sexta-feira, dezembro 28

TABACO


Um dia, muitos anos atrás, como já uma vez relatei aqui, deixei de fumar. Parti de férias num 31 de Julho de um ano qualquer, durante o qual fumei dois maços por dia de SG Filtro, e, no dia seguinte, não fumei nem mais um cigarro. E nunca mais fumei “cigarros brancos”, em todos os dias seguintes, com excepção de umas cigarilhas de quando em vez. Fui fumador viciado durante dez anos.

Não integrei, no entanto, a partir daquela decisão drástica, o pelotão de fuzilamento que aponta as armas contra os fumadores, nem sequer pensei que fosse possível a um qualquer governo fazer aplicar uma lei anti-tabaco quer por razões egoístas – pois o tabaco rende receitas fiscais fabulosas – quer por razões de popularidade – pois os lobbys das tabaqueiras e o dos fumadores são poderosos na “formação da opinião pública”.

A partir do exemplo de outros países que aplicaram mesmo leis mais duras do que aquela que, entre nós, vai entrar em vigor, criou-se a ideia de que seria possível , em nome da saúde pública, criar um consenso social favorável a uma lei anti-tabaco que, para ser cumprida, exige auto disciplina e fiscalização. Faz-me lembrar, de alguma maneira, a legislação acerca da obrigatoriedade do cinto de segurança nos veiculos automóveis.

Devo confessar que, com o passar do tempo, o fumo dos cigarros dos outros me incomoda cada vez mais. É uma questão de natureza física e não de natureza moral. Alergias! Mas compreendo a lógica dos argumentos dos que defendem a liberdade de fumar, como compreendo todas as campanhas em defesa da liberdade individual, contra a intromissão do Estado e, em geral, dos “outros”, na vida privada de cada um.

Mas, neste caso, acredito que, após um período inicial de adaptação, todos os interesses em presença se ajustarão e que, quer os espaços públicos se adaptarão progressivamente ao cumprimento flexível da lei, quer fumadores e não fumadores encontrarão fórmulas de convívio pacífico para a salvaguarda dos seus prazeres e desprazeres. No fim da linha sempre restará a ASAE – a entidade fiscalizadora - como válvula de escape... e como já se tornou um “desporto nacional” falar mal da ASAE! …
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