domingo, março 5

ESTATE (VERÃO)

Posted by Picasa Cesare Pavese

C'è un giardino chiaro, fra mura basse,
di erba secca e di luce, che cuoce adagio
la sua terra. È una luce che sa di mare.
Tu respiri quell'erba. Tocchi i capelli
e ne scuoti il ricordo.

Ho veduto cadere
molti frutti, dolci, su un'erba che so,
con un tonfo. Cosí trasalisci tu pure
al sussulto del sangue. Tu muovi il capo
come intorno accadesse un prodigio d'aria
e il prodigio sei tu. C'è un sapore uguale
nei tuoi occhi e nel caldo ricordo.

Ascolti.
La parole che ascolti ti toccano appena.
Hai nel viso calmo un pensiero chiaro
che ti finge alle spalle la luce del mare.
Hai nel viso un silenzio che preme il cuore
con un tonfo, e ne stilla una pena antica
come il succo dei frutti caduti allora.

Cesare Pavese


Verão

Este é um jardim claro, de erva seca e luz
entre muros baixos, que coze com calma
a sua terra. É uma luz que sabe a mar.
Tu respiras aquela erva. Tocas os cabelos
e neles agita-se a memória.

Vi cair
muitos frutos, doces, sobre uma erva que conheço,
com um baque. Também assim tu estremeces
com o sobressalto do sangue. Rodas a cabeça
como se à tua volta acontecesse um prodígio aéreo
e o prodígio és tu. Há um sabor igual
nos teus olhos e na tua cálida recordação.

Escutas.
As palavras que escutas mal te tocam.
Tens no rosto calmo um pensamento claro
que finge nos teus ombros a luz do mar.
Tens no rosto um silêncio que aperta o coração
com um baque e o faz destilar uma dor antiga
como o suco dos frutos caídos nesse tempo.

In Dopo (Depois)
LAVORARE STANCA (TRABALHAR CANSA)
Tradução de Carlos Leite – Edições Cotovia

2 comentários:

Anónimo disse...

Um belo poema.

hfm disse...

Pavese sempre!