sexta-feira, julho 21

EDUCAÇÃO - DEBATE, QUAL DEBATE?

Agradeço e retribuo a referência do “hoje há conquilhas, amanhã não sabemos”, do Tomaz Vasques, a um post meu a propósito da querela da educação. Também não vi o debate de ontem. Mas, pelas aparências, poder-se-á perguntar: debate, qual debate? Vi somente uns planos nos quais era evidente o embaraço da ministra face ao vozear ululante que emanava do hemiciclo.

Coisas próprias da democracia parlamentar ainda para mais quando todos sabem – no PS e na oposição - que a ministra da educação não é uma política profissional levando em consideração, ainda para mais, que o assunto ontem em destaque, pela sua complexidade técnica, é muito difícil de abordar no plano político.

Não parece normal que hajam no 12º ano dois programas, em simultâneo, para as mesmas disciplinas, pois não? Herança de políticas erradas do governo anterior, arquitectadas por um ex-ministro que é, hoje, assessor do PR. Por isso, certamente, a abordagem política do cerne da questão tenha ficado por conta do PS que quase “desapareceu” das noticias. Ficou a ministra que tentou manter a serenidade, no meio da algazarra, falando para os cidadãos.

O que ressaltou, no fim, foi o ruído de fundo e a plena convergência política, apesar de tudo surpreendente, entre a esquerda comunista, virgem em questões de governação, e a direita, responsável directa pela herança do caos reinante na área da educação, no ataque directo à ministra, mesmo ao nível pessoal, pois deu para entender, durante os últimos dias, a tentativa de fazer passar a ideia que as suas decisões políticas estavam condicionadas por interesses particulares.

A política ao mais baixo nível e em todo o seu esplendor, o que só reforça, no meu ponto de vista, a ideia de que mais vale manter um prudente distanciamento dos seus agentes activos potencialmente nocivos à saúde e bem estar de um cidadão normal. Santa paciência a de todos os políticos honestos, estejam no activo, na reforma, no exílio, ou no conforto do lar ...

Por mim já tinha esboçado um artigo acerca do tema da educação que aprontei hoje, propositadamente, antes do debate, e vai para publicação tal e qual.

1 comentário:

Anónimo disse...

PORTO, 2006.07.22
COMO FUI EDUCADO E COMO EDUQUEI.

A escola do meu tempo, como aluno, anos 50, é a mesma que o Dr. Daniel Sampaio cita no seu livro, “ Voltei a Escola”. Porrada no recreio entre alunos e “gozar” os professores. Aquela cena do Professor de Geografia, o Dr. Raimundo que dava dez minutos de aula e depois... que o resto estava no livrinho é lapidar. Claro que a partir daí, para a rapaziada, o professor já não era o Dr. Raimundo mas sim o Ratimundo. A aula era insuportável para o professor, tal e qual como na minha escola em Faro, onde aconteceram as mesmas coisas. Apesar de tudo, quer a minha escola quer a escola do Dr. Sampaio deram bons quadros que estão ainda aí no activo, no desempenho de grandes cargos. A minha deu até o actual Presidente da República. Conclui-se daqui que o ensino e a educação funcionaram, apesar de todas as deficiências. Recordo o que o Prof. Agostinho da Silva disse, numa entrevista, quando lhe perguntaram pela escola dos anos 90:- é má. O filho da empregada daqui do lado, um rapaz todo mexido, quando chega da escola diz à mãe que queria que a escola ardesse e lamentava-se que a escola nunca mais acabasse. Numa entrevista dada pelo falecido escritor Mário Ventura Henriques, recordo ele dizer que não gostava dos professores, porque só pediam aos alunos para estar calados. Mas quer os alunos do meu tempo, quer do Dr. Sampaio e do tempo do filho da empregada ou do Mário, não batíamos nos professores e hoje, bate o aluno e se for preciso, vai lá também a mãe dar uma achega. Penso que esse respeito ao professor, vinha da primária, onde eu comecei em 63 e nós todos ensinávamos com umas reguadas à mistura e nunca nenhum aluno se nos dirigia dizendo, “ó professor anda cá”. Hoje sei que na primária tratam os professores por tu. Concluo que o problema da escola de hoje é a falta de educação dos alunos, com total responsabilidade dos pais, a quem é preciso dizer aos filhos que, se vão a escola, é para aprender. O Ministério não devia perder o aluno de vista, nesta óptica da disciplina e do respeito ao professor, educando-o e tomando todas as medidas para o êxito académico deste. Sem respeito pelo mestre (mesmo menos bom que seja) não há educação possível. Acho que devemos voltar ao antigamente e começar de novo.
JMS