quinta-feira, agosto 3

A PESTE - UM DIÁLOGO

Posted by Picasa A Peste

O diálogo a que se refere Catatau, num comentário/consulta que me fez, dias atrás, trava-se entre Tarrou e Rieux, os dois principais personagens de “A Peste” (Albert Camus):

Rieux: ... “mas, sabe, eu sinto mais solidariedade com os vencidos que com os santos. Creio que não tenho gosto pelo heroísmo e pela santidade. O que me interessa é ser um homem”.

Tarrou: - “Sim, nós procuramos a mesma coisa, mas eu sou menos ambicioso.

Rieux pensou que Tarrou gracejava e olhou para ele. Porém, na vaga claridade que vinha do céu, viu um rosto triste e sério. O vento levantara-se de novo e Rieux sentiu-o morno sobre a pele. Tarrou agitou-se:
- Sabe o que devíamos fazer em prol da amizade?
- O que quiser –
respondeu Rieux.
- Tomar um banho de mar. Mesmo para um futuro santo, é um prazer digno.
Rieux sorria.
- Com os nossos salvo condutos, podemos ir até ao cais. No final de contas, é estúpido viver só na peste. Bem entendido, um homem deve bater-se pelas vítimas. Mas, se deixa de gostar de tudo o resto, para que serve bater-se?
- Tem razão –
disse Rieux – vamos lá.”

Reproduzo agora este diálogo, para satisfazer a curiosidade de Catatau, depois de resgatar “A Peste”, e de a reler, no que estimo ser a edição mais antiga desta obra para a língua portuguesa - Colecção Miniatura – Livros do Brasil – tradução de Ersílio Cardoso – sem data mas, certamente, dos anos 50. Trata-se, de facto, para abreviar razões, de uma bela obra, um verdadeiro libelo contra o totalitarismo.

[Reparei quando escolhi reler esta edição que uma outra, recente, editada pelo jornal “Público”, logo na abertura, ostenta um erro descomunal e indesculpável, referindo o ano de 1954 como o da atribuição do Nobel a Camus, quando, de facto, essa distinção ocorreu em 1957. ]

TRANSUMÂNCIAS

Posted by Picasa Algarve – Praia de Faro

Um diálogo muito interessante acerca de transumâncias. Afinal o velho tema do Algarve, neste caso, como destino de férias, no contexto português.

Por aqui o dia amanheceu enevoado e chuvoso o que facilita a intensificação da leitura em desfavor do sol. Todas as realidades têm ângulos diversos pelos quais podem ser observadas e apreciadas.

ADORNAR

Posted by Picasa Luís de Camões

Em 3 de Agosto de 2004 escrevi este pequeno texto que transcrevo na íntegra e que, dois anos depois, continua pleno de actualidade:

A vida de muita gente adorna. Outros naufragam. Outros sobrevivem à tona, a maioria. A energia vital que empurra a vida para a frente, fracassa. Espanta-me a capacidade, de alguns, em conviverem em silêncio com o medo.

Nesse mesmo dia postei uma das mais belas redondilhas de Luís de Camões: Endechas a Bárbara escrava

quarta-feira, agosto 2

MARIA JOÃO PIRES

Posted by Picasa Maria João Pires

Fernando Mora Ramos, publicou, hoje, no Público um artigo de opinião em defesa de Maria João Pires com o título:”Nada que não esperasse”. [Link disponível só para assinantes.]

Não conheço os detalhes nem as vicissitudes do projecto de Belgais. Sei, desde o princípio, que é uma ideia generosa destinada a dinamizar, no interior pobre e desertificado do país, um centro de excelência na área das artes, em particular, dedicado à música.

Maria João Pires não será o primeiro, nem o último, génio português a abandonar o seu país por razões pouco esclarecidas mas nas quais se vislumbram as marcas da amargura, desilusão e impotência. Valerá a pena reflectir acerca da sua atitude acima das insinuações torpes?

É uma injustiça para Maria João Pires e uma vergonha para o país que fiquem a pairar duvidas acerca da sua honorabilidade pessoal. Maria João Pires é uma pianista de primeiro plano a nível mundial. Os artistas geniais são seres muito estranhos que sonham mas que, regra geral, se rodeiam de gente que sabe fazer contas.

Maria João Pires decidiu partir para o Brasil. Felizes os brasileiros! Lembrei-me de Jorge de Sena que, em 1959, seguiu o mesmo caminho...

RESSONÂNCIAS


Há precisamente dois anos prosseguia, ainda sem o recurso a imagens, a publicação de um livro artesanal, elaborado muitos anos antes, que intitulei “Fragmentos de Leitura de "Roland Barthes por Roland Barthes”.

Vinha, assim, ao de cima a minha velha paixão pela leitura da escrita feita de fragmentos que aproxima, ou cria a ilusão de aproximar, o leitor da oficina do criador. São o modelo de obra da qual os “Cadernos” de Camus são o paradigma e que, na realidade, se constituíram como autênticos blogues “avant la lettre”.

Barthes, que não era propriamente um entusiasta de Camus, também experimentou, ao seu estilo, este modelo de escrita.

terça-feira, agosto 1

FLORA ASSASSINADA

Posted by Picasa Flora da Ilha Barreta - Imagem da “Ilha de Faro” que retenho na memória quando, muitos anos atrás, a visitava fazendo a travessia da Ria, obrigatoriamente de barco, a partir de Faro.

Se é assim, como se conta, já entendo um pouco melhor tanta coisa que, como diria o povo, "não dá para acreditar". Se a regra se torneia com a excepção, afinal para que serve a regra? Para permitir a excepção! Por acaso pernoitei uma semana, a última que passou, na Ilha de Faro onde, todos os anos, desde que nasci, passei pelo menos um dia de férias. Não vale a pena descrever o que as criaturas humanas foram capazes de criar naquele espaço abençoado pela natureza. Então o celebrado POOC permite o que ali se vê e impede umas carreiras de barco - aliás o retomar de uma sã tradição de outros tempos - que só podem contribuir para atenuar a tragédia urbanística da "Ilha de Faro"? Sabemos dos mistérios da administração do território mas convenhamos que há limites para o absurdo.

[Este é o texto do comentário, transformado em post, que escrevi a propósito da extraordinária questão colocada em “Carreiras Para a Ilha Metem Água” no “A Defesa de Faro”.]

segunda-feira, julho 31

A PESTE

Posted by Picasa Camus & his wife, Francine, December 1957, Stolkholm. Reception on the occasion of the Nobel prize.

Caminho para o fim da leitura, retomada, da biografia de Albert Camus, de Olivier Todd, editada pela Gallimard, em 1996, tema que dará “pano para mangas”, lida na edição traduzida para castelhano pela Tusquets Editores, de Barcelona. [livro que me foi oferecido pela Manuela – olá!].

Ainda na época da edição de “A Peste”, cujos primeiros exemplares Camus recebeu em princípios de Junho de 1947, e foi posto à venda no dia 6, desse mês, numa edição de 22.000 exemplares. Segundo Todd este “es el primer éxito grandísimo de Camus ...”.

Curiosa a nota referente às vendas de “A Peste”: “En la colección blanca, entre junio de 1947 y junio de 1959, Gallimard venderá doscientos cincuenta y seis mil ejemplares, es decir, cien mil más que de El extranjero entre noviembre de 1942 y Abril de 1959.”

Também para satisfazer a curiosidade de Catatau, a propósito de um seu comentário, e para que se tenha uma noção do que significava um êxito editorial, em França, no longínquo ano de 1947. Lá chegaremos a 1957...

domingo, julho 30

GUERRA

Posted by Picasa Fotografia daqui

Todos os protagonistas que fazem a guerra no Médio Oriente têm plena consciência dos seus actos. Os que empunham as armas e aqueles que se acobertam nos cínicos apelos à paz.

Não sei se existe alguma capacidade, e vontade, na comunidade das nações para celebrar os acordos necessários para pôr fim a esta guerra.

Nas fronteiras do coração do mundo islâmico resta saber se a administração conservadora dos Estados Unidos está apostada em constituir-se como uma ameaça dissuasora ou se busca um pretexto para generalizar e aprofundar a guerra.

O rito ostentado nos rostos de Bush e de Blair são um mau presságio e as andanças dos seus mensageiros pela zona do conflito parecem não ser guiadas pela exacta previsão da gravidade da situação. Por vezes quem está muito perto do fogo perde a noção da sua intensidade e extensão.

Será que às forças políticas moderadas – nos governos e na opinião pública – lhes resta, como nas vésperas de anteriores conflitos mundiais, assistir impotentes às trágicas consequências das loucas decisões de dirigentes extremistas?

FINAL?

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

Depois, apenas,
isto:
Branco de cal
de todos os tempos.
À espera do tempo.

20.1.67

José Blanc de Portugal

In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

RECONCILIAÇÃO

Posted by Picasa Fotografia enviada por Raul Pinheiro Henriques
(Clicar na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: João Cravinho, Raul Pinheiro Henriques, Filomena Aguilar Ferro Rodrigues, Francisco Soares, José Manuel Galvão Teles, César Oliveira, Edilberto Moço. Atrás, à direita, Luísa Pedroso Lima e, à direita, no primeiro plano, Diomar Santos.

Esta fotografia do Jantar de Extinção do MES – postada sem qualquer tratamento – apresenta algumas prosaicas diferenças em relação às anteriores. Não pertence à colecção do António Pais, é a cores e evidencia a presença dos cravos vermelhos.

Ela é a imagem da reconciliação entre o grupo que tinha abandonado o MES logo no 1º Congresso, de Dezembro de 1974, o chamado GIS (Grupo de Intervenção Socialista) e aqueles que se mantiveram até ao seu fim, simbolizado por este Jantar/Festa, realizado no dia 7 de Novembro de 1981.

Na realidade o MES morreu duas vezes como tentei explicar num post de Abril de 2004 intitulado “As duas Mortes do MES”. Esta é uma imagem de convivência fraterna apesar de todos os radicalismos que nunca deixaram de ameaçar as tentativas de reconciliação entre as diversas correntes que confluíram no MES.

Ainda hoje alguns dos ausentes destas fotografias serão capazes de sentir o incómodo da realidade que elas representam. Mas é um facto que, em política, a história nada assinala, do lado dos adeptos das teorias do irreconciliável, salvo a morte das suas “certezas” ou a sua melancolia do poder.

sábado, julho 29

O PÔR DO SOL

Posted by Picasa O Pôr do Sol no Mar – Abril de 2000 – desenho do meu filho Manuel – pelos seus nove anos.

Emergindo de uma breve ausência. Vicissitudes da época estival. Do que é intenso se descansa. Nada mais natural.

Para a hfm que, atenta, sempre me reconforta com os seus comentários, aqui deixo, no início deste regresso, ainda intermitente, mais um desenho.

domingo, julho 23

RITA E JOÃO

(Clique na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: Maria Olímpia (Pimpas), Mário Trigo, Filomena Aguilar Ferro Rodrigues, Luís Cruz e Silva, ladeando os gémeos Rita e João.

Não se trata, neste caso, de uma fotografia da colecção – ainda não esgotada – do Jantar de Extinção do MES, realizado em 1981, mas da captação de um momento exterior ao seu IV Congresso (o derradeiro), realizado em 1979. [Reitoria da Cidade Universitária de Lisboa]

Esta fotografia é uma preciosidade. Não só por ela própria – o preto e branco dá profundidade à realidade – mas por uma espécie de auréola de felicidade que se pressente no ar apesar de, politicamente falando, estarmos em fim de festa.

Com discrição, como sempre, a Filomena, ocupa o lugar central, mesmo que não ocupe geometricamente o centro do lugar, harmonizando os sentimentos e mantendo agarrados os laços que, no fundo, unem as famílias alargadas a que pertence.

Neste caso a imagem, inevitavelmente, destaca as figuras dos filhos gémeos da Filomena e do Eduardo (Ferro Rodrigues) – a Rita e o João – compenetrados para o acto.

Toda a vida é feita de mudança, dizia a canção, e aqui está uma imagem do passado com o presente e o futuro lá dentro. Não vale a pena temer nada senão os nossos próprios medos.

Apostilha à história das instituições (o dia seguinte)

Posted by Picasa Peixe Vermelho – Desenho, realizado em Maio de 2001, de autoria de meu filho (pelos seus 10 anos.)

Para o Manuel Maria.
Rasgar o mapa dos poderes:
sorrateiramente, evitando mostrar que sabes,
dar a palavra ao servo e fazê-lo brilhar;
deixar o senhor, falando, tão solene, sombrar;
não infringir à luz do sol nenhuma norma clara,
mas agir antes pela astúcia da razão:
deturpar certos preceitos orais da tradição
e fazer com a cautela uma vergonha rara;
estilhaçar o uso das ferramentas morais,
usando-as,
usando a honra como a espada dos samurais;
ler livros proibidos às horas de refeição,
desgostar os teus amigos sendo tão solitário,
tomar a dose de individualismo diário,
falar alto ao medo, solto, pregá-lo no chão;
acreditar que os últimos podem ser primeiros,
que o calor, apertando, pode mudar os janeiros,
que a brisa, querendo, pode acalmar o verão,
que há revoltas para lá da escassez de pão.
Rasgar o mapa das estradas
e deixar a cada desvario que aconteça,
aguardar pelos perfumes nas encruzilhadas,
partir, venturoso, sem esperar que amanheça
aproveitando que as guardas dormem de noite;
escrever, sendo dextro hábil, com a mão esquerda
para pelo pasmo criar a oportunidade
de ler com ambas enterradas em corpos aflitos;
saltar da cama à noite para acudir aos gritos
aos quais te juntas noutro leito mesmo ao lado,
pedindo ao teu parceiro perdão do teu pecado
e ao teu pecado perdão pelo tempo perdido,
confesso incapaz do risco de ser mal-querido;
rasgar a solidão escrevendo letras de trovas,
e com elas ao mundo dar, mentindo, boas novas
e a todos os povos, ignaros, novos continentes:
nada importa, se acreditam, quanto tu mentes;
amar apaixonadamente todos os miseráveis
e comer chocolates belgas, dos puros, ao lanche,
aflito com a queda do cacau nas bolsas mundiais,
e com os maus desenvolvimentos desiguais;
aflito, tu que nada vês na economia,
que não ligas os pobres e a barriga vazia,
preocupas-te lindamente,
fazes por sofrer dores duras como as do parto,
saudoso das antigas crises existenciais,
das que lembram livros e boa filosofia,
antes, durante e depois de um jantar farto.
Se a literatura acabar, logo se verá.
Haja horrores:
podendo tirar deles sofrimento aceitável,
alto! alto! alerta! eu espero estar cá.
Porfírio Silva

In A Varanda das Azenhas
(Poema dedicado a meu filho.)

sábado, julho 22

CAMUS - 1947

Posted by Picasa Frank Grisdale

Pode ler aqui a minha quarta contribuição para o blogue Cadernos de Camus que termina com esta nota:

No ano de 1947 Camus abandona a redacção do jornal Combat e publica o romance A Peste que o torna célebre o que, sem dúvida, explica esta reflexão acerca do êxito. Nos meus sublinhados verifico a curiosidade de ter colocado entre aspas a frase “A adversidade é necessária”. Um sublinhado do sublinhado

IMAGENS MAGNIFICAS

sexta-feira, julho 21

sem título XXXV

Sempre o som do mar ao fundo
No silêncio da noite se agiganta
Encosta acima mais nítido puro

21 de Julho de 2006



[A propósito de ter entrado no Erotismo na Cidade e reparado que na lista de links o absorto, por vicissitudes do abecedário, surge em primeiro lugar. Um pretexto para dizer que aprecio a qualidade e continuidade daquele blogue de referência].

MÉDIO ORIENTE

Crise no Médio Oriente. Em curso deste o final da 2ª Guerra Mundial. Só mudam os protagonistas por efeitos da passagem do tempo.

O cerne da questão política, que urge resolver, persiste. A existência e coexistência pacífica de dois estados, independentes e viáveis: Israel e Palestina.

Ler aqui, aqui e aqui.

RÉACTION ... RÉVOLUTION ... CRÉATION

«26 octobre. [1954]
Le contraire de la réaction ce n´est pas la révolution, mais la création. Le monde est sans cesse en état de réaction il est donc sans cesse en danger de révolution. Ce qui définit le progrès, s´il en est un, c´est que sans trêve des créateurs de toute ordres trouvent les formes qui triomphent de l´esprit de réaction et d´inertie, sans que la révolution soit nécessaire. Quand ces créateurs ne se trouve plus, la révolution est inévitable.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

EDUCAÇÃO - DEBATE, QUAL DEBATE?

Agradeço e retribuo a referência do “hoje há conquilhas, amanhã não sabemos”, do Tomaz Vasques, a um post meu a propósito da querela da educação. Também não vi o debate de ontem. Mas, pelas aparências, poder-se-á perguntar: debate, qual debate? Vi somente uns planos nos quais era evidente o embaraço da ministra face ao vozear ululante que emanava do hemiciclo.

Coisas próprias da democracia parlamentar ainda para mais quando todos sabem – no PS e na oposição - que a ministra da educação não é uma política profissional levando em consideração, ainda para mais, que o assunto ontem em destaque, pela sua complexidade técnica, é muito difícil de abordar no plano político.

Não parece normal que hajam no 12º ano dois programas, em simultâneo, para as mesmas disciplinas, pois não? Herança de políticas erradas do governo anterior, arquitectadas por um ex-ministro que é, hoje, assessor do PR. Por isso, certamente, a abordagem política do cerne da questão tenha ficado por conta do PS que quase “desapareceu” das noticias. Ficou a ministra que tentou manter a serenidade, no meio da algazarra, falando para os cidadãos.

O que ressaltou, no fim, foi o ruído de fundo e a plena convergência política, apesar de tudo surpreendente, entre a esquerda comunista, virgem em questões de governação, e a direita, responsável directa pela herança do caos reinante na área da educação, no ataque directo à ministra, mesmo ao nível pessoal, pois deu para entender, durante os últimos dias, a tentativa de fazer passar a ideia que as suas decisões políticas estavam condicionadas por interesses particulares.

A política ao mais baixo nível e em todo o seu esplendor, o que só reforça, no meu ponto de vista, a ideia de que mais vale manter um prudente distanciamento dos seus agentes activos potencialmente nocivos à saúde e bem estar de um cidadão normal. Santa paciência a de todos os políticos honestos, estejam no activo, na reforma, no exílio, ou no conforto do lar ...

Por mim já tinha esboçado um artigo acerca do tema da educação que aprontei hoje, propositadamente, antes do debate, e vai para publicação tal e qual.

quinta-feira, julho 20

A VARANDA DAS AZENHAS

Posted by Picasa Imagem de um livro singular em forma de blogue

O verão. Celebrar o encontro de várias gerações, sob um céu generoso, no qual não se desenhem ameaças à liberdade.

A palavra. Encarar o futuro respondendo, com placidez, à curiosidade discreta que nos despertam as nossas próprias dúvidas.

A intemporalidade. Partilhar o espaço e o tempo, o lugar e o modo, a palavra e o silêncio, a assiduidade e a ausência.

A comunidade. Alcançar a capacidade de fruir a vida em comum por necessidade e vontade.

A religiosidade. Amassar o pão e o espírito alimentando o sentido da existência de todos e de cada um.

A diferença. Ser ”amigo que não empata amigo” e o aceita com seus defeitos e virtudes.

A casa comum. Olhar a varanda, de onde se desfruta a vista do mar resplandecente, o espaço incomensurável no qual cabe um mundo de afectos, diferenças e futuros.

A esperança. Saber que cada uma das nossas vozes, ao menos um pequenino sopro delas, perdurará na memória dos mais jovens e lhes dará força para resistir às trombetas da guerra e da vã cobiça.

A cumplicidade. Alcançar somente aquilo de que formos capazes por nós próprios sabendo adivinhar o olhar discreto dos amigos.

A amizade. Dar testemunho acerca dos outros, sem nada pedir em troca, é isso a amizade?