"Creio no homem. Já vi
dorsos despedaçados a chicote,
almas cegas avançando aos saltos
(espanhas a cavalo
de fome e sofrimento). E acreditei.
Creio na paz. Já vi
altas estrelas, recintos chamejantes
e amanhecentes, incendiando rios
fundos, caudal humano
para outra luz: vi e acreditei.
Creio em ti, pátria. Digo
o que já vi: relâmpagos
de raiva, amor em frio e uma faca
chiando, fazendo-se em pedaços
de pão: embora hoje só haja sombra, vi
e acreditei"
[Blas de Otero, Fidelidad, in Pido la Paz y la palavra, 1955, trad. José Bento (1985)]
No almocreve das Petas
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, março 11
quinta-feira, março 10
Freitas do Amaral - de novo
O mais interessante fenómeno político em Portugal, nos últimos tempos, tem sido o ataque feroz da direita a Freitas do Amaral.
Afinal o PS de Ferro Rodrigues não era assim tão “esquerdista” nas suas opções de política externa. Ana Gomes é, no fim de contas, uma moderada. Somente diz aquilo que muitos pensam, mas calam. (Vide a propósito de outro assunto a sua tomada de posição acerca das mulheres no PS).
Alguns conspiradores profissionais devem estar a pensar que mais valia terem deixado Ferro Rodrigues em paz. Não é? Sempre se poupavam às dores de ter de suportar Freitas do Amaral no MNE.
E o Dr. Portas – chefe do partido que Freitas fundou - não necessitaria de explicar aos seus amigos da administração Bush que este Freitas já não é o mesmo que fundou o CDS, mas outro, sendo, na verdade o mesmo... As voltas da política tem destas curiosas ironias.
O Prof. Freitas do Amaral será um perigo para o prestígio de Portugal no mundo? Freitas do Amaral criticou duramente a administração Bush pela intervenção militar americana – unilateral – no Iraque. Muito bem. Não fez mais do que expressar a opinião da maioria do povo português. A maioria que deu a vitória ao PS. Nada me parece mais coerente.
Quanto à política externa de Portugal, segue dentro de momentos. E vai manter-se, no essencial, fiel ás alianças tradicionais de Portugal.
A diferença estará no tom da afirmação da identidade de Portugal no concerto das nações pela voz prestigiada e lúcida de Freitas do Amaral. É este o verdadeiro problema da direita. Mas este não será, verdadeiramente, um problema para a política externa de Portugal. Veremos.
Afinal o PS de Ferro Rodrigues não era assim tão “esquerdista” nas suas opções de política externa. Ana Gomes é, no fim de contas, uma moderada. Somente diz aquilo que muitos pensam, mas calam. (Vide a propósito de outro assunto a sua tomada de posição acerca das mulheres no PS).
Alguns conspiradores profissionais devem estar a pensar que mais valia terem deixado Ferro Rodrigues em paz. Não é? Sempre se poupavam às dores de ter de suportar Freitas do Amaral no MNE.
E o Dr. Portas – chefe do partido que Freitas fundou - não necessitaria de explicar aos seus amigos da administração Bush que este Freitas já não é o mesmo que fundou o CDS, mas outro, sendo, na verdade o mesmo... As voltas da política tem destas curiosas ironias.
O Prof. Freitas do Amaral será um perigo para o prestígio de Portugal no mundo? Freitas do Amaral criticou duramente a administração Bush pela intervenção militar americana – unilateral – no Iraque. Muito bem. Não fez mais do que expressar a opinião da maioria do povo português. A maioria que deu a vitória ao PS. Nada me parece mais coerente.
Quanto à política externa de Portugal, segue dentro de momentos. E vai manter-se, no essencial, fiel ás alianças tradicionais de Portugal.
A diferença estará no tom da afirmação da identidade de Portugal no concerto das nações pela voz prestigiada e lúcida de Freitas do Amaral. É este o verdadeiro problema da direita. Mas este não será, verdadeiramente, um problema para a política externa de Portugal. Veremos.
Os meus avós paternos, Maria da Conceição Neto Graça e Dimas Eduardo Graça, com expressões firmes, serenas e determinadas, numa foto datada de 14 de Novembro de 1911, obtida em Santos, Brasil, por Joaquim Pereira, Rua 15 de Novembro, nº 8, Santos. Dimas se chamou meu pai, Dimas também meu irmão, Eduardo sou eu. Um tributo em memória de meu avô.
O Fim do Pesadelo (quase em forma de diatribe)
No próximo sábado os portugueses vão ver-se livres de um pesadelo. O governo de direita (ou, melhor dito, “das direitas”) vai cessar funções.
Não uso palavras pesadas demais. Tenho até a percepção de que são pesadas de menos. Tenho ouvido, visto e sentido, por toda a parte, gente abandonada e ressentida, à beira da ruína, da marginalidade e do desespero, com fome e sem trabalho, sem futuro e sem esperança. Não só no mundo do trabalho como também no mundo dos negócios.
O pesadelo resultou de muitos e variados factores mas, entre eles, avulta o facto de o governo ter sido “sequestrado” por um partido extremista minoritário que tem um nome, um chefe e um ideólogo. O nome: CDS/PP; o chefe: Paulo Portas; o ideólogo: Bagão Félix.
Aliás a natureza totalitária do CDS/PP, de Paulo Portas/Bagão Félix, ficou bem evidenciada pelo recente episódio do retrato de Freitas do Amaral. Só os partidos totalitários suprimem a figura dos seus pais fundadores. O episódio, aparentemente irrelevante, tem um significado profundo: mostra à evidência que Portugal tem sido governado por uma coligação que integra um partido com vocação totalitária. As consequências desse facto, para o país, foram desastrosas.
Texto integral em IRAOFUNDOEVOLTAR
Não uso palavras pesadas demais. Tenho até a percepção de que são pesadas de menos. Tenho ouvido, visto e sentido, por toda a parte, gente abandonada e ressentida, à beira da ruína, da marginalidade e do desespero, com fome e sem trabalho, sem futuro e sem esperança. Não só no mundo do trabalho como também no mundo dos negócios.
O pesadelo resultou de muitos e variados factores mas, entre eles, avulta o facto de o governo ter sido “sequestrado” por um partido extremista minoritário que tem um nome, um chefe e um ideólogo. O nome: CDS/PP; o chefe: Paulo Portas; o ideólogo: Bagão Félix.
Aliás a natureza totalitária do CDS/PP, de Paulo Portas/Bagão Félix, ficou bem evidenciada pelo recente episódio do retrato de Freitas do Amaral. Só os partidos totalitários suprimem a figura dos seus pais fundadores. O episódio, aparentemente irrelevante, tem um significado profundo: mostra à evidência que Portugal tem sido governado por uma coligação que integra um partido com vocação totalitária. As consequências desse facto, para o país, foram desastrosas.
Texto integral em IRAOFUNDOEVOLTAR
quarta-feira, março 9
Os acasos da Guerra - Nova Actualização
Afinal os governos dos países aliados dos EUA no Iraque tremem perante as suas opiniões públicas. A morte de um agente secreto - um só homem - pode provocar uma viragem política radical em Itália.
Berlusconi pede colaboração dos EUA no inquérito à morte de Calipari
Berlusconi pede colaboração dos EUA no inquérito à morte de Calipari
Devaneio
“Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição da patrão Vasques, de uma casa que tem no Estoril. Gozei antecipadamente o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdi-me em meditações abstractas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e ao voltar perdi-me na fixação destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho do visível. Lucrei estas páginas, por olvido e contradição. Não sei se isso é melhor ou pior do que o contrário, que também não sei o que é.
O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.”
“Livro do Desassossego” – Fernando Pessoa (Bernardo Soares)
O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.”
“Livro do Desassossego” – Fernando Pessoa (Bernardo Soares)
terça-feira, março 8
Os acasos da Guerra - Actualização
Ver a confirmação do facto das autoridades militares americanas estarem informadas do resgate da jornalista italiana no Iraque.
segunda-feira, março 7
Colagens
É muito interessante a táctica de colagem dos ministros do PP aos novos titulares das respectivas pastas. Uns dias atrás Paulo Portas desfez-se em elogios ao futuro Ministro da Defesa. Telmo Correia não pode elogiar o Ministro do Turismo porque não há.
Hoje Bagão Félix abençoa o futuro Ministro das Finanças.
Mais vale prevenir do que remediar…
Hoje Bagão Félix abençoa o futuro Ministro das Finanças.
Mais vale prevenir do que remediar…
Sampaio e a Educação
Também estou de acordo com a prioridade política para a educação identificada por Sampaio. Já Guterres tinha, em 1995, identificado a mesma prioridade (“paixão pela educação”), já Cavaco tinha, a partir de finais dos anos 80, lançado programas inovadores para dar corpo à mesma prioridade (“ensino profissional” por exemplo), já Veiga Simão, no início dos anos 70, tinha lançado uma das mais profundas reformas da educação do século XX.
Apesar de todas as paixões e da identificação da prioridade para a educação os indicadores conhecidos de insucesso e abandono escolar, em Portugal, colocam-nos na cauda da Europa dos 25.
Convém, pois, assumir que este é um problema que vem de longe, sendo ainda uma sequela da transição do modelo elitista de escola, próprio da ditadura, para um modelo de escola próprio de uma democracia avançada.
O designado “choque tecnológico”, ou plano tecnológico, aplicado à “educação básica e secundária” é o caminho apontado pelo governo socialista. Como se vai aplicar? É essa a questão que está em aberto.
Sampaio (...) apontou ainda como "a única e decisiva prioridade" do país "o acesso universal à educação básica e secundária de qualidade".
Apesar de todas as paixões e da identificação da prioridade para a educação os indicadores conhecidos de insucesso e abandono escolar, em Portugal, colocam-nos na cauda da Europa dos 25.
Convém, pois, assumir que este é um problema que vem de longe, sendo ainda uma sequela da transição do modelo elitista de escola, próprio da ditadura, para um modelo de escola próprio de uma democracia avançada.
O designado “choque tecnológico”, ou plano tecnológico, aplicado à “educação básica e secundária” é o caminho apontado pelo governo socialista. Como se vai aplicar? É essa a questão que está em aberto.
Sampaio (...) apontou ainda como "a única e decisiva prioridade" do país "o acesso universal à educação básica e secundária de qualidade".
Os acasos da guerra
Como seria de esperar:
“Itália garante que EUA sabiam da libertação de Giuliana Sgrena”
O desmentido da implicação das forças norte americanas no ataque à comitiva que resgatou a jornalista italiana do cativeiro é, em si mesmo, muito significativo.
Neste tipo de situações os acasos e acidentes são uma raridade. Pode parecer uma brutalidade mas é sempre tudo intencional. É difícil entender o desconhecimento dos militares americanos acerca de uma operação de libertação de uma jornalista refém natural de um dos principais países membros da coligação.
As patrulhas militares no Iraque não actuam por conta própria como vulgares bandos de salteadores. São forças de elite que obedecem a um comando sustentado numa forte hierarquia. Depois de premir o gatilho o mal está feito.
Se a guerra fosse feita de acasos e acidentes ainda um dia alguém poderia afirmar que, afinal, a guerra nunca existiu. A democracia vale todos os sacrifícios mas não desculpa nenhum crime que em seu nome seja cometido.
Adenda: a jornalista trabalha para “Il Manifesto” um jornal da esquerda comunista italiana. Com uma linha editorial, certamente, pouco recomendável para as políticas externas das administrações americana e italiana.
“EUA investigam disparos
Os EUA estão a investigar a actuação da patrulha norte-americana que na sexta-feira feriu a jornalista italiana Giuliana Sgrena, depois de ser libertada de sequestradores no Iraque. A viatura onde seguia, com elementos dos serviços secretos italianos, foi alvejada devido a «um acidente terrível», justificou a Casa Branca.”
“Expresso on line”
“Itália garante que EUA sabiam da libertação de Giuliana Sgrena”
O desmentido da implicação das forças norte americanas no ataque à comitiva que resgatou a jornalista italiana do cativeiro é, em si mesmo, muito significativo.
Neste tipo de situações os acasos e acidentes são uma raridade. Pode parecer uma brutalidade mas é sempre tudo intencional. É difícil entender o desconhecimento dos militares americanos acerca de uma operação de libertação de uma jornalista refém natural de um dos principais países membros da coligação.
As patrulhas militares no Iraque não actuam por conta própria como vulgares bandos de salteadores. São forças de elite que obedecem a um comando sustentado numa forte hierarquia. Depois de premir o gatilho o mal está feito.
Se a guerra fosse feita de acasos e acidentes ainda um dia alguém poderia afirmar que, afinal, a guerra nunca existiu. A democracia vale todos os sacrifícios mas não desculpa nenhum crime que em seu nome seja cometido.
Adenda: a jornalista trabalha para “Il Manifesto” um jornal da esquerda comunista italiana. Com uma linha editorial, certamente, pouco recomendável para as políticas externas das administrações americana e italiana.
“EUA investigam disparos
Os EUA estão a investigar a actuação da patrulha norte-americana que na sexta-feira feriu a jornalista italiana Giuliana Sgrena, depois de ser libertada de sequestradores no Iraque. A viatura onde seguia, com elementos dos serviços secretos italianos, foi alvejada devido a «um acidente terrível», justificou a Casa Branca.”
“Expresso on line”
O Retrato de Freitas do Amaral
O CDS-PP de Paulo Portas, sem esquecer, Bagão Félix, mostra a verdadeira face do seu moralismo. O anúncio devolução do retrato de Freitas do Amaral, pelo correio, para a sede do PS mostra :
1- desprezo pela história e tradição;
2- incivilidade e falta de sentido de estado;
3- ausência de espírito democrático e “mau perder”;
4- radicalismo serôdio;
A gravidade deste gesto ainda é mais acentuada se nos lembrarmos que, até ao próximo sábado, o CDS-PP ainda é governo.
Que surpresas nos reservará ainda o CDS-PP para esta semana? E os seus ministros? Ou, excepto a devolução do retrato, todas as surpresas serão preparadas no recato dos gabinetes?
1- desprezo pela história e tradição;
2- incivilidade e falta de sentido de estado;
3- ausência de espírito democrático e “mau perder”;
4- radicalismo serôdio;
A gravidade deste gesto ainda é mais acentuada se nos lembrarmos que, até ao próximo sábado, o CDS-PP ainda é governo.
Que surpresas nos reservará ainda o CDS-PP para esta semana? E os seus ministros? Ou, excepto a devolução do retrato, todas as surpresas serão preparadas no recato dos gabinetes?
domingo, março 6
Turismo Sem Ministério
Fez bem Sócrates em não considerar na estrutura do governo o Ministério do Turismo. Num artigo que publiquei, uns meses atrás, defendi isso mesmo. O turismo terá direito certamente a uma secretaria de estado. Resta saber qual o ministério em que se vai integrar. Quer-me parecer, atenta a estrutura do governo, que voltará para a Economia. Nesse caso será, apesar de tudo, uma oportunidade perdida.
Eis o que defendi e continuo a defender:
“Sustento que, sendo o turismo uma actividade transversal e multidisciplinar, muito relevante na dinâmica do desenvolvimento integrado da sociedade portuguesa, deveria, no governo, integrar um Ministério que exercesse a tutela dos transportes e do ordenamento do território.
A minha preferência é a do modelo francês (aliás a França é a primeira potência turística mundial) no qual o turismo está integrado, ao nível de secretaria de estado, no “Ministério do Equipamento, Transportes, Ordenamento do Território, Turismo e Mar”. (que diferença em relação à estrutura do governo português actual!)
Aliás, além de Portugal, nos países da União Europeia, só em Malta existe um Ministério do Turismo, no caso, desde 2003, integrando também a cultura. Esse é o modelo adoptado nos países do Norte de África e nalguns outros do chamado “terceiro mundo”.
Não quer dizer que não possa ser uma originalidade bem sucedida no nosso país. Tudo depende do peso político que alcançar, da competência dos seus titulares e do tempo que durar. “
Eis o que defendi e continuo a defender:
“Sustento que, sendo o turismo uma actividade transversal e multidisciplinar, muito relevante na dinâmica do desenvolvimento integrado da sociedade portuguesa, deveria, no governo, integrar um Ministério que exercesse a tutela dos transportes e do ordenamento do território.
A minha preferência é a do modelo francês (aliás a França é a primeira potência turística mundial) no qual o turismo está integrado, ao nível de secretaria de estado, no “Ministério do Equipamento, Transportes, Ordenamento do Território, Turismo e Mar”. (que diferença em relação à estrutura do governo português actual!)
Aliás, além de Portugal, nos países da União Europeia, só em Malta existe um Ministério do Turismo, no caso, desde 2003, integrando também a cultura. Esse é o modelo adoptado nos países do Norte de África e nalguns outros do chamado “terceiro mundo”.
Não quer dizer que não possa ser uma originalidade bem sucedida no nosso país. Tudo depende do peso político que alcançar, da competência dos seus titulares e do tempo que durar. “
Naide Campeã
Um dia escrevi que Naide Gomes era o nosso maior atleta da actualidade. De todos, homens e mulheres.
Falhei o meu prognóstico quando, nos Jogos Olímpicos, ela falhou a medalha no Hepatlo por ter fracassado no seu forte – o salto em comprimento.
Desta vez não falhou. Naide Gomes é campeã da Europa.
Falhei o meu prognóstico quando, nos Jogos Olímpicos, ela falhou a medalha no Hepatlo por ter fracassado no seu forte – o salto em comprimento.
Desta vez não falhou. Naide Gomes é campeã da Europa.
O incómodo da extrema direita
Freitas do Amaral é um espinho cravado na garganta da extrema direita.
Só isso bastava para provar como a sua escolha para o governo é acertada. Freitas do Amaral não caminhou muito para a esquerda, o CDS/PP é que caminhou muito para a direita.
Freitas do Amaral não precisa do governo para nada, Portas precisa do governo para tudo.
Freitas do Amaral nunca perdeu o estatuto de homem de estado, Portas nunca conseguiu, apesar do esforço, ganhar esse estatuto.
Portugal não precisa de se ajoelhar perante os americanos para afirmar a sua vocação atlântica. Antes pelo contrário: para se afirmar como “um entre iguais”, em todas as alianças, carece, absolutamente, de ficar de pé.
Por isso Freitas é uma boa escolha para Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Só isso bastava para provar como a sua escolha para o governo é acertada. Freitas do Amaral não caminhou muito para a esquerda, o CDS/PP é que caminhou muito para a direita.
Freitas do Amaral não precisa do governo para nada, Portas precisa do governo para tudo.
Freitas do Amaral nunca perdeu o estatuto de homem de estado, Portas nunca conseguiu, apesar do esforço, ganhar esse estatuto.
Portugal não precisa de se ajoelhar perante os americanos para afirmar a sua vocação atlântica. Antes pelo contrário: para se afirmar como “um entre iguais”, em todas as alianças, carece, absolutamente, de ficar de pé.
Por isso Freitas é uma boa escolha para Ministro dos Negócios Estrangeiros.
sábado, março 5
Manuel Alegre acerca de Vítor Wengorovius
No seu artigo de hoje no “Expresso” “Responsabilidade absoluta” Alegre diz o essencial acerca de VW. (Para assinantes)
“Estavam lá todos, os de sempre, os que restam dos de sempre, da campanha de Humberto Delgado, do assalto ao quartel de Beja, dos movimentos estudantis de 62 e 69, dos católicos progressistas, da luta anticolonial, da resistência clandestina e não clandestina, da Capela do Rato, da CDE e da CEUD, de todas as prisões e todos os exílios, de todos os combates que desembocaram no 25 de Abril, de todas as causas e todos os sonhos que foram a vida de Vítor Wengorovius e que, dos anos sessenta até agora, são a história da esquerda portuguesa. Todos, de Jorge Sampaio e Mário Soares a Francisco Fanhais, que admiravelmente cantou a «Canção da Cidade Nova». Ouvimo-lo com um nó na garganta, recordando o Vítor, a sua generosidade, a sua entrega aos outros, a sua grandeza de alma. Naquele tempo em que quase todos se calavam, o Vítor pedia frequentemente a palavra. E quando começava era o cabo dos trabalhos para o convencer a parar. A esta hora já está com certeza no céu e S. Pedro nem sabe o que o espera quando o Vítor pedir a palavra. Ele nunca se calou. Ele nunca se calará.”
“Estavam lá todos, os de sempre, os que restam dos de sempre, da campanha de Humberto Delgado, do assalto ao quartel de Beja, dos movimentos estudantis de 62 e 69, dos católicos progressistas, da luta anticolonial, da resistência clandestina e não clandestina, da Capela do Rato, da CDE e da CEUD, de todas as prisões e todos os exílios, de todos os combates que desembocaram no 25 de Abril, de todas as causas e todos os sonhos que foram a vida de Vítor Wengorovius e que, dos anos sessenta até agora, são a história da esquerda portuguesa. Todos, de Jorge Sampaio e Mário Soares a Francisco Fanhais, que admiravelmente cantou a «Canção da Cidade Nova». Ouvimo-lo com um nó na garganta, recordando o Vítor, a sua generosidade, a sua entrega aos outros, a sua grandeza de alma. Naquele tempo em que quase todos se calavam, o Vítor pedia frequentemente a palavra. E quando começava era o cabo dos trabalhos para o convencer a parar. A esta hora já está com certeza no céu e S. Pedro nem sabe o que o espera quando o Vítor pedir a palavra. Ele nunca se calou. Ele nunca se calará.”
Freitas do Amaral e o Governo do PS
Temos governo. Com16 ministros. Mais pequeno. Sem Ministério do Turismo, o que aplaudo. Com Ministério do Trabalho e da Solidariedade, uma espécie de homenagem, não dita, a Ferro Rodrigues, ao recuperar a designação do ministério que ele dirigiu.
Guardo uma expectativa positiva acerca da acção deste governo. Os tempos são difíceis. A governação será, como todos esperam, difícil.
Freitas do Amaral é uma surpresa para quem não tenha estado atento ao seu percurso pessoal. Quando, em 2001, subiu à cena no Teatro da Trindade a peça "O Magnífico Reitor", de sua autoria, pelo menos eu e o Carlos Fragateiro percebemos a nova postura ideológica e política de Freitas do Amaral. Na estreia a sala estava cheia de dirigentes da direita - o governo era socialista - e raros dirigentes da esquerda. Era um risco tremendo. Mas fez-se e foi um sucesso de público e de bilheteira.
Nesse mesmo dia um jornalista do "Independente" - Pedro Guerra - "ameaçou" com a publicação de uma notícia - a partir de notícias anónimas - contra a minha gestão do INATEL. A notícia não saíu e no seu lugar foram publicadas duas páginas com fotos daquela estreia.
Esse jornalista havia de tomar um lugar de destaque no gabinete do Ministro da Defesa e lider do PP, Paulo Portas. A campanha contra a minha gestão do INATEL havia de seguir mais tarde pelas mãos de Bagão Félix dilecto colaborador de Portas. As coincidências não são um acaso.
Acerca da peça a polémica estalou e a direita torceu o nariz. Mas engoliu. A esquerda oficial também. Em 2002 subiu à cena no Trindade a segunda peça de Freitas - "Viriato" - com menos polémica mas igual sucesso de público.
Tive o privilégio, como presidente do INATEL, do qual o Teatro da Trindade depende, de apoiar Carlos Fragateiro no patrocínio às incursões de Freitas do Amaral pela dramaturgia e de tomar consciência da sua postura de sincera preocupação com a luta pela dignidade, justiça e liberdade do homem.
A entrada de Freitas do Amaral no governo socialista é o facto mais notável deste período da política portuguesa. Mas esse facto não me espantou, antes me deu a certeza de que estamos perante um homem que não tem medo de assumir desafios novos e que não foge perante as dificuldades.
Assim o PS, os socialistas e o seu governo sejam dignos do seu corajoso gesto.
Guardo uma expectativa positiva acerca da acção deste governo. Os tempos são difíceis. A governação será, como todos esperam, difícil.
Freitas do Amaral é uma surpresa para quem não tenha estado atento ao seu percurso pessoal. Quando, em 2001, subiu à cena no Teatro da Trindade a peça "O Magnífico Reitor", de sua autoria, pelo menos eu e o Carlos Fragateiro percebemos a nova postura ideológica e política de Freitas do Amaral. Na estreia a sala estava cheia de dirigentes da direita - o governo era socialista - e raros dirigentes da esquerda. Era um risco tremendo. Mas fez-se e foi um sucesso de público e de bilheteira.
Nesse mesmo dia um jornalista do "Independente" - Pedro Guerra - "ameaçou" com a publicação de uma notícia - a partir de notícias anónimas - contra a minha gestão do INATEL. A notícia não saíu e no seu lugar foram publicadas duas páginas com fotos daquela estreia.
Esse jornalista havia de tomar um lugar de destaque no gabinete do Ministro da Defesa e lider do PP, Paulo Portas. A campanha contra a minha gestão do INATEL havia de seguir mais tarde pelas mãos de Bagão Félix dilecto colaborador de Portas. As coincidências não são um acaso.
Acerca da peça a polémica estalou e a direita torceu o nariz. Mas engoliu. A esquerda oficial também. Em 2002 subiu à cena no Trindade a segunda peça de Freitas - "Viriato" - com menos polémica mas igual sucesso de público.
Tive o privilégio, como presidente do INATEL, do qual o Teatro da Trindade depende, de apoiar Carlos Fragateiro no patrocínio às incursões de Freitas do Amaral pela dramaturgia e de tomar consciência da sua postura de sincera preocupação com a luta pela dignidade, justiça e liberdade do homem.
A entrada de Freitas do Amaral no governo socialista é o facto mais notável deste período da política portuguesa. Mas esse facto não me espantou, antes me deu a certeza de que estamos perante um homem que não tem medo de assumir desafios novos e que não foge perante as dificuldades.
Assim o PS, os socialistas e o seu governo sejam dignos do seu corajoso gesto.
O Sonho e a Acção
“Tenho que escolher o que detesto – ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.
Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com a outra.”
“Livro do Desassossego” – Bernardo de Passos – (Fernando Pessoa)
Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com a outra.”
“Livro do Desassossego” – Bernardo de Passos – (Fernando Pessoa)
sexta-feira, março 4
Sequência Infernal
Vejam esta sequência infernal dos títulos do “Expresso on line”. Viva o não-governo. A oposição ocupa o espaço todo. No meio uma náufraga. Por enquanto ouvem-se choros e lamentações.
"Liderança do PSD
Ferreira Leite na «reserva»
A ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite não será candidata à liderança do PSD por considerar que isso iria dividir o espaço da candidatura de Marques Mendes."
"Regresso previsto no dia 14
Santana volta à CML"
"Audiência aberta à comunicação social
Catalina Pestana vai ser ouvida
"Marques Mendes
Aposta no Texto da Europa"
"Luís Filipe Menezes
CDS não é «inimigo»"
"Liderança do PSD
Ferreira Leite na «reserva»
A ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite não será candidata à liderança do PSD por considerar que isso iria dividir o espaço da candidatura de Marques Mendes."
"Regresso previsto no dia 14
Santana volta à CML"
"Audiência aberta à comunicação social
Catalina Pestana vai ser ouvida
"Marques Mendes
Aposta no Texto da Europa"
"Luís Filipe Menezes
CDS não é «inimigo»"
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