O Luiz Pacheco morreu. Toda a gente, ou quase, entre ontem, hoje e amanhã, vai falar na morte do Luiz Pacheco. Até eu. Só ele é que não, o que é pena, pois havia de ter graça. Depois, muito depressa, será esquecido. Mas a sua obra não, que apesar de pequena, é marcante. Outros dela falarão.
Encontrei aqui à mão uma das suas obras talvez a maior de todas: COMUNIDADE. Da Contexto, edição de 1980, com desenhos da Teresa Dias Coelho, que acaba assim:
“Ora deixem-me que lhes diga: um cadáver não nunca tem terá razão, mesmo que a tivesse tido antes. Um estúpido um cobardola é para rir e chorar, porque a estupidez e o medo não têm medida. Um patareco, dá-se-lhe um pontapé no cu, um parasita esborracha-se por nojo e a um folião fazemos notar que não lhe achamos graça nenhuma. E fugi dos frustrados e falhados que é a malta mais tratante e castradora que existe. Mas um bebé! uma rapariga com o filho ao colo! os bambinos em volta! são os bichos mais exigentes e precisados de tudo. E há que lhes dar tudo. Eis, senhores, porque saúdo a manhã e faço gosto em a ver inda uma vez, eis porque a pardalada me incita. E no riso do meu Paulocas uma leve ironia contente me desperta, babada em leite e ternura. Somos puros. Sabemos e cumprimos. Bem-aventurados somos e vós, também,
Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes.
[A ilustração é daqui]
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Umas vistas mais largas acerca da morte do Pacheco
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1 comentário:
boa noite! passei por acaso... vou ler a comunidade do link. bem haja!
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