domingo, dezembro 3

CAMUS - CASAMENTO, ADESÃO AO PARTIDO COMUNISTA E PAIXÃO PELO TEATRO


Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução e Cronologia (1)

1934

16 de Junho – Camus casa com Simone Hié, uma jovem de vinte anos (Camus tinha a mesma idade), sedutora e morfinómana, filha de um prestigiado oftalmologista de Argel; conheceu-a um ou dois anos antes através de Max-Pol Fouchet. O casal instala-se em Hydra e as suas relações depressa se tornam tempestuosas.

1935

Maio – Camus começa a escrever os “Carnets”.
Junho – Obtém a licenciatura em Filosofia.
Agosto ou Setembro – Adere ao Partido Comunista, sob a influência de Fréminville e J. Grenier, assumindo tarefas de propaganda nos meios muçulmanos (outras fontes biográficas situam esta adesão em 1934).

Outono – Funda, com alguns amigos, o “Théâtre du Travail”. Com dois jovens professores argelinos, Yves Bourgeois e Alfred Poignant, e uma amiga, Jeanne-Paule Sicard, escreve um “essai de création collective”: “Révolte dans les Asturies” (Peça de teatro em quatro actos que é a sua primeira obra publicada).
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“La passion du théâtre.

Peut-être est-ce pour échapper au moins un moment à la solitude, et en retrouver ensuite le désir, que Camus s’est tourné vers le théâtre ; il y a exercé toutes les activités liées à la représentation, tout en affrontant l’écriture dramatique : «J’ai écrit pour le théâtre parce que je jouais et je mettais en scène.» (…) «le plus haut des genres littéraires et en tout cas le plus universel» (…) «une scène de théâtre est un des lieux du monde où je suis heureux».

(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
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sábado, dezembro 2

O TERRORISMO NÃO PASSOU POR ALI

Posted by Picasa Imagem Daqui

As notícias dos envenenamentos de Londres nunca falam de terrorismo. Interessante!!! Não foi identificada uma substância radioactiva? Não estão a ser encontrados vestígios dessa substância em várias pessoas e equipamentos colectivos em Londres. Alguma vez as chamadas “forças do mal” usaram substâncias radioactivas nas suas acções? Londres não é a capital do mais importante aliado político e militar dos USA no combate ao terrorismo internacional? Então em Londres foram usadas essas substâncias como uma arma e não se convoca o ataque ao terrorismo como argumento para investir contra os suspeitos? Não há suspeitos? A polícia não persegue os suspeitos? Não atira contra ninguém? Não se trata de um ataque terrorista, é isso! Podemos ficar descansados: a utilização de substâncias radioactivas para matar no coração de Londres não é uma acção classificável como terrorista. Podemos dormir em paz!

Retrato carnal de um dia líquido

Posted by Picasa Fotografia de Simon Gris

Fui deitar-me perto da janela e ouvi o vento
Agucei o ouvido recolhendo o som da chuva
Que corria pelos canais abertos da memória
Deixa-me ficar calmo a ver o corpo enxugar

Lisboa, 24 de Novembro de 2006

quinta-feira, novembro 30

Espanha, desenvolvimento e imigração

Posted by Picasa Fotografia de Nanã Sousa Dias

O artigo com o título em epígrafe está disponível, na íntegra, no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR.

“O tema da imigração está na ordem do dia sendo considerado, por muitos estudiosos, como o problema social mais importante da Europa do nosso tempo. Nele se entrecruzam a demografia e o emprego, a economia e a coesão social, a segurança e a globalização, a paz e a guerra, as migrações e os novos esclavagismos, a integração e a exclusão, a religião e a liberdade, enfim, as grandes questões que marcam as agendas dos governos e das organizações supra nacionais.”

FERNANDO PESSOA

Posted by Picasa 1935. Última fotografia de Fernando Pessoa

FERNANDO PESSOA – 13 de Junho de 1888-30 de Novembro de 1935

ODE

Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade
De rosas –
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.

Ricardo Reis

quarta-feira, novembro 29

EM 11 DE FEVEREIRO VOTO SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM.

A VERDADE TORNA MAIS FORTE A DEMOCRACIA

Posted by Picasa Imagem daqui

A cimeira das Lajes foi o palco mediático da declaração de guerra ao Iraque. Mas, como é da praxe, escondeu a guerra suja. Prisões secretas em território de países da EU, escalas para voos secretos transportando prisioneiros e tudo o mais que nunca se virá a saber. Podem dar as voltas que quiserem mas na luta contra o terrorismo, como em tudo, os fins não justificam os meios.

Os dirigentes das democracias ocidentais – incluindo o actual presidente da Comissão Europeia – José Manuel Barroso, devem uma explicação aos respectivos povos e, em geral, aos europeus acerca das conclusões que se anunciam da comissão criada pelo próprio Parlamento Europeu.

Ou pensam que ficarão impunes por desrespeitarem os princípios de defesa dos direitos humanos que proclamam, todos os dias, aos quatro ventos. Ficamos todos à espera de explicações. Eu sei que o assunto se vai tornar banal, velho, suspeito, maçador, mas, por mim, não deixarei de lembrar a presença de José Manuel Barroso na cimeira das Lajes e a sua conivência com a desastrada política de guerra de Bush.
Até que a voz me doa!

terça-feira, novembro 28

R E C K O N

Posted by Picasa “A imagem é belíssima e o site vale bem mais do que uma visita.”

Foi este o comentário que hfm deixou a propósito da imagem de Camus que ilustra um post anterior. É, de facto, uma maravilha …

SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM.

CAMUS - PRIMEIRAS OBRAS E ADESÃO AO MOVIMENTO ANTIFASCISTA

Posted by Picasa Imagem Daqui

Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução e Cronologia (1)

1932

Março : Camus publica no Sud «Un nouveau Verlaine».
Maio : publica no Sud «Le Poète da la misère, Jehan Rictus”.
Junho: publica no Sud «La philosophie du siècle» (sobre Bergson) e «Sur la musique». Obtém a segunda parte do « baccalauréat » com a menção de muito bom.
Aprendeu a apreciar melhor Gide graças ao “Journal”, ao ponto de o preferir a qualquer outro escritor; pelo contrário detesta Cocteau. Jean Grenier fá-lo descobrir Proust, que se torna a sua figura do “artista”.

1933

É provavelmente o ano em que Camus escreve uma novela cujo personagem principal dá pelo nome de Béritha e que se perdeu; o assunto é conhecido através de uma nota que ele endereça a Max-Pol Fouchet, de quem se tornou amigo.
30 de Janeiro: Hitler toma o poder na Alemanha. Camus cedo começa a militar no movimento antifascista Amsterdam-Pleyel.
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« Camus a découvert le jardin de la culture grâce à l´école, aux livres, à ses maîtres, bientôt aux « intercesseurs » qu´il se choisit, au sens baudelairien du terme, et parmi lesquels figure Baudelaire lui-même ; … la lecture de Gide est capitale, comme celle de Malraux, de Montherlant – mais aussi de Nietzsche ; Camus est fasciné par les classiques – Pascal, Molière -, par Stendhal ou Proust, mais il lit aussi les écrivains de la NRF et ne peut être insensible à l’exemple de Jean Grenier, qui offre à ses étudiants le modèle d’un philosophe élaborant devant eux sa pensée. Camus ne se contente pas d’apprendre, de recevoir, il commence à bâtir son propre édifice. »

(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
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O IMPÉRIO DO MEIO

segunda-feira, novembro 27

ELEIÇÕES NO EQUADOR


Será uma estratégia da administração Bush? Na América Latina, eleição após eleição, os candidatos da esquerda, de feição populista, vão tomando o poder. A herança da administração Bush torna-se, dia a dia, mais pesada. A cimeira dos Açores abriu o caminho para uma derrota global dos neo conservadores e dos seus apoiantes.

Espera-se, ansiosamente, que José Manuel Barroso, o anfitrião daquela cimeira, se pronuncie acerca dos últimos desenvolvimentos políticos e militares na cena internacional. Pode mesmo ser numa das múltiplas entrevistas, aparições e declarações que tem produzido para consumo interno. Diga lá qualquer coisinha que vá além da Taprobana.

UM ABRAÇO

Posted by Picasa Miró

Só agora mesmo liguei o Respirar à Celta, afinal, a Maria José Margarido. O que fazer? Assinar por baixo dos silêncios. Abraçar o amigo JPN [Joaquim Paulo Nogueira]. Há gestos que não cabem nas palavras.

domingo, novembro 26

CESARINY - A ÚLTIMA ENTREVISTA

MÁRIO CESARINY MORREU

Posted by Picasa Fotografia Daqui

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício]
e cair verticalmente no vício

Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny

JORGE DE SENA

Posted by Picasa Nubar Alexanian

“Que fazer? Exorcismos. E depois vagar como Camões numa ilha perdida, meditar sobre esta praia aonde a humanidade se desnude, e declarar simplesmente que terminamos (e começamos) por ter de declarar: Conheço o sal … sim, o sal do amor que nos salva ou nos perde, o que é o mesmo. O mais que vier não poderá deixar de continuar esta linha de, sobretudo, fidelidade “ à honra de estar vivo”, por muito que às vezes doa.

Mas – espero – voltaremos brevemente a encontrar-nos na leitura de Poesia – IV ou Quarenta Anos de Servidão, em que reunirei dispersos e inéditos dos quarenta anos de pública servidão poética que se cumprem em 1978. Que hei-de eu fazer senão comemorar-me a mim mesmo, se não sirvo para as comemorações de ninguém, e às vezes até estrago algumas?”

Jorge de Sena

(In Prefácio a “Poesia III”, Santa Bárbara, Julho de 1977)

sábado, novembro 25

LUÍSA MESQUITA

SEM TÍTULO - XXXVII

Posted by Picasa Fotografia de Elena Kulikova

Estendo a memória até onde a mão alcança
o tempo submerso resplandece de sabedoria

23 de Novembro de 2006

MES - IV CONGRESSO

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

Esta fotografia, da colecção de António Pais, retrata um momento de descanso do IV Congresso do MES (1979). Eu próprio surjo nela, ao centro, com o Diomar Santos e o Eduardo Ferro Rodrigues. Tinha deixado de fumar cigarros dois anos antes e dedicava-me ao cachimbo arte que, entretanto, abandonei.

Este foi o derradeiro Congresso do MES e aquele que, de facto, abriu o caminho para a sua extinção. No I Congresso era inevitável a vitória da linha “esquerdista” e no último era previsível a vitória da linha “moderada” ou “liquidacionista”.

Pensando bem no MES todas as decisões políticas decisivas foram tardias. Tardio foi o I Congresso, realizado só oito meses após o 25 de Abril, e ainda mais tardio foi o jantar de extinção realizado mais de dois anos após o IV, e último, Congresso.

Mas, apesar de todas as hesitações e derivas, fomos capazes, de forma mais ou menos consciente, mais ou menos determinada, de tomar uma decisão historicamente relevante no universo partidário da III República: assumir, aberta e frontalmente, o esgotamento político de um projecto partidário. Vamos ver quanto tempo passará até que aconteça algo de semelhante na política portuguesa.
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O IV Congresso do MES realizou-se em 8 de Julho de 1979.

sexta-feira, novembro 24

Posted by Picasa Imagem daqui

O Binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo
O que há é pouca gente para dar por isso.

óóóó---óóóóóó óóó---óóóóóóó óóóóóóóó

Álvaro de Campos, 15-1-1928
(O vento lá fora.)

quinta-feira, novembro 23

VW

Posted by Picasa Imagem Daqui

A VW anunciou, recentemente, a supressão de muitos milhares de postos de trabalho. São as vicissitudes de uma crise provocada pela depressão do mercado automóvel na Europa que evidencia a sobre-capacidade de produção instalada.

Ao contrário de uma imagem que tem transformado, à luz das suas opiniões públicas, os países do sul em vítimas dos processos de “deslocalização” as decisões da VW mostram como a crise atinge o próprio centro da Europa.

A realidade aí está para o comprovar: nos próximos 3 anos a VW vai suprimir 20.000 postos de trabalho na Alemanha e, na Bélgica, vão ser suprimidos 3.500 e 4.000, passando o modelo Golf a ser produzido na Alemanha.

Talvez estas notícias, deprimentes para alemães e belgas, afinal os cidadãos que habitam os países que são o centro do centro da UE, contribuam para que a Europa se reconheça como uma entidade que já não é, simplesmente, um somatório de nações.

O impacto desta política também se sentirá nas fábricas da VW no Brasil, Pamplona (Espanha) e Palmela mas, ao que tudo indica, a fábrica localizada em Portugal será aquela que menos sofrerá.

A razão é simples: o “Sharan” e o cabriolet “Eos” são exclusivamente fabricados em Palmela e será muito difícil “deslocalizar” a sua produção para qualquer outra fábrica da VW. Mas a esta razão deve ser acrescida a acção da “Comissão de Trabalhadores”, que foi capaz de negociar acordos realistas, e o próprio empenhamento político do governo português.

A ver vamos …

MULHERES

André Malraux

quarta-feira, novembro 22

"A POLÍTICA COMO ACTIVIDADE INTELIGENTE"

Posted by Picasa Ségolène Royal

Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres são maioritárias na sociedade. É certo que nem todas as maiorias geram diferenças de qualidade. Muito menos garantem a conquista do poder. Mas no caso das mulheres, no mundo ocidental, há um detalhe decisivo: o fenómeno crescente da feminização do trabalho.

Vai longe o tempo heróico das utopias feministas que, em Portugal, foram protagonizadas por Maria Veleda ou Carolina Beatriz Ângelo.

As mulheres são já maioritárias num conjunto alargado de profissões e exercem uma forte influência social. Toda a gente sabe quais são essas profissões. Com quotas, ou sem quotas, hoje, é a sociedade que “empurra” as mulheres para a ocupação de lugares no topo das instâncias de decisão política. Este movimento, salvo qualquer cataclismo imprevisível, é irreversível.

Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres vão ocupar o poder. Não é por serem mulheres nem sequer por serem mais ou menos competentes que os homens. Não é por uma questão de beleza física ou de sedução mediática. Pois se a maioria do eleitorado é constituído por mulheres … É por encarnarem uma forma diferente de olhar os problemas da sociedade. É por abrirem um espaço vital para a esperança na reabilitação da política.

Na época em que tanto se fala da “morte das ideologias” a emergência de mulheres, como Ségolène Royal, na luta política ao mais alto nível é, provavelmente, como disse Vicente Jorge Silva, citando Jorge Almeida Fernandes que, por sua vez, citava o filósofo espanhol Daniel Innerarity a abertura de “um espaço para as ideias, ou seja, para a política como actividade inteligente". Depois se verá …

O "CAFÉ ATLÂNTICO"

Posted by Picasa Fotografia de “A Defesa de Faro”

Habitei o espaço do Café Atlântico vezes sem conta, tardes, noites, dias, sabendo mesmo os meus pais que lá me poderiam encontrar. Situa-se a meio caminho entre a "sociedade" onde lia os jornais todos – os da direita (a maioria) e os da esquerda – e a sala de bilhares do Café Aliança. A "Brasileira" era uma preciosidade que saboreava, de passagem, pela água fresca, os gelados, as caras e talvez a arte exposta, o "Atlântico" um lugar de estadias alargadas, de jogos de mesa, estudo (pouco) e conversas. Uma noite, já para o tarde, sentado a uma mesa com um amigo – não sei já qual – tremeu a terra de forte abalo. Todo o mundo correu para alcançar a rua. Lembro-me, como se fosse hoje, como nos mantivemos impassíveis na espera, sentados, como se nada acontecesse. Passado o pior, o "Atlântico" deserto, saímos e fomos à nossa vida. Os cafés da nossa cidade ostentavam títulos sugestivos: "Brasileira", "Atlântico", "Brasília", "Aliança"... Como se constituíssem uma rede organizada de espaços vivos criada à dimensão exacta das nossas necessidades de vivência em comum.