domingo, maio 27

ASSÉDIO MUÇULMANO A COIMBRA

É notável o papel das mulheres na direcção política dos acontecimentos, anteriores à formação do reino, assim como as relações de D. Teresa com os cavaleiros galegos entre os quais se destacaram os Travas.

“Em 1116, [Afonso Henriques nascera em 1109] uma forte expedição muçulmana comandada pelo próprio emir de Marrocos Ali b. Yusuf saiu de Santarém e, dirigindo-se para norte, saqueou e incendiou Miranda do Corvo, fazendo muitos prisioneiros.”
(…)
A 7 de Julho de 1116, os almorávidas conquistaram o castelo de S.Eulália, junto a Montemor-o-Velho, e puseram cerco a Coimbra, estando aí então a rainha, …" [
D. Teresa, no entanto, só se intitulou rainha em Maio de 1117]
(…)
“No ano seguinte, em Junho, os muçulmanos voltaram a atacar, comandados, de novo, pelo emir de Marrocos, que usou a via marítima, desembarcando perto de Montemor-o-Velho, e se juntou às tropas vindas por terra. Em 22 de Junho, voltou a pôr cerco a Coimbra, mas ao cabo de vinte dias teve de retirar sem haver conseguido apoderar-se da cidade.
Como é evidente, o perigoso ataque almorávida representava um risco acrescido em virtude das divisões internas que enfraqueciam a capacidade de defesa e a coordenação das forças cristãs sob a direcção de D. Teresa. Mas obrigaram os portugueses (…) a reforçarem os dispositivos de defesa, para se protegerem contra ataques de grande envergadura, como o que Coimbra, nessa altura, sofreu. A reacção não parece ter envolvido Urraca nem os membros da cúria régia que com ela partilhavam a responsabilidade de defender o reino, mas trouxe ao território português alguns nobres galegos, além de Bermudes Peres de Trava, (…). A presença de Teresa em Coimbra, pouco depois dos combates em torno do castelo de Sobroso, significa, talvez, que assumiu, sozinha ou com ajuda dos cavaleiros galegos, a defesa da cidade.”
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“Seja como for, os nobres galegos vêm, nessa altura e nos anos seguintes, colaborar com os cavaleiros que defendiam Coimbra. O mais notável foi Fernão Peres de Trava, o filho primogénito de Pedro Froilaz, …”
(…)
Assim, o enfraquecimento do poder central leonez era compensado, na periferia meridional, por meio de uma concentração de forças militares de nível regional, que vinha contribuir, juntamente com outros factores, já referidos, para a estruturação dos poderes intermédios que antecederam a formação dos vários reinos peninsulares.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "Assédio muçulmano a Coimbra”", pgs. 28 e 29. (6)
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