Fotografia de Hélder Gonçalves"De repente, acordámos e o país é outro. O clima de medo e delação está instalado. Na função pública principalmente, mas não só."
São José Almeida, PÚBLICO, 07-07-2007"Vive-se hoje, com a conivência do primeiro-ministro, um clima de asfixia e intolerância democrática"
Zita Seabra, Expresso online
Duas frases apanhadas, em destaques, na imprensa “on line” para mostrar como, subitamente, emergiu na nossa vida pública a preocupação com as liberdades. Em debates, declarações, depoimentos, artigos e posts surgem frases conhecidas da boca dos mais estrénuos defensores das liberdades.
O PSD, para não falar do PP, aparentemente, uma espécie em vias de extinção, à falta de ideias alternativas à governação de Sócrates lança mão de uma “bomba atómica”, para uso doméstico, reclamando as liberdades que são uma componente estruturante do património programático e histórico do PS, e também do PSD.
Mas esta campanha, em prol das liberdades, não é mais do que uma comédia de terceira categoria. O PSD passou, sem peso nem medida, da referência aos “
tiques autoritários” do primeiro-ministro à mais grave acusação que se pode encontrar no glossário da terminologia empregue na luta política:
as liberdades estão em perigo!O PSD, como qualquer outro partido, caso estivessem em causa as liberdades, o que deveria fazer? Apresentar uma moção de censura ao governo no sítio próprio, a Assembleia da República? Avançar com um pedido de intervenção do PR tendo em vista o pronunciamento do Tribunal Constitucional? Conclamar o povo à rua para que desse o corpo na defesa do bem mais precioso pelo qual se bateu no 25 de Abril? Estão à espera do quê?
Acho que o problema, como diria a saudosa Zita, ao contrário do que disse acerca dos comunistas, não são as ideias mas os processos. Deixo um conselho ao PSD: ousem inovar, ponham a Zita a mandar, ela muda os processos, pois de ideias já mudou, e logo terão a liberdade de volta!
Entretanto, no dia 15 de Julho, vamos ter oportunidade de assistir a um
teste ao vivo para saber qual o sentimento da opinião pública – Lisboa é uma amostra significativa e dizem que o candidato do PS era a segunda mais importante figura do governo – acerca dos níveis de medo, asfixia e intolerância democrática (?) em Portugal.
Não se esqueçam de votar nas eleições, às quais até concorre um partido de extrema-direita, diria, fascista. Os amantes das liberdades são uns “mãos rotas” insistindo em jogar o seu jogo, apesar do governo que temos, segundo o PSD, todos os dias, por todos os meios, contra elas atentar!
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