Para abrir o ano de 2008 cinco sublinhados da minha última leitura de “O Primeiro Homem”, de Albert Camus, com a lembrança da passagem do ano de ontem na companhia de amigos, em nome da fidelidade.
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“São raros aqueles que continuam a ser pródigos depois de terem adquirido os seus meios. Esses são os reis da vida, que se devem saudar com discrição.”
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“ – a miséria é uma fortaleza sem ponte levadiça.”
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“De resto, como fazer compreender que uma criança pobre pode por vezes ter vergonha sem nunca invejar coisa alguma?”
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“E, à noite, deitado, morto de cansaço, no silêncio do quarto onde a mãe dormia levemente, ainda ouvia uivar dentro dele o tumulto e furor do vento que amaria ao longo de toda a vida.”
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“ … a criança morrera naquele adolescente magro e vigoroso, de cabelos revoltos e olhar arrebatado, que trabalhara todo o Verão para levar um salário para casa e acabava de ser nomeado guarda-redes titular da equipa do liceu e, três dias antes, saboreara pela primeira vez, quase desfalecido, o contacto com a boca de uma jovem.”
(A partir da edição portuguesa em cuja primeira página escrevi uma dedicatória para o meu filho que este ano, pela primeira vez, celebrou a passagem do ano separado dos pais, e que termina assim: “Hino à vida, saudação àqueles que não têm voz activa, pensamento ligado à acção, defesa da justiça e da liberdade, alerta contra o fanatismo e o totalitarismo … 1994/11/02” – já passou tanto tempo!)
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