Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, agosto 18
Do seu canto
“Ilha Deserta” – Ao largo de Faro - Fotografia de Bel
Do seu canto
um vento súbito de oeste na tarde
quente soprando sobre o mar suave
sublima a alma das gentes do sul,
os corpos reflectem o voo das aves
rasando a maré na busca de alimentos
enquanto aqui e ali o silêncio ecoa,
é agora possível a paz que invento
entre águas límpidas, cumplicidades
e sussurros, sombras quentes e aragens,
o mar rogado não me pegou ao colo
negando tocar-me com suas mãos
entoando um cântico cantado a solo,
quieto alongo os braços ouvindo
a valsa lenta do seu enérgico rugido
trazido no vento que sopra grave
e agradeço a dádiva do seu canto
a que me faltou alcançar a glória
de partir para sempre mar afora.
In “Ir Pela Sua Mão” - Editora Ausência, 2003
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