[Lisboa, 2 de Novembro de 1919 - Santa Barbara, Califórnia, 4 de Junho de 1978]
Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.
Só quero o que não posso.
8/4/53
Em finais de 1979, não sei precisar a razão, interessei-me por conhecer a obra de Jorge de Sena. Talvez tenha sido a memória, muito viva, que retive do seu empolgante discurso na cerimónia realizada, na Guarda, no dia 10 de Junho de 1977. Talvez tenha sido o resultado da busca de refúgio para as dores de uma ruptura amorosa; talvez tenha sido a necessidade de me reencontrar com a obra de artistas que, tal como Camus, fizeram do culto pela liberdade o seu lema de vida.
Hoje preocupam-me os sinais da ascensão de novas formas de autoritarismo que, inevitavelmente, brigarão com a liberdade. E dou comigo a pensar como é possível que os herdeiros das diversas variantes do estalinismo, no nosso país, ganhem créditos, cívicos e eleitorais, apresentando-se como estrénuos defensores da liberdade que, na verdade, abominam. E de como por essa Europa fora se adensam os sinais da ascensão de um novo (ou velho?) fascismo.
Na roda da história volta à tona a velha contradição entre justiça e liberdade sendo que os defensores do primado da liberdade sempre se vêem isolados em épocas de escassez material, relativa ou absoluta, em favor da popularidade de ideologias igualitárias, sejam de matiz comunista ou fascista.
Quando escasseia o pão, e a vida encarece, ganham fôlego os demagogos, de todas as cores, que aproveitam o descontentamento popular para cavalgar a onda e alcandorar aos píncaros o “discurso social” que o mesmo é dizer a reivindicação do predomínio dos princípios, e das políticas, da igualdade sobre os princípios, e as políticas, da liberdade.
Por mim advogo, correndo todos os riscos, o primado da liberdade. Nem novo estalinismo, nem novo fascismo. Nem a sombra dos tiranos quanto mais os seus rostos. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.
Meus caros: é por isso que me dou ao trabalho, minoritário e persistente, mas afinal na companhia de tantos outros, de lembrar personagens, que arrostando com o silêncio da nossa cultura oficial, pelo seu exemplo e pela sua obra, nos conclamam à vigilância activa, apesar da flacidez das chamadas democracias consolidadas, na defesa da liberdade.
Eis a razão de fundo porque presto a minha homenagem a Jorge de Sena, morto faz hoje 30 anos, e que jaz sepultado, para vergonha da pátria portuguesa, na última das terras da sua peregrinação – os Estados Unidos da América. Salvé Jorge Cândido de Sena!
Ver aqui e aqui algumas referências e poemas de Jorge de Sena.
Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.
Só quero o que não posso.
8/4/53
Em finais de 1979, não sei precisar a razão, interessei-me por conhecer a obra de Jorge de Sena. Talvez tenha sido a memória, muito viva, que retive do seu empolgante discurso na cerimónia realizada, na Guarda, no dia 10 de Junho de 1977. Talvez tenha sido o resultado da busca de refúgio para as dores de uma ruptura amorosa; talvez tenha sido a necessidade de me reencontrar com a obra de artistas que, tal como Camus, fizeram do culto pela liberdade o seu lema de vida.
Hoje preocupam-me os sinais da ascensão de novas formas de autoritarismo que, inevitavelmente, brigarão com a liberdade. E dou comigo a pensar como é possível que os herdeiros das diversas variantes do estalinismo, no nosso país, ganhem créditos, cívicos e eleitorais, apresentando-se como estrénuos defensores da liberdade que, na verdade, abominam. E de como por essa Europa fora se adensam os sinais da ascensão de um novo (ou velho?) fascismo.
Na roda da história volta à tona a velha contradição entre justiça e liberdade sendo que os defensores do primado da liberdade sempre se vêem isolados em épocas de escassez material, relativa ou absoluta, em favor da popularidade de ideologias igualitárias, sejam de matiz comunista ou fascista.
Quando escasseia o pão, e a vida encarece, ganham fôlego os demagogos, de todas as cores, que aproveitam o descontentamento popular para cavalgar a onda e alcandorar aos píncaros o “discurso social” que o mesmo é dizer a reivindicação do predomínio dos princípios, e das políticas, da igualdade sobre os princípios, e as políticas, da liberdade.
Por mim advogo, correndo todos os riscos, o primado da liberdade. Nem novo estalinismo, nem novo fascismo. Nem a sombra dos tiranos quanto mais os seus rostos. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.
Meus caros: é por isso que me dou ao trabalho, minoritário e persistente, mas afinal na companhia de tantos outros, de lembrar personagens, que arrostando com o silêncio da nossa cultura oficial, pelo seu exemplo e pela sua obra, nos conclamam à vigilância activa, apesar da flacidez das chamadas democracias consolidadas, na defesa da liberdade.
Eis a razão de fundo porque presto a minha homenagem a Jorge de Sena, morto faz hoje 30 anos, e que jaz sepultado, para vergonha da pátria portuguesa, na última das terras da sua peregrinação – os Estados Unidos da América. Salvé Jorge Cândido de Sena!
Ver aqui e aqui algumas referências e poemas de Jorge de Sena.
.
Fiz uma pequena alteração no título deste post e, numa primeira leitura da comunicação social, não encontrei uma única referência à efeméride.
.