segunda-feira, maio 25

Espanha, pós eleições, maio - dia 25


As eleições realizadas ontem em Espanha tinham o atrativo especial de testar a resistência dos partidos tradicionais à emergência dos novos. Já se sabia que se desgataria o partido de apoio ao governo maioritário (PP), restava saber como se aguentaria o PSOE, na oposição, "apertado" pelos partidos emergentes. Não é de espantar o meu interesse pelas eleições em Espanha pois, de todos os países europeus,são as que mais influenciam a politica portuguesa. E o que aconteceu? O PP, partido maioritário, ganhou, perdendo; o PSOE perdeu, ganhando; os partidos emergentes, simplesmente, ganharam as eleições. O PP obteve mais votos, mas perdeu a maioria absoluta, o PSOE manteve-se a uma curta distância alcançando uma representação relevante, (sómente os resultados do PP e do PSOE se podem comparar nas presentes eleições por terem apresentado candidaturas em todas as circunscrições ao contrário dos emergentes). A marca destas eleições é a recomposição do xadrez politico em Espanha, uma óbvia conclusão, pois o modelo bipartidário cedeu ao multipartidarismo, sendo visivel uma fragmentação em benefício das forças progressistas, quiçá de esquerda na nomenclatura tradicional, indo, porventura, mais além no desafio de buscar mudanças irreversíveis que, mesclando projetos de sociedade diversos, novas, ou renovadas ideologias e, certamente, novos personagens, são o inicio de uma reforma do modelo da democracia representativa que, na verdade, ninguém, no essencial, questionou. Em Portugal, como quase sempre, este processo, na sua expressão eleitoral, será mitigado pela ausência de partidos emergentes com vibração suficiente para retirar espaço relevante aos partidos criados pós 25 de abril (o Bloco de Esquerda é uma coligação de partidos criados no pós 25 de abril!). Mas as próximas eleições em Portugal são nacionais a todos os títulos (legislativas e presidenciais) e, no caso português, irão confrontar-se, em ambas, a direita e a esquerda tradicionais sejam quais forem os seus programas e os protagonistas em confronto. Quem for capaz de trazer mais inovação à disputa ganhará, mas é pequena a margem para a imaginação, e oxalá aconteça um milagre de ganhar não só quem tenha mais votos, mas quem irradie mais esperança!

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