Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, setembro 29
Folgas
O Médio Oriente incendeia-se ameaçando um conflito alargado, não se vislumbrando uma solução de paz, pelo menos, até às eleições nos USA. Países como Portugal, energeticamente dependentes, deveriam acautelar os efeitos de um eventual choque provocado pela disrrupção de cadeias de abastecimento. Não deixar de dispôr de folgas em stoks a todos os níveis incluindo orçamental. No debate do OE não se fala no assunto...
sexta-feira, setembro 27
Água
Tomo conhecimento de que foi estabelecido um pré acordo com Espanha acerca da gestão da água, ou seja, para simplificar, dos caudais dos rios e Alqueva. Sabemos que a água é um bem escasso e uma das grande questões, pois briga com a independência nacional, que pode gerar uma crise séria entre os dois países ibéricos. Mas podemos estar certos que não vai ser tema de debate público, como se de uma banalidade se tratasse.
terça-feira, setembro 24
Politica
A politica, ao contrário do que alguns querem fazer crer, é uma actividade nobre. Mesmo nos tempos que correm em que proliferam os seus detractores sempre, pela sua parte, a praticando mesmo quando a denigrem. O ambiente de crise social, em todos os tempos, encosta o discurso político à tentação do messianismo. Nada a fazer pois dele emerge a própria natureza humana. Mas não confundo todos os políticos com a massa da qual emergem. Nem os seus discursos que sendo todos feitos de palavras advêm de diversas formações filosóficas e experiências de vida. Nem confundo politica com unanimidade no silêncio. Nem politica é a busca de consensos sem divergência nos programas e no choque de concepções antagónicas da vida em sociedade e do futuro da homem. Tudo na vida diverge e converge em uníssono e a exaltação da acção politica é a de encontrar o justo equilíbrio na diferença. E a de saber conviver com ela em liberdade. Convém não diabolizar as eleições, como exercício dessa liberdade.
sábado, setembro 21
Sofia Loren - 90 anos
Sofia Loren nasceu a 20 de Setembro de 1934. É uma das mulheres mais fotografadas de sempre. Um traço forte gravado no meu imaginário. Parabéns.
quinta-feira, setembro 19
Catástrofes
Ocorrem acontecimentos catastróficos todos os dias, horas e minutos. Na vida pessoal e profissional, na saúde e na educação, na vida familiar e comunitária, não vale a pena exemplificar. Na maior parte dos casos não têm repercussão pública, ficam com cada um, com cada família, com cada comunidade. Os grandes acontecimentos catastróficos, envolvendo grandes comunidades regionais, nacionais ou globais, como as epidemias, tarramotos, atentados, guerras ou incêndios florestais afetam-nos a todos, por incidência direta ou indireta. De uns e outros retiram-se ensinamentos que permitem mudar de vida no plano individual ou coletivo. Mas será sempre mais dificil mudar de vida se enfraquece a confiança em quem governa ou cresce a incapacidade da sociedade em gerar laços de verdadeira cooperação e solidariedade, para além dos votos piedosos.
domingo, setembro 15
A manifestação
Faziam travessuras revolucionárias pelo MES perto da porta do quartel, em Cascais, no imediato pós 25 de abril. Alguém de dentro se lembrou de os prender e enviar para a PSP, criando um mal estar próprio da época. Eram 3, ou 4, mas o quarto ninguém se lembra já qual seria. Gerou-se um movimento reclamando a sua libertação e foi convocada uma manifestação. As pressões resultaram e foram libertados. A manifestção estava convocada e restava saber o que fazer com ela. Decidiram mantê-la e foi encabeçada pelos detidos reclamando a sua própria libertação. (Episódio contado ontem num almoço evocativo dos 50 anos do 25A.)
quinta-feira, setembro 12
Pelos 50 anos do nº 0 do jornal "Esquerda Socialista"
O MES, como todos os partidos nascidos com o 25 de Abril, também criou a sua própria imprensa. Aquando da eclosão do 25 de Abril, somente o PCP dispunha de uma verdadeira imprensa própria, com tradição e enraizamento. Os diversos movimentos de base que haviam de confluir no MES produziam folhas volantes, opúsculos, boletins, mais ou menos ao sabor dos acontecimentos, e conforme as necessidades do momento. Salvo, claro está, as colaborações individuais de muitos dos seus fundadores em publicações marcantes da sociedade portuguesa dos anos 60. Esta é uma breve resenha da história da imprensa do MES, como sempre, apoiada em documentação que tenho em minha posse e, não somente, em impressões subjectivas. O grande entusiasta da criação de um jornal do MES foi César de Oliveira mas a própria natureza do Movimento, criado pela confluência de correntes surgidas de lutas sectoriais, tornou a tarefa mais difícil. A “Comissão de Imprensa” foi criada numa reunião da Comissão Politica realizada em 12/6/74 sendo encabeçada por Eduardo Ferro Rodrigues e César de Oliveira mas o Jornal só viria ser publicado em 11 de Setembro. Ao contrário do que se poderia supor a primeira ideia formalizada para título do jornal do MES não foi “Esquerda Socialista” mas “A Luta Operária” e integra uma proposta subscrita por aquela “Comissão de Imprensa” titulada: “PROPOSTA – JORNAL DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA” – A apresentar à I Assembleia Nacional de Militantes do MES”. Trata-se de uma proposta detalhada que além do título propõe uma periodicidade semanal, o dia da publicação (5ª feira), o formato (tablóide), nº de páginas: 12 e subtítulos: “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” e “ O socialismo em Portugal será obra dos Trabalhadores Portugueses”. Desta proposta inicial sobreviveu quase tudo, menos o título que havia de ser substituído por “Esquerda Socialista” já que o anterior, conforme consta num documento posterior, “não ganhou o suficiente apoio”. Mas não restam dúvidas que foi César de Oliveira o verdadeiro impulsionador da criação do Jornal do qual foi director interino dos 7 primeiros números da 1ºa fase, que decorreu entre Setembro de 1974 e o I Congressos de Dezembro desse ano, na qual foram publicados 11 números. O número zero, já com César de Oliveira ao leme, foi publicado em 12 de Setembro de 1974, merecendo a megalómana tiragem de 100.000 exemplares e no seu editorial são apontados os 6 objectivos que devia prosseguir: “a) a informação e a análise das lutas; b) a informação e análise da realidade portuguesa; c) a promoção do debate político entre os militantes do MES; d) a divulgação das posições do MES à escala e regional; e) a divulgação e análise das experiências internacionais e f) contribuir para a elevação do nível de consciência das classes trabalhadoras …”. É claro que a avantajada tiragem também foi devidamente explicada mas não evitou, apesar das vendas estimadas entre 20 e 30.000 exemplares, ter sido, ainda antes da edição do nº1, acumulada uma dívida de 176 contos. O nº 1, com o subtítulo “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” saiu a 16 de Outubro de 1974, com uma tiragem de 35.000 exemplares, e até ao I Congresso de Dezembro, saíram regularmente, sem falhas, 11 números. Parte da tiragem era então vendida ao preço de 2$50, com 12 páginas e a duas cores. César de Oliveira, em carta publicada no nº 7, demite-se de Director interino, justificando essa demissão por razões pessoais às quais se sobrepunham, certamente, a evolução e o teor do debate e as consequentes divergências que haviam de desembocar na primeira dissidência consumada aquando do I Congresso. Entre o nº 7 e o nº 11 a Direcção do “Esquerda Socialista” foi assumida por Rogério de Jesus consumando, como se afirma num documento posterior, “a vitória duma “certa concepção obreirista que derrotou o intelectualismo dos “doutores” que vieram a dar origem ao GIS e à actual esquerda do PS”. Não posso deixar de referir o papel marcante, nesta fase iniciar, entre os esquecidos criadores do movimento o designer Robin Fior, um estrangeiro em Lisboa por altura da eclosão do 25 de Abril. Foi ele que desenhou o símbolo do MES o único, adoptado pelos partidos portugueses, com uma declarada feição feminil; Robin foi também o autor da linha gráfica da primeira série do jornal "Esquerda Socialista" e concebeu um conjunto de cartazes surpreendentes pela sua ousada modernidade. Os materiais gráficos do MES, em particular, os da sua fase inicial, alcançaram uma rara qualidade que bem merecia uma cuidada recolha, estudo e divulgação pública.
quarta-feira, setembro 11
segunda-feira, setembro 9
Outro pré candidato
É um daqueles casos que permitiria ao Almirante Américo Tomáz, com a sua habitual clarividência, afirmar: "tive que o demitir porque o nomeei!"
sábado, setembro 7
Cavaco
Cavaco publicou um artigo mas ninguém prestou cavaco. Era acerca do despesismo. Um recado ao governo por entreposta pessoa, no caso, o PS. Haja paciência!
sexta-feira, setembro 6
quarta-feira, setembro 4
Aniversário
O meu pai Dimas nasceu num dia 4 de setembro, aniversário que nunca esqueço, não sei explicar a razão. Talvez a afetuosidade, uma infinita compreensão, o não dito, sempre presente mesmo quando longe no espaço e no tempo. Sinto a sua presença tantos anos passados, lembro-me de todos os ancestrais, mas do meu pai a lembrança é diferente . Vive comigo, uma companhia de sempre e para sempre.
segunda-feira, setembro 2
Poder
“O deputado de Constantine que é eleito pela terceira vez. No dia da eleição morre ao meio dia. À noite vão aclamá-lo. A mulher aparece à sacada e diz que ele está ligeiramente fatigado. Pouco depois, o cadáver é eleito deputado. Era o que era preciso.”
Albert Camus, in
“Caderno” n.º 2 (Setembro de 1937/Abril de 1939)
domingo, setembro 1
Representação
O pequeno, pobre e periférico Portugal emerge, na cena internacional, com dois politicos no exercício de altos, e influentes, cargos: Guterres e Costa. Ponto.
sábado, agosto 31
sábado, agosto 24
1944 - PARIS LIBERTADA
Amanhã celebra-se o 80º aniversário da libertação de Paris da ocupação nazi. Nesse dia Camus escreveu um notável editorial para o jornal Combat, órgão da Resistência, intitulado: LA NUIT DE LA VÉRITÉ que começa assim:
Tandis que les balles de la liberté sifflent encore dans la ville, les canons de la libération franchissent les portes de Paris, au milieu des cris et des fleurs. Dans la plus belle et la plus chaude des nuits d’août, le ciel de Paris mêle aux étoiles de toujours les balles traçantes, la fumée des incendies et les fusées multicolores de la joie populaire. Dans cette nuit sans égale s’achèvent quatre ans d’une histoire monstrueuse et d’une lutte indicible où la France était aux prises avec sa honte et sa fureur. (...)
80 anos é muito tempo mas nada é mais importante do que celebrar a liberdade e os acontecimentos que a evocam em toda a sua força telúrica. Desde esse dia a Europa tem vivido um longo período de paz que somente hoje, no tempo que é o nosso, está verdadeiramente em perigo.
quarta-feira, agosto 21
Trabalho/tempo
Opúsculo de 1917. Quando se fazem arrumações. A História do 1º de maio e da luta pela jornada de trabalho das 8 de trabalho. A questão do tempo de trabalho é uma longa história que nunca acabará.
domingo, agosto 18
Violência
A violência intensifica-se, alastra-se e normaliza-se por todo o mundo. A novidade do nosso tempo é a velocidade e expontâneidade de informação em rede, que se tornou parte integrante, e relevante, desse manto de violência. Ao mesmo tempo renasce e difunde-se, como pano de fundo, sob novas formas, o ideário nazi-fascista, fundado na intolerância extrema ao diferente. As perpectivas de futuro são sombrias.
sábado, agosto 17
Idadismo
A notícia parece credível e não foi desmentida, antes confirmada. A provedoria de justiça está a desembaraçar-se dos seus trabalhadores mais velhos. É uma orientação de gestão e a sua aplicação obedece, certamante, à legislação aplicável. Mas a provedoria de justiça, como o título indica, não pode diferenciar negativamente em função da idade. É simples e carece de explicação.
quinta-feira, agosto 15
15 de agosto de 1109
"Em 1109, nasce, pois, um menino, primeiro filho da condessa D. Teresa e do conde D. Henrique. Estava ligado por laços hereditários à família régia de Leão e Castela.” (…). “Os escribas do conde D. Henrique e da condessa D. Teresa quase nunca se esqueciam, nos seus diplomas, de recordar que ela era filha do “grande” rei Afonso; os de Afonso Henriques, sobretudo os primeiros, lembravam que ele era neto do mesmo rei; e por volta dos anos 1185-1190 o cónego de Santa Cruz de Coimbra que redigiu os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses referia-se ainda a ele como ”o grande imperador da Hispânia D. Afonso”” (…). “Em 1109, ano de nascimento de Afonso Henriques, havia, sem dúvida, quem não esquecesse a humilhante derrota sofrida pelo mesmo rei em 1085, na Batalha de Zalaca, contra as tropas almorávidas, nem, nos anos seguintes, a perda de muitas outras cidades importantes da fronteira; mas o ambiente de angústia pelo risco de perder um esplendor tão elevado contribuía, até, para engrandecer a sua memória. Afonso Henriques ficou para sempre ligado a essa referência. Considerava-se, por transmissão materna, como o legítimo herdeiro de um avô glorioso, cuja memória tinha obrigação de honrar, procurando imitar os seus feitos. Era reconhecido como tal pelos seus súbditos”. In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O quadro familiar: o avô", pg. 18/19.
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