domingo, julho 23

RITA E JOÃO

(Clique na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: Maria Olímpia (Pimpas), Mário Trigo, Filomena Aguilar Ferro Rodrigues, Luís Cruz e Silva, ladeando os gémeos Rita e João.

Não se trata, neste caso, de uma fotografia da colecção – ainda não esgotada – do Jantar de Extinção do MES, realizado em 1981, mas da captação de um momento exterior ao seu IV Congresso (o derradeiro), realizado em 1979. [Reitoria da Cidade Universitária de Lisboa]

Esta fotografia é uma preciosidade. Não só por ela própria – o preto e branco dá profundidade à realidade – mas por uma espécie de auréola de felicidade que se pressente no ar apesar de, politicamente falando, estarmos em fim de festa.

Com discrição, como sempre, a Filomena, ocupa o lugar central, mesmo que não ocupe geometricamente o centro do lugar, harmonizando os sentimentos e mantendo agarrados os laços que, no fundo, unem as famílias alargadas a que pertence.

Neste caso a imagem, inevitavelmente, destaca as figuras dos filhos gémeos da Filomena e do Eduardo (Ferro Rodrigues) – a Rita e o João – compenetrados para o acto.

Toda a vida é feita de mudança, dizia a canção, e aqui está uma imagem do passado com o presente e o futuro lá dentro. Não vale a pena temer nada senão os nossos próprios medos.

Apostilha à história das instituições (o dia seguinte)

Posted by Picasa Peixe Vermelho – Desenho, realizado em Maio de 2001, de autoria de meu filho (pelos seus 10 anos.)

Para o Manuel Maria.
Rasgar o mapa dos poderes:
sorrateiramente, evitando mostrar que sabes,
dar a palavra ao servo e fazê-lo brilhar;
deixar o senhor, falando, tão solene, sombrar;
não infringir à luz do sol nenhuma norma clara,
mas agir antes pela astúcia da razão:
deturpar certos preceitos orais da tradição
e fazer com a cautela uma vergonha rara;
estilhaçar o uso das ferramentas morais,
usando-as,
usando a honra como a espada dos samurais;
ler livros proibidos às horas de refeição,
desgostar os teus amigos sendo tão solitário,
tomar a dose de individualismo diário,
falar alto ao medo, solto, pregá-lo no chão;
acreditar que os últimos podem ser primeiros,
que o calor, apertando, pode mudar os janeiros,
que a brisa, querendo, pode acalmar o verão,
que há revoltas para lá da escassez de pão.
Rasgar o mapa das estradas
e deixar a cada desvario que aconteça,
aguardar pelos perfumes nas encruzilhadas,
partir, venturoso, sem esperar que amanheça
aproveitando que as guardas dormem de noite;
escrever, sendo dextro hábil, com a mão esquerda
para pelo pasmo criar a oportunidade
de ler com ambas enterradas em corpos aflitos;
saltar da cama à noite para acudir aos gritos
aos quais te juntas noutro leito mesmo ao lado,
pedindo ao teu parceiro perdão do teu pecado
e ao teu pecado perdão pelo tempo perdido,
confesso incapaz do risco de ser mal-querido;
rasgar a solidão escrevendo letras de trovas,
e com elas ao mundo dar, mentindo, boas novas
e a todos os povos, ignaros, novos continentes:
nada importa, se acreditam, quanto tu mentes;
amar apaixonadamente todos os miseráveis
e comer chocolates belgas, dos puros, ao lanche,
aflito com a queda do cacau nas bolsas mundiais,
e com os maus desenvolvimentos desiguais;
aflito, tu que nada vês na economia,
que não ligas os pobres e a barriga vazia,
preocupas-te lindamente,
fazes por sofrer dores duras como as do parto,
saudoso das antigas crises existenciais,
das que lembram livros e boa filosofia,
antes, durante e depois de um jantar farto.
Se a literatura acabar, logo se verá.
Haja horrores:
podendo tirar deles sofrimento aceitável,
alto! alto! alerta! eu espero estar cá.
Porfírio Silva

In A Varanda das Azenhas
(Poema dedicado a meu filho.)

sábado, julho 22

CAMUS - 1947

Posted by Picasa Frank Grisdale

Pode ler aqui a minha quarta contribuição para o blogue Cadernos de Camus que termina com esta nota:

No ano de 1947 Camus abandona a redacção do jornal Combat e publica o romance A Peste que o torna célebre o que, sem dúvida, explica esta reflexão acerca do êxito. Nos meus sublinhados verifico a curiosidade de ter colocado entre aspas a frase “A adversidade é necessária”. Um sublinhado do sublinhado

IMAGENS MAGNIFICAS

sexta-feira, julho 21

sem título XXXV

Sempre o som do mar ao fundo
No silêncio da noite se agiganta
Encosta acima mais nítido puro

21 de Julho de 2006



[A propósito de ter entrado no Erotismo na Cidade e reparado que na lista de links o absorto, por vicissitudes do abecedário, surge em primeiro lugar. Um pretexto para dizer que aprecio a qualidade e continuidade daquele blogue de referência].

MÉDIO ORIENTE

Crise no Médio Oriente. Em curso deste o final da 2ª Guerra Mundial. Só mudam os protagonistas por efeitos da passagem do tempo.

O cerne da questão política, que urge resolver, persiste. A existência e coexistência pacífica de dois estados, independentes e viáveis: Israel e Palestina.

Ler aqui, aqui e aqui.

RÉACTION ... RÉVOLUTION ... CRÉATION

«26 octobre. [1954]
Le contraire de la réaction ce n´est pas la révolution, mais la création. Le monde est sans cesse en état de réaction il est donc sans cesse en danger de révolution. Ce qui définit le progrès, s´il en est un, c´est que sans trêve des créateurs de toute ordres trouvent les formes qui triomphent de l´esprit de réaction et d´inertie, sans que la révolution soit nécessaire. Quand ces créateurs ne se trouve plus, la révolution est inévitable.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

EDUCAÇÃO - DEBATE, QUAL DEBATE?

Agradeço e retribuo a referência do “hoje há conquilhas, amanhã não sabemos”, do Tomaz Vasques, a um post meu a propósito da querela da educação. Também não vi o debate de ontem. Mas, pelas aparências, poder-se-á perguntar: debate, qual debate? Vi somente uns planos nos quais era evidente o embaraço da ministra face ao vozear ululante que emanava do hemiciclo.

Coisas próprias da democracia parlamentar ainda para mais quando todos sabem – no PS e na oposição - que a ministra da educação não é uma política profissional levando em consideração, ainda para mais, que o assunto ontem em destaque, pela sua complexidade técnica, é muito difícil de abordar no plano político.

Não parece normal que hajam no 12º ano dois programas, em simultâneo, para as mesmas disciplinas, pois não? Herança de políticas erradas do governo anterior, arquitectadas por um ex-ministro que é, hoje, assessor do PR. Por isso, certamente, a abordagem política do cerne da questão tenha ficado por conta do PS que quase “desapareceu” das noticias. Ficou a ministra que tentou manter a serenidade, no meio da algazarra, falando para os cidadãos.

O que ressaltou, no fim, foi o ruído de fundo e a plena convergência política, apesar de tudo surpreendente, entre a esquerda comunista, virgem em questões de governação, e a direita, responsável directa pela herança do caos reinante na área da educação, no ataque directo à ministra, mesmo ao nível pessoal, pois deu para entender, durante os últimos dias, a tentativa de fazer passar a ideia que as suas decisões políticas estavam condicionadas por interesses particulares.

A política ao mais baixo nível e em todo o seu esplendor, o que só reforça, no meu ponto de vista, a ideia de que mais vale manter um prudente distanciamento dos seus agentes activos potencialmente nocivos à saúde e bem estar de um cidadão normal. Santa paciência a de todos os políticos honestos, estejam no activo, na reforma, no exílio, ou no conforto do lar ...

Por mim já tinha esboçado um artigo acerca do tema da educação que aprontei hoje, propositadamente, antes do debate, e vai para publicação tal e qual.

quinta-feira, julho 20

A VARANDA DAS AZENHAS

Posted by Picasa Imagem de um livro singular em forma de blogue

O verão. Celebrar o encontro de várias gerações, sob um céu generoso, no qual não se desenhem ameaças à liberdade.

A palavra. Encarar o futuro respondendo, com placidez, à curiosidade discreta que nos despertam as nossas próprias dúvidas.

A intemporalidade. Partilhar o espaço e o tempo, o lugar e o modo, a palavra e o silêncio, a assiduidade e a ausência.

A comunidade. Alcançar a capacidade de fruir a vida em comum por necessidade e vontade.

A religiosidade. Amassar o pão e o espírito alimentando o sentido da existência de todos e de cada um.

A diferença. Ser ”amigo que não empata amigo” e o aceita com seus defeitos e virtudes.

A casa comum. Olhar a varanda, de onde se desfruta a vista do mar resplandecente, o espaço incomensurável no qual cabe um mundo de afectos, diferenças e futuros.

A esperança. Saber que cada uma das nossas vozes, ao menos um pequenino sopro delas, perdurará na memória dos mais jovens e lhes dará força para resistir às trombetas da guerra e da vã cobiça.

A cumplicidade. Alcançar somente aquilo de que formos capazes por nós próprios sabendo adivinhar o olhar discreto dos amigos.

A amizade. Dar testemunho acerca dos outros, sem nada pedir em troca, é isso a amizade?

quarta-feira, julho 19

EDUCAÇÃO - " REVOLUÇÃO PERMANENTE? "

O cerco político à ministra da educação está a apertar-se como se todas as forças, que ao longo de decénios foram responsáveis pela situação desastrosa da educação em Portugal, tocassem a rebate na vã tentativa de salvar os seus privilégios e fazer sobreviver o “deixa andar” que nos conduziu a ocupar os últimos lugares em todos os principais indicadores, na área da educação básica e secundária, entre os 25 países da UE.

Não digo que tudo são rosas na actual política educativa do governo mas os deméritos são certamente largamente superados pelos aspectos positivos no desenvolvimento de políticas de enfrentamento da situação calamitosa a que chegou a educação em Portugal realidade que qualquer cidadão de bom senso – não especialista - é capaz de reconhecer

O que Teodora Cardoso afirma, num artigo de opinião muito bem elaborado, é a pura das verdades e, podem ter a certeza, que nenhum ministro da educação, de qualquer governo, na plena posse de todas as informações e empossado, legitimamente, do poder para governar, deixará de tomar as mesmas medidas ou outras, certamente, bem mais duras do que aquelas que têm sido postas em prática pela actual ministra.

Devia ter vergonha o principal partido da oposição em questionar as políticas em curso, e as dificuldades em lidar com as sequelas de três anos de governo da educação nos quais se empenhou em fazer, refazer e desfazer reformas, culminando com a entrega da pasta a uma senhora – ainda se lembram ? – inenarrável, - chamada Maria do Carmo Seabra. Haja memória e decoro!

A propósito do tema da educação aqui deixo o acesso a quatro textos que publiquei, em 2004 e 2005, e que abordam alguns dos seus aspectos relevantes.

Educação Profissional - Caminho do Futuro [Junho de 2004]

Abandono Escolar - uma emergência nacional [Outubro de 2004]

Um Compromisso para a Educação [Janeiro de 2005]

Educação e Formação na EU [Janeiro de 2005]

segunda-feira, julho 17

Frank Grisdale

Posted by Picasa Frank Grisdale

Compor um blogue é um exercício de flutuação entre diversas disciplinas como se tudo o que, no momento, se imagina pudesse ser, instantaneamente, colocado ao alcance da fruição do outro.

A magia deste meio é ser um caderno aberto à leitura de todos embora nele – por ser público – se não deposite toda a nossa intimidade mesmo nos casos em que se queira fazer parecer o contrário.

Procuro uma imagem que possa partilhar, e me liberte do calor arrepiante da cidade, e encontro este autor canadiano que tinha bem guardado em recato para outra finalidade.

Resolvo libertá-lo do cativeiro do meu egoísmo e vou voltar, a correr, para um clima mais temperado – aqui tão perto – nesta busca do máximo bem-estar possível que é, toda a vida, o maior desafio do nosso quotidiano.

CESÁRIO VERDE

Posted by Picasa Cesário VerdeFotografia daqui

Cesário Verde morreu em 19 de Julho de 1886 no Lumiar, a dois passos do sítio onde escrevo, e antecipo dois dias a efeméride para me ser possível a ilustração.

Um dos maiores poetas portugueses de sempre, com vida e obra curtas, mas de grandeza incomensurável.

Tempos atrás transcrevi, na íntegra, o seu longo poema “O Sentimento de um Ocidental” do qual aqui deixo, em sua homenagem, a abertura:

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

domingo, julho 16

Uma boa descrição ilustrada da região que por estes dias habito
no Uma Rua ao Frio

[Série: sem fotografia e sem título –6]

Nobel

"17 octobre. (1957)
Nobel. Étrange sentiment d´accablement et de mélancolie. À 20 ans, pauvre, et nu, j´ai connu la vraie gloire. Ma mère. *"

*À l´annonce du prix Nobel, Camus a téléphoné à sa mère, à Alger.

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

sem título XXXIV

Este mar é a luz da minha memória

16 de Julho de 2006

sexta-feira, julho 14

Scolari recusou um convite do Brasil. “Felipão” fica mais dois anos como seleccionador de Portugal.

Na minha modesta opinião uma boa notícia para o futebol português.

[Série: sem fotografia e sem título –3]
Uma entrevista saborosa com SILVIA CHUEIRE no SUBROSA

[Série: sem fotografia e sem título –2]
O meu tio Ventura faz hoje 93 anos. Ele não problemas com a idade, a idade é que tem problemas com ele.

O seu aniversário que poderia ser uma efeméride saudosista é, no caso do meu tio Ventura, um acontecimento do futuro.

O meu tio Ventura vive a vida em plenitude, seja qual for a idade, como se o tempo fosse um bálsamo e não uma contrariedade.

Um dia, num artigo, intitulado “ O meu tio Ventura”, fiz uma menção à sua personalidade que, desde a minha meninice, sempre me impressionou.

Aqui lhe deixo os meus parabéns e que conte muitos.

[Série: sem fotografia e sem título – 1]

quinta-feira, julho 13

BREVE ENCONTRO


Este é o amor das palavras demoradas
moradas habitadas
nelas mora
em memória e demora
o nosso breve encontro com a vida

O Nome das Coisas, 1977

[Poema que foi deixado na caixa de comentários pela Carmito a propósito do post que lhe dediquei da série dedicada ao jantar de extinção do MES]

UMA TRADIÇÃO QUE VEM DE LONGE

Posted by Picasa Fotografia de Família – clique para ampliar

Hoje é o dia de aniversário do meu irmão Dimas. Para ele, lá onde se encontre, a renovação da minha fraterna saudação. Esta fotografia, dos anos 40, sempre iluminou a tradição aventureira de um passado familiar que, como filho tardio, não vivi.

Neste grupo de motards podem ver-se meu pai Dimas e meu irmão, ao centro, ambos de boné, meu irmão sentado na moto, e à sua direita o meu primo Luciano, ilustrando uma tradição que, afinal, vem de longe.

Este grupo de motards dos anos 40 é um daqueles que foi, de facto, percursor, de uma festividade que, quer queiram ou não, quer gostem ou não, “coloca Faro no mapa” durante alguns dias.

O Moto Club de Faro prepara-se para fazer a festa nos 25 anos da Concentração Internacional de Motos de Faro. Em ano de ‘bodas de prata’, a organização espera a afluência de 30 mil amantes das duas rodas, entre 20 e 23 de Julho, àquele que é considerado o evento motard mais importante do Sul da Península Ibérica, organizado pelo Moto Clube de Faro (MCF).

A edição deste ano terá ‘acoplada’ uma campanha especial de segurança e prevenção rodoviária, denominada zerOKilled, um termo recuperado da guerra da Coreia e utilizado quando não existiam ‘baixas’ em combate.

Recentemente reparei que, curiosamente, a Norton de meu pai é igualzinha aquela em que Che Guevara, pela mesma época, fez uma célebre e longa viagem atravessando, com um amigo, toda a América latina e que foi brilhantemente retratada no filme “Diários de Motocicleta”.

quarta-feira, julho 12

MUSEU DE ARTE MODERNA - SINTRA

Andy Warhol

Nas deambulações próprias de um período de férias – que tornará menos intensa a “alimentação” deste blogue – vi, no Museu de Arte Moderna de Sintra, a Exposição “Sedução Cinema & Pintura"Colecção Berardo. Recomenda-se.

MANUEL PIRES

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

Ao centro: Manuel Pires

Uma das poucas fotografias desta colecção retractando, na prática, um personagem singular. Agradeço ajuda para a identificação dos acompanhantes.

segunda-feira, julho 10

ÚLCERA CRÍTICA (auto - e hetero-crítica)

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

Todos querem ser o que não são
E eu à regra não faço excepção
Se acontece que eu mil vezes mudo
É só por querer depressa ser tudo
Tudo, entendamos exclui meio milheiro …
Em especial: académico e banqueiro.
Um porque sabe a mais o que é de menos
O outro sofre muito se os lucros são pequenos!
Ambos, porque sim e porque não
Esses querem bem ser o que são …
Admiro até, porém, as linhas rectas
Mas geometria é realmente coisa de poetas
Que eu entorto em letras p´ra fazer um dístico
Capaz de fazer passar até por aforístico
Mas sem sorte alguma.
Puras agulhas de pinheiro, simples caruma
Secas como as rectas da geometria
- A grande irmã secreta da poesia -
Que faz as úlceras dos críticos
Em seus comentários analíticos …

22.2.67

José Blanc de Portugal
In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

ITÁLIA CAMPEÃ


Fiquei contente. Os franceses “morreram” provando o seu próprio veneno.
Ainda uma frase italiana, mais que jocosa, para encerrar esta triste saga da participação francesa no mundial, em particular, pelo seu exacerbado nacionalismo chauvinista … é isso mesmo!

Francesismi raffinati ed esultanti!!!!

domingo, julho 9

ALBERT CAMUS - CADERNOS

Posted by Picasa Albert Camus

Aqui fica um post que escrevi, em Janeiro de 2004, para o blogue Cadernos de Camus. (Este é o segundo. Aquele que, recentemente, aqui postei é na verdade o terceiro.)

Aliás sou eu próprio que o afirmo na introdução a esse contributo:

“O meu segundo contributo, na fase experimental do blog, é a transcrição do conjunto das frases sublinhadas, no próprio livro, aquando da minha primeira leitura. As restantes foram transcritas na anterior participação. Desta forma “invento” um critério para esta série de excertos do 1º caderno (Maio de 1935 a 15 de Setembro de 1937).”

CARMITO

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: Rosário Ávila de Melo, Carmito, Teresa Pato, Nuno Ribeiro da Silva e Zé Serrano.

Continuo a saga fotográfica do jantar de extinção do MES. Ainda faltam algumas – poucas – publicáveis. Outras, infelizmente, não aguentaram a usura do tempo. Mesmo assim vou ousar publicar, espaçadamente, algumas das que suprem pela surpresa do testemunho, a degradação da qualidade técnica. O autor deu-me carta branca para optar.

Esta fotografia é uma das que está no limite mas – devo confessar – que a publico pela Carmito. Não por ser a mulher do António – autor da reportagem – mas por ter sido, desde sempre, uma das mulheres mais encantadoras do MES. Saravah!

O M. Lévy manifesta surpresa, num comentário, por não surgir entre os fotografados. Ele surge, de facto, numa daquelas que não vou publicar. Mas sempre a poderá receber se enviar o seu endereço electrónico ao António Pais ou a mim próprio.

A Maria chegou até aqui pela Rita [Ferro Rodrigues] que inaugurou, faz uma semana, uma coluna na ÚNICA – Revista do Expresso – dedicada aos blogues – com uma referência ao Absorto. Esperava uma oportunidade discreta para agradecer a sua preferência. A distinção que me conferiu é o resultado de uma amizade recíproca e do seu gosto por algumas das minhas escritas (ela que escreve tão bem!) e um dia destes vou retribuir-lhe – aqui – partilhando com todos uma prenda surpreendente.

Muitos dos participantes do “jantar/festa” não surgem nesta colecção de fotografias mas – quem sabe – se não existirão outras reportagens, ainda não reveladas, que possamos ajudar a divulgar. Pela parte que me toca fico atento a qualquer testemunho que possa ser divulgado neste extraordinário espaço de comunicação que é a blogosfera.

sábado, julho 8

NAÇÕES E EXPRESSÕES

Posted by Picasa Sem Título

[Desenho de autoria do meu filho Manuel – Fevereiro de 2001 – pelos seus dez anos.]

Parte séria - já publiquei antes, na série de citações dos “Cadernos”, esta frase de Albert Camus : Char propose comme devise: Liberté, Inégalité, Fraternité.”

Parte jocosa - a frase que circulou no Brasil, após a derrota com os franceses: "LIBERTÉ, EGALITÉ E VANCIFUDÉ!"

sexta-feira, julho 7

A MARGEM DA ALEGRIA - 10

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

e não havia tantas tão miúdas minudências rodeando os corpos

Quando as raparigas punham todo o peso da sua esmagadora juventude
no pé e o pé no pó das antigas estradas a caminho das fontes
onde a água corria pelos vagarosos dias desse tempo
quando os cortesãos nos refeitórios de alto pé-direito e telha vã
renovavam as rosas do colar murchas com o calor
antes de cavalgarem toda a noite pelos campos até de madrugada
quando não só as salas mas as vidas não ficavam
de repente vazias de convivas

(…)
Ruy Belo

A Margem da Alegria [10]

VÍTOR WENGOROVIUS, OUTRA VEZ

Posted by Picasa VÍTOR WENGOROVIUS NO JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES

Só agora vi o comentário que a Rita e a Marta Wengorovius, filhas do Vítor, deixaram na caixa de comentários a respeito deste post, encimado pela Fotografia de António Pais , da série respeitante ao jantar de extinção do MES.

Aqui fica o comentário/apelo, com retoques de detalhe:

“Agradecemos comovidas pelas tuas palavras, conseguimos rever o nosso pai por um bocadinho, ajudas-te a revê-lo, andamos a juntar histórias e depoimentos para um livro. Passa a mensagem para que quem o conheceu nos envie material.
Obrigada

Rita e Marta Wengorovius


rita_wengorovius@hotmail.com; wengoroviusmarta@clix.pt; teatroumano@hotmail.com

Sophia Loren no "Pirelli" 2007

quinta-feira, julho 6

A REFORMA DAS REFORMAS

Posted by Picasa Fotografia daqui

Já está disponível no site do “Semanário Económico” o artigo de opinião, com o título em epígrafe, assim como no IR AO FUNDO E VOLTAR.

"A reforma das reformas é a do estado. Reduzir, redimensionar, repensar e qualificar o estado é uma tarefa gigantesca e repleta de escolhos. A resistência às mudanças exige a tomada de medidas enérgicas e uma enorme capacidade de persuasão. É o que está à vista de todos na iminência da concretização do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE)."

TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA

Posted by Picasa Figo e Zidane

Vencidos e vencedores. Profissionais e desportistas. Rivais e amigos. Um gesto simbólico que honra os vencidos e enobrece os vencedores. Uma imagem que percorre o mundo, de lés a lés, ajudando à luta pela paz e a concórdia entre os povos e os homens de boa vontade. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

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Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

APÓS A DERROTA

Posted by Picasa SONJA KINSKI

Esta imagem foi descoberta aqui e não é um separador. As minhas imagens, ultimamente, tresandam a homem talvez por influência do futebol. Depois explico, num post à parte, como o futebol não é, para mim, uma moda mas uma componente estruturante na minha formação cultural. Eu sei que também há o futebol feminino e, no masculino, cada vez mais surgem imagens femininas. O futebol está a perder o sexo!

Os negócios da imagem (e outros) dominam o fenómeno do futebol contemporâneo, eu sei, mas a imagem dos meus heróis de juventude, que quase pagavam para jogar, colou-se na formação do meu gosto e este jamais o perderei ao contrário do vício de fumar que perdi de um dia para o outro.

A beleza do futebol, mesmo após a derrota, tal como a beleza feminina, mesmo sendo produzida (e a beleza não é sempre produzida?), fascina-me e incorpora a minha formação cultural. Não há volta a dar!

quarta-feira, julho 5

PORTUGAL

Posted by Picasa PORTUGAL PARA TODOS

[Desenho do meu filho Manuel, elaborado em Fevereiro de 2001, pelos seus dez anos.]

Os meus companheiros e companheiras, jogadores de bancada, que têm acompanhado a epopeia da equipa nacional a que, antigamente, chamávamos “equipa das quinas” ficaram tristes mas não desesperados. [O meu filho não participou do grupo e logo vi que a coisa podia dar mau resultado].

Nada mudou na táctica de Scolari – trocar a bola e esperar – mas, como era previsível, quem marcasse um golo ganhava. Os franceses marcaram e ganharam. Portugal, desta vez, não foi eficaz mas desmentiu a campanha infame da imprensa internacional – com honrosas excepções – que quiseram transformar a equipa portuguesa num grupo de arruaceiros.

Ivanov, o árbitro do Portugal-Holanda, foi uma espécie de vacina que transfigurou o “sistema” tornando-o menos exposto à observação dos mais incautos. Salvou-se a França embora resguardando-se, quase o tempo todo, na defesa da vantagem mínima, sem ver qualquer dos seus jogadores “amarelados”, o que afastaria 5 ou 6 deles da final com a Itália.

No fim os portugueses abraçaram e deixaram-se abraçar pelos jogadores franceses, trocaram camisolas e palavras de conforto, mostraram ao mundo que, mesmo no desporto de alta competição, é possível perder com dignidade. Porque nestas coisas do “Mata-Mata” perde-se e ganha-se e nada desmerece, mesmo na derrota, os que lutam, com bravura, por vencer.

Espero que a Itália vença o Mundial e que Portugal não deixe os seus créditos por mãos alheias na disputa de um lugar no “pódium” com a Alemanha.

Ah! E, por fim, muitos dos nossos pequenos e médios intelectuais, que não entendem nada do fenómeno do futebol, poderão, a partir de domingo, ver-se, finalmente, livres das garras “totalitárias” desta torrente comunicacional lúdica que lhes aperta os crânios mas que tão bem rima com as palavras liberdade e democracia.

UM ABRAÇO ORIGINAL

Contro quale squadra per Cannavaro non fa differenza. Francia o Portogallo da un punto di vista delle difficoltà secondo il capitano azzurro si equivalgono. "Tutti parlano della Francia - osserva - forse perché ha battuto il Brasile, ma il Portogallo non è secondo a nessuno. Sono già arrivati alla finale dell'Europeo, anche loro hanno fatto un ricambio generazionale, integrando i giovani con i vecchi. E' una squadra completa, con tecnica, corsa, difesa che concede molto poco e un portiere bravo anche a parare i rigori". Differente, tra Francia e Portogallo, sarebbe il gusto di un'eventuale vittoria. "
(...)

terça-feira, julho 4

ITÁLIA NA FINAL

Posted by Picasa Grosso – o marcador do primeiro golo de Itália

No post do “percebe” tinha arriscado a hipótese de uma final Portugal-Itália. Só falta o mais difícil para nós: ganhar aos franceses.

No mundial Portugal tem vencido com uma táctica aparentemente simples: troca a bola e espera. Os adversários mais fracos, com o passar do tempo, convencem-se que podem ganhar; os mais fortes, com o passar do tempo, convencem-se que podem perder.

Scolari manda trocar a bola e esperar. Joga com o tempo. Trocar a bola e esperar, mesmo que pareça uma eternidade. O objectivo é tornar tempo e espaço, cada minuto que passa, mais escassos para o adversário. Na vertigem dos últimos minutos a moral do adversário desmorona-se. Até este momento a táctica tem resultado.

Defrontando a França Scolari devia mudar alguma coisa. Os franceses sabem que para destruir esta táctica têm que marcar cedo e Portugal não vai ter – como até aqui – tanto espaço, nem tanto tempo para trocar a bola e esperar.

Mas o mais certo é Scolari não mudar nada. Depois se verá se, mesmo assim, os franceses caem na armadilha apesar de a terem estudado até à exaustão. Os alemães caíram na armadilha montada, à sua maneira, pelos italianos. Agora é a nossa vez.

Avanti Portugal!