sábado, janeiro 26

O gabinete do ministro cheira a maçãs.

Podíamos fazer um curso livre acerca do tema “como derrubar um ministro impopular” tomando por base o tema da política de saúde protagonizada, em primeira linha, por Correia de Campos. Mas que diabo! Se já é impopular para quê pôr tanta lenha a arder para o queimar. Ler a entrevista com uma magnifica frase de abertura: O gabinete do ministro cheira a maçãs.

- Desde há semanas que todos os dias é dada à estampa, pelo menos, uma notícia envolvendo vítimas de variados acidentes e das vicissitudes do desempenho do Serviço Nacional de Saúde;

- Todas as semanas ocorre, pelo menos, uma manifestação de protesto contra o fecho de um qualquer serviço de saúde (ontem as maternidades, já esquecidas, hoje os SAP s e as “urgências”);

- Curiosamente, pelo menos para já, os factos noticiados têm ocorrido sempre na chamada “província” e nunca nas grandes áreas metropolitanos onde se concentra a maior parte da população e, consequentemente, o maior número de ocorrências e de meios, humanos e materiais, do SNS;

- Os partidos da oposição, alguns presidentes de Câmara, e os líderes de opinião, fazem frequentes declarações acerca da necessidade de demitir o ministro Correia de Campos e de parar, suspender ou, pelo menos, abrandar todas as medidas encetadas pelo governo na área da reforma do SNS.

Eu próprio que sou um mero, e episódico, (graças a Deus!), utente do SNS só posso dizer bem. É mais que certo que em milhões de atendimentos e decisões, entre uma multidão de interesses corporativos e económicos, envolvendo milhares de intervenientes, equipamentos, punções e tratamentos, por entre penas e dores, ocorram erros, disfunções e acidentes no próprio mister de cuidar da saúde dos cidadãos cometido ao SNS – de forma tendencialmente universal e gratuita - mas era curioso, ao mesmo tempo, fazer uma avaliação da qualidade do atendimento, incluindo tempos de espera, acolhimento e tratamento dos utentes nas unidades privadas de saúde cujos serviços são pagos a peso de ouro!

É mais que certo que Correia de Campos abandonará, um dia destes, as funções de ministro da saúde restando saber se, para falar curto e grosso, existe em Portugal quem domine melhor os problemas da área que tutela. Ninguém é insubstituível mas uns são mais insubstituíveis do que outros.

Esta campanha contra Correia de Campos faz-me lembrar uma outra lançada contra Fernando Gomes aquando da sua passagem pelo Ministério da Administração Interna: todos os dias eram noticiados os mais variados assaltos, e outras ocorrências, na área da segurança pública que punham a população em pânico. No dia seguinte à demissão de Gomes secaram as notícias acerca do assunto.

Mas uma das grandes diferenças entre Correia de Campos e Fernando Gomes é que Gomes era (e é) um bom gestor, que se destacou na área da gestão autárquica, sendo primeiro-ministro Guterres, enquanto Correia de Campos é um gestor de excelência na área da saúde … sendo primeiro-ministro Sócrates. É só um pequeno detalhe mas pode fazer toda a diferença!
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