Ilustração daqui
Os resultados das eleições directas para o líder do PSD são os seguintes (
extraídos da acta oficial):
• Total de Eleitores – 77.088
• Total de Votantes – 45.444
• Votos Brancos – 254
• Votos Nulos – 97
• Candidato Mário Patinha Antão – 308 votos
• Candidato Pedro Santana Lopes – 13.427 votos
• Candidato Manuela Ferreira Leite – 17.224 votos
• Candidato Passos Coelho - 14.134 votos
Os resultados supra mencionados correspondem ao apuramento obtido até às 20h00 horas do dia 31 de Maio de 2008.
Falta apurar os resultados das seguintes Assembleias de Voto:
• Almeirim;
• Constância;
• Ferreira do Zêzere;
• Mesão Frio;
• Penedono;
• Peso da Régua;
• São Paulo;
• Londres;
• Newark;
• Rio de Janeiro
Como sempre acontece neste tipo de eleição – no PSD e no PS – vai correr um rio de tinta da pena de comentadores e uma torrente de palavras da boca de comentaristas. Mas, valha a verdade, a legitimidade deste processo eleitoral não esconde, ao mesmo tempo, a sua assustadora debilidade. Já não falo da guerra entre os candidatos e seus apoiantes. O que me chocou quando abri o sítio do PSD para me certificar dos resultados é ter verificado ser tão pouca gente a decidir dos destinos de um partido e, quiçá, de um povo.
Dos 77 088 militantes inscritos votaram 45 444 (59%). O expoente máximo desta espécie de paródia democrática é Patinha Antão que obteve 308 votos apesar de ter ocupado infindáveis minutos de tempo de antena nos órgãos de comunicação – incluindo as televisões. Manuela Ferreira Leite, que vai liderar o PSD, obteve 17 224 votos (37,9% do total de votos expressos)!
A legitimidade das eleições democráticas não se discute. Mas convenhamos que estes números (sem falar da qualidade de eleitos e eleitores!) revelam uma democracia restrita, limitada, talvez doente, que permite um sem número de interrogações acerca da sustentabilidade, e viabilidade, do próprio regime político democrático. Como podem tão poucos – ao nível dos partidos que são o sustentáculo do regime de representação que é o nosso – deter o poder de definir políticas nacionais cruciais para a vida de toda a comunidade?
Quem se der ao trabalho de percorrer os quadros de resultados, distrito a distrito, concelho a concelho, não pode deixar de sentir um arrepio de desconforto. Quer ao nível nacional, quer local, existem muitas entidades associativas, de natureza diversa, com mais filiados activos e participantes (muitos mais) do que os 77 088 eleitores para não falar dos 45 444 votantes nestas eleições directas do PSD. Todos podemos fingir que tudo vai bem, que a democracia é mesmo assim, mas algo vai mal no “Reino da Dinamarca”.
Ah! Já agora parece-me que o equilíbrio da repartição dos magros votos pelos três candidatos institucionais vai – pelo que entendi das palavras de Santana Lopes – apoiado por Jardim (que nem votou) - transformar a vitória de Manuela Ferreira Leite num inferno. Uma espécie de continuação da guerra civil interna por outros meios. A ver vamos!
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