"Claro que, por princípio, as eleições são boas, e no caso em concreto até já foram validadas. Mas o que fazer quando ganham os maus?"
George W. Bush, sobre a vitória do Hamas nas eleições palestinianas, "Público" 26-01-2006
Interessante reflexão não tanto por si mesma de tantas vezes repetida ao longo da história da democracia, por exemplo, acerca da ascensão de Hitler ou da vitória eleitoral dos integristas na Argélia, seguida de golpe de estado militar, mas pelo efeito boomerang em relação a quem a profere.
“Mas que fazer quando ganham os maus?” foi exactamente o que pensaram – e disseram – a maioria dos próprios americanos e a esmagadora maioria dos povos do mundo islâmico quando Bush ganhou as últimas presidenciais americanas.
A vitória do Hamas, a guerra no Iraque, a radicalização do regime iraniano, e tudo o que aí vem, não é tanto um problema da democracia mas, antes do mais, um problema da estratégia de “potência única” prosseguida pela administração Bush que, como muitos analistas têm sublinhado, ao contrário de combater o terrorismo, tem criado as condições para o robustecer.
“Por princípio as eleições são boas”… com a excepção dos casos em que ganham os “maus” … Qual o critério político, moral, ideológico, jurídico ou cientifico para identificar – e exterminar (!) – os maus? A raça, o credo, a ideologia…?
Quando os amantes da liberdade e da democracia hesitam, ou enveredam por apreciações erradas acerca da natureza dos seus inimigos, o resultado inevitável é a guerra injusta. Espero estar enganado.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, janeiro 27
quinta-feira, janeiro 26
"Se não amas ..."
Fotografia de Yves Noir
(…)
Se não amas o Deus que tu não vês
como hás-de – pois o vês – amar o homem teu irmão?
(…)
Ruy Belo
NO TÚMULO DE SARDANAPALO
O Problema da Habitação
(…)
Se não amas o Deus que tu não vês
como hás-de – pois o vês – amar o homem teu irmão?
(…)
Ruy Belo
NO TÚMULO DE SARDANAPALO
O Problema da Habitação
No Deserto
Paula Rego – No Deserto
Durão Barroso diz que o "verdadeiro teste" ao programa de reformas português virá em 2007
Se não desse para chorar dava para rir. Então o nosso estimado ex-primeiro Ministro, três dias depois da vitória de Cavaco, seu criador, vem exortar o governo socialista a fazer aquilo que ele não fez.
Mais rigor, mais de tudo aquilo que os governos de direita, ao primeiro dos quais presidiu, entre Março de 2002 e Fevereiro de 2005, não realizaram …
O prazo de 2007 não podia ser menos inocente. No segundo semestre de 2007 Portugal assumirá a presidência da EU. A esquerda dá sinais de divisão e o PS, em particular, ameaça deixar Sócrates a pregar no deserto.
O mais tardar a partir dos inícios de 2008 iniciar-se-á o verdadeiro assalto ao poder. São os detentores dos mais altos cargos, protagonistas dos desastres do passado que, com o maior desaforo, anunciam veladamente a estratégia da direita portuguesa: “uma maioria, um governo, um presidente.”
Durão Barroso diz que o "verdadeiro teste" ao programa de reformas português virá em 2007
Se não desse para chorar dava para rir. Então o nosso estimado ex-primeiro Ministro, três dias depois da vitória de Cavaco, seu criador, vem exortar o governo socialista a fazer aquilo que ele não fez.
Mais rigor, mais de tudo aquilo que os governos de direita, ao primeiro dos quais presidiu, entre Março de 2002 e Fevereiro de 2005, não realizaram …
O prazo de 2007 não podia ser menos inocente. No segundo semestre de 2007 Portugal assumirá a presidência da EU. A esquerda dá sinais de divisão e o PS, em particular, ameaça deixar Sócrates a pregar no deserto.
O mais tardar a partir dos inícios de 2008 iniciar-se-á o verdadeiro assalto ao poder. São os detentores dos mais altos cargos, protagonistas dos desastres do passado que, com o maior desaforo, anunciam veladamente a estratégia da direita portuguesa: “uma maioria, um governo, um presidente.”
quarta-feira, janeiro 25
As Praias do Brasil
Imagem daqui
« J´ai toujours aimé la mer sur les plages. Et puis sur les plages désertes de ma jeunesse la boutique a proliféré. Maintenant je n´aime plus que le milieu des océans, là où l´existence des rivages paraît improbable. Mais un jour, à nouveau, sur les plages du Brésil, j´ai compris qu´il n´est pas pour moi de plus grande joie que de fouler un sable vierge á la rencontre d´une lumière sonore, pleine des sifflements de la vague. »
Albert Camus
« J´ai toujours aimé la mer sur les plages. Et puis sur les plages désertes de ma jeunesse la boutique a proliféré. Maintenant je n´aime plus que le milieu des océans, là où l´existence des rivages paraît improbable. Mais un jour, à nouveau, sur les plages du Brésil, j´ai compris qu´il n´est pas pour moi de plus grande joie que de fouler un sable vierge á la rencontre d´une lumière sonore, pleine des sifflements de la vague. »
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
terça-feira, janeiro 24
"e partem ..."
Fotografia de Yves Noir
(…)
e partem por nós dentro todos os caminhos
(…)
Ruy Belo
RUA DO SOL A SANT´ANA
O Problema da Habitação
(…)
e partem por nós dentro todos os caminhos
(…)
Ruy Belo
RUA DO SOL A SANT´ANA
O Problema da Habitação
LOVE
Paula Rego – Love
A magnífica vantagem da democracia, apesar da ignorância e do medo, é o direito à liberdade de opinião. Vemos, ouvimos e lemos. Não é necessário, é mesmo ultrajante, que alguém nos aponte as fronteiras da liberdade.
Quem acreditar que o espaço da liberdade pode ser demarcado está, mais uma vez, a cometer um erro grosseiro. A liberdade não tem fronteiras. Nem donos, nem deuses, simplesmente homens com suas forças e fraquezas.
Quem acreditar que a política, em democracia, pode viver sem partidos, ou contra os partidos, está a cometer outro erro grosseiro. Pois mesmo que se não proclame como partido um movimento que agite a ideia da regeneração dos partidos é, em si mesmo, um partido.
As ideias puras em política quando pretendem passar à acção prática transformam-me ou em tragédia ou em comédia. Aqueles que queiram manter-se fiéis à pureza dos seus ideais devem aplicar, a si próprios, a máxima de Camus que se mantém plenamente actual: “Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário.”
(Depois de uma volta pelos meus blogues favoritos, imediatamente após conhecidos os resultados das eleições presidenciais).
A magnífica vantagem da democracia, apesar da ignorância e do medo, é o direito à liberdade de opinião. Vemos, ouvimos e lemos. Não é necessário, é mesmo ultrajante, que alguém nos aponte as fronteiras da liberdade.
Quem acreditar que o espaço da liberdade pode ser demarcado está, mais uma vez, a cometer um erro grosseiro. A liberdade não tem fronteiras. Nem donos, nem deuses, simplesmente homens com suas forças e fraquezas.
Quem acreditar que a política, em democracia, pode viver sem partidos, ou contra os partidos, está a cometer outro erro grosseiro. Pois mesmo que se não proclame como partido um movimento que agite a ideia da regeneração dos partidos é, em si mesmo, um partido.
As ideias puras em política quando pretendem passar à acção prática transformam-me ou em tragédia ou em comédia. Aqueles que queiram manter-se fiéis à pureza dos seus ideais devem aplicar, a si próprios, a máxima de Camus que se mantém plenamente actual: “Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário.”
(Depois de uma volta pelos meus blogues favoritos, imediatamente após conhecidos os resultados das eleições presidenciais).
segunda-feira, janeiro 23
"À Buchenwald..."
Imagem daqui
À Buchenwald, un petit Français, à l´arrivée demande à parler à part au fonctionnaire, lui-même prisonnier, qui l´accueille: “C´est que voyez-vous, mon cas est exceptionnel, je suis innocent.”
Albert Camus
À Buchenwald, un petit Français, à l´arrivée demande à parler à part au fonctionnaire, lui-même prisonnier, qui l´accueille: “C´est que voyez-vous, mon cas est exceptionnel, je suis innocent.”
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
"Um verdadeiro amigo ..."
Fotografia de Yves Noir
(…)
Um verdadeiro amigo repovoa uma cidade
um templo o coração o último jardim
(…)
Ruy Belo
(…)
Um verdadeiro amigo repovoa uma cidade
um templo o coração o último jardim
(…)
Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
Problema da Habitação
CAVACO AGUENTOU A INVESTIDA DAS URNAS
Fotografia de Angèle
Cavaco aguentou a investida das urnas. Merece a ilustração acima. Ganhou com cerca de 64.000 votos de diferença face à soma dos votos obtidos pelos restantes candidatos. Bastava um só voto mas é, em qualquer caso, uma vitória escassa face às expectativas da direita. Mas em democracia por um voto se ganha, por um voto se perde.
Soares fez uma declaração de derrota à altura dos seus pergaminhos de democrata. Fiquei, apesar de tudo, confortado. Saber perder é uma grande virtude nas sociedades civilizadas. Honra seja feita. Não ouvi a declaração de Cavaco, pois tenho (temos) muito tempo para o ouvir (10 anos?).
Conclusões breves:
1) A divisão da esquerda pode ter favorecido a vitória de Cavaco, mas um candidato único, apoiado pelo PS, seria sempre vítima do efeito do “voto de punição” face às políticas do governo; a divisão da esquerda é, além do mais, uma consequência inevitável das suas diferenças cuja exposição captou votos que uma candidatura unitária de esquerda afastaria;
2) Com a presente configuração dos resultados a eleição de Cavaco à primeira volta é menos penalizadora para o PS, e para o governo, pois o PS teria enormes dificuldades em manter-se unido no apoio a uma candidatura de Alegre na 2ª volta;
3) Cavaco precisa de tempo para iniciar o processo de reagrupamento do centro direita em torno do PSD enquanto espera recolher os frutos das políticas reformistas do governo PS;
4) A acção presidencial de desgaste do governo PS está limitada pela presidência portuguesa da UE, no segundo semestre de 2007, pelo que a instabilidade política far-se-á sentir, a sério, somente a partir de inícios de 2008, considerando que a legislatura termina em Outubro de 2009;
5) Cavaco corre o risco, no entanto, de desagradar, a breve prazo, ao eleitorado de centro esquerda que nele votou na expectativa de sua acção moderadora face às inevitável medidas impopulares resultantes da acção reformista do governo;
6) A liderança de Sócrates não ficará substancialmente fragilizada face ao desaire eleitoral se souber assimilar internamente as consequências políticas do resultado de Alegre;
7) Pode ter vencido, nesta eleição, a “solução cínica” que vaticinei em 8 de Fevereiro de 2005, num post intitulado “A Hora das Grandes Decisões”, face a uma notícia que atribuía a maioria absoluta ao PS nas legislativas de 20 de Fevereiro desse mês, mas mantenho a ideia chave que a vitória de Cavaco é, no essencial, a médio prazo, um factor de instabilidade política.
Cavaco aguentou a investida das urnas. Merece a ilustração acima. Ganhou com cerca de 64.000 votos de diferença face à soma dos votos obtidos pelos restantes candidatos. Bastava um só voto mas é, em qualquer caso, uma vitória escassa face às expectativas da direita. Mas em democracia por um voto se ganha, por um voto se perde.
Soares fez uma declaração de derrota à altura dos seus pergaminhos de democrata. Fiquei, apesar de tudo, confortado. Saber perder é uma grande virtude nas sociedades civilizadas. Honra seja feita. Não ouvi a declaração de Cavaco, pois tenho (temos) muito tempo para o ouvir (10 anos?).
Conclusões breves:
1) A divisão da esquerda pode ter favorecido a vitória de Cavaco, mas um candidato único, apoiado pelo PS, seria sempre vítima do efeito do “voto de punição” face às políticas do governo; a divisão da esquerda é, além do mais, uma consequência inevitável das suas diferenças cuja exposição captou votos que uma candidatura unitária de esquerda afastaria;
2) Com a presente configuração dos resultados a eleição de Cavaco à primeira volta é menos penalizadora para o PS, e para o governo, pois o PS teria enormes dificuldades em manter-se unido no apoio a uma candidatura de Alegre na 2ª volta;
3) Cavaco precisa de tempo para iniciar o processo de reagrupamento do centro direita em torno do PSD enquanto espera recolher os frutos das políticas reformistas do governo PS;
4) A acção presidencial de desgaste do governo PS está limitada pela presidência portuguesa da UE, no segundo semestre de 2007, pelo que a instabilidade política far-se-á sentir, a sério, somente a partir de inícios de 2008, considerando que a legislatura termina em Outubro de 2009;
5) Cavaco corre o risco, no entanto, de desagradar, a breve prazo, ao eleitorado de centro esquerda que nele votou na expectativa de sua acção moderadora face às inevitável medidas impopulares resultantes da acção reformista do governo;
6) A liderança de Sócrates não ficará substancialmente fragilizada face ao desaire eleitoral se souber assimilar internamente as consequências políticas do resultado de Alegre;
7) Pode ter vencido, nesta eleição, a “solução cínica” que vaticinei em 8 de Fevereiro de 2005, num post intitulado “A Hora das Grandes Decisões”, face a uma notícia que atribuía a maioria absoluta ao PS nas legislativas de 20 de Fevereiro desse mês, mas mantenho a ideia chave que a vitória de Cavaco é, no essencial, a médio prazo, um factor de instabilidade política.
domingo, janeiro 22
PAR DE BOTAS
As primeiras projecções dos resultados acabam de ser divulgadas. Nada de surpreendente. Cavaco na frente, provável vencedor à primeira volta. Alegre mais votado que Soares. Jerónimo mais votado que Louçã.
Li hoje, dia de eleições presidenciais, devagar, algumas páginas dos Cadernos de Camus.
Na sequência dessa leitura surgiu a frase, curta e certeira, que pode ser a legenda para o provável resultado destas presidenciais:
“Char propose comme devise: Liberté, Inégalité, Fraternité.”
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
"E começo a cantar ..."
Fotografia de Yves Noir
(…)
E começo a cantar
como quem do poema se esqueceu
e sente viva em si a natureza que só em si viveu
(…)
Ruy Belo
(…)
E começo a cantar
como quem do poema se esqueceu
e sente viva em si a natureza que só em si viveu
(…)
Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
Problema da Habitação
O MAR
Azenhas do Mar
O mar não dorme no sossego
Da bonança que ora me toma
Azenhas do Mar, 20 de Janeiro de 2006
O mar não dorme no sossego
Da bonança que ora me toma
Azenhas do Mar, 20 de Janeiro de 2006
sábado, janeiro 21
MÁRIO SOARES
Tomei partido por Mário Soares só após a sua decisão de se candidatar. Era um candidato possível que, durante muito tempo, foi dado como “acabado” para este tipo de lides.
Nos últimos dias de campanha, em particular, mesmo no último, mostrou uma capacidade física e uma jovialidade discursiva notáveis.
Muitas vezes aventei a viabilidade da sua candidatura mas ninguém me levava a sério. Outros foram mais audazes.
Já o escrevi, expliquei e repliquei: sempre votei em Mário Soares. Amanhã, de novo, serei fiel a mim próprio: Mário Soares.
Aconteça o que acontecer, bem-haja.
Nos últimos dias de campanha, em particular, mesmo no último, mostrou uma capacidade física e uma jovialidade discursiva notáveis.
Muitas vezes aventei a viabilidade da sua candidatura mas ninguém me levava a sério. Outros foram mais audazes.
Já o escrevi, expliquei e repliquei: sempre votei em Mário Soares. Amanhã, de novo, serei fiel a mim próprio: Mário Soares.
Aconteça o que acontecer, bem-haja.
"Não sou moderno"
“Pequena baía antes de Tenés, na base de uma cadeia de montanhas. Semicírculo perfeito. Ao cair da noite uma plenitude angustiada plana sobre as águas silenciosas. Compreende-se então porque é que os Gregos formaram a ideia do desespero e da tragédia sempre através da beleza e do que nela há de opressivo. É uma tragédia que culmina. Ao passo que o espírito moderno produz o seu desespero a partir da fealdade e do medíocre.
É o que Char quer dizer talvez. Para os Gregos, a beleza é o ponto de partida. Para um europeu, é um fim, raramente atingido. Não sou moderno.”
Albert Camus
Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948) -1964-Editions Gallimard, tradução de
António Ramos Rosa, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”.
sexta-feira, janeiro 20
ANOITECE
Fotografia de José Marafona
A noite anoitece, apuro o ouvido
É o búzio da infância doutro mar
O que me assobia e me entristece
Azenhas do Mar, 8 de Janeiro de 2006
A noite anoitece, apuro o ouvido
É o búzio da infância doutro mar
O que me assobia e me entristece
Azenhas do Mar, 8 de Janeiro de 2006
quinta-feira, janeiro 19
DÁLIAS
Imagem daqui
(…)
nas dálias de um jardim deixámos resumida a infância
(…)
Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
O Problema da Habitação
(…)
nas dálias de um jardim deixámos resumida a infância
(…)
Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
O Problema da Habitação
O PREDADOR DOS TEMPOS DE ANTENA
Para quem ainda tivesse dúvidas acerca da desigualdade da exposição mediática dos candidatos presidenciais a marktest esclarece:
Na primeira semana de 2006, foi Cavaco Silva o candidato presidencial que protagonizou mais tempo de informação televisiva, de acordo com os dados do serviço Telenews da MediaMonitor.
Cavaco – por artes mágicas – é tratado como se fosse candidato único. Jerónimo, no extremo oposto, é tratado como se fosse representante de um grupúsculo político.
Uma vergonha! Mas aqui d´el rei quem a denuncie!
Na primeira semana de 2006, foi Cavaco Silva o candidato presidencial que protagonizou mais tempo de informação televisiva, de acordo com os dados do serviço Telenews da MediaMonitor.
Cavaco – por artes mágicas – é tratado como se fosse candidato único. Jerónimo, no extremo oposto, é tratado como se fosse representante de um grupúsculo político.
Uma vergonha! Mas aqui d´el rei quem a denuncie!
Um Edifício do Futuro
O Primeiro-ministro de Portugal, inaugurou hoje, no INETI, um edifício denominado de Edifício Solar XXI.
É um edifício projectado e construído por Portugueses, por uma nova geração de Arquitectos e Engenheiros que acredita que o “caminho se faz caminhando” e construindo, pensando no futuro e daí o nome Edifício Solar XXI.
Primeiro porque é um edifício que usa o SOL, como fonte de energia, os painéis na sua fachada produzem energia eléctrica que é consumida pelo próprio edifício e, no futuro, os edifícios serão assim construídos.
Em segundo lugar é um edifício que pensou no ambiente, pois pouco consome em termos de energia e pouco emite em termos dos denominados Gases de Efeito de Estufa.
E, em terceiro lugar, é um edifício que pensa no cidadão utilizador; reduzindo o consumo energético a factura é mais pequena e finalmente permite um conforto térmico, no seu interior, maior do que em qualquer outro edifício.
O plano tecnológico pode ser também isto, o somatório de iniciativas e projectos, grandes ou pequenos, mas marcantes em determinado momento histórico.
Hélder Gonçalves
É um edifício projectado e construído por Portugueses, por uma nova geração de Arquitectos e Engenheiros que acredita que o “caminho se faz caminhando” e construindo, pensando no futuro e daí o nome Edifício Solar XXI.
Primeiro porque é um edifício que usa o SOL, como fonte de energia, os painéis na sua fachada produzem energia eléctrica que é consumida pelo próprio edifício e, no futuro, os edifícios serão assim construídos.
Em segundo lugar é um edifício que pensou no ambiente, pois pouco consome em termos de energia e pouco emite em termos dos denominados Gases de Efeito de Estufa.
E, em terceiro lugar, é um edifício que pensa no cidadão utilizador; reduzindo o consumo energético a factura é mais pequena e finalmente permite um conforto térmico, no seu interior, maior do que em qualquer outro edifício.
O plano tecnológico pode ser também isto, o somatório de iniciativas e projectos, grandes ou pequenos, mas marcantes em determinado momento histórico.
Hélder Gonçalves
quarta-feira, janeiro 18
INVESTIDA FINAL: AS URNAS
Fotografia de Angèle
Quando o debate na política é diabolizado algo vai mal no reino da democracia. Assim foi desde o início desta campanha presidencial. Cavaco não é, certamente, um aspirante a ditador mas colocou, até ao fim, o debate como uma realidade, no mínimo, excêntrica à política quando, afinal, é a sua essência.
A comunicação social replica os diálogos dos cidadãos com Soares, e vice-versa, como a evidência de uma rejeição do candidato que se expõe à opinião crítica. A frontalidade política de Soares, em campanha eleitoral, passa para a opinião pública como acto descortês, senão mesmo de soberba, ou malcriado.
Cavaco, no debate político, faz o género do touro manso, que encosta às tábuas, não investe quando citado a preceito, mas que, à falsa fé, é capaz de uma cornada fatal que perfura o intestino do lidador.
Elevado ao pedestal do vencedor antecipado os idólatras de Cavaco imaginam-no dando voltas à arena exibindo três orelhas e um rabo.
Aguardem, tranquilos, até ao fim, não vá o matador ser colhido, na derradeira sorte, pela única e verdadeira investida final: as urnas.
Quando o debate na política é diabolizado algo vai mal no reino da democracia. Assim foi desde o início desta campanha presidencial. Cavaco não é, certamente, um aspirante a ditador mas colocou, até ao fim, o debate como uma realidade, no mínimo, excêntrica à política quando, afinal, é a sua essência.
A comunicação social replica os diálogos dos cidadãos com Soares, e vice-versa, como a evidência de uma rejeição do candidato que se expõe à opinião crítica. A frontalidade política de Soares, em campanha eleitoral, passa para a opinião pública como acto descortês, senão mesmo de soberba, ou malcriado.
Cavaco, no debate político, faz o género do touro manso, que encosta às tábuas, não investe quando citado a preceito, mas que, à falsa fé, é capaz de uma cornada fatal que perfura o intestino do lidador.
Elevado ao pedestal do vencedor antecipado os idólatras de Cavaco imaginam-no dando voltas à arena exibindo três orelhas e um rabo.
Aguardem, tranquilos, até ao fim, não vá o matador ser colhido, na derradeira sorte, pela única e verdadeira investida final: as urnas.
terça-feira, janeiro 17
PRESIDENCIAIS - POLÍTICA OU O QUÊ?
Paula Rego
"Mário Soares anuncia que Estaleiros Navais de Viana do Castelo não vão ser privatizados"
Soares afirmou algo que a maioria dos trabalhadores, dos Estaleiros de Viana, e não só, gostam de ouvir. Aqui d´el rei! Se apoiar as medidas do governo, aqui d´el rei! Se atacar as políticas do governo aqui d´el rei!
Hoje Soares colocou em cima da mesa a grande questão destas eleições presidenciais: o governo socialista e a sua política reformista. O que está para além do papel moderador do PR, o que está para além dos poderes formais, positivos ou negativos, do PR, os poderes da chamada “magistratura de influência”.
Não são os arautos da candidatura de Cavaco que defendem a tese do reforço dos poderes do PR? Que possa até presidir a conselhos de ministros? Que tenha um papel mais activo nas área da economia e finanças? Não é disso que muitos comentadores dizem que o povo gosta e o país precisa?
Soares não pode anunciar as boas notícias aos trabalhadores mesmo quando o governo confirma nunca ter anunciado as más?
A campanha para as eleições presidenciais é um acto político ou uma romagem de saudade ao país ancestral do beija-mão?
"Mário Soares anuncia que Estaleiros Navais de Viana do Castelo não vão ser privatizados"
Soares afirmou algo que a maioria dos trabalhadores, dos Estaleiros de Viana, e não só, gostam de ouvir. Aqui d´el rei! Se apoiar as medidas do governo, aqui d´el rei! Se atacar as políticas do governo aqui d´el rei!
Hoje Soares colocou em cima da mesa a grande questão destas eleições presidenciais: o governo socialista e a sua política reformista. O que está para além do papel moderador do PR, o que está para além dos poderes formais, positivos ou negativos, do PR, os poderes da chamada “magistratura de influência”.
Não são os arautos da candidatura de Cavaco que defendem a tese do reforço dos poderes do PR? Que possa até presidir a conselhos de ministros? Que tenha um papel mais activo nas área da economia e finanças? Não é disso que muitos comentadores dizem que o povo gosta e o país precisa?
Soares não pode anunciar as boas notícias aos trabalhadores mesmo quando o governo confirma nunca ter anunciado as más?
A campanha para as eleições presidenciais é um acto político ou uma romagem de saudade ao país ancestral do beija-mão?
PRINCE CASPIAN
Fotografia de Philippe Pache
(…)
Quantas vezes descemos nós do sóbrio tronco ou provámos a água
que de uns primeiros olhos para nós se erguia
sobre o rugir oceânico das árvores despertas
e as lágrimas na face das palavras primitivas?
(…)
Ruy Belo
(…)
Quantas vezes descemos nós do sóbrio tronco ou provámos a água
que de uns primeiros olhos para nós se erguia
sobre o rugir oceânico das árvores despertas
e as lágrimas na face das palavras primitivas?
(…)
Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
Problema da Habitação
segunda-feira, janeiro 16
HAJA RESPEITO!
Um dia numa instituição na qual trabalhei num alto cargo de chefia reparei que alguém tinha tomada iniciativa administrativa de pedir facturas detalhadas das chamadas feitas através dos telemóveis dos dirigentes.
Nada de extraordinário até ao dia em que confirmei que a sua leitura fazia o gáudio de alguns que se dedicavam a espreitar os fluxos telefónicos e a tentar reconstruir as vidas dos seus titulares.
Na hora tomei a decisão de fazer com que se solicitassem, como regra, facturas simples e, como excepção, caso fosse necessário, facturas detalhadas. Os portugueses têm uma atracção doentia para espreitar para dentro da vida dos outros.
Não me espanta o caso do “envelope 9”, nem os excessos nas escutas telefónicas, é a bisbilhotice, arreigada no quotidiano dos portugueses, elevada à dignidade de instituição para a defesa do ordem e dos bons costumes.
Um pouco mais de Portugal e um pouco menos de Europa, ficaria aberto o caminho para os arautos da tirania surgirem de peito descoberto. Por enquanto marcham, contrariados, em silêncio compungido, na sombra do chefe, pois nos países civilizados os debates se combinam antes das eleições e o chefe não faz nada “para descredibilizar a democracia ou faltar ao respeito aos portugueses”.
Haja Deus!
Nada de extraordinário até ao dia em que confirmei que a sua leitura fazia o gáudio de alguns que se dedicavam a espreitar os fluxos telefónicos e a tentar reconstruir as vidas dos seus titulares.
Na hora tomei a decisão de fazer com que se solicitassem, como regra, facturas simples e, como excepção, caso fosse necessário, facturas detalhadas. Os portugueses têm uma atracção doentia para espreitar para dentro da vida dos outros.
Não me espanta o caso do “envelope 9”, nem os excessos nas escutas telefónicas, é a bisbilhotice, arreigada no quotidiano dos portugueses, elevada à dignidade de instituição para a defesa do ordem e dos bons costumes.
Um pouco mais de Portugal e um pouco menos de Europa, ficaria aberto o caminho para os arautos da tirania surgirem de peito descoberto. Por enquanto marcham, contrariados, em silêncio compungido, na sombra do chefe, pois nos países civilizados os debates se combinam antes das eleições e o chefe não faz nada “para descredibilizar a democracia ou faltar ao respeito aos portugueses”.
Haja Deus!
VILLA-LOBOS
Imagem daqui
«28 février 1952. La découverte du Brésil, de Villa-Lobos – avec lui la grandeur revient dans la musique. Chef-d´œuvre – je ne vois que Falla aussi grand.»
Albert Camus
«28 février 1952. La découverte du Brésil, de Villa-Lobos – avec lui la grandeur revient dans la musique. Chef-d´œuvre – je ne vois que Falla aussi grand.»
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
Subscrever:
Mensagens (Atom)