terça-feira, julho 14

PALMA INÁCIO

Morreu Palma Inácio. Palma Inácio desempenhou um papel importante na luta anti-fascista. Controverso, e pioneiro, pelas acções que planeou, e executou, convicto de que o regime fascista nunca seria derrubado senão pela via da luta armada. Não era o único a pensar desse modo. Humberto Delgado – militar do mais alto gabarito – pensava, pelo menos desde o esbulho das eleições presidenciais de 1958, que só uma acção militar derrubaria o antigo regime. Palma Inácio foi uma figura extraordinária de coragem física e simpatia pessoal. No dia 10 de Novembro de 1961 estava eu jogar à bola, certamente aproveitando um “furo”, no campo dos “blocos”, perto do Liceu em Faro, quando surgiu um avião a baixa altitude por cima das nossas cabeças. Estranhamos, e ainda mais, quando reparamos que cintilavam no ar uns flocos luminosos que caíram uma centena de metros ao nosso lado. Corremos na sua direcção mas, entretanto, apareceu a polícia e, pelo menos eu, não cheguei a tomar posse de nenhum dos panfletos lançados. Encontrei-o muitas vezes, quer em reuniões nas quais ele participava em nome da LUAR, quer em encontros ocasionais de natureza social. Dava-me prazer a sua presença. Sentia que Palma Inácio, com seus vícios e virtudes, era um verdadeiro herói da resistência portuguesa à ditadura. Honra à sua memória.
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AS POLÍTICAS SOCIAIS DO GOVERNO SEGUNDO MFL


Isto quer dizer, para infelicidade do nosso sistema democrático, que o principal partido da oposição não tem alternativas a apresentar numa área crucial da governação ainda para mais em tempos de crise. Quer dizer, de forma nua e crua, que o PSD de MFL não tem novas políticas sociais para apresentar aos portugueses. Somente mudanças de métodos e de processos o que na linguagem politico/administrativa quer dizer mudança de dirigentes. Mas pergunto eu na minha infinita ingenuidade: estes “bons instrumentos de apoio social”, ou seja, estas políticas sociais, são obra dos socialistas? E são boas e são bons os intrumentos? Então para quê mudar de governo sabendo-se que a grande maioria destas politicas sociais são aplicadas por entidades da sociedade civil com as quais o governo estabelece convenções? Para fazer ajustamentos na aplicação de boas políticas não é preciso mudar de governo. Só se fosse para pôr fim a más políticas e trocá-las por outras boas!
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Scarlett Johansson

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ANTÓNIO COSTA

Como prometi a mim próprio fui, em família, à apresentação da candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa. Uma oportunidade, além do mais, para rever amigos... Impressionou-me o discurso do cidadão Carlos do Carmo, a presença do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles (o único candidato não socialista no qual algum dia votei desde 1979), o facto do 1º ministro ter discursado, como todos discursaram, num palco com imensa gente nas suas costas, sem qualquer protecção especial, a luz de Lisboa numa tarde resplandecente no Jardim de São Pedro de Alcântara e o discurso convicto, laborioso e seguro de António Costa. Confirmei a minha percepção de que António Costa tem todas as condições para ganhar Lisboa. E sendo tão importante para a esquerda ganhar Lisboa o que espera Manuel Alegre para apoiar a candidatura de António Costa? O espaço político para uma candidatura independente de Helena Roseta já foi.
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segunda-feira, julho 13

ARNALDO OCHOA


Os regimes totalitários comunistas não perdoam aos seus críticos ainda mais se foram heróis da revolução. É assim em todo o lado, em todos os tempos. Impressiona quando as vítimas dão vivas aos algozes na hora das execuções. Assim com Stalin, com Mao, com Fidel …
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sábado, julho 11

SOBRESSALTOS

E por isso impunha-se um sobressalto. Estou disponível para me sobressaltar. Mas como hei-de sobressaltar-me com apelos destes? De uma coisa sei: se Manuel Alegre pensa que ganha as próximas Presidenciais derrotando o PS nas próximas legislativas está enganado. A derrota do PS anunciará a sua própria derrota.
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sexta-feira, julho 10

Lisboa menina e moça


Não há duas sem três: a terceira boa notícia do dia. Eu também vou estar no dia 13 de Julho, pelas 19 horas, no Jardim de S. Pedro de Alcântara. O eleitorado e, em particular, o eleitorado de esquerda não pode dar-se ao luxo de dispersar os votos e, dessa forma, entregar de bandeja Lisboa à gestão de Santana. É simples!
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DUAS BOAS NOTÍCIAS


Duas boas notícias: esta porque põe termo a um impasse insustentável através de uma boa escolha para Provedor de Justiça; esta porque, a meu gosto, torna mais credível a vitória de António Costa nas autárquicas de Lisboa lançando um sinal ao eleitorado de esquerda – falando curto e grosso - para que não disperse os votos dando de bandeja a vitória a Santana! Coisas simples!
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A VERDADE

Por vezes é penoso escrever acerca de políticos de que não gostamos. Não tanto por esses políticos se situarem num campo que não é o nosso. Porque há políticos que se situam no campo oposto e dos quais gostamos. E outros que se situam no nosso campo e que nos repugnam. Em democracia nada nos pode levar a dizer definitivamente que determinado politico é nosso inimigo. Como sói dizer-se em democracia não há inimigos, há adversários. Mas no caso em apreço estamos no domínio do desconcertante, a raiar o surreal. Durante o dia de ontem já deve ter sido tudo dito acerca do assunto. Eu pela parte que me toca estou a ler a encíclica «Caritas in veritate». Tomar como lema de uma campanha eleitoral – ou de uma política - “a verdade” coloca a Dra. Manuela no lugar de aspirante à santidade. Ontem foi o seu dia da caridade face às políticas sociais do governo, mas que logo revelou a sua infidelidade à verdade … é urgente ler a “Caritas in veritate”…
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quarta-feira, julho 8

"AS EVIDÊNCIAS" - VIII


Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.

Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,

um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo,

tão quase é coisa ou sucessão que passa …
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.

Jorge de Sena

22-2-1954
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A CAMINHO DO FIM ...


Será possível que o egoísmo dos velhos e novos “senhores do mundo”, emergentes e não emergentes, reunidos no chamado g8, sacrifiquem o futuro de todos em nome de um modelo de desenvolvimento que sabem, e reconhecem, ter entrado em falência… em benefício de quem?
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terça-feira, julho 7

ALFREDO DE SOUSA

Um dia no âmbito do INATEL, a cuja direcção presidi durante sete (7) anos, foi-me aplicada uma multa pelo Tribunal de Contas por uma razão qualquer, suponho decorrente de um atraso, tendo-me sido sugerido, por um quadro da casa, um expediente que evitaria que suportasse pessoalmente o encargo. Recusei e fiz questão de pagar do meu bolso o que era devido. Assim foi. As Contas do INATEL, desde 1996 a 2002, forma presentes ao Tribunal de Contas que a todas visou dando-lhes, dessa forma, a sua aprovação. Durante a vigência da minha direcção foi realizada uma auditoria pelo TC, o que nunca antes tinha acontecido (pois é preciso que as organizações apresentem um padrão mínimo de organização para que alguém as possa inspeccionar o que, até 1996, não era uso) e tudo foi feito, de ambas as partes, com rigor e correcção. No dia da minha saída - precipitada - do INATEL ainda tive tempo de enviar umas cartas de despedida e uma delas teve como destinatário o Presidente do TC, Alfredo de Sousa, com o qual nunca falei pessoalmente. Alfredo de Sousa foi dos poucos que teve a gentileza, e decência, de responder, ao contrário, por exemplo, dos representantes das Centrais Sindicais, com os quais havia estabelecido múltiplos e, por vezes, intensos contactos, conversas e negociações. A carta de resposta do Conselheiro Alfredo de Sousa, não deixando de ser protocolar, revela um reconhecimento e simpatia pessoais que nunca mais esqueci. Será ele o próximo Provedor de Justiça e tenho a certeza que, no fim de tantas hesitações e desencontros, a escolha não poderia ser melhor. Bom trabalho.
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ANTINOMIAS

Esta é uma verdadeira manifestação de mesquinhez, sectarismo e ingratidão. Aprendam, enquanto é tempo, o significado profundo do desprezo pela tolerância e pelo diálogo.
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segunda-feira, julho 6

CRISTIANO

Hoje, dia 6 de Julho do ano da graça de 2009, tem lugar em Madrid um evento dos mais repugnantes para a consciência de grande parte dos intelectuais pátrios. António Filomeno Pereira, nome de um intelectual que me deu para inventar, considera que pior do que o dia de S. Cristiano, só mesmo uma vitória do Eng.º Sócrates nem que seja por um voto. O mundo embasbacado com um português de ascendência popular, oriundo de família humilde, especializado no culto do amor-próprio e nas técnicas da sua profissão. Não é recomendável para um português que se preze. E um poster com a imaculada imagem do santo ostentando publicidade ao Banco Espírito Santo … tinha que ser o Espírito Santo … mais tarde um estádio cheio de castelhanos a aplaudir em delírio um português que, ao que consta não manifestou, nos últimos dias, interesse em emigrar para o Brasil. É triste. Um sinal, mais do que evidente, da decadência lusitana. O povo de Castela e Leão ajoelhado aos pés de um rei português … o que ocorre, pela primeira vez, na milenar história das nações ibéricas! O assunto é da maior gravidade e espera-se, a todo o momento, um comentário do senhor Presidente da República!
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Muito interessante.
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Urumqi

Urumqi é a capital da região autónoma de Xinjiang da República Popular da China. Pelas razões que se podem encontrar, genericamente, aqui, ocorreu uma rebelião popular que foi reprimida com grande violência. Por coincidência inicia-se na próxima sexta feira uma visita do Presidente da República Popular da China a Portugal. Espera-se que o Senhor Presidente da República portuguesa diga de sua justiça …
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domingo, julho 5

MANUEL PINHO

Manuel Pinho: pode não se gostar do estilo, das políticas, ou de algumas políticas, mas o futuro dirá do alcance da sua acção. Como o próprio expressou na última entrevista à SIC Notícias é muito difícil fazer política debaixo de uma chuva de enxovalhos. Não é o primeiro, nem será o último, a passar por essa provação. Mas com ele o governo adoptou uma estratégia para a economia, no sentido amplo, que parece manter plena actualidade. Haja saúde!
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sábado, julho 4

O TESOURO DA DANÇA


Fui assistir, ontem, ao espectáculo dos finalistas da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Curiosamente Telmo Monteiro foi um dos finalistas mas deu para entender que a qualidade média dos finalistas, e não só, é muito elevada. Para além dos prémios internacionais, que têm sido ganhos por alguns alunos, como dar visibilidade pública a este tesouro?
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sexta-feira, julho 3

SOLENIDADES E RITUAIS

Fotografia de Hélder Gonçalves

O exercício de caminhar através das memórias mais distantes, e profundas, é um acto de libertação. Partilhá-las com a comunidade que se dispõe a acolhê-las para nelas se rever, ou não, é um acto de comunhão. São razões que bastam para retomar alguns escritos antigos do tempo em que o Absorto era um mero espelho das palavras que nele desenhava.

Não queria ir. Não me sentia bem na minha pele. Mas estava tudo preparado. A teoria e o ritual. Sabia de cor as orações e o resto. Mas não queria ir. No dia dos actos solenes sempre me sinto com vontade de fugir. Não gosto de actos solenes. Depende das circunstâncias sofrer mais ou menos. Com os anos aprendi a defender-me e sofro menos. Porque não podemos fugir a todos os actos solenes.

Mas naquele dia fugi mesmo. A minha mãe correu atrás de mim. Fui à força a caminho da Sé. Cumpri, como sempre, com a minha obrigação. Percorri todos os caminhos de uma autêntica formação católica. Ficaram-me marcados na memória os personagens, os rostos e os cheiros. Alguns admiráveis e repousantes como os padres Patrício e Henrique. Outros execráveis e repugnantes. Aprendi a olhar para dentro e a falar comigo próprio.

Gosto de ler a poesia de Adélia Prado. E de ouvir o silêncio solene do interior de um templo vazio. De olhar as capelas e os altares. De admirar as obras de arte que os habitam. E de observar a crença dos que os frequentam. No fim da vida o meu pai, que eu julgava agnóstico, rezava. Mas não gosto de participar em rituais. Não gosto de seitas. Nem de associações secretas. Sejam religiosas, políticas ou outras. As suas obediências e silêncios não se conjugam com o meu conceito de liberdade. Isso explica muita coisa.

Fiz a comunhão solene. Tenho até uma fotografia, muito impressiva, acompanhado pelos meus pais e padrinhos (ou será do crisma?). Não me lembro, ao certo, como regressei da Sé. Mas lembro-me de nunca ter acreditado na confissão. Nunca ninguém, de verdade, se confessa. O que retenho, com nitidez, foram a vista e o cheiro das laranjeiras do largo da Sé de Faro. E um sorvete que comi, na Brasileira, às escondidas. Em pecado. Capital.
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Jobs and Energy Innovation

Curiosamente no mesmo dia da demissão do ministro Manuel Pinho:
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