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haverá ainda esta lua de água
se a cinza nos cobrir os próprios passos.
março, noite a arder, o rumor e a frágua,
e estreiteza de todos os espaços.
à cidade doámos outra fome,
um arrepio de canto e florescer,
barcos correndo as ruas já sem nome,
um jeito de euforia a incandescer.
e andámos inscrevendo o timbre azul
onde era o abandono e a solidão,
a folha ressequida, a finitude.
caminhamos agora para sul.
a harpa e o destino em cada mão
mesmo que a vida fira e nos demude.
José Manuel Mendes
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