sábado, março 8

O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (III)

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EDUCAÇÃO: HAJA DECÊNCIA!

Holly Roberts

O capítulo da Educação (não superior), do Programa do Governo, subordina-se ao lema MAIS E MELHOR EDUCAÇÃO, sintetizado no subtítulo: Apostar em mudanças estruturais, para conseguir a educação de qualidade para todos.

Hoje dei-me ao trabalho de ler este capítulo do Programa do Governo para me certificar, atendendo à aguardada “manifestação da indignação”, se as políticas que têm vindo a ser prosseguidas, nesta área, traem o programa no qual votei.

Salvaguardando a natureza, obrigatoriamente genérica, do programa de qualquer governo, a idiossincrasia do primeiro-ministro, a catadura da ministra da educação, as vicissitudes originadas por algumas metodologias erradas e calendários mal aplicados, a execução da política de educação, consagrada no programa do governo, cumpre, no essencial, com o compromisso eleitoral. O programa eleitoral no qual votei não está a ser traído!

Sei que é um exercício penoso ler um programa de governo, sei que os programas dos governos valem o que valem, mas quem quiser dar-se ao trabalho de ler este verificará que tudo o que tem vindo a ser anunciado, realizado, ou em curso de realização, para a área da educação não superior, está lá previsto.

Pode acontecer que haja quem não esteja de acordo com o programa do governo, por isso é que existe oposição; pode acontecer que haja quem se tenha enganado no partido em que votou, por não se ter dado conta do teor do seu programa eleitoral, por isso é que existe o acto de contrição; pode acontecer que cada um de nós leia o mesmo texto e o entenda de forma divergente, por isso é que existe a discussão. É a democracia!

Pode acontecer muita coisa, mas ninguém pode acusar o governo, e a ministra da educação, de falta de coerência, no plano programático, ou de falta de coragem, no plano político. Um pouco mais de estudo e um pouco menos de demagogia. Haja decência!
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sexta-feira, março 7

RIO DE JANEIRO CAPITAL DO REINO


Em 29 de Novembro de 1807, após um dia chuvoso, o príncipe d. João, d. Carlota, seus filhos, a rainha d. Maria I, vários outros parentes partiram em meio ao outono lisboeta. Do rio Tejo saíram as embarcações. Seguiram, além da família real, nobres, funcionários da Corte, ministros e políticos do Reino. Cerca de 15 mil pessoas. Os franceses ao chegarem à capital portuguesa em 30/11 ficaram a ver navios, frustrados com a não captura dos governantes lusos. Tudo o que era necessário para permanecer governando foi transportado. Insistia, entrementes, uma sensação dúbia: covardia ou esperteza? D. João estava angustiado. Seu país sendo atacado, o povo morrendo e ele seguindo viagem. Desconfortos psicológicos e físicos. Tormentas nos pensamentos e nos vagalhões dos mares que chegou a atrapalhar a travessia. Escassearam os víveres. Natal, Ano Novo e Dia de Reis se passaram. Então, a terra firme finalmente chegou. Em 22 de Janeiro de 1808 os barcos atracaram na antiga primeira capital do Brasil, a ensolarada Salvador. Porém, o abatido e cheio de dúvidas d. João após 54 dias no mar pisou o solo brasileiro apenas 24 hs depois. Foi o primeiro rei europeu a fazê-lo. Revisões nos navios, um pouco de descanso. Seguiram a viagem em 26 de Fevereiro. Dia 7 de Março a família real chegava ao destino final, a cidade do Rio de Janeiro.
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quinta-feira, março 6

CGTP – o insuportável peso da idade


Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo com o título em epígrafe. Aqui deixo os seus três primeiros parágrafos.

Enquanto Carvalho da Silva proferia o seu discurso “pronto-a-vestir” que assenta na perfeição a qualquer governo, seja qual for o estádio de desenvolvimento da sociedade e da economia, a CGTP criou, no âmbito do seu XI Congresso, uma regra que exclui da sua direcção os sindicalistas sexagenários. Estava dado o sinal à sociedade e, em particular, ao mundo laboral, de que a CGTP não é para velhos.
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Esta não é uma questão menor, desde logo, porque confirma a intenção de eliminar a influência de dirigentes que, segundo todas as informações, defendem pontos de vista divergentes face à tendência política dominante naquela central sindical. Jerónimo de Sousa, nascido em 13 de Abril de 1947, não poderia hoje, pela sua “provecta idade” (60 anos), ser dirigente da CGTP mas pode, por ironia, ser secretário-geral do PCP.
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Mal se imaginava que a CGTP, confrontada com a implosão do mundo social que esteve na sua génese, enveredasse pelo caminho da “fobia gerontológica”. Quando se sabe que um dos lados mais dramáticos das sociedades do nosso tempo é o estigma da idade, a desvalorização da experiência, a distância entre as aspirações dos cidadãos comuns e os objectivos das grandes organizações, como pode o afastamento dos mais velhos do comando da CGTP arvorar-se em bandeira de renovação e modernidade?
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PEDRO DORIA

Sou de esquerda e continuarei de esquerda. Para mim, isto quer dizer que o Estado laico tem responsabilidades econômicas perante a sociedade, deve serviços a ela. Quer dizer que acredito que as empresas também têm responsabilidades econômicas e sociais perante a comunidade que as sustenta. Acredito em liberdade de expressão sobretudo e não acredito em laissez-faire sem vigília. Mas entre as idéias de Thomas Jefferson e as de Lênin, sigo com as de Jefferson.
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A RUA



Chris Dunker

Tenho a certeza que a próxima manifestação da “Frente Comum” vai ser a maior manifestação de sempre pois cada uma das manifestações da “Frente Comum” é sempre a maior manifestação de sempre.
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NO MEIO - A VIRTUDE - NO MEIO

Pedro Vieira, in 5 Dias

Sempre me causou uma profunda estranheza a manutenção de Rui Marques, durante tanto tempo, em tão delicada missão de estado, ou seja, à frente do organismo que trata da questão da imigração, aquela que muitos consideram, hoje, a questão social mais importante do mundo ocidental. Mistérios, entre muitos, da governação socialista.

Nada tenho contra a pessoa do Rui Marques, nem sequer duvido da sua competência técnica, mas a matéria que é mister ser tratada no organismo que ele administrou é de natureza eminentemente política. Sempre um conservador pode executar uma política progressista e um progressista executar uma politica conservadora. Há mesmo conservadores mais progressistas que muitos socialistas que conheço.

Para desempenhar funções de direcção na administração pública o mais importante é a definição rigorosa da missão, a confiança pessoal e política, a competência técnica e a lealdade institucional. Mas, no caso em apreço, trata-se de uma das áreas mais sensíveis da política de qualquer governo, na qual entroncam questões de natureza social, educacional, civilizacional, cultural, de segurança interna, e por aí fora, o que exige uma sintonia política muito apertada. Não me parecia ser o caso. Mas talvez só Deus soubesse!

Rui Marques, finalmente liberto daquela missão, deu um sinal da sua excentricidade propondo-se criar um partido politicamente situado, no meio, entre o PS e o PSD. Aperto as meninges e não encontro esse lugar, não diviso o espaço, mas como diz o post que me inspira: o rui marques bem sabe que no meio está a virtude. e a esperança de portugal.
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quarta-feira, março 5

O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (II)

Big Wins for Clinton in Texas and Ohio; McCain Clinches Race as Foe Concedes

Para o campo democrático, quanto à escolha presidencial, o prognóstico é reservado para quem quiser ganhar seja quem for que ganhe. Revelo a minha preferência por Hillary apesar da esquerda bem pensante europeia se ter enamorado por Obama.

Posso estar enganado mas julgo que se enganam aqueles que pensam que Obama representa o renascer da esperança no futuro da esquerda na América e no mundo.

Quero crer que Hillary, face à dura realidade da América, na era pós Bush, equilibrará, de forma mais fiável, na política interna e externa, o renascer da esperança na esquerda com o pragmatismo necessário para a gestão da crise.
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O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (I)

In Público

Um polícia desfralda a bandeira chinesa na Praça Tiananmen, em Pequim. O Congresso Nacional do Povo começa hoje e durará quase duas semanas.
Foto: David Gray/Reuters
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terça-feira, março 4

A AVALIAÇÃO


(…)

No domínio da educação, a mudança envolve necessariamente os professores. Os mais diversos estudos internacionais mostram que o enfoque na selecção e na qualidade dos professores constitui o factor mais significativo de diferenciação entre os sistemas que apresentam os melhores resultados em matéria de capacitação dos alunos para o ambiente cultural a económico moderno. Entre os países que mais rapidamente o reconheceram contam-se alguns onde o choque da imigração foi mais forte e obrigou, conjuntamente com a abertura da economia, a uma mutação mais radical. Não consta que os professores se tenham considerado atacados pela mudança de métodos. Apenas em França vimos isso acontecer e os resultados estão à vista, tanto em matéria de emprego como de coesão social. É entre esses modelos que temos de escolher e só podemos lamentar que uma classe que precisa de ser respeitada opte pelo insulto como instrumento de “defesa”.
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VENDE-CE

Imagem daqui

Na minha viagem do último fim-de-semana ao Algarve, uma “ida à terra”, pelo meio de festividades familiares, da inauguração da exposição de Alfredo Garcia Revuelta, na Galeria Trem, de uma visita ao Museu Municipal de Faro, guiada pela própria directora Dália Paulo (competentíssima), o meu filho assinalou, na estrada a caminho de Olhão, o anúncio pintado na parede do casarão: VENDE-CE …
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segunda-feira, março 3

UMA GUERRA SUJA

Todos os cenários são possíveis. Mas uma coisa é certa: as lideranças políticas da Venezuela e do Equador – admiradas por certa esquerda ocidental - mostram ao mundo a sua relação íntima com as FARC. Chavez pensa que descobriu o ovo de Colombo: vende as suas boas graças ao ocidente e, em troca, financia as FARC. Não sei qual o preço praticado por refém. Deve depender da importância, pessoal, social e política de cada um, para os compradores da sua liberdade. A França revelou que o nº 2 das FARC, morto no ataque do exército colombiano, era um seu interlocutor. Vive-se por ali um dos mais dramáticos episódios da história contemporânea com todos os ingredientes dos poderes podres: reféns, droga, petróleo e armas.
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VIVENDO E TRADUZINDO

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AS BORRAS DE IMPÉRIO (IV)

Nubar Alexanian

Portugal é feito dos que partem
e dos que ficam. Mas estes
numa inveja danada por aqueles terem
sido capazes de partir, imaginam-lhes a vida
a série de triunfos sonhados por eles mesmos
nas horas de descrerem da mesquinhez em que triunfam
todos os dias. E raivosamente
escondem a frustração nos clamores
da injustiça por os outros lá não estarem
(como eles estão), do mesmo passo
que se ocupam afanosamente em suprimi-los
(não vão eles ser tão tolos –
- a ponto de voltarem).

8/6/1971

Jorge de Sena.

[AS BORRAS DE IMPÉRIO (I) (II) (III) e (IV) no Caderno de Poesia]
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ENCASINADO

Pois eu também acho. Os meandros do negócio envolvem gente grada – a que já foi citada e outra que se mantém a recato – e o regime parece que não aguenta ir a jogo. São uns merdas!
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sexta-feira, fevereiro 29

ALBERT CAMUS


“Para os cristãos, a Revelação está no início da história. Para os marxistas, está no fim. Duas religiões.”

Albert Camus - Caderno n.º5 [Setembro de 1945 a Abril de 1948.]
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5 MINUTOS

Raymond Meeks

Hoje, 29 de Fevereiro de 2008, das 19:55 às 20:00 horas, propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos eléctricos, para o nosso planeta poder 'respirar'. Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal. Só 5 minutos, para ver o que acontece. Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta. Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos mesmo fazer algo em grande. Passa a notícia, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes e pede-lhes que façam a tradução e adaptem as horas.
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TRAÇOS E CORES

Recebi da Helena, via Traços e Cores, esta menção. Obrigada. O que na menção vale verdadeiramente a pena, além do mais, é permitir a divulgação deste blogue sem desprimor para qualquer outro, em particular, os seguintes a quem passo:

BARBEARIA DO SENHOR LUÍS, A DEFESA DE FARO, DE TUDO UM POUCO … OU NADA, ANDRÉ BENJAMIM e RESPIRAR O MESMO AR
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quinta-feira, fevereiro 28

O PSD BALANÇA ...

Kerry Skarbakka

O PSD é um partido singular não só pela sua origem histórica, que não interessa nada à maioria das pessoas, mas que é um bom objecto de estudo para politólogos e sociólogos, como pelas suas propostas e posturas políticas actuais.

Por mim acho que é preferível que exista um partido como o PSD no qual confluem várias correntes de opinião e forças políticas não formais, moderadas, do que deixar a representação política da direita entregue à extrema-direita. Do mal, o menos.

Sempre é preferível ver Arménio Santos, em representação da tendência sindical social-democrata, na manifestação hegemonizada pela corrente sindical comunista, do que sermos confrontados com a adesão de parte da sua base social de apoio a actos de violência preconizados por uma qualquer organização de extrema-direita.
Não é mau de todo dispor de um PSD que reivindica, num dia, caso venha a ser governo, a abolição da publicidade no canal público de televisão (RTP) e, no dia seguinte, o reforço do financiamento privado dos partidos políticos.

No caso da televisão pública o financiamento privado, obtido através da publicidade, seria substituído pelo financiamento público (ou seja, obtido através de taxas e impostos); no caso dos partidos o financiamento público seria subalternizado, ou no limite, substituído, pelo financiamento privado. Estão a ver?

Mas o PSD, depois das eleições, com outro presidente, no caso provável de continuar a ser oposição, ou com o mesmo presidente, no caso improvável de vir a ser governo, poderá propor exactamente o contrário, ou seja, manter o financiamento privado, através da publicidade, do canal público de televisão (RTP) e excluir o financiamento privado dos partidos políticos fazendo-os depender, parcial ou totalmente, do financiamento público, ou seja de taxas e impostos.

Ou o seu contrário, e assim sucessivamente … ao sabor dos interesses privados. É uma espécie de política de casino! Estão a ver? Isto não é propriamente para principiantes!
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A DEFESA DE FARO

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Poesia numa hora dessas?

Michael Rainey

De vez em quando sucumbo à tentação de publicar alguns versos só para constatar que poesia definitivamente não dá ibope, vide os escassos comentários a poemas meus como "Sete Faces", "Língua" e "Futebol". Menos mal que atualmente me dedico a atividades capazes de garantir o meu nome fora do SPC e do Serasa, destinando o ofício da poesia a escribas mais qualificados. Contudo, quando recebi e-mails de antigos colegas da lista "Escritas" relatando a criação do blog coletivo Poetas Lusófonos com o intuito de reunir novamente amigos virtuais que se conheceram há mais de uma década, não pude deixar de resgatar certas lembranças. [Na íntegra aqui.]
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quarta-feira, fevereiro 27

VÍTOR WENGOROVIUS

Fotografia de António Pais Vítor Wengorovius no jantar de extinção do MES, Novembro de 1981
(Clicar na imagem para ampliar)

No dia de hoje, três anos atrás, morreu Vítor Wengorovius. Ele merece ser evocado sempre, correndo todos os riscos, pois fez da sua própria vida um risco. Aqui deixo, em sua memória, um texto antigo.

O mais brilhante tribuno do movimento estudantil durante a crise académica de 1961/62. Eu não tinha idade para o conhecer nessa época mas os testemunhos dos seus contemporâneos são eloquentes. Só o conheci como veterano no processo de criação do MES bastante antes do 25 de Abril.

Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico puro e impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha.

Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação.

Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política.

Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais.

Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem.

As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir.

Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.

(Ler ainda aqui)
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PORTAS À BEIRA DO KO TÉCNICO


O Dr. Portas é um artista português dos mais afamados do reino. Precisa de palco e, neste momento, precisa de levantar muita poeira, de preferência, citando a justiça pois está, aparentemente, em trânsito uma densa nuvem de ameaças que recaem em cima do canastro do dito. É claro que pode escapar como sempre escapou pelo intervalo que resulta da intercepção de uma vasta teia de favores e informações cruzadas. (Não se sabe, certamente, da missa a metade nem de muitos protagonistas que nem assomam à ribalta!)

O Dr. Portas no seu regresso à lavoura lançou uma provocação ao ministro da dita, Jaime Silva, tomando-o na conta de um puro tecnocrata. Mas enganou-se. Jaime Silva despiu a pele de tecnocrata e deu-me uma resposta política à maneira. O próprio Dr. Jardim deve ter ficado com a cara à banda. Mas a política nem sempre pode viver de meias palavras.

Com dois ou três murros bem encaixados no centro da testa, sem perceber muito bem de onde brotava a verve política do homem da lavoura, o Dr. Portas cambaleou e, entre o surpreso e o aflito, engatou a versão judicial que lhe dá muito jeito. Assim sempre baralha a opinião pública pois, na véspera, tinha sido anunciado o inquérito à tragédia do casino.

E vocês sabem lá … que outras tragédias ainda podem surgir por aí …Em qualquer caso era de toda a conveniência que surgissem mais respostas, como esta do Jaime Silva, assim clarinhas como a água, para que o povo entenda do que se está a falar e com quem se está falar ...
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terça-feira, fevereiro 26

Vargas Llosa

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MENEZES E A "FRENTE COMUM"

Fotografia daqui

Luís Filipe Menezes entende que “manifestação será um ponto de viragem irreversível na popularidade do Governo e na construção de uma mudança”, tendo em conta “a situação de descontentamento na educação, a perseguição de professores” e a “situação caricata de identificação dos docentes que falaram à televisão”.

Li esta declaração de Luís Filipe Menezes e fiquei à espera de ouvir para crer. Vinda do líder de um partido da direita, apesar de todos os ilusionismos, soou-me mal. Fiquei à espera para ver e ouvir essas declarações do líder do PSD. Já vi e ouvi e é mesmo verdade: trata-se do apoio explícito de Menezes (líder do PSD) à manifestação convocada pela “Frente Comum”.

Ora das três uma: ou a manifestação, apesar de parecer o contrário, apoia as posições políticas liberais de Menezes, ou o apoio de Menezes à manifestação é um aproveitamento político, primário, do género “todos ao monte e fé em deus” ou, o mais provável, é a confirmação da tese de um amigo meu, muito bem informado, segundo a qual Menezes já deu como perdidas as próximas eleições legislativas.

O tempo político de Menezes não será, segundo essa tese, 2009 … mas 2013. Tanto tempo!
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domingo, fevereiro 24

RAUL SUCEDE A FIDEL

Veja aqui a composição do Conselho de Estado a verdadeira direcção política de Cuba.

Raul sucede a Fidel. Uma transição do poder, aparentemente, pacífica. Fidel mantém a influência mas afastar-se-á, inevitavelmente, do poder. Raul tem 76 anos e a sociedade cubana desespera por uma abertura económica e política. Todos os cubanos falam, de forma mais ou menos discreta, dessa necessidade. Uma coisa é certa: apesar de todos os discursos não é possível, por um lado, manter o embargo nem, por outro, manter a autarcia. Algo terá que acontecer no sentido da mudança.
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DISCURSO DE RAUL CASTRO
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ANTÓNIO FEIJÓ, O QUE MORREU DE AMOR

Ontem fui à “Ler Devagar” que nunca tinha visitado nas suas novas instalações (provisórias). Alem do convívio, que não vem ao caso, esta visita permitiu-me comprar a Poesia Completa, de António Feijó, um grande poeta/diplomata português, hoje, quase desconhecido e raramente citado. Publico um poema dele, no Caderno de Poesia, e este link que permite o acesso a abundante informação acerca do autor e a uma das suas mais importantes obras, “Sol de Inverno” - Últimos Versos (1915), incluindo um texto intitulado “António Feijó, o que morreu de amor” (Lido na Academia Brasileira, sessão de 28 de Junho de 1917), de autoria de Alberto d´Oliveira.
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NÁPOLES

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CUBA E A IGREJA CATÓLICA

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12 ANOS

O JPN aventura-se numa prosa acerca de um meu caso que sintetizei com o título “Cinco Anos Ardendo em Lume Brando” e também em “Deus não Dorme”. Acho que a devo dar à estampa neste espaço. Além do mais porque o JPN é dos poucos que sempre me acompanhou e que mais de perto conhece algumas das facetas da génese desse processo. Muitos outros, a maioria, conhecendo-me, e conhecendo o processo, melhor ou pior, têm-se mantido calados como ratos. Esses, que andaram por perto, mais do que os algozes, é que me metem nojo.
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sábado, fevereiro 23

5 MINUTOS SOLIDÁRIOS COM O PLANETA


Solidário com o meu filho, renovando a crença nas causas justas, em nome do futuro das novas gerações, participo nesta campanha e peço a sua divulgação.
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No dia 29 de Fevereiro de 2008 das 19:55 às 20:00 horas propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos eléctricos, para o nosso planeta poder 'respirar'. Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal. Só 5 minutos, para ver o que acontece. Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta. Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos mesmo fazer algo em grande. Passa a notícia, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes e pede-lhes que façam a tradução e adaptem as horas.
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JOSÉ AFONSO

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O " DIFUSO MAL-ESTAR" DA SEDES


A SEDES divulgou uma tomada de posição, à maneira de manifesto, acerca do “estado da nação”. O sentimento que me provoca o teor do documento é, como se diz nas praças financeiras, misto. É tudo verdade e aplica-se a qualquer país e, por isso mesmo, é tudo mentira e não se aplica a país algum. Ao correr da pena e para aqueles leitores que estejam minimamente atentos à gestão da coisa pública, à história recente da nossa democracia e ao percurso dos subscritores do dito documento, que pode ser lido na íntegra aqui, fui tentado a fazer-lhe uns despretensiosos comentários puxando os títulos de cada ponto e a primeira frase de cada um. O que mais impressiona é o primeiro ponto versando acerca do “difuso mal-estar”. [IR AO FUNDO E VOLTAR.]
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quinta-feira, fevereiro 21

TÃO LINDAS !

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Palavras aos molhos

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DEUS NÃO DORME


É uma coisa sem grande importância mas representa 12 (doze) anos da minha vida. É claro que tudo é relativo mas, na vida de um cidadão comum, 12 anos é muito tempo. Na verdade, foi a 21 de Fevereiro de 1996 que tomei posse como Presidente da Direcção do INATEL. Para quem quiser saber o significado da sigla basta fazer uma pesquisa. A efeméride não é nada estimulante para mim pois a sete anos de gestão seguiram-se cinco anos de processos. E a coisa ainda não acabou. Um dia se tiver saúde, paciência e memória talvez me dê ao trabalho de contar algumas peripécias deste processo que poderá ter alguma utilidade na sociabilização do conhecimento dos meandros da administração e de como os gestores honestos dificilmente escapam aos cantos de sereia e, finalmente, quando se não deixam comprar, à sanha persecutória dos guardiões do “sistema”. A coincidência mais curiosa que, oportunamente, assinalei, foi a derrota da direita nas últimas eleições legislativas ter ocorrido a 20 de Fevereiro de 2005 exactamente o último dia do meu mandato caso não tivesse sido exonerado em 4 de Fevereiro de 2003. Deus não dorme!
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quarta-feira, fevereiro 20

PS - TRÊS ANOS DEPOIS DE UMA HISTÓRICA VITÓRIA ELEITORAL

Missy Gaido Allen

Faz hoje três anos que o PS arrebatou a maioria absoluta nas eleições legislativas. Venho à ribalta desta tribuna pessoal para reafirmar o meu apoio, no essencial, à política do governo PS que saiu legitimado dessas eleições. Faço-o de uma forma desinteressada. Não precisamos de alienar o sentido crítico, nem de abdicar das opiniões próprias para assumir, em liberdade, as nossas convicções.

Há três anos atrás, por estes dias, escrevi, na própria noite da vitória, umas breves notas acerca da vitória do PS; depois fui à rua, imaginem, para celebrar a vitória e de regresso a casa, escrevi, sob o título Vitórias e Derrotas:

A deambulação pela noite eleitoral, com o meu filho, foi registada pela TVI. Uns segundos em directo na TV têm uma força inimaginável. Os sinais de ter sido visto emanam como um relâmpago na noite escura. Coisas de um novo “espaço público”.Afinal brandir uma bandeira na rua é uma tradição que vem de longe. Seja festivo, seja de revolta é um acto próprio de uma cidadania activa.Mais difícil foi brandir a bandeira do PS, partido vencido em 2002 (Ferro Rodrigues), doloroso em 1991 (Jorge Sampaio), dramático em 1985 (Almeida Santos) e romântico em 1987 (Vítor Constâncio).Convém não esquecer: desde o 25 de Abril as vitórias, para o PS, são intervalos entre derrotas. As derrotas, para o PSD, são intervalos entre vitórias.

Hoje, três anos passados, por entre dúvidas e perplexidades acerca de algumas políticas, acções e inacções do governo socialista, mantenho tudo o que, nessa noite, pensei, fiz e disse.
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segunda-feira, fevereiro 18

SOLILÓQUIO


Quando me encontro com uma notícia como esta o que me impressiona são as datas. As datas mais que os protagonistas. Aquelas dão-me a medida da tramóia, estes põem-me a meditar acerca da verdade da mentira, ou seja, para ir directo ao assunto, se será possível, como já aconteceu com autarcas argui conhecidos, serem alcandorados pelo voto do povo aos píncaros do poder de estado. Tudo legal.

Mas, nesta notícia, o que mais me impressiona são as datas. A impecável correnteza delas apostas em despachos a culminar por volta do dia 21 de Fevereiro de 2005, faz agora três anos, o das eleições legislativas. Tudo legal.

O diploma dos casinos foi aprovado, promulgado e tudo o que era desejado. Tudo legal. Foi aclarado o que o concessionário desejava ver aclarado. Visto! Informe-se o requerente! Compreendi. Incluindo alguns pequenos detalhes cujo alcance nunca tinha alcançado. E alguns de nós a pensar que cuidando da coisa pública com mil desvelos seria possível alcançar o céu! Deus Nosso Senhor!

E por entre estes devaneios veio-me à memória o final de um poema de Jorge de Sena:

(…)

Chicote? Bomba? Creolina? A liberdade?
É tarde, e estão contentes de tristeza,
sentados em seu mijo, alimentados
dos ossos e do sangue de quem não se vende.

(Na tarde que anoitece o entardecer nos prende).

[In L´ÉTÈ AU PORTUGAL, Agosto 1971]
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NEW YORK ON TIME

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domingo, fevereiro 17

PALAVRAS


Correntes. É difícil não corresponder ao desafio. Ainda por cima correntes de palavras. Apesar de pensar que as imagens, muitas vezes, se sobrepõem às palavras. Busquem aqui. Escolher doze palavras preferidas é um jogo e neste momento não sei qual a primeira peça que vou jogar. A minha atracção pelo jogo é ténue ao contrário do meu prazer pela comunicação. Inscrever sinais nos interstícios das decepções. Justapor sinais vitais à morte dos rostos. Ao esquecimento. A luz que derramamos e ilumina a nossa vida e a vida dos outros.

Comunicar por palavras é jogar no tabuleiro de todas as interacções possíveis. Romper barreiras. Acender aquela luz bruxuleante de que falava Sena. Nos limites do saber adquirido em cada tempo ou simplesmente no ronronar da rotina. Tantos já teorizaram acerca deste tema. Não escrevemos, em regra, acerca do que nos toca mais fundo. Não o sabemos fazer. Mas outros escrevem, lúcidos, não interessam os estados de alma, nem as servidões ou as circunstâncias do seu tempo, palavras que tocam todos ou quase todos. São os artistas.

Tenho que ir buscar as palavras a qualquer lado. Mesmo que utilize sempre as mesmas palavras. Leia os mesmos livros. Quase. Nas folgas do tempo que formato para não perder o equilíbrio penso nas línguas do mundo com mais falantes. Esse mar de palavras que não seria capaz de representar. Ninguém domina as palavras, muito menos a sua ausência, o silêncio das palavras. Escrevo e as novas tecnologias permitem-me saber que já escrevi duzentas e setenta e tantas palavras, agora já vou em duzentas e oitenta e tantas, nunca conseguimos fixar o número delas …
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Vou inventar doze “palavras preferidas” lembrando-me dos poetas brasileiros que tenho andado a ler como Ferreira Gullar, Manoel de Barros, … e tantos outros que, em todos os tempos e lugares, … inventaram palavras tal como o vozear do povo da minha terra … palavras fora do dicionário oficial das palavras.
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Aqui alinho doze palavras de uso corrente, por ordem alfabética, doze palavras pequenas, um quase poema, dedicado aos que me olham e que, mesmo sem me conhecerem pessoalmente, se interessam, me estimulam e me desafiam, rezam assim:

Abraço

Amor

Ângulo

Azul

Beleza

Devagar

Longe

Luz

Rosto

Sonho

Terra

Vento
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E, por fim, ainda mais difícil, escolho doze destinatários aos quais passo o desafio de escolher doze palavras:
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