Banaliza-se o passado, o adquirido, a tradição, a herança,
abrindo caminho para a rasura da memória e das bases materiais do bem-estar para
o qual a maioria trabalhou – lutou – abrangendo famílias/gerações. Não estamos
a falar de criminosos que teriam amealhado recursos por meios ilícitos – que também
os há - mas de cidadãos que pela sua iniciativa, pelo trabalho e sucesso dos
empreendimentos a que meteram ombros, próprios e alheios – os empreendedores não são uma descoberta
do nosso tempo – aforraram, investiram e ganharam para assegurar o seu futuro e
o dos seus. São pequenos médios e grandes patrimónios, vidas livres da tutela de patrões e de tiranias de todas as estirpes, mais ou menos
florescentes , mais ou menos cuidados, acima de tudo, assumidamente, diversos. Sempre podem ocorrer cataclismos – terramotos, guerras,
incêndios, bancarrotas – mas foram criados, ao longo do tempo, seguros para cobertura
dos riscos, mútuas, um modelo de contrato social que é o fundamento essencial
da nossa forma de organização política e social, de um modo de viver em sociedade. A Europa
organizou-se, no pós 2ª guerra, sob um modelo, com a marca UE, evolutivo na diversidade de nações (algumas delas federadas em estados),
que nesse modelo de organização buscaram prosperidade, que se julgava assentar num compromisso pela
manutenção da paz, na solidariedade e no socorro mútuo em caso de
calamidade, fosse de que tipo fosse. Ao que somos dados assistir hoje, agora, aqui,
em palavras simples, é à vitória da ditadura do dinheiro que sequestrou a
coesão e a solidariedade social. Começam a chover os sinais de desagregação dos valores fundamentais em que assentou o mais longo período de paz na Europa.
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