A Peste
O diálogo a que se refere Catatau, num comentário/consulta que me fez, dias atrás, trava-se entre Tarrou e Rieux, os dois principais personagens de “A Peste” (Albert Camus):
Rieux: ... “mas, sabe, eu sinto mais solidariedade com os vencidos que com os santos. Creio que não tenho gosto pelo heroísmo e pela santidade. O que me interessa é ser um homem”.
Tarrou: - “Sim, nós procuramos a mesma coisa, mas eu sou menos ambicioso.
Rieux pensou que Tarrou gracejava e olhou para ele. Porém, na vaga claridade que vinha do céu, viu um rosto triste e sério. O vento levantara-se de novo e Rieux sentiu-o morno sobre a pele. Tarrou agitou-se:
- Sabe o que devíamos fazer em prol da amizade?
- O que quiser – respondeu Rieux.
- Tomar um banho de mar. Mesmo para um futuro santo, é um prazer digno.
Rieux sorria.
- Com os nossos salvo condutos, podemos ir até ao cais. No final de contas, é estúpido viver só na peste. Bem entendido, um homem deve bater-se pelas vítimas. Mas, se deixa de gostar de tudo o resto, para que serve bater-se?
- Tem razão – disse Rieux – vamos lá.”
Reproduzo agora este diálogo, para satisfazer a curiosidade de Catatau, depois de resgatar “A Peste”, e de a reler, no que estimo ser a edição mais antiga desta obra para a língua portuguesa - Colecção Miniatura – Livros do Brasil – tradução de Ersílio Cardoso – sem data mas, certamente, dos anos 50. Trata-se, de facto, para abreviar razões, de uma bela obra, um verdadeiro libelo contra o totalitarismo.
[Reparei quando escolhi reler esta edição que uma outra, recente, editada pelo jornal “Público”, logo na abertura, ostenta um erro descomunal e indesculpável, referindo o ano de 1954 como o da atribuição do Nobel a Camus, quando, de facto, essa distinção ocorreu em 1957. ]
O diálogo a que se refere Catatau, num comentário/consulta que me fez, dias atrás, trava-se entre Tarrou e Rieux, os dois principais personagens de “A Peste” (Albert Camus):
Rieux: ... “mas, sabe, eu sinto mais solidariedade com os vencidos que com os santos. Creio que não tenho gosto pelo heroísmo e pela santidade. O que me interessa é ser um homem”.
Tarrou: - “Sim, nós procuramos a mesma coisa, mas eu sou menos ambicioso.
Rieux pensou que Tarrou gracejava e olhou para ele. Porém, na vaga claridade que vinha do céu, viu um rosto triste e sério. O vento levantara-se de novo e Rieux sentiu-o morno sobre a pele. Tarrou agitou-se:
- Sabe o que devíamos fazer em prol da amizade?
- O que quiser – respondeu Rieux.
- Tomar um banho de mar. Mesmo para um futuro santo, é um prazer digno.
Rieux sorria.
- Com os nossos salvo condutos, podemos ir até ao cais. No final de contas, é estúpido viver só na peste. Bem entendido, um homem deve bater-se pelas vítimas. Mas, se deixa de gostar de tudo o resto, para que serve bater-se?
- Tem razão – disse Rieux – vamos lá.”
Reproduzo agora este diálogo, para satisfazer a curiosidade de Catatau, depois de resgatar “A Peste”, e de a reler, no que estimo ser a edição mais antiga desta obra para a língua portuguesa - Colecção Miniatura – Livros do Brasil – tradução de Ersílio Cardoso – sem data mas, certamente, dos anos 50. Trata-se, de facto, para abreviar razões, de uma bela obra, um verdadeiro libelo contra o totalitarismo.
[Reparei quando escolhi reler esta edição que uma outra, recente, editada pelo jornal “Público”, logo na abertura, ostenta um erro descomunal e indesculpável, referindo o ano de 1954 como o da atribuição do Nobel a Camus, quando, de facto, essa distinção ocorreu em 1957. ]