Mostrar mensagens com a etiqueta LUGARES. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta LUGARES. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, agosto 24

A FALÉSIA

Conheço razoavelmente bem o mar azul e a costa recortada do Algarve. Da casa dos meus avós maternos, situada num monte, para os lados de Tavira, pode observar-se quase metade da costa algarvia – de Ayamonte a Olhão. Desde criança essa imagem do mar azul ao longe nunca me abandonou. Aquela metade – o sotavento – não tem falésias correspondendo a quase toda a extensão da Ria Formosa. No Barlavento a costa apresenta uma fisionomia diferente onde surgem, nalguns troços, as falésias. Sabemos que, a partir da década de 60, a indústria do turismo tornou o Algarve um destino apetecível. A faixa costeira foi invadida por toda a espécie de empreendimentos, a mor das vezes, construídos sem rei nem roque. A voragem do lucro fácil venceu, quase sempre, a preservação do eco sistema. O desenvolvimento, que cria riqueza, transforma, inevitavelmente, a paisagem. E as novas paisagens construídas, em benefício da indústria turística, nem sempre golpearam a paisagem natural do Algarve. Por vezes beneficiaram-na. Uma discussão antiga. Mas a imagem das grandes máquinas derrubando a falésia na Praia Maria Luísa é brutal. É um elemento da paisagem natural. Não é um mamarracho construído sobre uma falésia. Que culpa tem a falésia de pertencer aquele ambiente natural? A falésia pode desmoronar-se! Os seres humanos que se deitam à sua sombra, apesar dos avisos, podem morrer! Como o mar os pode tragar num golpe traiçoeiro. Como o sol lhes pode marcar para sempre o destino. Não há racionalidade na tragédia. Nem a tragédia deve ser pretexto para arrasar a natureza. Bom! Sempre se pode abrir um processo-crime! Mas não seria necessário preservar a falésia? As marcas? Os indícios? Os deuses devem estar loucos!
.

terça-feira, setembro 23

A MINHA ESCOLA

Fotografia “A Defesa de Faro”

Esta é a Escola que, antigamente, se chamava “Escola Primária de S. Luís”, em Faro, a qual frequentei entre a 1ª e a 4ª classes. Salvo no primeiro dia de aulas fazia, quase sempre, sozinho o caminho a pé, de ida e regresso, entre a minha casa, na Rua Coelho de Melo, e a escola. Desenho na memória as ruas de terra batida, as paredes brancas e o rosto das gentes que comigo se cruzavam. Às vezes, ao longo da caminhada, falava comigo próprio, em voz alta, e preocupava-me quando me apercebia que alguém dava por isso. O que haviam de pensar? A nostalgia do passado não colide, obrigatoriamente, com os desejos do futuro. Passados muitos anos aquela continua a ser a minha escola mas, ao que parece, transformou-se numa escola nova. No mesmo espaço, mas noutro tempo que é o nosso.
.