A partir de hoje foi colocado ao alcance de todos Caminhos da Memória cujo programa está contido, de forma sintética, no post inaugural do qual transcrevo, a seguir, uma parte. Trata-se de um projecto muito interessante com incidência numa área menosprezada e maltratada entre nós: a memória. Os meus agradecimentos pelo convite para colaborar, pontualmente, no projecto, a que acedi com muito gosto, e pelo link.
Caminhos da Memória é um blogue que pretende dar voz a formas de lembrar, de evocar e de interpretar o passado, recorrendo a leituras contemporâneas da história e da memória.
Procurará fazê-lo recorrendo a diferentes formulações que se coadunem com as características específicas da blogosfera e que ajudem a desenhar percursos para redescobrir os legados que recebemos do país e do mundo.
Incluirá também informação sobre documentos, livros, filmes e eventos relacionados com os objectivos que nos propomos perseguir, bem como ligações a instituições, publicações e blogues que privilegiem temas ligados à memória e à história.
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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, junho 15
OS DONOS DO ALHEIO
Dando como verdadeira a notícia estamos perante uma medida que nenhum cidadão de bom senso entenderá. Por este caminho estamos a chegar ao ponto em que a obrigação de pagar as contas se constituirá como um ónus insuportável para os cidadãos cumpridores. A partir daqui é a lei da selva através da qual os vigaristas, por via das entidades reguladoras, alcançam o paraíso. Ou o governo põe cobro, rapidamente, ao dislate ou, em nome da defesa das grandes companhias, se suicidará politicamente.
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sábado, junho 14
O DR. PORTAS E A IMIGRAÇÃO
O Dr. Portas devia estar a referir-se ao Sr. Scolari quando afirmou que “Portugal só deve acolher aqueles que pode integrar”. Em Portugal a imigração não é, ao contrário de outros países, um problema grave o que é um problema para o Dr. Portas.
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sexta-feira, junho 13
REFLEXÃO DE 6ª FEIRA 13
Basta olhar para as medidas que o governo espanhol acaba de tomar. Os portugueses esperam que o governo tome um conjunto de medidas que constituam uma resposta estruturada à crise económico-social que o aumento do preço dos combustíveis está a acelerar e aprofundar. Não basta um plano de investimentos públicos e privados – que tem efeitos de longo prazo – é necessário a tomada de medidas que atenuem, de forma efectiva e imediata, a perda do rendimento disponível das famílias e da liquidez das empresas.
Por muito que o governo possa argumentar que as medidas fundamentais, em particular no plano social, já foram tomadas ninguém as vislumbrará no meio de uma avalanche de movimentos reivindicativos envolvendo todos os sectores da actividade económica. O governo está a ser confrontado com a economia real, através dos seus agentes, e não já pelas chamadas corporações. Se a postura do governo continuar a ser meramente defensiva, face a uma crise de longa duração, como parece ser o caso, está condenado à derrota.
É preciso que o governo passe à ofensiva desenvolvendo um plano de ataque à crise sustentado em medidas perceptíveis como necessárias e justas: para isso talvez seja necessário um novo olhar sobre as contas públicas, a politica fiscal e o modelo de gestão do orçamento; a salvaguarda dos compromissos assumidos, no âmbito da UE, com o máximo aproveitamento das suas margens de flexibilidade e, quiçá, uma remodelação governamental com vista a restaurar a confiança na capacidade do governo para enfrentar uma situação nova com a aplicação de medidas novas.
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FERNANDO PESSOA
Carta a Adolfo Casais Monteiro
Por ocasião da passagem do 120º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa transcrevo, no Caderno de Poesia, a parte final da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, datada de 14 de Janeiro de 1935. Pode ser lida, na íntegra, no site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A (edição bilingue português/espanhol).
Por ocasião da passagem do 120º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa transcrevo, no Caderno de Poesia, a parte final da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, datada de 14 de Janeiro de 1935. Pode ser lida, na íntegra, no site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A (edição bilingue português/espanhol).
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quinta-feira, junho 12
A PAIXÃO PELO FUTEBOL
Tanta pasión bien merece una recompensa. É com esta frase que fecha o artigo do El Pais que, hoje, retrata a paixão dos portugueses pela selecção. Gosto de saber como nos vêem de fora pois sei como nos vemos, a nós próprios, cá dentro. O tempo de exposição mediática da selecção é excessivo? Talvez! Mas esperem pelos incêndios florestais agora que o calor aperta e os camionistas saíram de cena regressando à estrada. Prefiro ver o ecrã cheio com o sorriso de Ronaldo, depois de marcar um golo, às imagens, repetidas dos crimes, agruras e calamidades que, no nosso tempo, a televisão diviniza. A paixão pelo futebol é uma das últimas muralhas que a comunidade, nos “países do futebol”, é capaz de levantar contra o desespero. Tentar suster ou rasurar essa paixão é uma tarefa inglória e todos sabemos como os excessos da paixão são a sua própria essência.
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O FIM DO DIA
Adam Jahiel
Leio nas notícias e vou consultar a fonte: ANTRAM alcança acordo e apela ao retomar da actividade·
A partir deste momento as acções dos piquetes que promovem a paralisação, a terem continuidade, serão um mero caso de ordem pública.
Leio nas notícias e vou consultar a fonte: ANTRAM alcança acordo e apela ao retomar da actividade·
A partir deste momento as acções dos piquetes que promovem a paralisação, a terem continuidade, serão um mero caso de ordem pública.
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quarta-feira, junho 11
GUARDIOLA
No post O jogador de futebol, no Auto-retrato, faz-se referência a Pep Guardiola, que foi um grande jogador e, ao mesmo tempo, ao que parece, um leitor de livros. Talvez valha a pena lembrar que Guardiola acaba de ascender a treinador principal do Barcelona. A propósito reparei que, naquelas reportagens que a SIC dedicou aos jogadores da selecção, Cristiano Ronaldo, ou a produção, fez passar uma sequência em que mostra o seu recente interesse pela leitura de livros…. Aquela pequena sequência vale por todo um programa de promoção da leitura!
CAVALOS À SOLTA
A vida em comunidade nem sempre é um mar de rosas. Certamente que ninguém, em seu perfeito juízo, prefere a guerra à paz, a confrontação à concórdia. Mas a democracia representativa, regime em que vivemos, após décadas de ditadura e duros confrontos, no período pós 25 de Abril, foi uma escolha consciente do povo português através de eleições livres. Nada obsta, no entanto, a que hajam manifestações de divergência e descontentamento, no pleno exercício da liberdade a duras penas conquistada.
Convém, no entanto, que todos os cidadãos, no exercício da liberdade, passado o período de aprendizagem das regras do regime democrático, respeitem a liberdade dos outros. Banal! Acontece que, a propósito do caso da paralisação dos camionistas, em noticiários e debates, através de comentaristas encartados, como é o caso do inefável Luís Delgado, se ouvem as maiores barbaridades.
Os camionistas de que se fala são, em primeiro lugar, os patrões e não os trabalhadores; a paralisação da frota não é, portanto, uma greve mas antes, pelas suas características, um lockout; o lockout é proibido pela constituição da república; as manifestações pró paralisação, a que temos vindo a assistir, são levadas a cabo à revelia da ANTRAM, associação patronal representativa do sector; a paralisação, goste-se dela ou não, tem os seus fundamentos, quais sejam, genericamente, o agravamento das condições de exploração do negócio do transporte rodoviário de mercadorias.
Apesar das variadas razões que assistem aos seus promotores, particularmente originadas no aumento do preço dos combustíveis, esta paralisação enquadra-se na categoria das manifestações “selvagens”, ou seja, realiza-se fora de qualquer enquadramento legal e associativo; trata-se, portanto, de uma paralisação ilegal que visa impedir a livre circulação de pessoas e bens ameaçando, como é público e notório, além do regular funcionamento da economia do país, a liberdade e a integridade física dos próprios promotores e daqueles que não queiram aderir à paralisação.
À direita reina um discreto regozijo, espécie de vingança póstuma face ao chamado buzinão da ponte 25 de Abril, de 1994; à esquerda, no campo do PCP e do BE, balbuciam-se umas vacuidades a meio caminho entre o apoio à paralisação e o receio das consequências futuras desse apoio. (O que pensará Manuel Alegre disto tudo?) Se não for alcançado, rapidamente, um acordo razoável, que ponha fim às manifestações “selvagens”, não pondo os contribuintes a pagar a ineficiência da maior parte da indústria de transporte de mercadorias, vamos ter um problema complexo, nos planos político e logístico. E, provavelmente, pancada da grossa.
Aí os que, hoje, clamam contra a passividade do governo face aos desordeiros, contra a incapacidade de Sócrates, (afinal um fraco!) para impor o cumprimento das leis do estado democrático de direito, vão virar-se contra ele apelidando-o de autoritário, quiçá, uma vez mais, de fascista. Se o que estiver em causa forem mesmo, comprovadamente, as liberdades públicas ao governo não restará outra alternativa senão tratar de as repor. Mas, neste conflito, como em todos os outros, mais vale um mau acordo do que uma boa demanda. É o que se deseja que aconteça, com razoabilidade, nas próximas 48 horas!
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terça-feira, junho 10
DIA DE PORTUGAL
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
Sonetos da Edição de D. António Álvares da Cunha, de 1668
In Lírica – Terceiro Volume das Obras Completas - Círculo de Leitores
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segunda-feira, junho 9
"A RAÇA"
“A raça”! Estes pequenos sinais são para levar a sério? Pareceu-me que o Presidente da Republica mostrou uma sua característica particular: lida mal com a pressão. Quando os jornalistas lhe quiseram arrancar um comentário – e insistiram – acerca da paralisação dos patrões camionistas saiu-lhe uma palavra (“raça”) seguida de uma frase, (“o dia da raça”) fora do contexto, infeliz e despropositada. Sobreveio uma memória mais antiga! Bom assunto para os psicanalistas. Ora, para os mais distraídos, o “dia da raça” era a designação do “dia de Portugal” nos tempos da outra senhora, da ditadura que, no nosso país, bondosamente, costumamos chamar por “estado novo”! Somos muito dados a estas bondades perante os inimigos da liberdade! E muitos (novos e velhos) ainda por aí passeiam impunes! Felizmente que a democracia é, pela sua natureza, tolerante mesmo para com as gafes do mais alto magistrado da nação que devia zelar, acima de todos, por ela. Neste caso não zelou e deve levar uma repreensão registada. Pelo menos aqui. Não vale grande coisa mas sempre me permite cumprir com um dever de cidadania activa. Desta vez de acordo com o BE. Se fosse o primeiro-ministro Sócrates o autor da gafe caía o Carmo e a Trindade (a Trindade?). E os patrões camionistas, se a paralisação chegar até 4ª feira, o que vão fazer quando chegar a hora do jogo Portugal-República Checa para o europeu? Acho que o acordo vai ser anunciado um tempinho antes do jogo. Mera curiosidade!
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FUTEBOL- "FLUXO" E RESISTÊNCIA (de novo)
Peter Marlow – Hélder Postiga
Publiquei, em Outubro de 2007, Sob o título FUTEBOL – “FLUXO” E RESISTÊNCIA, um artigo de opinião que vem muito a propósito da presente época na qual o futebol surge no lugar cimeiro de todas as notícias.
O futebol é uma paixão antiga que vem dos tempos da minha meninice, sendo, ao mesmo tempo, um fenómeno que suscita debate, e reflexão, permitindo abordagens que vão bastante além do terreno linear do “pega ou larga”, da cega paixão ou da diabólica recusa.
Transcrevo o artigo, em referência, na sua versão original:
"Tout ce que je sais de plus sûr à propos de la moralité et des obligations des hommes, c'est au football que je le dois.” - Albert Camus
Scolari e Mourinho, treinadores de futebol, representam, no imaginário popular, o desejo de lideranças fortes, mobilizando ódios e paixões, criando expectativas de vitórias que redimam a honra de comunidades, povos e nações.
Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.
É um fenómeno paradigmático em que o jogo – actividade de lazer – se transformou num espectáculo de massas que, não deixando de criar a ilusão do jogo, deu origem, nas sociedades contemporâneas, a um “fluxo futebolístico” no qual o que se consome é o próprio fluxo.
O futebol como fenómeno de massas, mediatizado, suscitando rivalidades e lutas de claques fanáticas, mobilizando meios financeiros vultuosos, alimentando ilusões de vitórias e alentando nacionalismos serôdios, é um fluxo que combina o “fluxo do ter”, ”da informação”, “do ver”, ”do “ soletrar”, do “viajar”.
Os sujeitos do espectáculo, do “fluxo futebolístico”, os jogadores mas também os treinadores/seleccionadores, deixaram de ser os senhores da sua vontade, entregues às regras de um mercado com leis próprias; os mediadores da informação deixaram de se compadecer com a “notabilidade” dos factos e preocupam-se em estimular a capacidade de efabulação das massas; as vitórias e as derrotas deixaram de ser o “resultado do jogo” mas o acontecimento mais ou menos forjado destinado a alimentar o fluxo.
Não que tenha deixado de existir o jogo autêntico – presente no futebol amador e noutras modalidades – mas este passou à categoria de resíduo social, lugar de resistência, só, plena e pontualmente reconhecido, no plano do fluxo, quando é, ao mesmo tempo, o lugar da tragédia... a queda de uma baliza esmagando o jovem,... ou o sacrifício exultante dos amadores de uma selecção de “rugby” enfrentando uma luta desigual na qual ocuparam, no palco mediático global, o papel de resistentes.
O fluxo subjuga o jogo, que se transforma no próprio fluxo, mas não elimina as manifestações de resistência em que o jogo autêntico persiste.
Desde a “Ilha da Culatra”, no meu Algarve, às mais pequenas ilhas dos Açores, desde as pequenas colectividades recreativas às grandes empresas, desde as escolas às ruas, o “fluxo futebolístico” encontra a sua réplica em milhares de resistentes que, apagados da ribalta mediática, são o outro lado de uma realidade humana que persiste em não se deixar apagar.
Scolari e Mourinho deixarão, um dia, de ser actualidade, mas o “fluxo futebolístico” vai persistir, e o seu outro lado, o jogo autêntico, resistirá em todo o mundo, bastando para tal que hajam jogadores e um objecto simples, mais ou menos arredondado, no qual se possam dar pontapés.
O tema do futebol é fascinante, além do mais, porque nos faz ir em busca de explicações para uma paixão que, avant la lettre, Camus intuía, a partir da sua própria experiência, exercer uma influência mobilizadora das grandes massas, lugar de “alienação” mas, ao mesmo tempo, de resistência cuja influência social a pura razão dificilmente apreende.
Publiquei, em Outubro de 2007, Sob o título FUTEBOL – “FLUXO” E RESISTÊNCIA, um artigo de opinião que vem muito a propósito da presente época na qual o futebol surge no lugar cimeiro de todas as notícias.
O futebol é uma paixão antiga que vem dos tempos da minha meninice, sendo, ao mesmo tempo, um fenómeno que suscita debate, e reflexão, permitindo abordagens que vão bastante além do terreno linear do “pega ou larga”, da cega paixão ou da diabólica recusa.
Transcrevo o artigo, em referência, na sua versão original:
"Tout ce que je sais de plus sûr à propos de la moralité et des obligations des hommes, c'est au football que je le dois.” - Albert Camus
Scolari e Mourinho, treinadores de futebol, representam, no imaginário popular, o desejo de lideranças fortes, mobilizando ódios e paixões, criando expectativas de vitórias que redimam a honra de comunidades, povos e nações.
Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.
É um fenómeno paradigmático em que o jogo – actividade de lazer – se transformou num espectáculo de massas que, não deixando de criar a ilusão do jogo, deu origem, nas sociedades contemporâneas, a um “fluxo futebolístico” no qual o que se consome é o próprio fluxo.
O futebol como fenómeno de massas, mediatizado, suscitando rivalidades e lutas de claques fanáticas, mobilizando meios financeiros vultuosos, alimentando ilusões de vitórias e alentando nacionalismos serôdios, é um fluxo que combina o “fluxo do ter”, ”da informação”, “do ver”, ”do “ soletrar”, do “viajar”.
Os sujeitos do espectáculo, do “fluxo futebolístico”, os jogadores mas também os treinadores/seleccionadores, deixaram de ser os senhores da sua vontade, entregues às regras de um mercado com leis próprias; os mediadores da informação deixaram de se compadecer com a “notabilidade” dos factos e preocupam-se em estimular a capacidade de efabulação das massas; as vitórias e as derrotas deixaram de ser o “resultado do jogo” mas o acontecimento mais ou menos forjado destinado a alimentar o fluxo.
Não que tenha deixado de existir o jogo autêntico – presente no futebol amador e noutras modalidades – mas este passou à categoria de resíduo social, lugar de resistência, só, plena e pontualmente reconhecido, no plano do fluxo, quando é, ao mesmo tempo, o lugar da tragédia... a queda de uma baliza esmagando o jovem,... ou o sacrifício exultante dos amadores de uma selecção de “rugby” enfrentando uma luta desigual na qual ocuparam, no palco mediático global, o papel de resistentes.
O fluxo subjuga o jogo, que se transforma no próprio fluxo, mas não elimina as manifestações de resistência em que o jogo autêntico persiste.
Desde a “Ilha da Culatra”, no meu Algarve, às mais pequenas ilhas dos Açores, desde as pequenas colectividades recreativas às grandes empresas, desde as escolas às ruas, o “fluxo futebolístico” encontra a sua réplica em milhares de resistentes que, apagados da ribalta mediática, são o outro lado de uma realidade humana que persiste em não se deixar apagar.
Scolari e Mourinho deixarão, um dia, de ser actualidade, mas o “fluxo futebolístico” vai persistir, e o seu outro lado, o jogo autêntico, resistirá em todo o mundo, bastando para tal que hajam jogadores e um objecto simples, mais ou menos arredondado, no qual se possam dar pontapés.
O tema do futebol é fascinante, além do mais, porque nos faz ir em busca de explicações para uma paixão que, avant la lettre, Camus intuía, a partir da sua própria experiência, exercer uma influência mobilizadora das grandes massas, lugar de “alienação” mas, ao mesmo tempo, de resistência cuja influência social a pura razão dificilmente apreende.
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MOUTINHO
Portugal es Moutinho
Gosto de percorrer os media internacionais para conhecer alguma coisa do mundo. No caminho também se aprende como os outros nos vêem a nós, no caso, acerca do talento individual ao serviço do colectivo. Vale para tudo, na vida dos indivíduos e das colectividades, para quem quiser entender a força do futebol como fenómeno de massas.
Gosto de percorrer os media internacionais para conhecer alguma coisa do mundo. No caminho também se aprende como os outros nos vêem a nós, no caso, acerca do talento individual ao serviço do colectivo. Vale para tudo, na vida dos indivíduos e das colectividades, para quem quiser entender a força do futebol como fenómeno de massas.
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domingo, junho 8
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