Ryan Zoghlin
Compreendo que surjam candidatos a cargos políticos que se declarem do outro lado da barricada da política, para além da política ou contra a política ou, ainda mais, além da política partidária. Buscam capitalizar o descontentamento popular que, em certas épocas, perante o aparente desconcerto da política julgam favorecer um discurso apartidário senão mesmo anti-partidos. O problema é que o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação, é o vértice do nosso sistema político, o mais político de todos os cargos políticos num regime democrático de partidos. Este é o busílis da questão. Logo os candidatos a Presidente da República podem apresentar-se como melhor quiserem mas se não quiserem protagonizar um projecto minoritário, derrotado à partida, logo mudarão de discurso e aceitarão de braços abertos os apoios político-partidários. Se querem que vos diga, sem desdenhar de qualquer candidato já no terreno, ou em gestação, pressinto que a esquerda democrática nestas eleições vai passar ao lado... Que aproveite então, liderada pelo PS, para travar um debate aberto, e profundo, em torno das grandes reformas do nosso regime semi-presidencialista - lei eleitoral, regionalização, reforma da organização político-administrativa, sistema de justiça … Quer-me parecer que, nas próximas eleições presidenciais, a direita vai apresentar um candidato único contra uma constelação de candidatos de esquerda. Se o candidato da direita for o que está escrito nas estrelas … logo voltaremos ao assunto em Janeiro de 2016. Salvo se as contingências da vida, de súbito, revirarem tudo do avesso abrindo a incerteza acerca dos resultados da próxima disputa. Nessa altura voltaremos ainda ao assunto em Janeiro de 2011. A seguir atentamente …