.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, março 1
O GOVERNADOR, A REMUNERAÇÃO E O RESTO
Imagem daqui
O Dr. Victor Constâncio, governador do Banco de Portugal, foi citado a propósito da sua remuneração. Cada um se remedeia como pode e sabe e, pelo que conheço, trata-se de alguém cuja competência e honestidade ninguém questiona e que não descuida nem o seu mister, nem os seus interesses pessoais. Faz muito bem. Ponto final.
O problema das remunerações de base, e regalias, dos administradores do BP é uma velha questão e nem me dou ao trabalho de elencar os anteriores titulares de altos cargos públicos, além de governadores e administradores do BP, responsáveis pela presente situação, entre os quais se encontram figuram cujo percurso, pós BP é, nalguns casos, surpreendente.
O que vem agora ao caso é a chamada “disfunção remuneratória” que o Director Geral dos Impostos personificou, de forma vincada, nos últimos tempos, e que o Governador do BP reforça devendo, no entanto, levar-se em conta que o caso deste ultimo é diferente, por todos os motivos, desde a natureza da função até à natureza do vínculo.
Mas o que, na verdade, quero referir é que há remédios – como nas OPA’s – para a chamada “disfunção remuneratória”, sem beliscar o princípio da diferenciação positiva, ou seja, remunerações diferentes para funções diferentes e ordenadas diferenciados por níveis da qualidade de desempenho, caso tal filosofia venha a ser, como seria desejável, aplicada na administração pública.
O verdadeiro problema é que a “disfunção remuneratória” tem a montante a questão das remunerações dos titulares de cargos políticos, impróprias e impensáveis, face às exigências do exercício de responsabilidades políticas ao nível de um PR, PM, PGR, Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, só para dar alguns exemplos.
Os 5.000 e tal euros mensais que aufere o primeiro-ministro é uma bizarria ficando aquém da remuneração de muitas cabeleireiras, ou massagistas, da nossa praça que nem recibos passam. Não estou a brincar e quem quiser dar-se ao trabalho de fazer umas contas simples, em particular as senhoras, chegará à mesma conclusão.
Alguém que tenha a coragem de tomar a iniciativa de corrigir a “disfunção remuneratória” da administração pública começando por aumentar as remunerações dos titulares dos cargos políticos. É uma lista curta, fácil de elaborar, difícil de defender, mas os políticos eleitos existem para tomar medidas difíceis, porque um dia alguém vai ter de desatar este nó da nossa democracia …
O Dr. Victor Constâncio, governador do Banco de Portugal, foi citado a propósito da sua remuneração. Cada um se remedeia como pode e sabe e, pelo que conheço, trata-se de alguém cuja competência e honestidade ninguém questiona e que não descuida nem o seu mister, nem os seus interesses pessoais. Faz muito bem. Ponto final.
O problema das remunerações de base, e regalias, dos administradores do BP é uma velha questão e nem me dou ao trabalho de elencar os anteriores titulares de altos cargos públicos, além de governadores e administradores do BP, responsáveis pela presente situação, entre os quais se encontram figuram cujo percurso, pós BP é, nalguns casos, surpreendente.
O que vem agora ao caso é a chamada “disfunção remuneratória” que o Director Geral dos Impostos personificou, de forma vincada, nos últimos tempos, e que o Governador do BP reforça devendo, no entanto, levar-se em conta que o caso deste ultimo é diferente, por todos os motivos, desde a natureza da função até à natureza do vínculo.
Mas o que, na verdade, quero referir é que há remédios – como nas OPA’s – para a chamada “disfunção remuneratória”, sem beliscar o princípio da diferenciação positiva, ou seja, remunerações diferentes para funções diferentes e ordenadas diferenciados por níveis da qualidade de desempenho, caso tal filosofia venha a ser, como seria desejável, aplicada na administração pública.
O verdadeiro problema é que a “disfunção remuneratória” tem a montante a questão das remunerações dos titulares de cargos políticos, impróprias e impensáveis, face às exigências do exercício de responsabilidades políticas ao nível de um PR, PM, PGR, Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, só para dar alguns exemplos.
Os 5.000 e tal euros mensais que aufere o primeiro-ministro é uma bizarria ficando aquém da remuneração de muitas cabeleireiras, ou massagistas, da nossa praça que nem recibos passam. Não estou a brincar e quem quiser dar-se ao trabalho de fazer umas contas simples, em particular as senhoras, chegará à mesma conclusão.
Alguém que tenha a coragem de tomar a iniciativa de corrigir a “disfunção remuneratória” da administração pública começando por aumentar as remunerações dos titulares dos cargos políticos. É uma lista curta, fácil de elaborar, difícil de defender, mas os políticos eleitos existem para tomar medidas difíceis, porque um dia alguém vai ter de desatar este nó da nossa democracia …
.
quarta-feira, fevereiro 28
EDUARDO ALBERTO FERRO RODRIGUES
Fotografia de Hélder Gonçalves
Quando Eduardo Alberto Ferro Rodrigues, faz um ano, morreu fiquei consternado. Escrevi um post, porque senti a necessidade de expressar o meu sentimento e nem me preocupei com as notícias que saíram.
Mas nunca é tarde para fazer justiça à faceta de escritor de mérito de Ferro Rodrigues. É o que faz José do Carmo Francisco. Assino por baixo.
Quando Eduardo Alberto Ferro Rodrigues, faz um ano, morreu fiquei consternado. Escrevi um post, porque senti a necessidade de expressar o meu sentimento e nem me preocupei com as notícias que saíram.
Mas nunca é tarde para fazer justiça à faceta de escritor de mérito de Ferro Rodrigues. É o que faz José do Carmo Francisco. Assino por baixo.
.
MALFEITORIAS
Imagem daqui
Hoje chamou-me a atenção um artigo de Graça Moura, publicado no DN, no qual começa por afirmar:
Como se lê no DN de 22 de Fevereiro, "Pinto Monteiro sustenta, em tese, que um executivo municipal não pode cair por uma suspeita que, depois, se venha a revelar infundada". Estou de acordo com o sentido da ideia de Pinto Monteiro que Graça Moura toma em defesa da sua dama, ou seja, de Carmona e companhia.
Mas o que mais impressiona é o argumentário trauliteiro de Graça Moura a propósito do que designa por “gritaria exaltada, demagógica, hipocritamente virtuosa e justicialista, dos vários quadrantes de uma oposição que mais se diria uma alcateia desvairada do que parte de um executivo municipal digno desse nome.”
E, para caracterizar a postura política de todos os outros, com excepção dos virtuosos autarcas do PSD, dispara a “virulência sem escrúpulos” eivada de “acusações e de insinuações, com propósitos evidentes de desagregação da sua imagem [da Câmara] e de criação de um intolerável descrédito quanto a ela. Um objectivo puramente político, portanto, que recorre à baixeza da imputação de malfeitorias como instrumento habitual da sua estratégia.”
Ora o mesmo se poderia dizer dos homenzitos do partido de Graça Moura, e do seu ex-satélite da extrema-direita, a respeito de diversos processos que correm os seus trâmites e que tomaram, e nalguns casos, ainda tomam, como alvo, alguns daqueles da mesma área política dos que ele acusa de instintos malignos.
Se olhasse para a sua casa político/partidária, e redondezas, com mais cuidada atenção, Graça Moura poderia escrever exactamente o mesmo tomando os seus correligionários como alvos das mesmíssimas diatribes.
É uma pena … que a Ulisseia esteja pejada desses animais predadores mas eles, a mais das vezes, juntam-se, sem distinção de credo ideológico ou partido, em torno da defesa de interesses pelos quais são capazes de todas as malfeitorias.
Por fim Graça Moura informa que o inefável arquitecto do SOL já tinha tomado para si o animal mais apropriado para qualificar essa oposição de malfeitores que, por acaso, até foram alvo de tentativas de suborno segundo foi amplamente noticiado, e nunca infirmado, pelas autoridades competentes. Talvez o regresso de Dr. Portas e, quiçá, mais tarde, do Dr. Barroso, possa repor a ordem zoológica na selva para que, de novo, se possa ouvir, na cidade capital e no país, o trinar dos passarinhos e o ronronar das estrofes de um dos nossos mais insignes poetas.
E culmina, usando Aquilino, (que se estivesse vivo aposto que o desancaria!) com esta interessantíssima gincana zoológica:
“Este artigo já estava escrito quando o Sol de sábado passado publicou o editorial de José António Saraiva, "Carmona e os chacais". Decidi por isso alterar o meu título, que inicialmente era "O tempo das hienas", para outro, de sabor mais aquiliniano. Mas também podia ter escolhido "A lei da selva" ou "A alcateia". Em qualquer caso, lobos, hienas ou chacais são espécies zoológicas predadoras a que a formosa Ulisseia não pode ficar entregue.”
Hoje chamou-me a atenção um artigo de Graça Moura, publicado no DN, no qual começa por afirmar:
Como se lê no DN de 22 de Fevereiro, "Pinto Monteiro sustenta, em tese, que um executivo municipal não pode cair por uma suspeita que, depois, se venha a revelar infundada". Estou de acordo com o sentido da ideia de Pinto Monteiro que Graça Moura toma em defesa da sua dama, ou seja, de Carmona e companhia.
Mas o que mais impressiona é o argumentário trauliteiro de Graça Moura a propósito do que designa por “gritaria exaltada, demagógica, hipocritamente virtuosa e justicialista, dos vários quadrantes de uma oposição que mais se diria uma alcateia desvairada do que parte de um executivo municipal digno desse nome.”
E, para caracterizar a postura política de todos os outros, com excepção dos virtuosos autarcas do PSD, dispara a “virulência sem escrúpulos” eivada de “acusações e de insinuações, com propósitos evidentes de desagregação da sua imagem [da Câmara] e de criação de um intolerável descrédito quanto a ela. Um objectivo puramente político, portanto, que recorre à baixeza da imputação de malfeitorias como instrumento habitual da sua estratégia.”
Ora o mesmo se poderia dizer dos homenzitos do partido de Graça Moura, e do seu ex-satélite da extrema-direita, a respeito de diversos processos que correm os seus trâmites e que tomaram, e nalguns casos, ainda tomam, como alvo, alguns daqueles da mesma área política dos que ele acusa de instintos malignos.
Se olhasse para a sua casa político/partidária, e redondezas, com mais cuidada atenção, Graça Moura poderia escrever exactamente o mesmo tomando os seus correligionários como alvos das mesmíssimas diatribes.
É uma pena … que a Ulisseia esteja pejada desses animais predadores mas eles, a mais das vezes, juntam-se, sem distinção de credo ideológico ou partido, em torno da defesa de interesses pelos quais são capazes de todas as malfeitorias.
Por fim Graça Moura informa que o inefável arquitecto do SOL já tinha tomado para si o animal mais apropriado para qualificar essa oposição de malfeitores que, por acaso, até foram alvo de tentativas de suborno segundo foi amplamente noticiado, e nunca infirmado, pelas autoridades competentes. Talvez o regresso de Dr. Portas e, quiçá, mais tarde, do Dr. Barroso, possa repor a ordem zoológica na selva para que, de novo, se possa ouvir, na cidade capital e no país, o trinar dos passarinhos e o ronronar das estrofes de um dos nossos mais insignes poetas.
E culmina, usando Aquilino, (que se estivesse vivo aposto que o desancaria!) com esta interessantíssima gincana zoológica:
“Este artigo já estava escrito quando o Sol de sábado passado publicou o editorial de José António Saraiva, "Carmona e os chacais". Decidi por isso alterar o meu título, que inicialmente era "O tempo das hienas", para outro, de sabor mais aquiliniano. Mas também podia ter escolhido "A lei da selva" ou "A alcateia". Em qualquer caso, lobos, hienas ou chacais são espécies zoológicas predadoras a que a formosa Ulisseia não pode ficar entregue.”
.
MARINHA
Fotografia de Hélder Gonçalves
Com o oceano do Norte é que se fala só,
cúmplice da escorregadia vegetação que
nos habita.
Desfaz-se o vulto dos navios,
na distância,
lança o farol os seus feixes rasantes.
Não acha fim, por isso, a oração que levamos.
Mário Cláudio
Com o oceano do Norte é que se fala só,
cúmplice da escorregadia vegetação que
nos habita.
Desfaz-se o vulto dos navios,
na distância,
lança o farol os seus feixes rasantes.
Não acha fim, por isso, a oração que levamos.
Mário Cláudio
.
terça-feira, fevereiro 27
SUPER CTT s
Imagem daqui
Uma ressonância de 4 de Setembro de 2006: “Suas Excelências os CTTs” a propósito deste simplexmente ctt.
É que se espalhou, na nossa sociedade, não sei explicar porquê, a ideia de que os CTT s são um exemplo de modernidade e bom serviço. Pois é: Multibanco só na estação dos Restauradores, e vais com sorte!!!
Uma ressonância de 4 de Setembro de 2006: “Suas Excelências os CTTs” a propósito deste simplexmente ctt.
É que se espalhou, na nossa sociedade, não sei explicar porquê, a ideia de que os CTT s são um exemplo de modernidade e bom serviço. Pois é: Multibanco só na estação dos Restauradores, e vais com sorte!!!
URGÊNCIAS
Philippe Pache
Não vi os “Prós e Contras” de ontem. Estive ocupado numa discussão com o meu filho acerca da magna questão da corrupção. O mais difícil foi destrinçar o conceito de corrupção das questões colaterais inclusive os circuitos financeiros. Daí passamos para as funções de estado, a “troca directa”, a moeda, as finanças, a banca, o estado social, …
Fui-me lembrando de como a enxerga não sai do imaginário do nosso povo. Uma urgência hospitalar inválida para cuidar dos casos verdadeiramente urgentes, ou seja, que não passa de um SAP com título de nobreza hospitalar, pode ser a menina dos olhos do povo. E os autarcas cuidam de tomar em mãos, em nome do povo, a defesa da enxerga …
Não vi os “Prós e Contras” de ontem. Estive ocupado numa discussão com o meu filho acerca da magna questão da corrupção. O mais difícil foi destrinçar o conceito de corrupção das questões colaterais inclusive os circuitos financeiros. Daí passamos para as funções de estado, a “troca directa”, a moeda, as finanças, a banca, o estado social, …
Fui-me lembrando de como a enxerga não sai do imaginário do nosso povo. Uma urgência hospitalar inválida para cuidar dos casos verdadeiramente urgentes, ou seja, que não passa de um SAP com título de nobreza hospitalar, pode ser a menina dos olhos do povo. E os autarcas cuidam de tomar em mãos, em nome do povo, a defesa da enxerga …
.
BAGDAD
Fotografia daqui
Isto é que é um trabalho asseado em prol da pacificação do Iraque. A administração Bush tem feito milagres promovendo as mais imaginosas fórmulas de terrorismo. Um atoleiro. Uma guerra civil. Exagero? Talvez o pior ainda esteja para vir.
Isto é que é um trabalho asseado em prol da pacificação do Iraque. A administração Bush tem feito milagres promovendo as mais imaginosas fórmulas de terrorismo. Um atoleiro. Uma guerra civil. Exagero? Talvez o pior ainda esteja para vir.
.
segunda-feira, fevereiro 26
PRESIDENCIAIS FRANCESAS
Fotografia daqui
« Le sursaut du patriotisme socialiste » : Jean Daniel analisa a unidade dos principais dirigentes do Partido socialista francês em torno da candidatura presidencial de Ségolène Royal.
No “margens de erro” o quadro actualizado com a cronologia das sondagens confirmando a recuperação de Ségolène Royal.
Quase tudo acerca de Ségolène Royal e das mulheres presidentes.
« Le sursaut du patriotisme socialiste » : Jean Daniel analisa a unidade dos principais dirigentes do Partido socialista francês em torno da candidatura presidencial de Ségolène Royal.
No “margens de erro” o quadro actualizado com a cronologia das sondagens confirmando a recuperação de Ségolène Royal.
Quase tudo acerca de Ségolène Royal e das mulheres presidentes.
.
.
25 DE ABRIL DE 1974
Fotografia de Hélder Gonçalves
Há dias em que os dentes se descerram
deixa o sangue de correr pelas avenidas
Há dias em que a morte se protege
da fúria desse sangue redivivo
Há dias que nascem sem um nome
e é preciso baptizá-lo sem demora
com um nome de flor ou de miragem
Há dias em que o sol muda de casa
para os bairros silenciados da cidade
Há dias que se tingem de vermelho
com risos e palavras inauditas
Há dias em que as praças se levantam
num tumulto de gestos com sentido
Há dias que se enchem de ambição
civil mas nua como um eco
Há dias em que o silêncio se cala
e uma voz ergue um canto nunca ouvido
João Pedro Mésseder
Há dias em que os dentes se descerram
deixa o sangue de correr pelas avenidas
Há dias em que a morte se protege
da fúria desse sangue redivivo
Há dias que nascem sem um nome
e é preciso baptizá-lo sem demora
com um nome de flor ou de miragem
Há dias em que o sol muda de casa
para os bairros silenciados da cidade
Há dias que se tingem de vermelho
com risos e palavras inauditas
Há dias em que as praças se levantam
num tumulto de gestos com sentido
Há dias que se enchem de ambição
civil mas nua como um eco
Há dias em que o silêncio se cala
e uma voz ergue um canto nunca ouvido
João Pedro Mésseder
.
domingo, fevereiro 25
FOTOGRAFIA DE FAMÍLIA
Fotografia de Família
O meu sobrinho Nuno publica hoje, no “A Defesa de Faro”, o post: “O meu Irmão Dimas Morreu”, assinalando o 2º aniversário da morte do seu pai.
A efeméride é triste, a fotografia é uma preciosidade para mim, o sobrevivente, e o texto que a acompanha revela, de forma breve, o que penso e sinto acerca de meu irmão.
Mas o tempo não para e o mais que valem estas evocações é o que delas poderão beneficiar os mais novos, os nossos filhos, e os filhos de nossos filhos. Eles aí estão, e não são poucos, para prosseguir, ao longo da vida, os valores que lhes sejam legados.
Desses valores prezo, acima de todos, a liberdade, sem a qual a justiça não faz sentido, e a honradez, sem a qual a riqueza é uma miragem.
O meu sobrinho Nuno publica hoje, no “A Defesa de Faro”, o post: “O meu Irmão Dimas Morreu”, assinalando o 2º aniversário da morte do seu pai.
A efeméride é triste, a fotografia é uma preciosidade para mim, o sobrevivente, e o texto que a acompanha revela, de forma breve, o que penso e sinto acerca de meu irmão.
Mas o tempo não para e o mais que valem estas evocações é o que delas poderão beneficiar os mais novos, os nossos filhos, e os filhos de nossos filhos. Eles aí estão, e não são poucos, para prosseguir, ao longo da vida, os valores que lhes sejam legados.
Desses valores prezo, acima de todos, a liberdade, sem a qual a justiça não faz sentido, e a honradez, sem a qual a riqueza é uma miragem.
.
SONDAGENS II
Fotografia daqui
A última sondagem a respeito das presidenciais francesas, divulgada hoje, aponta para uma aproximação entre os dois principais candidatos: Ségolène Royal et Nicolas Sarkozy:
“Selon l'Ifop, chacun des deux candidats recueillerait 28% des voix au premier tour. Au second, Nicolas Sarkozy l'emporterait par 50,5% contre 49,5%. François Bayrou serait à 17%, Jean-Marie Le Pen à 11,5%. »
A sondagem é divulgada pelo “Journal du Dimanche” com acesso restrito a assinantes. O resultado das sondagens pode ser consultado no “margens de erro”.
A última sondagem a respeito das presidenciais francesas, divulgada hoje, aponta para uma aproximação entre os dois principais candidatos: Ségolène Royal et Nicolas Sarkozy:
“Selon l'Ifop, chacun des deux candidats recueillerait 28% des voix au premier tour. Au second, Nicolas Sarkozy l'emporterait par 50,5% contre 49,5%. François Bayrou serait à 17%, Jean-Marie Le Pen à 11,5%. »
A sondagem é divulgada pelo “Journal du Dimanche” com acesso restrito a assinantes. O resultado das sondagens pode ser consultado no “margens de erro”.
Tudo leva a crer que Royal, nos últimos tempos, recuperou terreno mas quer-me parecer que tudo vai depender da capacidade de atracção dos candidatos François Bayrou e Jean-Marie Le Pen, respectivamente, sobre o centro esquerda e a direita.
.
SONDAGENS I
Simon Gris
O tema foi-me suscitado, tardiamente, pelo artigo de NBS no DN de hoje. Como soe dizer-se as sondagens são o que são, valem o que valem, mas ninguém prescinde delas para tomar decisões.
E além do mais é a chamada gestão das expectativas. O caso em apreço tem sido glosado pelo facto, considerado extraordinário, de um partido de governo, a meio de mandato, subir nas intenções de voto:
“O PS subiu quatro pontos percentuais no Barómetro Marktest para o DN e TSF, hoje divulgado, reforçando a maioria absoluta, enquanto o PSD desceu um ponto percentual e o CDS registou a maior queda, com menos três pontos.”
Para quem quiser fazer uma reflexão mais aprofundada sempre pode aceder ao “margens de erro”.
Uma coisa é certa: o PS e o Primeiro-ministro gozam ainda de um razoável “estado de graça”. Mesmo que queiramos descrer das sondagens as tendências são muito marcadamente favoráveis à actual maioria.
Já todos os comentadores deram as suas explicações. O que se passa? Duas palavras e uma frase: credibilidade, “sim” e “o que tem que ser feito tem muita força”.
O tema foi-me suscitado, tardiamente, pelo artigo de NBS no DN de hoje. Como soe dizer-se as sondagens são o que são, valem o que valem, mas ninguém prescinde delas para tomar decisões.
E além do mais é a chamada gestão das expectativas. O caso em apreço tem sido glosado pelo facto, considerado extraordinário, de um partido de governo, a meio de mandato, subir nas intenções de voto:
“O PS subiu quatro pontos percentuais no Barómetro Marktest para o DN e TSF, hoje divulgado, reforçando a maioria absoluta, enquanto o PSD desceu um ponto percentual e o CDS registou a maior queda, com menos três pontos.”
Para quem quiser fazer uma reflexão mais aprofundada sempre pode aceder ao “margens de erro”.
Uma coisa é certa: o PS e o Primeiro-ministro gozam ainda de um razoável “estado de graça”. Mesmo que queiramos descrer das sondagens as tendências são muito marcadamente favoráveis à actual maioria.
Já todos os comentadores deram as suas explicações. O que se passa? Duas palavras e uma frase: credibilidade, “sim” e “o que tem que ser feito tem muita força”.
.
AS PALAVRAS
O meu irmão Dimas e meu primo Ezequiel
Fotografia de Família
As palavras dão as mãos na roda
Que se forma em torno do poema
Rodopiam à nossa volta e gritam
*
Não sei dizer o que nos dizem
As palavras falam tão devagar
Soltam-se e por vezes choram
*
O caminho se faz caminhando
Foi o que ouvi dizer há muito
Tempo mesmo sem palavras
*
As palavras não fazem falta
A não ser para se gastarem
E nelas desenhar os sonhos
25 de Fevereiro de 2007
[Homenagem ao meu irmão Dimas
no dia do 2º aniversário da sua morte.]
Fotografia de Família
As palavras dão as mãos na roda
Que se forma em torno do poema
Rodopiam à nossa volta e gritam
*
Não sei dizer o que nos dizem
As palavras falam tão devagar
Soltam-se e por vezes choram
*
O caminho se faz caminhando
Foi o que ouvi dizer há muito
Tempo mesmo sem palavras
*
As palavras não fazem falta
A não ser para se gastarem
E nelas desenhar os sonhos
25 de Fevereiro de 2007
[Homenagem ao meu irmão Dimas
no dia do 2º aniversário da sua morte.]
.
.
sábado, fevereiro 24
CAMUS - LEITURAS
“O Primeiro Homem”
Por estes dias conclui a releitura de “O Primeiro Homem”, obra póstuma de Camus, a única que escreveu de cariz marcadamente autobiográfico, e provei o gosto da transfiguração.
Com muitas outras leituras de permeio a releitura de uma obra é, afinal, como se fosse uma leitura inaugural. É muito interessante sentir o que designo por transfiguração do entendimento da leitura.
Apesar de se tratar do mesmo texto a última leitura é sentida como substancialmente diferente das anteriores. Desta vez fui capaz de reconhecer, quase ao detalhe, os meandros vida que respira por detrás das palavras.
Por estes dias conclui a releitura de “O Primeiro Homem”, obra póstuma de Camus, a única que escreveu de cariz marcadamente autobiográfico, e provei o gosto da transfiguração.
Com muitas outras leituras de permeio a releitura de uma obra é, afinal, como se fosse uma leitura inaugural. É muito interessante sentir o que designo por transfiguração do entendimento da leitura.
Apesar de se tratar do mesmo texto a última leitura é sentida como substancialmente diferente das anteriores. Desta vez fui capaz de reconhecer, quase ao detalhe, os meandros vida que respira por detrás das palavras.
.
DAVID MOURÃO-FERREIRA
David Mourão-Ferreira
(24 Fev. 1927 - 16 Jun. 1996)
CERTIDÃO DE NASCIMENTO
Tão regaço estas arcadas
Tão de brinquedo os eléctricos
Vejo a cidade parada
no ano de vinte e sete
Dela por vezes me evado
mas sempre a ela regresso
Bem sei eu que não desato
o cordão com que me aperta
Vejo seus gestos de grávida
medidos cautos imersos
nessa jovem gravidade
que só grávidas conhecem
Que frescor de madrugada
no terror com que me espera
Mães têm sempre a idade
que em sonho os filhos decretam
Recordo melhor a data
Até mesmo a atmosfera
É o dia vinte e quatro
de um mês a tremer de febre
com armas grades e o rasto
de um sangue que nunca seca
Só seis decénios passaram
rápidos como seis séculos
Tão pouco Mas neles cabem
cidade arcadas eléctricos
nesta imensa claridade
irmã gémea do mistério
David Mourão-Ferreira
(24 Fev. 1927 - 16 Jun. 1996)
CERTIDÃO DE NASCIMENTO
Tão regaço estas arcadas
Tão de brinquedo os eléctricos
Vejo a cidade parada
no ano de vinte e sete
Dela por vezes me evado
mas sempre a ela regresso
Bem sei eu que não desato
o cordão com que me aperta
Vejo seus gestos de grávida
medidos cautos imersos
nessa jovem gravidade
que só grávidas conhecem
Que frescor de madrugada
no terror com que me espera
Mães têm sempre a idade
que em sonho os filhos decretam
Recordo melhor a data
Até mesmo a atmosfera
É o dia vinte e quatro
de um mês a tremer de febre
com armas grades e o rasto
de um sangue que nunca seca
Só seis decénios passaram
rápidos como seis séculos
Tão pouco Mas neles cabem
cidade arcadas eléctricos
nesta imensa claridade
irmã gémea do mistério
David Mourão-Ferreira
.
LEONEL BRIZOLA
Fotografia daqui
No CATATAU um episódio mesmo muito interessante da política e da comunicação social brasileira:
“Direito de Resposta concedido a Leonel Brizola no Jornal Nacional de 15/03/1994. Em 3 minutos acompanhamos, na leitura tensa de Cid Moreira, um dos momentos mais importantes do jornalismo brasileiro.”
No CATATAU um episódio mesmo muito interessante da política e da comunicação social brasileira:
“Direito de Resposta concedido a Leonel Brizola no Jornal Nacional de 15/03/1994. Em 3 minutos acompanhamos, na leitura tensa de Cid Moreira, um dos momentos mais importantes do jornalismo brasileiro.”
.
.
PALAVRAS (PARA UM PANFLETO)
Fotografia de Hélder Gonçalves
as palavras metem-se por baixo das portas
e são os versos (que medo!) da insubmissão;
as palavras atacam os poderes atravessadas
nos dentes de uma boca que morde, fala, grita.
as palavras carregadas de sentido estão aqui,
estão nestes versos que te aparecem nas mãos,
como um pássaro de asas de lume e olhos grenat,
como um poema que não se conforma nos livros.
as palavras, cortantes como essas lâminas, abrem
os pulsos dos anjos insensatos, erguem-se, foices,
ceifando as cabeças dos burros da cidade fechada,
as palavras preenchem os olhos vazios das pessoas.
as palavras distribuem-se como poemas volantes
nas vésperas de um primeiro de maio, em abril,
para que conste e sirva de aviso aos caducos,
para que em cada manhã sejam o pão e a estrela.
as palavras, acreditem ou não, meus caros senhores,
caem do céu nas nossas mãos e os olhos, doidos!,
não acreditam que os ventos as levem para longe,
as palavras escrevem-se para sempre nestas nuvens.
José Viale Moutinho
as palavras metem-se por baixo das portas
e são os versos (que medo!) da insubmissão;
as palavras atacam os poderes atravessadas
nos dentes de uma boca que morde, fala, grita.
as palavras carregadas de sentido estão aqui,
estão nestes versos que te aparecem nas mãos,
como um pássaro de asas de lume e olhos grenat,
como um poema que não se conforma nos livros.
as palavras, cortantes como essas lâminas, abrem
os pulsos dos anjos insensatos, erguem-se, foices,
ceifando as cabeças dos burros da cidade fechada,
as palavras preenchem os olhos vazios das pessoas.
as palavras distribuem-se como poemas volantes
nas vésperas de um primeiro de maio, em abril,
para que conste e sirva de aviso aos caducos,
para que em cada manhã sejam o pão e a estrela.
as palavras, acreditem ou não, meus caros senhores,
caem do céu nas nossas mãos e os olhos, doidos!,
não acreditam que os ventos as levem para longe,
as palavras escrevem-se para sempre nestas nuvens.
José Viale Moutinho
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)