

"Será que o dr. Cavaco, que sempre julgámos relativamente equilibrado, quer de facto embarcar numa cruzada moral contra o aborto, a pílula, o divórcio, a homossexualidade, a pornografia e o resto dos crimes sem perdão em que o «niilismo» moderno nos «poluiu»?"
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 17-03-06
“Uma mesinha redonda e austera no lugar do sofá”
Diário de Notícias, 17-03-06
Os silêncios e o lugar dos silêncios, na política à portuguesa, fazem lembrar qualquer coisa antiga. O sinal sonoro da emissora nacional que antecedia o noticiário da uma hora … um disco de vinil na grafonola a passar um fado da Amália … as manchetes do “diário da manhã” … a passagem do tempo morto sem história … coisas estranhas que nada têm, está bem de ver, de real.
É o imaginário. Mas o imaginário conta muito. Um dia pagar-se-ão estes silêncios. Quando os personagens abandonarem os actores à sua sorte e o palco ficar vazio. Aí alguém vai ter de conversar, provavelmente, com o outro sentado no sofá. Menos ostensivamente austero. Mais aberto às diferenças e à assumpção das mesmas.
Apetece proclamar: abram as portas e falem à vontade. Um sofá luxuriante no lugar da austera mesinha redonda, por favor!..
Sem comentários:
Enviar um comentário