. No ano passado a contribuição foi de 1 pp.
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quarta-feira, maio 23

ELEIÇÕES EM LISBOA - A QUADRATURA DO CÍRCULO

Posted by PicasaSimon Gris

Com Carmona Rodrigues, sem esquecer o inefável Garcia Pereira e a candidatura do “Partido da Terra”, fica completo, em princípio, o elenco dos candidatos que se apresentam nas eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. Verdadeiramente interessante a quadratura do círculo composta pelos candidatos do chamado bloco central: Fernando Negrão + Carmona Rodrigues /António Costa + Helena Roseta.

Por mais voltas que se dê tudo se vai decidir entre estes quatro candidatos mais o efeito abstenção. O que cada um de nós deseja é uma coisa, a realidade é outra coisa diferente. Da mesma forma, o que dizem os candidato é uma coisa e outra, bem diferente, é o que o eleitorado ouve do que eles dizem.

Um dia elogiei a capacidade de abdicação de Carmona mas hoje sou obrigado a retirar o que disse pois, na realidade, precipitei-me ao transformar o que era a manifestação de uma incapacidade num mérito. Carmona afinal não pertence aquela categoria de eleitos que são capazes de abdicar em favor do interesse geral.

Outros aspectos interessantes dos dois pares de candidatos, que compõem esta quadratura do círculo, é o estabelecimento de uma linha divisória entre o sentimento anti partidos e a afirmação do papel dos mesmos no regime democrático e o facto, menor, de ambos os candidatos da asa direita da quadratura serem arguidos em processos.

Ser arguido não é relevante, no plano político, mas é constrangedor no plano institucional. O candidato do PSD (Negrão) e o seu duplo “independente” (Carmona) têm o perfil de cidadãos dignos e cordatos mas a escolha do primeiro, e a decisão de se candidatar do segundo, fazem com que o PSD corra o risco de ser vitima de um fenómeno de “soma zero” da qual resultará a queda, quase inevitável, da liderança de Marques Mendes.

A asa esquerda da quadratura do círculo dispõe, por sua vez, de todas as condições para vencer restando saber até que ponto António Costa conseguirá segurar o eleitorado socialista subtraindo-o aos encantos das propostas de Helena Roseta que se apresentará com um discurso eivado de apelos subliminares ao populismo anti partidos.

O caminho trilhado por Helena Roseta é perigoso não porque lhe falte legitimidade democrática, ou capacidade de afirmação pessoal, mas pela simples razão que, tal como na candidatura de Alegre à Presidência, os votos que amealhará não se transformarão numa força de renovação da esquerda mas, tão somente, num palco da afirmação de velhas ideias que a esquerda, para se renovar, precisa de abandonar.
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JUAN CARLOS I


Em Espanha foi assim. O rei ganhou, e o ditador Franco ficou em 23º lugar, em 49 personalidades votadas pelo público da Antena 3. Já se esqueceram do Salazar? Estes concursos não têm importância nenhuma mas lá que existem, existem.
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terça-feira, maio 22

IVAN JUNQUEIRA

Posted by PicasaPalácio e Jardins, vistos da Galeria dos Reis
Fotografia de Fernando Mascarenhas


A Quasi Edições e a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna promovem o Lançamento do livro "O TEMPO ALÉM DO TEMPO", do poeta IVAN JUNQUEIRA.

Será feita uma breve apresentação pelo Dr. Fernando Mascarenhas e serão lidos alguns poemas pelo autor.

Dia 25 de Maio, às 21h30 – Entrada Livre
Palácio Fronteira – Largo São Domingos de Benfica, 1 – Lisboa.
Telefone: 217784599
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ANTÓNIO COSTA - NEM TUDO SÃO ROSAS

Posted by PicasaImagem daqui

As eleições em Lisboa têm candidatos quanto baste. Até ao dia 4 de Junho ainda podem surgir surpresas mas a única carta importante que falta jogar é Carmona Rodrigues. A experiência aconselha cautela e caldos de galinha na apreciação dos méritos e dos resultados eleitorais de cada candidatura como muito bem se explica aqui.

Os argumentos políticos do PS para avançar com a candidatura de António Costa são coerentes e eu próprio, no essencial, os subscrevo. O PS preencheu o requisito político essencial que havia de cuidar: apresentar um candidato forte, ou seja, o mais bem posicionado para negociar com o governo as soluções para os intrincados problemas de Lisboa que a direita deixou de herança aos próximos eleitos. Mas daí até menosprezar os adversários vai uma grande distância.

Nas condições em que vão decorrer estas eleições o PS confronta-se com, pelo menos, três factores adversos: a dispersão do eleitorado de esquerda por diversas candidaturas, incluindo a de Helena Roseta; a tendência quase inevitável, face ao momento do ciclo político, para o voto de protesto penalizar mais o PS do que o PSD, que foi quem exerceu o poder na autarquia desde finais de 2001, e a desmobilização política de algumas franjas do eleitorado potenciada pela data da eleição - 15 de Julho - que favorece a abstenção.

Ao contrário do que muitos parecem crer estas eleições em Lisboa são uma batalha política muito difícil para o PS apesar dos cuidados postos, além de António Costa, na escolha da lista, cumprindo com todas as regras da paridade o que, surpreendentemente, não tem sido sublinhado, na escolha dos mandatários e, espera-se, no teor do programa eleitoral que deverá romper com a paz podre que tem reinado na autarquia atacando, de frente, o descalabro financeiro e organizacional que todos reconhecem ser real e que pode ser mais grave do que se supõe.

A candidatura de António Costa não pode correr o risco de surgir como uma candidatura do governo para conquistar Lisboa contra todos as outras que se vão tentar posicionar como candidaturas de Lisboa para derrotar o governo. É este o cerne da dificuldade que António Costa tem que ser capaz de tornear.
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segunda-feira, maio 21

FLORENÇA

Posted by PicasaPara a Helena

“Setembro (1937)

Se dizeis: “eu não compreendo o cristianismo, quero viver sem consolação”, então sois um espírito limitado e parcial. Mas se, vivendo sem consolação, dizeis: “compreendo a posição cristã e admiro-a”, sois um diletante sem profundidade. Começo a deixar de ser sensível à opinião.

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Claustro de San Marco. O sol no meio das flores.

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Primitivos “siennois” e florentinos. A sua obstinação em fazerem os monumentos mais pequenos do que os homens não vem de uma ignorância em relação à perspectiva, mas da firmeza na confiança que depositam no homem e nos santos que põem em cena. Inspirar nesse facto para cenário de teatro.

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As rosas retardatárias de Santa Maria Novella e as mulheres, neste domingo de manhã em Florença. Os seios libertos, os olhos e os lábios que vos fazem bater o coração, a boca seca e um calor nos rins”

Albert Camus – Excertos dos “Cadernos” – Edição Livros do Brasil. [Apontamentos de uma visita a Pisa e Florença.]
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EL PODER DE LA PALABRA

Miguel Torga(Portugal, 1907-1995)
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Diario del 68 (fragmento)
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" No sé qué habrá pensado el resto del mundo al oírlo, pero lo supongo. El hombre, y la humanidad, por extensión, suele guardar en el baúl de la cobardía el oro de ley de los valores eternos, y pone en circulación el níquel de los antivalores temporales. Pero llega un momento en que no puede más y se desahoga. Y entonces proclama a voz en grito el secreto que estaba escondiendo y la mentira en que vivía. Esta vez la osada voz de la juventud ­que es siempre la primera en denunciar las ambigüedades y las contradicciones sociales­, condena a los guardianes del orden muerto y glorifica a los cantores del orden vivo. Y no es difícil imaginar el eco que este clamor subversivo habrá encontrado en los corazones angustiados de los cinco continentes. Las cuerdas de la lira de Orfeo nunca han encadenado a la libertad. "
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MANOEL DE OLIVEIRA

Cómo anda el ánimo del cine?

El humor es el gran amigo de varios directores: negro en el caso de Polanski, social en el de Ken Loach, finlandés en el de Kaurismäki, buñueliano en el de Raúl Ruiz, sangrante y directo en el de Lars von Trier, sabiamente escéptico el de Oliveira, soviético aún en el de un excelente Kontchlovski.
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domingo, maio 20

O REGRESSO DE PORTAS

Posted by PicasaImagem daqui

O “galarote” voltou imponente no seu vozear. Portas é a nossa extrema-direita embora com as garras polidas pelos anos da ditadura cuja memória ainda perdura na memória de muitos

O seu discurso está gasto e parece agarrar com dificuldade os temas fortes da extrema-direita. O populismo não é assim tão fácil de fazer passar para a opinião pública pouco mais de dois anos após o governo de direita, do qual Portas era uma peça chave, ter caído.

O primeiro teste político para Portas será a candidatura de Telmo Correia à Câmara de Lisboa. Depois de Maria José Nogueira Pinto, e contra ela, cheira a fracasso mas qualquer votação será apresentada por Portas como uma vitória. Não é por acaso que Telmo Correia não larga a direcção do grupo parlamentar do CDS-PP.
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JOSÉ ALBERTO MAR


José Alberto Mar, a propósito deste poema da série “A Poesia Está na Rua”, deixou o seguinte comentário:

Olá!Por acaso, se é que ele existe, vi-me por aqui, c/ um poema de há uns tempos. Gostei sobretudo de Ver o conjunto de poemas enviados para a iniciativa em questão. Parabéns pelo óptimo Blog, ao autor do mesmo
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Foi de madrugada. Há mensagens que nos ajudam a reconciliar com a vida!
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sábado, maio 19

TELMA MONTEIRO

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A MÃE DE AFONSO HENRIQUES

D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, era filha do rei Afonso VI de Leão e Castela e de Constança, sendo irmã de Urraca e Raimundo (Conde de Amous e da Galiza). D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130. Afonso Henriques tinha 21 anos de idade.

“Se podemos imaginar alguns dos traços que o infante herdou de seu pai, torna-se bem mais difícil deduzir, das informações que temos, o que deveria ser a sua mãe. De facto, a figura de D. Teresa suscitou as mais variadas e contraditórias especulações, sem que seja possível formar uma opinião segura acerca do seu temperamento e dos motivos que nortearam as suas decisões.”
(…)
“Tentando encontrar o sentido das intervenções politicas que lhe conhecemos, não podemos deixar de ver nela uma personalidade ambiciosa, fortemente convencida do seu direito a herdar um dos estados governados por seu pai, ou seja, pelo menos, a Galiza. Na opinião de B. Reilly, Teresa nunca reconheceu sua irmã Urraca como rainha e herdeira de Afonso VI.”
(…)
“Tudo isto formou o temperamento não menos ambicioso de Afonso Henriques. O ambiente conflituoso e agitado da sua época, tanto do ponto de vista político, como religioso e social, não podia deixar de acentuar a propensão temperamental que herdou de sua mãe. Mesmo que tenha convivido pouco com ela, como é provável, a isso o convidava não só o que, sem dúvida, lhe contavam os membros da corte, companheiros e criados que lhe transmitiam as tradições familiares, empoladas e dramatizadas por exageros de vassalos, mas também o sistema de valores da época e do Norte da Península, fortemente polarizado pela luta contra o Islão, pelos conflitos religiosos e pela afirmação dos ideais nobiliárquicos cultivados pelos jovens cavaleiros.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "A mãe", pg. 20. (4)

[Agradeço a referência atenta de Paulo Alves, do Carambas!]
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O ESTRANGEIRO - 65 ANOS

Posted by PicasaHistoire d'un livre : l'Etranger d'Albert Camus

Uma nota acerca de uma leitura que me permitiu reparar numa efeméride interessante. A tradução é livre e feita na hora.

“Em 1938, com vinte e cinco anos, quando escreve Calígula, Camus pesa 65 kg e mede 1,79 cm. É jornalista no Alger républicain, dirigido por Pascal Pia. Encontra Francine Faure de passagem por Argel. A bela “oranaise” estuda matemática em Paris e toca muito bem piano. Camus faz-lhe a corte. Casam-se em Lyon, em 3 de Dezembro de 1940, em plena desordem provocada pela derrota, e voltam para Oran onde dão aulas numa escola privada criada por André Bénichou, que se tornará um dos seus amigos mais próximos. (…) “O Estrangeiro” é publicado, em Paris, no dia 19 de Maio de 1942. "(…)

Passam, justamente hoje, 65 anos.

In «Albert Camus ou la fatalité des natures» de Frédéric Musso.
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50 ANOS DO GRUPO DE TEATRO DO CÍRCULO CULTURAL DO ALGARVE - FARO

O “Grupo de Teatro do Circulo Cultural do Algarve”, é com esta designação que o conheço, celebra hoje o seu cinquentenário. De facto foi em 19 de Maio de 1957 que a família Campos Coroa, os irmãos José e Emílio e a mulher deste, Amélia, criaram o Grupo de Teatro que havia de fazer escola e que ainda hoje mantém uma actividade regular.

A minha participação nas actividades do Grupo foi uma felicidade e nunca poderei agradecer o suficiente aos seus mentores e, em particular, a Emílio Campos Coroa, o contributo que deu para a minha formação cultural e humana. Não poderei estar presente nas celebrações do aniversário do Grupo mas aqui deixo a minha mais cordial saudação a todos aqueles que nele prosseguem o ideal do teatro amador.

Esta é uma daquelas pequenas coisas que se fazem grandes mesmo quando são esquecidas, ou marginalizadas, pelos poderes. Bem hajam!

[Pode ver aqui uma fotografia do Coro do Teatro Estúdio do Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve, de Abril de 1966. É provável que eu próprio esteja por ali.]
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LISBOA VAI NUA

Posted by PicasaBart Pogoda

A bandalheira nos assuntos que respeitam à Câmara Municipal de Lisboa ultrapassa todos os limites. Nem a data das eleições que, supostamente, porá cobro ao descalabro escapa ao caos. O Tribunal Constitucional acolheu o recurso (ou reclamação?) do “Partido da Terra” e as eleições vão realizar-se em pleno verão.

A não ser que quem de direito decida realizá-las em Setembro pois, valha a verdade, a Câmara já não funciona há tanto tempo que não faz diferença ser gerida, uns meses, por uma Comissão Administrativa à maneira do antigo regime.

Uma coisa vos garanto, e por mim falo; a data limite para que eu, e respectiva família, possamos exercer o dever cívico, neste período ante férias, é o dia 8 de Julho.

A partir dessa data, pela primeira vez na minha vida, após o 25 de Abril, ver-me-ei, quase certamente, impedido de votar. O mesmo deverá acontecer com milhares de eleitores tornando estas eleições um terreno propício para a vitória da abstenção.
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