sábado, abril 12

OS JORNAIS E A BLOGOSFERA


A imprensa escrita, com assinaláveis perdas de audiência, busca construir um espaço novo interagindo – no caso que interessa – com a blogosfera. O tema é merecedor de reflexão e estudo por especialistas mas não há soluções milagrosas. A imprensa escrita, tal como a conhecemos, vai transformar-se profundamente nos próximos decénios. Não é necessário ser um barra em comunicação para antever o que se vai passar. Está emergindo em força, já não como exercício pioneiro e diletante, uma nova era na qual a comunicação em tempo real já não é sequer monopólio das televisões.
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Qualquer um de nós tem a experiência pessoal de aceder à informação mais cedo do que os meios de comunicação tradicionais. A sua lentidão chega a ser enervante para qualquer internauta amador, mediano e sénior, como é o meu caso. Quanto mais para os jovens formados na era digital. Alguma imprensa tradicional tenta recuperar audiências através de enlaces com a “imprensa digital”. Pode ser que dê para adiar, ou atenuar, as perdas mas é um pouco como aquela fase dos primórdios do cinema a cores em que se tentou colorir a fita a preto e branco.
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Não dá porque a revolução tecnológica não vai parar e, pelo contrário, vai acelerar a democratização do acesso à produção e divulgação, simultânea, de conteúdos (maus, assim-assim e de boa qualidade) na blogosfera. Esta dinâmica parece não ter regresso, inviabilizando a apropriação pelo velho modelo de imprensa do novo suporte tecnológico no qual a blogosfera, e não só, explode e se consolida, quer em quantidade, quer em qualidade. A coisa está difícil!

Ver Público e, a partir de ontem, Expresso na blogoesfera.
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sexta-feira, abril 11

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EL VALOR DE LA DISCREPANCIA

Tria Giovan

Con
Senso


Desde el 19 de marzo de este año se ha vuelto muy complicado y en ocasiones prácticamente imposible, acceder desde Cuba a los sitios independientes que varios cubanos colocan en Internet de forma individual y colectiva, usando las propias redes de la isla. El portal Desde Cuba, que alberga a la revista digital Consenso, varios blogs personales y otros portafolios culturales y humanitarios, se ha visto afectado por esta situación. Nadie ha reivindicado algún tipo de acción en nuestra contra. O se trata de un transitorio accidente tecnológico o es una medida del gobierno para impedir a quienes viven en la isla que tengan acceso a los debates y reflexiones que publicamos.
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JERÓNIMO FOI A ANGOLA


Jerónimo de Sousa visitou Angola e deu uma entrevista ao Avante. Juro que li a entrevista, já glosada em diversos blogues, de uma ponta à outra.

Sublinho que Angola é um dos países com uma das maiores taxas de crescimento económico (ver PIB). Sublinho que o MPLA, partido do governo em Angola, já prometeu realizar eleições democráticas muitas vezes, nunca as tendo realizado, embora seja membro da Internacional Socialista (Ver partidos da IS). Parece que estão, mais uma vez, prometidas.

Jerónimo de Sousa, para além de outras afirmações esotéricas, acha que «O MPLA acolhe no seu seio diversas tendências que no plano governativo e no plano do desenvolvimento económico e social continuam a ser uma incógnita. Mas existe a vontade de não transformar a sociedade angolana numa sociedade capitalista no sentido clássico é um objectivo. Consegui-lo-á? Essa é a questão.»

Oh Jerónimo de Sousa, a sua viagem pode ter sido muito proveitosa mas as suas ideias acerca de Angola, e do MPLA, são a maior das confusões!
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quinta-feira, abril 10

O MEU IRMÃO DIMAS


Ouvem-se ao longe os sons que me ajudavam a adormecer nas noites quentes do sul. Ouço-os nas memórias dos dias ensolarados e felizes ainda mais quando corria uma brisa fresca no fim da tarde. Na soleira da porta fazia escorregar entre as mãos pedrinhas ouvindo-as cair no chão de terra por entre os latidos dos cães e o vozear das gentes ao longe. Ou seria perto? Olho para dentro de mim como se fosse um monumento raramente visitado e vejo a esquadria do casario branco perfilado ao longo das ruas estreitas. É a alma que me habita. E as vozes dos que me amaram ressoando no fundo dela. Um dia visitá-los-ei olhando-os com o tímido sorriso de outrora. Sou eu de regresso ao meu mundo amado. Só depois de mim virá a felicidade. [9/4/2008]
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CHAMA OLÍMPICA : PROTESTOS EM S. FRANCISCO

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quarta-feira, abril 9

BUSH

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DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

Carlos Diaz

Portugal ocupa a 28ª posição (em 127 países) no ranking de desenvolvimento tecnológico, no Global Information Technology Report, referente a 2007/08. Quer dizer que mantemos a mesma posição do ano anterior enquanto a Espanha se congratula por ter subido ao 31º posto. Nada mau …
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A ESCOLA EM CUBA


Não sei se os professores, em Portugal, estão muito preocupados com a realidade da escola em Cuba. Sei que existe o mito que em Cuba a educação é uma área de excelência. O regime político vigente em Cuba permite a adopção de medidas e exige o cumprimento de regras que seriam impensáveis numa democracia.
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Por cá filmes, com cenas de indisciplina nas escolas, tornaram-se um filão para os tablóides apontando, porventura, de forma precipitada, para a decadência da escola pública; em Cuba reina, pelo menos na aparência, a ordem e a disciplina mas, recentemente, mudou o processo de avaliação dos alunos tendo sido adoptados critérios de selecção que beneficiam os mais “integrales”.
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El conocido escalafón que se confeccionaba a partir de las notas acumuladas durante los tres cursos de la secundaria, ha dejado de existir. En su lugar, el profesor tiene la potestad de asignar –a dedo- quién estudia cada especialidad. Los nueve parámetros que, según el nuevo método de calificación, hacen la integralidad de un joven, son:

1.Asistencia y puntualidad
2. Actitud ante el trabajo
3. Actitud ante el estudio
4. Disciplina
5. Uso adecuado del uniforme y de los atributos pioneriles
6. Manifestaciones y actividades político-patrióticas
7. Participación en actividades culturales y deportivas
8. Cuidado de la propiedad social y del medio ambiente
9. Relaciones humanas

Isto é que é disciplina! Mas deixa no ar uma estranha sensação de regresso aos tempos da escola salazarista e à “Mocidade Portuguesa”. “Lá vamos cantando e rindo … “
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terça-feira, abril 8

ALDINA DUARTE

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TUDO ISTO É TRISTE, TUDO ISTO É FADO!

Os políticos em democracia, como qualquer cidadão, têm que tomar decisões. A diferença está em que os políticos, em democracia, tomam decisões em nome dos cidadãos que os mandataram, pelo voto, para as tomar em sua representação.

Os políticos não são cidadãos comuns pois enquanto estes respondem pelos seus actos perante a sua consciência, e um pequeno círculo de outros cidadãos, os políticos respondem perante a comunidade por decisões que afectam aspectos essenciais da vida, presente e futura, de todos.

Os políticos mais destacados, ou seja, os que exercem funções de maior responsabilidade, nunca deixam de ser cidadãos, gozando, em plenitude, dos mesmos direitos que todos os outros. Mas os cidadãos eleitos para o exercício de funções políticas nunca deixam de ser vistos pela comunidade, que um dia os elegeu, e neles confiou, como políticos.

Tanto mais alto o cargo que tenham exercido, tanto mais tempo nele tenham militado, mais se lhes exige que respeitem os cidadãos que neles confiaram.

Passando a casos concretos ninguém imagina, por exemplo, que Sá Carneiro, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues ou Cavaco Silva um dia tomassem a decisão de assumir a presidência do Conselho de Administração de uma empresa privada. Muito menos se poderá dizer que essa postura de desprendimento se deva à sua fortuna material.

Mas de outros se não pode dizer o mesmo e não cito nomes para não ser injusto para com algum político cuja opção pela gestão empresarial privada tenha tido cabal justificação pois toda a regra admite excepção.

Vergonha, dizem alguns. O que eu digo é que o efeito da opção de Jorge Coelho pela presidência executiva da maior empresa privada de construção civil do país, se for confirmada, pelo seu passado e personalidade, é devastador para a credibilidade dos políticos pois legitima aquele dito popular que tanto custa a engolir a todos os cidadãos de boa fé, que se bateram, e batem, pela ética republicana: “o que eles querem é tacho”.

Tudo isto é triste, tudo isto é fado!
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segunda-feira, abril 7

DEMOCRACIA

Albert Lemoine

The Economist Intelligence Unit’s
index of democracy

Mais do que uma curiosidade este é um “index” da democracia envolvendo 167 países. No próprio trabalho apresentam-se os critérios e as limitações de um “index” desta natureza.

É interessante verificar que, no grupo dos 27 países com “democracias plenas”, Portugal ocupa a 19ª posição, ou seja, o nosso país só é suplantado, neste “index of democracy”, em todo o mundo, por 18 países.

Achamo-nos feinhos quando nos olhamos ao espelho, mas …

[Via A FORMA E O CONTEÚDO]
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UMA QUESTÃO DE HIGIENE


Se querem um tema interessante, e importante, que nos deve preocupar tomem lá este. Para simplificar, os banqueiros recolhem as poupanças dos cidadãos e das empresas, fazem aplicações, emprestam, fazem-se remunerar e remuneram, por aí adiante, assumem riscos, estão sujeitos à legislação nacional e comunitária, é suposto serem supervisionados pelos bancos centrais, de cada estado, e pelo BCE, nos quais as comunidades delegaram a responsabilidade de garantir que cumprem as regras elementares da boa gestão. Mas se um banco ameaça entrar em colapso, costuma dizer-se “abrir falência”, ou seja, deixa de ser capaz de honrar os compromissos perante os seus clientes, é a comunidade que paga? A questão que se coloca, de forma brutal, será mais ou menos esta: a ética dos banqueiros que levam os seus bancos à falência é muito diferente da ética dos assaltantes de bancos?

Depois do Northern Rock, das intervenções públicas nos alemães IKB e Sachsen LB e também o caso do colapso do norte-americano Bear Stearns, ‘salvo’ pela Reserva Federal, o assunto levantou uma discussão ‘moral’ entre os financeiros. O BCE, e outros bancos centrais, alertaram para o risco de se estar a dar uma garantia aos banqueiros de que o dinheiro dos contribuintes servirá como rede de segurança para os seus exageros.
“O recurso a dinheiro público para resolver uma crise não pode ser dado como adquirido e só deve ser considerado como remédio para uma perturbação na economia e quando os benefícios sociais estimados superarem o custo de se estar a recapitalizar a instituição à custa de despesa pública”, nota o documento conhecido este fim-de-semana. Ou seja, impedir o colapso sim, absolver os responsáveis nunca.
“A gestão de uma instituição em dificuldades será responsabilizada, os seus accionistas não serão compensados e os credores e depósitos não segurados devem esperar assumir as suas perdas”, avisa o memorando.
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Ingrid Betancourt

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domingo, abril 6

Dias com árvores

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PROIBIÇÃO DE TELEMÓVEIS NA ESCOLA


Em Espanha generalizou-se a proibição do uso de telemóveis nas escolas. Nem mais nem menos. Não vale a pena perder mais tempo com esta discussão. É uma questão de bom senso, mais do que uma questão de disciplina. Um dia quando mudar o paradigma do ensino presencial – sala de aula/aluno/professor – para um outro, assente no ensino à distancia, de que já existem embriões experimentais - mesmo em Portugal – tudo vai mudar. Mas no momento presente mais vale proibir o uso de telemóveis nas escolas, isso mesmo, e logo por coincidência quando passa o 40º aniversário do Maio de 68 – o da palavra de ordem: “é proibido proibir”.
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sábado, abril 5

Soliloquy Half-Naked


Turismo: INATEL vai ser transformado em fundação em Julho

A notícia foi distribuída hoje, durante a tarde, pela LUSA. Há uns dias atrás uma funcionária do INATEL, com a qual me correspondo, perguntava-me acerca do destino desta reforma anunciada. Respondi-lhe que nada sabia de novo a não ser o que já antes, por diversas vezes, tenho tornado público.

A notícia hoje divulgada é interessante não tanto pela data anunciada para a concretização da reforma como pelo facto de não acrescentar nada em relação ao que já se sabia. Como estou a ler o Singer lembrei-me que ele tem lutado “para melhorar a situação dos animais” e também “para proteger a vida selvagem”, “ajudar algumas das pessoas mais pobres do mundo e legalizar a eutanásia voluntária”…. E eu gastei 7 (sete) anos da minha vida a preparar esta reforma.

Um Estado que demora uma eternidade a reformar-se a si próprio não está, eticamente, em condições de exigir eficácia no desempenho das suas próprias instituições e agentes. Já pensaram nisso? E no que respeita ao INATEL ainda há muito para dizer além do que já tenho dito.
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Prémio para Yoani Sánchez


Todos os que alguma vez lutaram contra uma ditadura sabem o que representa enfrentá-la. Aqueles que decidem enfrentar a ordem que limita ou suprime a liberdade, e amesquinha a dignidade humana, arriscam a sua própria liberdade, senão mesmo a vida. Sou capaz de me colocar no lugar de Yoani Sánchez, autora do blogue ``Generación Y``, quando teve conhecimento que lhe tinha sido atribuído o prémio Ortega y Gasset.

O governo cubano sentirá, por outro lado, a atribuição deste prémio como uma afronta ainda para mais vindo de um país que é, de facto, o seu mais importante aliado económico na Europa - a Espanha. Mas toda a gente já entendeu, mesmo a maioria dos cubanos, que é inevitável e imprescindível uma abertura económica do regime a que se seguirá, certamente, uma abertura política, resta saber, de que natureza.

Tenho seguido, nos últimos tempos, o percurso deste blogue, e da sua autora, agora premiada, empreendendo uma notável luta contra todas as tentativas de extermínio. Uma das razões porque vale a pena a aventura de manter um blogue, como este, concebido, em plena liberdade, é poder ser solidário com aqueles que, de forma séria, clarividente e equilibrada, lutam, em condições adversas, pela liberdade.
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sexta-feira, abril 4

MARTIN LUTHER KING


Ao cimo da página 25 do “Caderno nº1” dos “Cadernos” de Albert Camus, edição portuguesa da “Livros do Brasil”, muitos anos atrás, escrevi, pelo meu punho: - 3 – 1968 – FARO – CAIS - em frente da palavra Abril do fragmento que em seguida transcrevo.

“Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros de conversa à espera que venha a noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento."

No dia 3 de Abril de 1968, na minha cidade natal, terei lido essa página que retrata a atmosfera da Argélia natal de Camus, muito semelhante ao ambiente meridional da terra onde me fiz homem, curiosamente, na véspera do assassinato de Martin Luther King. Uma coincidência trágica: “Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento.”
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RESSONÂNCIAS

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