segunda-feira, julho 10

ÚLCERA CRÍTICA (auto - e hetero-crítica)

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

Todos querem ser o que não são
E eu à regra não faço excepção
Se acontece que eu mil vezes mudo
É só por querer depressa ser tudo
Tudo, entendamos exclui meio milheiro …
Em especial: académico e banqueiro.
Um porque sabe a mais o que é de menos
O outro sofre muito se os lucros são pequenos!
Ambos, porque sim e porque não
Esses querem bem ser o que são …
Admiro até, porém, as linhas rectas
Mas geometria é realmente coisa de poetas
Que eu entorto em letras p´ra fazer um dístico
Capaz de fazer passar até por aforístico
Mas sem sorte alguma.
Puras agulhas de pinheiro, simples caruma
Secas como as rectas da geometria
- A grande irmã secreta da poesia -
Que faz as úlceras dos críticos
Em seus comentários analíticos …

22.2.67

José Blanc de Portugal
In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

2 comentários:

Anónimo disse...

Porto, 2006.07.10
Viva.
"Uma cerca de madeira
a demarcar a fronteira
numa praia algarvia.
Será?
Só o autor do blog saberá.
Bela a poesia
publicada.
A poesia será sempre a nossa estrada
porque com ela poderemos dizer.
A vida é bela até morrer.

hfm disse...

Aqueles últimos 4 versos são lapidares.