Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, maio 6
sexta-feira, maio 5
A VERDADE DE UMA REFORMA
Sharon Stone
Está disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo que intitulei “A Verdade de uma Reforma”, publicado hoje no “Semanário Económico”, de que reproduzo a epígrafe e o último parágrafo.
“Que “actividade” pode ser mais desgastante, mais exasperante pelo sentimento de impotência que faz nascer, do que submeter-se permanentemente aos passes, às mediações, às esperas infindáveis da burocracia.”
José Gil, “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”.
(…)
"Alguns governantes socialistas do presente parecem, por vezes, ter a memória enfraquecida e a vontade condicionada por razões que a razão desconhece. O mais que lhes posso desejar é que nunca sejam perseguidos e injustiçados pelas suas obras e o mínimo que lhes posso exigir é que não tenham vergonha do seu passado, nem se deixem condicionar pela sombra que a direita projecta sobre as suas ambições!"
(Ilustro com a Sharon Stone, com o viço do primeiro dia da legislatura, cheia de segredinhos).
Está disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo que intitulei “A Verdade de uma Reforma”, publicado hoje no “Semanário Económico”, de que reproduzo a epígrafe e o último parágrafo.
“Que “actividade” pode ser mais desgastante, mais exasperante pelo sentimento de impotência que faz nascer, do que submeter-se permanentemente aos passes, às mediações, às esperas infindáveis da burocracia.”
José Gil, “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”.
(…)
"Alguns governantes socialistas do presente parecem, por vezes, ter a memória enfraquecida e a vontade condicionada por razões que a razão desconhece. O mais que lhes posso desejar é que nunca sejam perseguidos e injustiçados pelas suas obras e o mínimo que lhes posso exigir é que não tenham vergonha do seu passado, nem se deixem condicionar pela sombra que a direita projecta sobre as suas ambições!"
(Ilustro com a Sharon Stone, com o viço do primeiro dia da legislatura, cheia de segredinhos).
25 DE ABRIL - JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES -3
1.César de Oliveira; 2.Eduardo Ferro Rodrigues; 3.Paulo Bárcia (Didas); 4.Eduardo Duarte; 5.José António Vieira da Silva; 6.Carlos Figueiredo; 7.Sérgio (?); 8.Paulo Brito; 9.António Silva; 10.Fernando Ribeiro 11.Vítor Nogueira; 12.Emília Pereira de Moura; 13.Maria Luís Pinto; 14.José Elias de Freitas; 15.Margarida Guimarães; 16.Mila (?); 18.Paulo Trigo; 19.Celeste de Jesus; 20.Francisco Cal; 22.Joffre Justino; 26.Eugénia Cal; 27.Carlos Pratas; 28.António Ascensão Costa; 29.Teresa Pato; 32.José Lemos; 33.Amadeu Paiva; 34.Luis Félix; 37.Eduardo Graça; 38.Félix (?); 40.Nuno Ribeiro da Silva; 41.Julieta Mateus; 42.Leite Pereira.
O João Pedro Henriques do Glória Fácil … publicou a fotografia do jantar de extinção do MES com uma legenda depurada. Os meus agradecimentos. Quando se justificar actualizarei a legenda.
O João Pedro Henriques do Glória Fácil … publicou a fotografia do jantar de extinção do MES com uma legenda depurada. Os meus agradecimentos. Quando se justificar actualizarei a legenda.
sem título XXVIII
Fotografia de Philippe Pache
Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por entre escombros.
Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo.
Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade.
Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por entre escombros.
Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo.
Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade.
quinta-feira, maio 4
1954
Fotografia de Helder Gonçalves
«Salacrou, dans les notes qui accompagnent le tome VI de son théâtre, raconte l´histoire suivante : « Une petite fille qui allait avoir 10 ans déclare : «Quand je serait grande, je m´inscrirai au parti le plus cruel.» Interrogée, elle s´explique : «Si mon parti est au pouvoir, je n´aurais rien à craindre et ce c´est l´autre, je souffrirai moins puisque c´est le parti le moins cruel qui me persécutera.» Je ne crois pas trop cette histoire de petite fille. Mais je connais très bien ce raisonnement. C´est le raisonnement inavoué, mais efficace des intellectuels français de 1954.»
Albert Camus
«Salacrou, dans les notes qui accompagnent le tome VI de son théâtre, raconte l´histoire suivante : « Une petite fille qui allait avoir 10 ans déclare : «Quand je serait grande, je m´inscrirai au parti le plus cruel.» Interrogée, elle s´explique : «Si mon parti est au pouvoir, je n´aurais rien à craindre et ce c´est l´autre, je souffrirai moins puisque c´est le parti le moins cruel qui me persécutera.» Je ne crois pas trop cette histoire de petite fille. Mais je connais très bien ce raisonnement. C´est le raisonnement inavoué, mais efficace des intellectuels français de 1954.»
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
INATEL - RAMALDE (Não há fumo sem fogo!)
Fotografia do “Dias com árvores”
“Chefe de gabinete de Rui Rio investigado no Apito Dourado
(…) por presumíveis diligências com vista a obter a cedência, via câmara, de um campo do INATEL, propriedade do Estado.”
Interessante desenvolvimento de um negócio, aparentemente, frustrado que dá razão às preocupações em tempos manifestadas e que retomo, a propósito da reforma do INATEL, no meu próximo artigo no “Semanário Económico” que deverá sair amanhã. Trata-se, neste caso, do Parque Desportivo de Ramalde.
“Chefe de gabinete de Rui Rio investigado no Apito Dourado
(…) por presumíveis diligências com vista a obter a cedência, via câmara, de um campo do INATEL, propriedade do Estado.”
Interessante desenvolvimento de um negócio, aparentemente, frustrado que dá razão às preocupações em tempos manifestadas e que retomo, a propósito da reforma do INATEL, no meu próximo artigo no “Semanário Económico” que deverá sair amanhã. Trata-se, neste caso, do Parque Desportivo de Ramalde.
quarta-feira, maio 3
SEM VERGONHA
Bouguereau, Adolphe-William - Evening Mood -1882
É extraordinário observar o ar angelical do Dr. Bagão Félix discorrendo acerca da segurança social como se dela nunca se tivesse ocupado e não fosse um dos principais responsáveis políticos pela sua situação actual.
O Dr. Bagão Félix, de súbito, transfigura-se num comentador simpático e competente como se não tivesse exercido funções de ministro durante 3 (três) anos para só contar o período mais recente.
É provável que essa postura seja facilitada pelo facto indesmentível de continuar, pelo menos em parte, a ser ministro através da acção dos homens e mulheres, de sua confiança pessoal e política, que continuam à frente de vários – e importantes – organismos da administração pública.
O actual ministro Vieira da Silva, fruto de uma estratégia ou de estratégia nenhuma, partilha, de facto, o governo com o Dr. Bagão Félix. Paradoxal? Surpreendente? É a realidade pura e dura. O tempo nos ajudará a decifrar este mistério.
É extraordinário observar o ar angelical do Dr. Bagão Félix discorrendo acerca da segurança social como se dela nunca se tivesse ocupado e não fosse um dos principais responsáveis políticos pela sua situação actual.
O Dr. Bagão Félix, de súbito, transfigura-se num comentador simpático e competente como se não tivesse exercido funções de ministro durante 3 (três) anos para só contar o período mais recente.
É provável que essa postura seja facilitada pelo facto indesmentível de continuar, pelo menos em parte, a ser ministro através da acção dos homens e mulheres, de sua confiança pessoal e política, que continuam à frente de vários – e importantes – organismos da administração pública.
O actual ministro Vieira da Silva, fruto de uma estratégia ou de estratégia nenhuma, partilha, de facto, o governo com o Dr. Bagão Félix. Paradoxal? Surpreendente? É a realidade pura e dura. O tempo nos ajudará a decifrar este mistério.
sem título XXVII
Van Gogh - Almond
No cimo a luz branca pontiaguda ilumina
as mãos que tendem o pão da minha vida
3 de Maio de 2006
No cimo a luz branca pontiaguda ilumina
as mãos que tendem o pão da minha vida
3 de Maio de 2006
terça-feira, maio 2
As rosas ...
Laetitia Casta
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
segunda-feira, maio 1
1º DE MAIO
Jessica Alba
Com todo o respeito e consideração pelo Dia do Trabalhador deixo a minha homenagem ao dito vestindo a Jessica. Não comprei jornais, nem ouvi notícias. Não participei em desfiles, nem ouvi discursos. Assim me aproximei, quase na perfeição, da situação que vivi no 1º de Maio de 1974. Trabalhador me confesso.
Com todo o respeito e consideração pelo Dia do Trabalhador deixo a minha homenagem ao dito vestindo a Jessica. Não comprei jornais, nem ouvi notícias. Não participei em desfiles, nem ouvi discursos. Assim me aproximei, quase na perfeição, da situação que vivi no 1º de Maio de 1974. Trabalhador me confesso.
25 DE ABRIL - JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - 2
1- César de Oliveira; 2- Eduardo Ferro Rodrigues; 3- Paulo Bárcia (Didas); 4 – Eduardo Duarte; 5 - José António Vieira da Silva; 6 – Carlos Figueiredo; 7 – Sérgio (?); 8 – Paulo Brito; 9 – António Silva; 10 – Fernando Ribeiro (*) 11 – Vítor Nogueira (*); 12 – Emília Pereira de Moura; 13 – Maria Luís Pinto; 14 – José Elias de Freitas; 15 – Margarida Guimarães; 16 – Mila (?); 17 – (?); 18 – Paulo Trigo; 19 – Celeste de Jesus; 20 – Francisco Cal (*); 21 – (?); 22- Joffre Justino (*); 23 - (?); 24 - (?); 25 – (?); 26 – Eugénia Cal (*); 27 – Carlos Pratas; 28 – António Ascensão Costa; 29- Teresa Pato; 30 – (?); 31 – (?) – 32 – José Lemos; 33 – Amadeu Paiva; 34 – Luis Félix; 35 – (?); 36 – (?); 37 – Eduardo Graça; 38 – Félix (?); 39 – (?); 40 – Nuno Ribeiro da Silva; 41 – Julieta Mateus; 42 – Leite Pereira.
Com a colaboração do Luís Tito, do Tugir , que tomou a iniciativa de publicar a fotografia da festa/jantar de extinção do MES, numerando os fotografados, e do António Pais, do Fim de Semana Alucinante, foi possível avançar na legendagem da fotografia. Mais um esforço e fica completa a lista quer preenchendo as interrogações quer corrigindo e/ou completando alguns nomes.
Agradeço e acrescento dois detalhes: este é um grupo de um conjunto muito mais numeroso de participantes do Jantar/Festa e alguns (poucos) dos fotografados não eram militantes do MES os quais assinalo com (*).
Desde o momento da sua extinção o MES “cresceu” de uma forma brutal pois inúmeras personalidades e cidadãos se identificaram, a posteriori, com os seus ideais. Foi uma moda. Não é o caso dos “não militantes” fotografados que surgem por razões de proximidade geracional, simpatia e amizade pessoal para com os protagonistas da iniciativa de extinguir o partido.
Com a colaboração do Luís Tito, do Tugir , que tomou a iniciativa de publicar a fotografia da festa/jantar de extinção do MES, numerando os fotografados, e do António Pais, do Fim de Semana Alucinante, foi possível avançar na legendagem da fotografia. Mais um esforço e fica completa a lista quer preenchendo as interrogações quer corrigindo e/ou completando alguns nomes.
Agradeço e acrescento dois detalhes: este é um grupo de um conjunto muito mais numeroso de participantes do Jantar/Festa e alguns (poucos) dos fotografados não eram militantes do MES os quais assinalo com (*).
Desde o momento da sua extinção o MES “cresceu” de uma forma brutal pois inúmeras personalidades e cidadãos se identificaram, a posteriori, com os seus ideais. Foi uma moda. Não é o caso dos “não militantes” fotografados que surgem por razões de proximidade geracional, simpatia e amizade pessoal para com os protagonistas da iniciativa de extinguir o partido.
sábado, abril 29
O TEMPO E O ESPAÇO
Jessica Alba
Um jantar no VírGula, organizado pela Guida, obrigado, um espaço notável do Pedro Rodrigues que podia estar numa fotografia anterior, mas não está. Um grupo pequeno, minimal. Lisboa, a vista do Tejo e a outra banda, ali tão perto, o dia e a noite, as luzes que navegam, todos nós viajantes, reais ou imaginários, a insígnia na lapela, reencontros e despedidas, falas e silêncios. O toldo, o terraço, o tempo e o espaço.
Um jantar no VírGula, organizado pela Guida, obrigado, um espaço notável do Pedro Rodrigues que podia estar numa fotografia anterior, mas não está. Um grupo pequeno, minimal. Lisboa, a vista do Tejo e a outra banda, ali tão perto, o dia e a noite, as luzes que navegam, todos nós viajantes, reais ou imaginários, a insígnia na lapela, reencontros e despedidas, falas e silêncios. O toldo, o terraço, o tempo e o espaço.
sexta-feira, abril 28
ANIVERSÁRIO
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.]
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),]
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!]
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...]
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,]
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado –,]
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
15 de Outubro de 1929
15 de Outubro de 1929
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
NASCIDOS A 28 DE ABRIL
Jessica Alba – nascida em 28 de Abril
Um contraste entre touros. Em 28 de Abril também nasceram Salazar e Saddam Hussein. Neste mesmo dia nasceu Pedro Pauleta e … nasci eu.
Um contraste entre touros. Em 28 de Abril também nasceram Salazar e Saddam Hussein. Neste mesmo dia nasceu Pedro Pauleta e … nasci eu.
quinta-feira, abril 27
SOPHIA/SENA
Imagem in Da Literatura
De um trago li a “Correspondência” trocada entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena editada, em livro, pela “Guerra e Paz”.
Dizem-se coisas inauditas de ternura e violência, abrem-se os corações e confessam-se as exigências práticas da vida, descrevem-se viagens e sonham-se projectos, anunciam-se filhos novos e chora-se a morte e muito mais para tão poucas páginas.
Lá para o fim do livro, Sena que acabara de sair, em 11 de Setembro de 1971, de Lisboa, em carta dirigida a Sophia, datada de 9 de Outubro, desse mesmo ano, dispara um poema antecedido da seguinte frase:
“Aqui te copio um violento poema de Lisboa, em paga da leitura dos teus esplêndidos poemas novos”
Que esperar daqui? O que esta gente
Não espera porque espera sem esperar?
O que só vida e morte
Informes consentidas
Em todos se devora e lhes devora as vidas?
O que quais de baratas e a baratas
É o pó de raiva com que se envenenam?
Emigram-se uns para as Europas
E voltam como se eram só mais ricos.
Outros se ficam envergando as opas
De lágrimas de gôzo e sarapicos.
Nas serras nuas, nos baldios campos,
Nas artes e mesteres que esvasiam,
Resta um relento de lampeiros lampos
Espanejando as caudas com que se ataviam.
Que Portugal se espera em Portugal
Que gente ainda há-de erguer-se desta gente?
Pagam-se impérios com o bem e o mal
mas com que há-de pagar-se a quem só rouba a mente?
Chatins engravatados, pelenguentas fúfias,
Passam de trombas de automóvel caro
Soldados, prostitutas, tanto rapaz sem braços
Ou sem as pernas – e como cães sem faro
Os putas poetas se versejam trúfias.
Velhos e novos, moribundos mortos
Se arrastam todos para o nada nulo.
Uns cantam, outros choram, mas tão tortos
Que a mesquinhês transborda ao mais singelo pulo.
Chicote? Bomba? Creolina? A liberdade?
É tarde, e estão contentes de tristeza,
Sentados no seu mijo, alimentados
Dos ossos e do sangue de quem não se vende.
(Na tarde que anoitece o entardecer nos prende).
De um trago li a “Correspondência” trocada entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena editada, em livro, pela “Guerra e Paz”.
Dizem-se coisas inauditas de ternura e violência, abrem-se os corações e confessam-se as exigências práticas da vida, descrevem-se viagens e sonham-se projectos, anunciam-se filhos novos e chora-se a morte e muito mais para tão poucas páginas.
Lá para o fim do livro, Sena que acabara de sair, em 11 de Setembro de 1971, de Lisboa, em carta dirigida a Sophia, datada de 9 de Outubro, desse mesmo ano, dispara um poema antecedido da seguinte frase:
“Aqui te copio um violento poema de Lisboa, em paga da leitura dos teus esplêndidos poemas novos”
Que esperar daqui? O que esta gente
Não espera porque espera sem esperar?
O que só vida e morte
Informes consentidas
Em todos se devora e lhes devora as vidas?
O que quais de baratas e a baratas
É o pó de raiva com que se envenenam?
Emigram-se uns para as Europas
E voltam como se eram só mais ricos.
Outros se ficam envergando as opas
De lágrimas de gôzo e sarapicos.
Nas serras nuas, nos baldios campos,
Nas artes e mesteres que esvasiam,
Resta um relento de lampeiros lampos
Espanejando as caudas com que se ataviam.
Que Portugal se espera em Portugal
Que gente ainda há-de erguer-se desta gente?
Pagam-se impérios com o bem e o mal
mas com que há-de pagar-se a quem só rouba a mente?
Chatins engravatados, pelenguentas fúfias,
Passam de trombas de automóvel caro
Soldados, prostitutas, tanto rapaz sem braços
Ou sem as pernas – e como cães sem faro
Os putas poetas se versejam trúfias.
Velhos e novos, moribundos mortos
Se arrastam todos para o nada nulo.
Uns cantam, outros choram, mas tão tortos
Que a mesquinhês transborda ao mais singelo pulo.
Chicote? Bomba? Creolina? A liberdade?
É tarde, e estão contentes de tristeza,
Sentados no seu mijo, alimentados
Dos ossos e do sangue de quem não se vende.
(Na tarde que anoitece o entardecer nos prende).
ANIVERSÁRIOS
Penélope Cruz
No dia 28 de Abril não nasceram somente seres pouco recomendáveis.
Também nasceram Penélope Cruz e a Jessica Alba. E eu também nasci nesse dia. Amanhã coloco a Jessica e o mais que logo se verá.
No dia 28 de Abril não nasceram somente seres pouco recomendáveis.
Também nasceram Penélope Cruz e a Jessica Alba. E eu também nasci nesse dia. Amanhã coloco a Jessica e o mais que logo se verá.
quarta-feira, abril 26
25 de ABRIL - JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES
Jantar de Extinção do MES – Fotografia inédita (clique em cima da foto para aumentar)
Para culminar esta série de fotos inéditas acerca do 25 de Abril oferece-vos uma imagem do momento final da aventura do MES retratando alguns dos seus protagonistas.
Como descrevi numa série de posts, de Março/Abril de 2004, o MES (Movimento de Esquerda Socialista) assumiu a sua extinção de forma original: um jantar/festa que deve ter ocorrido em 4 ou 5 de Outubro de 1981 (quem souber a data exacta que me diga).
Não consigo identificar toda a gente. Se quiserem ajudar indiquem-me os nomes dos participantes, de preferência de baixo para cima e da esquerda para a direita, ou vice-versa.
Um partido não acaba todos os dias mas este tinha mais vocação de contra poder e, sabendo o que sei hoje, foi sábia a decisão de acabar com ele.
Para culminar esta série de fotos inéditas acerca do 25 de Abril oferece-vos uma imagem do momento final da aventura do MES retratando alguns dos seus protagonistas.
Como descrevi numa série de posts, de Março/Abril de 2004, o MES (Movimento de Esquerda Socialista) assumiu a sua extinção de forma original: um jantar/festa que deve ter ocorrido em 4 ou 5 de Outubro de 1981 (quem souber a data exacta que me diga).
Não consigo identificar toda a gente. Se quiserem ajudar indiquem-me os nomes dos participantes, de preferência de baixo para cima e da esquerda para a direita, ou vice-versa.
Um partido não acaba todos os dias mas este tinha mais vocação de contra poder e, sabendo o que sei hoje, foi sábia a decisão de acabar com ele.
terça-feira, abril 25
25 de ABRIL - NA "PORTA DE ARMAS"
No interior da “porta de armas” do quartel do Campo Grande – João Mário Mascarenhas (à esquerda) e eu próprio – fotografia inédita do 25 de Abril
Outras imagens inesquecíveis destes dias:
Os soldados deitados nas camaratas do quartel, em posição defensiva, vigiando a rua ou o recital de poesia do alferes Mário Viegas no refeitório do quartel.
O popular, de bicicleta, levantando nas mãos a bandeira nacional aos gritos: Liberdade, Liberdade, Portugal, Portugal!
Outras imagens inesquecíveis destes dias:
Os soldados deitados nas camaratas do quartel, em posição defensiva, vigiando a rua ou o recital de poesia do alferes Mário Viegas no refeitório do quartel.
O popular, de bicicleta, levantando nas mãos a bandeira nacional aos gritos: Liberdade, Liberdade, Portugal, Portugal!
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