sábado, outubro 31

JORGE DE SENA - AS EVIDÊNCIAS (pelos 90 anos do seu nascimento)


XVIII

Deixai que a vida sobre nós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse


erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.


Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.


Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,


a que é do tempo a ideia da formosura,
a que se encontra se se não procura.

26-3-1954

Jorge de Sena


1 comentário:

Ana Paula Fitas disse...

Vou fazer link, Eduardo.
Abreijos :)
Ana Paula