domingo, setembro 8

POLÍTICA - 17

O céu dos mundos, sob o qual se acolhem os povos, está mais toldado hoje do que ontem. Os donos do mundo não reparam nos tons escuros que pintam o céu, o seu ofício é encontrar os caminhos do tesouro. Não confundo tudo e todos. Nem estou já em idade de linhas vermelhas, esconjurações e ódios, sejam quais forem, que não suporto. Há em todas as civilizações, religiões e ideologias, agrupamentos, congregações ou partidos, pessoas de bem que encontram no interior de si próprias a força que as impulsiona a lutar para que cada vez mais gente ascenda ao estatuto cidadão de corpo inteiro.
 
Da cena internacional, onde se jogam os grandes desígnios estratégicos, quase sempre em busca do domínio das matérias-primas, a riqueza material, e das rotas que permitam fazê-las circular levando-as onde elas atingem o máximo preço, sem esquecer que para haver vendedor tem que existir cliente (porventura nós próprios!), até à pequena paróquia onde se disputam interesses em busca da posse do valado ou da caixa das esmolas, do casebre ou do encómio do "poderoso", há gente honrada, que luta por causas nas quais acredita, integrada numa multidão de instituições e imunes aos cantos de sereia do dinheiro fácil ou do populismo seja qual for a sua escola.
 
Esses cidadãos de parte inteira, cujas impurezas e imperfeições assumem como naturais, capazes de as reconhecer, para melhor as corrigir e que, apesar de toda a degradação da vida pública ainda ocupam relevantes posições de influência e de decisão, nos negócios (públicos, privados e sociais), na vida pessoal, associativa ou política não podem deixar de se manter vigilantes e activos, sem confundir o mal com a caramunha, olhando mais longe e presando os valores essenciais das nossas sociedades democráticas: Liberdade e Justiça! Paz e Fraternidade! Cooperação e Solidariedade!
 
Quanto mais na nossa sociedade a escassez se impuser  e manifestar, nas suas mais diversas e cruéis formas, mais importante se torna manter viva, e vibrante, a capacidade para dar voz aqueles que pugnam, com realismo, pelos princípios e valores que estão na raiz da nossa civilização e que tiveram o seu berço na Grécia Antiga. Nada renegar da natureza da qual , como humanos, nos devemos orgulhar de fazer parte:  "Pour les chrétiens comme pour les marxistes, il faut maîtriser la nature. Les Grecs sont d´avis qu´il vaut mieux lui obéir. » (Camus, in L´Homme révolté).   


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