sábado, março 24

LIBERDADE

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Era ainda a voz da juventude
quando a liberdade entrou
pelo canto da boca

As mãos acariciavam o sonho
enquanto o cheiro cinzento das grades
evadia os ideais

Hoje
em busca da palavra
o novo Abril amotina-se
na memória

Inconformada
pelo preço do não ser
arde agora
a palavra
traída
sem ousar … falar

26/1/99

Fernando Macias
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III CONGRESSO DO MES - UM COMENTÁRIO

(Clique na fotografia para ampliar)
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A constituição da mesa com algumas (poucas) dúvidas. Da esquerda para a direita: 1) Atílio ("velho") 2) José Luís Ganhão 3) Fernando Sousa 4) Francisco Farrica 5) Jerónimo Franco (?) 6) Nuno Teotónio Pereira 7) Eduardo Graça 8) Augusto Mateus 9) Manuel Pires 10) António Machado (?) 11) (?)

Fiquei feliz com a mensagem deixada pela filha do José Luís Ganhão neste post de Outubro passado. Reproduzo, de novo, a fotografia que pode ser vista com uma ampliação maior o que facilita a identificação dos personagens.
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Relativamente aos membros da mesa do III Congresso consigo identificar desde logo o meu pai – José Luís Ganhão, como o segundo a contar da esquerda. Fontes familiares avançam com mais alguns nomes, a confirmar, sempre a contar da esquerda – Joaquim Banha em terceiro, Augusto Mateus em quarto e Eduardo Graça em sétimo.

Já agora, se me permitem, que agradável é ver parte da nossa história disponível para consulta a quem, como eu, era bastante novo quando esteve presente nestes palcos de luta ou para quem não os visitou mas ouve falar de uns tempos em que se defendia com garra aquilo em que se acreditava.

Porque o sonho continua nos filhos de cada protagonista daqueles tempos...

um bem haja

Cristina Ganhão Rodrigues

sexta-feira, março 23

MICHELLE BRITO

Ténis: Michelle Brito enfrenta hoje 12ª classificada do ranking mundial

Grande país que não enxerga as suas riquezas mesmo quando estão debaixo do nariz. Despreza o mérito próprio e cobiça o alheio como ninguém. Quantos talentos, de gente de todas as idades, desperdiçados e, pior do que isso, desprezados. A nossa pobreza está no espírito mais do que no bolso. A nossa visão do mundo, e de nós próprios, embaciou, vá lá saber-se porquê? Quem tenha olhos para ver encontra à sua volta uma multidão de lapsos aterradores na apreciação dos méritos alheios. O Estado não pode valer a todos mas pode ajudar a prestigiar uma verdadeira cultura na qual o mérito não seja uma palavra para encher a boca dos caçadores de subsídios, prémios e comendas. Ponham lá os olhos na Michelle Brito e em mais um montão de “campeões” cujos pais não podem pôr-se a caminho dos USA.
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ENOJANTE

Posted by PicasaFotografia daqui

O que me espanta é a ideia que determinados jornais sejam “de referência”. Podem-no ter sido, ou sê-lo intermitentemente, ostentarem essa imagem por congregarem a colaboração de “líderes de opinião”. Mas isso não é suficiente para fazer deles “jornais de referência”; quanto muito são-no em “part time”. O jornalismo de referência do “Público”, por exemplo, é pior do que muitos possam pensar: a directoria obedece à voz do dono e presta-se às mais abjectas vinganças. Conheço o género. Enojante.
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DOURO DE MIE ALMA

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Ah! riu de ls mius amores!
Guardian de las streilhas.
Quanto gusto de ti
I de ls tous ancantos!
Que buòno vê
Ber las ailas a bolar.
Ls paixaricos a cantar.
Las fáias a assomar …
Oubir, scuitar …
Ls cachones a fungar.
Niébros i carrascos a silbar.
Pastores sues fraitas a tocar
L’auga a caminar
Sien parar …
Pa l mar eimenso …
A chorar …
Ah! Douro de mie alma!
Tu tenes, boç.
Sós fuônte de bida.
D’einergie i riqueza.
L sangre de la tiêrra.
Como tu.
Nun hai eigual.
Sós la lhuç de Miranda.
Lhuç de Pertual!

Domingos Raposo

(Em língua mirandesa.)
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quinta-feira, março 22

OTA

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Comentário que escrevi directamente na caixa dos ditos no “A Defesa de Faro” a propósito da localização – ou lá o que seja – do futuro aeroporto a que se convencionou chamar a questão da OTA:

É possível que sejamos um país muito especial. Tudo o que seja obra de grande porte – estruturante – é sempre de parto difícil. O Duarte Pacheco - como Ministro das Obras Públicas de Salazar - construiu várias obras de vulto, algumas delas, ao arrepio da opinião do próprio Presidente do Conselho. Depois morreu num desastre de viação esborrachado contra uma árvore. A ponte sobre o Tejo - a primeira - chamada, por ironia, Salazar e depois 25 de Abril - também mereceu as maiores reservas ao ditador. Penso mesmo que o homem saiu da sala de reuniões do Conselho de Ministro na hora da aprovação da coisa. Custava muito dinheiro e não se percebia muito bem para que servia uma ponte daquelas tão grandes. Salazar não sabia nada de aeroportos nem lhe faziam falta nenhuma esses conhecimentos pois só uma vez andou de avião. Fez uma viagem Lisboa-Porto e quando aterrou, meio enjoado, exclamou que nunca mais andava numa coisa daquelas. O Metro de Lisboa nunca construiu a ligação do Aeroporto da Portela a Lisboa o que sempre foi um verdadeiro mistério - alguém que explique! Desde o verão 1932, quando tomou posse como Presidente do Conselho, até ao fim, muitos decénios depois, Salazar nunca visitou sequer as colónias que eram uma das razões principais da sua política e a maior riqueza - no plano económico e estratégico -de Portugal nos tempos ante 25 de Abril. Portugal, ou pelo menos uma parte dele, ainda continua a viver no Salazarismo: o ideal seria viver em autarcia, fechados sobre si próprios, isolados do mundo, um quintal, uma rosa e o trinado de uma guitarra. Um dia destes quando uma máquina voadora, daquelas grandes, cair em cima de Lisboa, na aproximação a essa espécie de bairro de Lisboa, com pistas de aterragem e torres de controle, aqui d'el rei que já nos deixamos atrasar.

[Corrigi até dois ou três erros que resultaram da escrita rápida e directa deste sobredito cujo comentário.]
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AS CERTEZAS DO PCP !

Posted by PicasaImagem Daqui

No caso em apreço do qual não conheço nada a não ser o que a comunicação tem reproduzido do que outros têm dito o que mais me surpreende é a posição do PCP. Não sei porquê mas dá-me a sensação que dispõe de muitas certezas acerca do assunto. Eu sei que faz parte do património ideológico do PCP dispor de muitas certezas mas “estar seguro” neste caso parece-me um bocadinho “forçado”.

No entanto, António Filipe afirmou estar seguro de que as disquetes do "Envelope 9" nunca foram abertas porque "não houve ninguém que tenha reconhecido que tenha tratado aquilo", concluindo que "a dúvida é forçada".
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POST-CARD (Os velhos, os pombos, os gatos)

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Alguns habitantes queixam-se dos pombos. Do mal
que fazem às fachadas, às estátuas, à pintura
dos automóveis. Os pombos não voam a gasolina
e têm humaníssimos hábitos como a gula, as
rivalidades do cio, a sede e a urgência
de defecar. Não entendem coleiras, gaiolas, servidões
de casota, falta de jardins e adornos
de penas alheias. E por esta divina ignorância
recebem, às vezes, algum milho displicente
dádiva de crianças para a fotografia ou de benignos
velhos reformados. Algumas mulheres continuam a
socorrer os antiquíssimos ( e terrestres) gatos
vadios. Gatos da nossa infância. Das traseiras,
dos muros, dos quintais – o Sindbad, a Pardoca – com
restos de arroz em papéis engordurados. Carinhosas
velhas, atentas à famélica e materna condição
das ninhadas, enquanto os pombos e os velhos
debicam espaços onde levavam asas. Por instantes
retomam uma destronada simbologia:
Eles no Céu, elas na Terra.

Inês Lourenço

Porto, 98
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quarta-feira, março 21

A TÉCNICA DA MORTE

Posted by PicasaImagem daqui

Forca de Ramadan medida para evitar decapitação

A técnica vai sendo afinada. Se um dia chegasse a hora de escolher a corda para os assassinos dos assassinos ia tudo correr na perfeição. A pena de morte reduzida à técnica do algoz.
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Só escrevo

Posted by PicasaFotografia de sophie thouvenin

Só escrevo para me soltar de mim
E me fazer acompanhar pelo eco
Das palavras que se soltam vivas
E vibrantes da ponta da espada
Como a voz que não reconheço

Só escrevo uma vez e por vezes
Esqueço-me de tornar viável
A palavra deixando-a pendurada
No estendal das ideias húmidas
A arrefecer das dores de que padeço

1/3/2007
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DIA MUNDIAL DA POESIA

F E R N A N D O P E S S O A
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terça-feira, março 20

tábua

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

haverá ainda esta lua de água
se a cinza nos cobrir os próprios passos.
março, noite a arder, o rumor e a frágua,
e estreiteza de todos os espaços.

à cidade doámos outra fome,
um arrepio de canto e florescer,
barcos correndo as ruas já sem nome,
um jeito de euforia a incandescer.

e andámos inscrevendo o timbre azul
onde era o abandono e a solidão,
a folha ressequida, a finitude.

caminhamos agora para sul.
a harpa e o destino em cada mão
mesmo que a vida fira e nos demude.

José Manuel Mendes
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DEFICIT - ENCURTANDO CAMINHO

Posted by PicasaMarilyn Monroe

O INE anunciou um deficit, em 2006, de 3,9% do PIB, ou seja, 0,7% abaixo do previsto pelo governo. Acresce que a divida pública ficou também abaixo das previsões.

Este resultado significa: a) uma verdadeira e expressiva vitória política do governo; b) a abertura de uma forte possibilidade de alcançar um deficit de 3% já em 2007*, ou seja, salvo qualquer crise imprevisível a antecipação num ano das metas previstas; c) lançar, em 2008, medidas mais agressivas indutoras do relançamento da economia.

Como dizia num artigo recente esta notícia confirma “sinais de esperança”, ou seja, que poderemos estar a caminho de uma consolidação orçamental duradoura assente na redução da despesa que permitirá daqui a dois anos uma inflexão significativa das prioridades da política orçamental.

*As previsões do deficit, até à divulgação deste resultado, eram: 4,6%, em 2006, abrindo caminho para alcançar os objectivos de 3,7%, em 2007 e inferior a 3%, em 2008. A partir de agora as previsões poderão ser qualquer coisa como: 3,9%, em 2006; 3% em 2007 e inferior a 2,5% em 2008. (Para não ser demasiado optimista!)
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segunda-feira, março 19

CENAS RASCAS

Posted by PicasaFotografia Daqui

Vi passar na TV umas cenas rascas do Conselho Nacional do CDS/PP à vista das quais as reuniões do defunto MES eram autênticos “cursos de cristandade”. Só mesmo o saudoso José Manuel deve ter participado, nos seus tempo do MRPP, em cenas de igual ou mais alta promiscuidade paredes-meias com a pura delinquência.

São os governantes que tivemos – e que ameaçam voltar – mostrando ao país o seu verdadeiro carácter. Para eles os fins justificam os meios e vale tudo para conquistar uma bandeira esfarrapada. A única falta que senti foi a do cheiro a incenso exalado da figura do Dr. Bagão Félix.
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domingo, março 18

"O diálogo da pedra e da carne ..."

Posted by PicasaFotografia de Família (clicar para aumentar)

O meu irmão Dimas, (o da máquina fotográfica) na pujança da sua juventude, confraterniza com um grupo de amigos cujos rostos reconheço da minha infância. A fotografia sugere-me a união do homem com a terra que fecunda a amizade e é fomento da alegria. A exaltação da natureza e dos corpos livres que a percorrem ou, como dizia Camus, o corpo, como o silêncio, é eloquente e instaura o “diálogo da pedra e da carne à medida do sol e das estações” (Noces).

25 FLOR DE ABRIL

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Infórmame o peso dos passos
sobre o incordio da realidade.
Mais se a flor se erguia
ergue
un fondo olor de liberdade
(e as palavras teñen por virtude
ser tan grandes como as ganas,
o querer, quero decir).
E sumo coa miña a tua
na grande ramallada dos desexos.
E sabemos que sumando agradecemos
ser capaces en conquistar
da guerra tódalas batallas,
miña flor, caravel.

Vigo

Xela Arias

(em língua Galega)
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sábado, março 17

ESPERANÇA

ALGARVE

Posted by PicasaFotografia daqui

All...garve

Ministro da Economia muda o nome ao Algarve


O Algarve é uma região na qual o turismo tem uma indesmentível importância com impacto económico-social regional e nacional. O desenvolvimento da actividade turística no Algarve é um fenómeno relativamente recente que se pode reportar aos anos sessenta do século passado.

Conheço razoavelmente bem esta realidade não só por razões de sangue como por compromissos profissionais exercidos no passado recente. O Algarve é o mais importante destino turístico português e uma marca enraizada num conjunto de mercados emissores de turistas.

A notícia de uma campanha de promoção turística do Algarve adulterando a palavra-chave que identifica a marca não é só uma lamentável ideia saloia é algo de muito mais grave: um atentado à história da região e uma cedência às facilidade do marketing em desfavor da fidelidade às raízes culturais da região que é, afinal, o seu maior valor mesmo como atractivo turístico.

Julgo, penosamente, que o Senhor Ministro Pinho devia ser mandado embora do governo gozar umas férias eternas da política que mais não fosse para o All-garve … pois mesmo o poder absoluto não dá direito, em democracia, à assumpção política da destruição dos símbolos que são a essência da identidade de uma região.
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sexta-feira, março 16

LIBERDADE PARA A LIBERDADE

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

“Poesia, liberdade livre”
(Rimbaud)

Embebeda de rua a liberdade
livre: e serás livre, livre, livre
de andar pelos telhados da cidade
como o poeta a voar num bateau ivre
derrubando as bastilhas sem idade
que Abril abriu ao povo livre, livre
por dentro de ser livre em liberdade.

José Augusto Seabra
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UMA VOLTA AO MUNDO