Quando o MES acabou (por lá passaram Sampaio e Ferro Rodrigues, entre outros) deu um jantar para anunciar: acabámos. O jantar limpou a cabecinha dos militantes, ajudou-os a fazer o luto de uma luta política, revolucionária, passando para outra, democrática (burguesa, diriam antes). Fez-lhes bem o jogo limpo: ontem íamos por ali, agora, vamos por aqui. Muitos deles foram depois ministros e patrões (o que antes combatiam radicalmente). Os que continuaram agarrados às antigas ideias chamarem-lhes vira-casacas, mas não puderam acusá-los de mentir na sua evolução. Não se passou o mesmo com o Bloco de Esquerda. Essencialmente, este é formado pelos trotskistas do PSR e os maoístas da UDP, correntes revolucionárias. Ora nem o PSR nem a UDP fizeram a proclamação política do seu fim, só deixaram estiolar as siglas. Mas Francisco Louçã apresentou-se no debate com Sócrates assim: "Sou socialista, laico e republicano." Então, quando é que deixou cair o "revolucionário"? Não tenho dúvidas de que, no fundo, tenha deixado, e que talvez venha a ser ministro num governo a que chamaria burguês há poucos anos. Mas parece-me que lhe falta, a ele que dá tanta importância à ideologia, que o diga na teoria, antes de ser definitivamente comprovado, na prática, que mudou.
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FERREIRA FERNANDES, in DN
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5 comentários:
Até o FF percebe que sem jantares não se vai lá...os gajos do MES é que sabiam: vamos organizar um jantar, o resto vem por arrasto!
Ó Graça não 'habia nexexidade'... Ás vezes os jantares custam a engolir mas normalmente não se vomita.
Mas, se não são socialistas, porque se dizem socialistas?
Boa, boa!
É tão socialista que tem bons carros e se calhar até condomínio fechado...
E nós a esticarmos os euros esse não me engana...
Um abraço e não percamos a esperança...
Resta saber quais deles foram bons ministros e quais deles foram bons patrões. A história o dirá. Talvez a factura venha a paga pela geração do neto de um camarada do MES que nunca se filiou em nenhum outro partido até à sua morte em 1996.
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