Van Gogh – Retrato do Dr. Gachet - 1890 ( junho )
As eleições presidenciais revelaram três fenómenos interessantes dois dos quais têm sido quase esquecidos.
O primeiro fenómeno é a emergência de uma fobia social aos velhos, qualquer coisa que se poderia denominar gerontefobia, [geronte – do grego, “velho” (*)] que a candidatura de Mário Soares revelou. Dir-me-ão que se reuniram no personagem todas as rejeições possíveis de congregar no tempo e no lugar – o máximo denominador comum de todos os descontentamentos.
Não creio que seja só isso e é mais do que isso. É a revelação de um impressionante desprezo social pelos velhos e, mais impressionante ainda, a revelação da acrimónia dos velhos em relação a si próprios. Terrível e monstruoso fenómeno que tenderá a crescer – caso se desmereça a sua abordagem – ao longo dos tempos vindouros.
Os velhos serão os judeus do próximo holocausto e, eles próprios, como os condenados do “Goulag”, se darão por “culpados” apesar de se saberem “inocentes”.
O segundo fenómeno, de sentido contrário, foi o apagamento, nas presidenciais, das expressões políticas do populismo de direita. Os populismos de direita, e extrema-direita, não deixaram de existir mas Cavaco retirou-lhes espaço político aspirando os sentimentos revanchistas para um terreno potencial de concórdia nacional.
Os perigos do bloco central são incomensuravelmente menos ruinosos para a salvaguarda do essencial da democracia e da liberdade do que a tomada de parcelas do poder por facções políticas organizadas expressando os interesses e as ideologias de quaisquer populismos ou extremismos.
O terceiro fenómeno é tudo apontar para que Alegre, e os seus apoiantes, se deram conta do significado do resultado das eleições tendo refreado os ímpetos de alguns arrivistas, que sempre encontram aconchego nos “albergues espanhóis”, no sentido de dividir o PS e abater o governo maioritário socialista em troca da glória efémera de um dia de poder virtual.
Nada substitui a vertigem de um bom combate político mas, chegado o momento da verdade, a realidade é o remédio mais eficaz para combater a mais forte das desilusões. E a realidade é uma Assembleia da República com uma maioria socialista que legisla, um Governo do PS que governa, um Presidente do centro-direita que preside. Cada uma das instituições com o seu papel tendo os seus titulares sido eleitos pelo povo. Não é, convenhamos, nada mau.
As eleições presidenciais revelaram três fenómenos interessantes dois dos quais têm sido quase esquecidos.
O primeiro fenómeno é a emergência de uma fobia social aos velhos, qualquer coisa que se poderia denominar gerontefobia, [geronte – do grego, “velho” (*)] que a candidatura de Mário Soares revelou. Dir-me-ão que se reuniram no personagem todas as rejeições possíveis de congregar no tempo e no lugar – o máximo denominador comum de todos os descontentamentos.
Não creio que seja só isso e é mais do que isso. É a revelação de um impressionante desprezo social pelos velhos e, mais impressionante ainda, a revelação da acrimónia dos velhos em relação a si próprios. Terrível e monstruoso fenómeno que tenderá a crescer – caso se desmereça a sua abordagem – ao longo dos tempos vindouros.
Os velhos serão os judeus do próximo holocausto e, eles próprios, como os condenados do “Goulag”, se darão por “culpados” apesar de se saberem “inocentes”.
O segundo fenómeno, de sentido contrário, foi o apagamento, nas presidenciais, das expressões políticas do populismo de direita. Os populismos de direita, e extrema-direita, não deixaram de existir mas Cavaco retirou-lhes espaço político aspirando os sentimentos revanchistas para um terreno potencial de concórdia nacional.
Os perigos do bloco central são incomensuravelmente menos ruinosos para a salvaguarda do essencial da democracia e da liberdade do que a tomada de parcelas do poder por facções políticas organizadas expressando os interesses e as ideologias de quaisquer populismos ou extremismos.
O terceiro fenómeno é tudo apontar para que Alegre, e os seus apoiantes, se deram conta do significado do resultado das eleições tendo refreado os ímpetos de alguns arrivistas, que sempre encontram aconchego nos “albergues espanhóis”, no sentido de dividir o PS e abater o governo maioritário socialista em troca da glória efémera de um dia de poder virtual.
Nada substitui a vertigem de um bom combate político mas, chegado o momento da verdade, a realidade é o remédio mais eficaz para combater a mais forte das desilusões. E a realidade é uma Assembleia da República com uma maioria socialista que legisla, um Governo do PS que governa, um Presidente do centro-direita que preside. Cada uma das instituições com o seu papel tendo os seus titulares sido eleitos pelo povo. Não é, convenhamos, nada mau.
Para todos os que desdenham da ordem política vigente o período pós eleitoral é um aborrecimento. Mas, sem prejuízo do dever de condenarmos todas as injustiças que se pratiquem à sombra deste regime, como dizia Winston Churchill: "O preço da grandeza é a responsabilidade."
(*) “cada um dos 28 magistrados , com idade superior a 60 anos, que formavam em Esparta e em outras cidades da Grécia antiga, o Senado, órgão com importantes competências jurisdicionais e políticas” - Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa.