quinta-feira, dezembro 27

CGD/BCP


Umas notas mais acerca da saga BCP/CGD após ter lido e ouvido uma multidão de opiniões e notícias. Interessante a argumentação acerca da partilha dos lugares pelo chamado bloco central na lógica antiga inaugurada por Almeida Santos e Ângelo Correia, aquando do governo do ” bloco central”, nos idos dos anos 80. Dizem os defensores da partilha centrista – um modelo como outro qualquer de partilha do poder - que sempre que o governador do Banco de Portugal é socialista o presidente da CGD é social democrata.

O argumento é falacioso. Pois nem sequer é necessário recuar muito tempo para encontrar a situação oposta, ou seja, basta olhar para a situação que durou até ontem: o actual governador do Banco de Portugal – Constâncio – é socialista – até foi secretário-geral do PS – e o ex-Presidente da CGD - Santos Ferreira – também é socialista (ou próximo)!

O mais extraordinário fenómeno que surgiu nos meandros desta discussão pública – e ainda bem que há discussão pública – foi a intervenção de Luís Filipe Menezes exigindo a nomeação para a presidência da CGD de um social democrata, no caso referindo o nome de Miguel Cadilhe, quando, ao mesmo tempo, numa entrevista ao Expresso, anunciava a sua intenção programática, que é para levar a sério, de desmantelar o Estado, ou, para ser mais preciso, nas suas palavras: desmantelar de vez o enorme peso que o Estado tem na sociedade portuguesa e que oprime as pessoas [o link para a entrevista, como por milagre, desapareceu].

Como alguém dizia o que Menezes poderia argumentar, para manter o mínimo de coerência, era uma modalidade qualquer de privatização da CGD o que não seria sequer original no ideário recente do PSD.

No meio de tudo o argumento crítico mais forte contra o trânsito de Santos Ferreira da CGD para o BCP é o da carência de uma chamada “cláusula de rescisão” pois, na verdade, não é de admirar que os accionistas do BCP fiquem todos contentes em contratar um gestor que conhece por dentro o seu maior concorrente.

Além do mais com ele vão mais dois, ou seja, o núcleo duro dos futuros gestores do BCP - o maior banco privado português- vai ser constituido por uma tríade de gestores que levam consigo – sem beliscar a sua honestidade pessoal – todos os segredos da concorrência a que acresce ainda o ex-Director Geral dos Impostos – Paulo Macedo – que conhece todos os segredos da “máquina fiscal”.

Como diria o outro: não está nada mal, não senhor!
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1 comentário:

Anónimo disse...

Donde se prova que, quando se trata de comer da gamela do centrão, o PS e o PSD são iguais. Ou melhor, não se diferenciam.