"Claro que, por princípio, as eleições são boas, e no caso em concreto até já foram validadas. Mas o que fazer quando ganham os maus?"
George W. Bush, sobre a vitória do Hamas nas eleições palestinianas, "Público" 26-01-2006
Interessante reflexão não tanto por si mesma de tantas vezes repetida ao longo da história da democracia, por exemplo, acerca da ascensão de Hitler ou da vitória eleitoral dos integristas na Argélia, seguida de golpe de estado militar, mas pelo efeito boomerang em relação a quem a profere.
“Mas que fazer quando ganham os maus?” foi exactamente o que pensaram – e disseram – a maioria dos próprios americanos e a esmagadora maioria dos povos do mundo islâmico quando Bush ganhou as últimas presidenciais americanas.
A vitória do Hamas, a guerra no Iraque, a radicalização do regime iraniano, e tudo o que aí vem, não é tanto um problema da democracia mas, antes do mais, um problema da estratégia de “potência única” prosseguida pela administração Bush que, como muitos analistas têm sublinhado, ao contrário de combater o terrorismo, tem criado as condições para o robustecer.
“Por princípio as eleições são boas”… com a excepção dos casos em que ganham os “maus” … Qual o critério político, moral, ideológico, jurídico ou cientifico para identificar – e exterminar (!) – os maus? A raça, o credo, a ideologia…?
Quando os amantes da liberdade e da democracia hesitam, ou enveredam por apreciações erradas acerca da natureza dos seus inimigos, o resultado inevitável é a guerra injusta. Espero estar enganado.
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