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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, setembro 30
AINDA IREMOS A TEMPO?
Ontem, de forma surpreendente, diga-se o que se disser, surgiu, em todo o seu esplendor, um presidente confessadamente anti-socialista mesmo quando os actuais dirigentes socialistas são considerados de direita pelos que, por sua vez, se consideram verdadeiros socialistas. Complicado? A prédica presidencial de ontem surge como um fenómeno raro, paradoxal e estranho à prática do exercício da função presidencial, no nosso ordenamento constitucional, que sempre, sem excepção, foi fiel ao princípio de que candidato à Presidência, independentemente das suas simpatias partidárias, após eleito, nem que seja por um voto, se torna Presidente de Todos os Portugueses. É este princípio que, inclusive, tem absorvido o impacto potencialmente devastador das derivas presidencialistas emergentes no fim dos segundos mandatos de todos os presidentes. Mas, no caso presente, Cavaco ainda nem chegou ao fim do seu primeiro mandato. Dormindo sobre o tilintar das espadas, cenário que me foi sugerido pelo exercício oratório das 20 de ontem, fiquei sensível a argumentos de futurologia que nunca tinha tomado a sério: será que o Presidente já se decidiu pela sua não recandidatura? E liberto da necessidade de congregar apoios para um futuro combate eleitoral se prepara para desferir um golpe que, em termos simples, consiste em fazer tábua rasa da maioria relativa do PS, em favor da minoria absoluta da direita? Será possível uma interpretação presidencial dos resultados eleitorais que valorize as maiorias conforme a predilecção partidária do presidente? Custa-me a crer mas é tal o desconforto que detecto na maioria das mentes pensantes que escrevo o que porventura deveria silenciar por uma questão de decoro e responsabilidade cidadã. Espero que impere o bom senso! Ainda iremos a tempo?
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terça-feira, setembro 29
ESTE DIA
Novembro – 32 anos*
A inclinação mais natural do homem é a de se aniquilar e toda a gente com ele. Quantos esforços desmedidos para ser apenas normal! E quão maior é ainda o esforço para quem tenha ambições, de se dominar e de dominar o espírito. (…)
*Certamente escrito no dia do seu 32º aniversário. Albert Camus (7 de Novembro de 1945.)
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ENDOIDOU?
Cavaco Silva acabou de fazer um exercício suicida. Desceu do lugar da mais alta dignidade institucional da República, para o qual foi eleito, à mesa do café para transmitir as suas opiniões pessoais aos portugueses. Ao que vinha, na qualidade de Presidente, tudo ficou por esclarecer. Nunca tal se tinha visto! Com seus defeitos e virtudes nunca qualquer outro Presidente da República alguma vez desceu tão baixo. A partir de hoje, se ainda restassem dúvidas, Cavaco Silva deixou de ser o Presidente de todos os portugueses para se tornar no líder da oposição ao PS.
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PORTUGAL - ALEMANHA: NEGOCIAR !
Douglas Prince
Fausse victoire de Merkel, vraie faillite du SPD
Alemanha – eleições no mesmo dia que em Portugal. Uma nota breve para evidenciar as semelhanças e as diferenças. A CDU de Merkel obteve o 2º pior resultado eleitoral da sua história; o SPD o pior resultado desde a sua criação (em 1948). Na Alemanha, como em Portugal, os extremos subiram e minguou o centro, no sentido lato. Na Alemanha a coligação de governo, com uma CDU mais fraca, desloca-se para a direita, com a subida dos Liberais que acedem ao governo, substituindo o SPD. O futuro programa de governo deverá entrar em contramão com as orientações do G20. Como baixar impostos e, ao mesmo tempo, combater o deficit? Em Portugal a diferença de fundo está em que o PS, ao contrário do SPD alemão, governando sozinho e, apesar de perder a maioria absoluta, ganhou as eleições e vai formar governo, ao que tudo indica, minoritário. O PS, nas eleições portuguesas, saiu-se melhor que a CDU de Merkel e muito melhor que o SPD. Hoje o PS, em Portugal, enfrenta os desafios de um partido de poder, longe dos dramas de um partido de oposição, o que vai ocorrer com o PSD. No próximo futuro, a governabilidade e estabilidade política, dependem, acima de tudo, da capacidade de negociação do PS. E como estão enganados aqueles que pensam, e afirmam, que Sócrates não é capaz de ser um excelente negociador! Estou convencido exactamente do contrário!
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segunda-feira, setembro 28
QUE FAZER?
O PS ganhou as eleições. Parece um facto banal mas não é. Primeiro porque é difícil ganhar. É sempre difícil ganhar em provas públicas. Ganhar a aprovação dos cidadãos mesmo quando os cidadãos sentem que não podem ganhar tudo o que desejariam com o governo a que dão o seu aval. O PS ganhou. Na democracia é assim. Ganha quem tem mais votos. E devo sublinhar, pois essa é a minha convicção, que ganhou o líder do PS, José Sócrates. Uma prova difícil. Todos o dizem, ou talvez não. Mas os líderes políticos geram dinâmicas perversas, animosidades, ódios e paixões. Todos sem excepção mesmo aqueles que não chegam à chefia dos governos. Ainda mais quando acedem à sua liderança. Podem aparentar um espírito de bonomia ou de crispação, seja como for, decidir é um risco, desagrada a uns quanto pode agradar a outros. O que se passou nestas eleições deve-se muito à resistência de um líder que foi sujeito, e continuará a sê-lo, a pressões inimagináveis para que quebrasse e se perdesse ou se deixasse perder. Resistiu e venceu. Mas para que a realidade desta vitória se não deixe destroçar pela sua aparência precisa de ir além do seu próprio partido. O PS e o seu líder não podem mais, nos próximos tempos, deixar de suscitar um verdadeiro debate que promova uma reinvenção da esquerda. Não que tal fenómeno seja a panaceia para todos os males. Nem que se deseje por mero efeito de imitação do que se passa noutros países. Mas porque, a meu ver, é um dos ensinamentos destas eleições. O outro ensinamento é que o povo não quer, pelo menos por uns tempos, maiorias absolutas, muito menos poderes absolutos. Não quer o que quer que seja absoluto. O taxista de ontem pediu-me que lhe explicasse o que era uma maioria absoluta. Tendo compreendido a sumária explicação concluiu: pois sim, tudo é possível, mas sem maioria absoluta. Sócrates, o vencedor destas eleições, precisa, pois, para que a vitória a curto prazo não se transforme numa derrota a prazo médio, de escolher um caminho que lhe permita governar com uma maioria relativa. É difícil ganhar e ainda mais difícil governar, negociando e estabelecendo acordos, sem ficar prisioneiro das agendas populistas à esquerda e à direita (no caso, do BE e do PP). Entramos numa nova fase da nossa vida democrática. Será possível cerzir, de forma paciente, as alianças políticas que o povo, através do voto, parece ter exigido? À esquerda? À direita? Ao centro? Tudo depende do tempo, do modo e da vontade dos interlocutores. O pivô é Sócrates. Quem não entrar no jogo perde. E desde logo o Presidente da República.
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domingo, setembro 27
O VOTO
Já votei, já votamos. Sendo assim posso dizer que votei, em todas as eleições nas quais foi possível votar, desde 1965. É não só um dever mas, muito para além do dever, um prazer. Na minha mesa de voto deparei-me com um grande fila a que já não estava habituado. Muita gente por todo o lado. Pude concluir, de forma empírica, que a abstenção deverá baixar em relação às últimas legislativas. A participação eleitoral, segundo os dados das 12 horas, deverá ser superior nestas legislativas face às anteriores. O ambiente social era pacato, convivial, o que mais me convence que a nossa democracia amadureceu. Sejam quais forem os resultados, grande democracia a nossa! Apesar dos velhos do Restelo!
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O PS VAI GANHAR - MAIS TARDE FALAMOS.
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sábado, setembro 26
NÃO SE ENTENDE ...
Não se entende o que motivou Cavaco Silva a “comprar” um conflito com a Igreja Católica: Igreja zangada com Cavaco
Nem se entende a necessidade de Cavaco Silva, na mensagem destinada a fazer o apelo ao voto, afirmar o que deveria ser óbvio, não carecendo de ser explícito:
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sexta-feira, setembro 25
SONDAGENS (QUADRO FINAL)
Todos sabemos que as sondagens não votam. Mas existem. Encorajam uns e desencorajam outros. Criam expectativas e conformam decisões. Não vale a pena esconjurá-las quando os seus resultados nos são desfavoráveis, nem endeusá-las quando nos favorecem. Valem o que valem. E quer-me parecer que valem bastante. É este o quadro síntese das mais recentes sondagens realizadas a propósito das eleições legislativas de domingo. E este um dos mais importantes espaços de reflexão acerca das mesmas. Para mais tarde comparar.
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REFLEXÕES FINAIS (II)
As imagens criadas pelo autor João Coisas apenas poderão ser utilizadas em blogues sem objectivo comercial, e desde que citada a respectiva origem.
As sondagens apontam para um bom resultado eleitoral do PS nas legislativas de domingo [Quadro final no Margens de Erro]. Coloco no campo improvável das surpresas absolutas a hipótese de qualquer partido alcançar a maioria absoluta. Com todas as reservas – sondagens são sondagens - o que é, para mim, um bom resultado eleitoral para um PS vencedor? É obter um número de deputados superior ao somatório dos deputados do PSD e do PP. Neste cenário um governo minoritário do PS correrá menos riscos pois só poderá ser derrotado pela convergência dos votos dos deputados da direita (PSD+PP) com os votos dos deputados do BE e/ou do PCP. Por razões de governabilidade, ou seja, de estabilidade política, é desejável, hoje mais do que nunca, que o PS obtenha uma vitória eleitoral por uma diferença confortável. Por isso voto PS!
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REFLEXÕES FINAIS (I)
A direita clama contra a censura que põe nos outros para esconder a sua vernácula vocação censória. É um velho e conhecido truque que, quase sempre, resulta nos momentos de desencanto. Se ascenderem ao poder os “impolutos”, e impunes, herdeiros do Miguelismo contemporâneo, acharão crime em tudo mesmo no que, para honrar os princípios da honra republicana, tenham feito os seus adversários para defender a liberdade e, por consequência, os defender também a eles. Cuidemos, pois, de prevenir esse risco votando no Partido Socialista.
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quinta-feira, setembro 24
O ANÚNCIO DA VISITA DO PAPA
A história é simples de contar. A Presidência da República anunciou hoje a visita a Portugal, no próximo ano, do Papa. Fê-lo no site oficial da Presidência da República. Pouco depois foi possível verificar o incómodo da Igreja Católica Portuguesa por não ter tido oportunidade de se associar ao anúncio daquela visita. A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou uma notícia que mostra todo o seu desconforto e que culmina assim:
Interessante aquela expressão aludindo às eleições e às confidências que “passam por muitas pessoas”. A Presidência da República parece, na verdade, perturbada, neste período eleitoral, pelo menos na área da comunicação.
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"Já não há empate técnico."
Apresenta-se AQUI o quadro actualizado das últimas sondagens respeitantes às eleições legislativas de domingo. O responsável da INTERCAMPUS, que divulgará hoje uma sondagem realizada para a TVI/RCP, levanta uma ponta do véu: “Já não há empate técnico”.
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SONDAGENS DERRADEIRAS (I)
quarta-feira, setembro 23
A UNIDADE DOS SOCIALISTAS TEM MUITA FORÇA
terça-feira, setembro 22
O DIA EM QUE CAVACO EMBATUCOU O PSD
segunda-feira, setembro 21
NÃO É NORMAL ...
Também acho que não é normal a actuação da Presidência da República. Mas daqui a uns tempos talvez seja possível compreender a verdadeira razão de ser da anormalidade … neste caso o caçador foi caçado. Afinal os títulos académicos nem sempre são suficientes para o cabal desempenho de altas funções de Estado …
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domingo, setembro 20
ESTE "PÚBLICO" MORREU ...
O texto que se segue é de Joaquim Vieira, Provedor do Público (publicado hoje mas que não encontro na edição on-line). Trata-se da continuação da abordagem do mesmo assunto já tratado no último domingo pelo mesmíssimo Provedor. Não é uma brincadeira dos escrevinhadores de blogues ou de profissionais de comentários mais ou menos abjectos. Acho que é um assunto de Estado e penso que muita gente, mesmo nos meios intelectuais mais bem informados, ainda pensa que o Governo andou a espiar o PR. Mas por que carga de água o Provedor do Público, insuspeito de simpatias com o governo, escreve esta frasezinha referindo-se ao jornal Público: “haverá uma agenda política oculta na actuação deste jornal?”
Transcrevo dois parágrafos do texto do provedor do Público com um link para o texto completo:
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sexta-feira, setembro 18
DEIXEM O POVO VOTAR EM LIBERDADE
O PSD de Manuela Ferreira Leite, em desespero de causa, lança a velha cartada do papão comunista (versão BE). Mas não foi José Sócrates o único líder politico que, no debate com Louçã, desmascarou o programa do BE? Não foi Manuela Ferreira Leite que, no debate, com Sócrates, questionada pela jornalista, rejeitou, liminarmente, qualquer hipótese de entendimento com o PS? O PSD conhece a linha política do PS nestas eleições desde sempre defendida, de forma clara, por José Sócrates: ganhar as eleições com base no seu programa eleitoral. E ganhá-las por uma maioria que permita ao PS governar sozinho. Nunca esteve em cima da mesa qualquer outra solução. Cenários há muitos, porventura desejos, até uma nova maioria absoluta do PS. Quem sabe? Deixem o povo votar em liberdade!
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SONDAGENS
Não vou perorar acerca de sondagens nas vésperas de eleições legislativas que decidem uma coisa muito importante: o governo. Confesso que fiquei escaldado com a experiência das sondagens acerca das últimas eleições europeias. Mas as sondagens, a uma semana da ida às urnas, são um tema incontornável. Ver as últimas AQUI e AQUI.
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quinta-feira, setembro 17
PRIMEIROS MINISTROS
A propósito desta inenarrável peça jornalística na qual não se distingue onde acaba a ignorância do PSD e começa a da jornalista deixo uma breve sinopse acerca dos primeiros-ministros de Portugal que, após o 25 de Abril, exerceram funções na sequência das primeiras eleições legislativas, realizadas em 25 de Abril de 1976.
- Mário Soares (7/12/1924) - 1º ministro por duas vezes: a partir de 23/7/1976 e de 9/6/1983, respectivamente com 51 e 58 anos de idade;
- Nobre da Costa (10/7/1923) – 1º ministro a partir de 28/8/1978, com 55 anos;
- Mota Pinto (25/7/1936) – 1º ministro a partir de 22/11/1978, com 42 anos;
- Lurdes Pintassilgo (18/1/1930) – 1ª ministra a partir de 31/7/1979, com 49 anos;
- Sá Carneiro (19/7/1934) – 1º ministro a partir de 3/1/1980, com 45 anos;
- Freitas do Amaral (21/7/1941) – 1º ministro (interino) a partir de 4/12/1980, com 39 anos;
- Pinto Balsemão (1/8/1937) – 1º ministro a partir de 4/9/1981, com 44 anos;
- Cavaco Silva (15/7/1937) – 1º ministro a partir de 6/11/1985, com 46 anos;
- António Guterres (30/4/1949) – 1º ministro a partir de 28/10/1995, com 46 anos;
- Durão Barroso (23/3/1956) – 1º ministro a partir de 6/4/2002, com 46 anos;
- Santana Lopes (29/6/1956) – 1º ministro a partir de 17/7/2004, com 48 anos;
- José Sócrates (6/9/1957) – 1º ministro a partir de 12/3/2005, com 47 anos.
Salvo qualquer erro, involuntário, que corrigirei, são estes os primeiros-ministros de Portugal, na III República, que incluem uma mulher – Maria de Lurdes Pintassilgo. Entre parêntesis as datas de nascimento.
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quarta-feira, setembro 16
JORGE DE SENA
Assisti, no passado dia 11 de Setembro à homenagem prestada a Jorge de Sena. Foi comovente e fez-se justiça. Só hoje escrevo, de forma breve, acerca da cerimónia pois só hoje posso, sem quaisquer dúvidas, afirmar que, ao contrário do que possa parecer, esta homenagem, com todo o seu significado, simbólico e material, foi uma iniciativa do Ministro da Cultura, ou seja do governo, que obteve a aquiescência de Mécia de Sena e da restante família de Jorge de Sena. Era uma iniciativa, desde há muito reclamada, mas que nunca ninguém tinha alcançado concretizar. Compreendo, assim, o significado da presença, embora discreta, do 1º ministro na homenagem.
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3 PORTUGUESES, 3 ATITUDES
Hoje, em Espanha, três destaques, três: la candidata Manuela Ferreira Leite, Cristiano Ronaldo e Durão Barroso. Dos três, Manuela desiste! Cristiano marcou! Barroso luta! Manuela “acusó a "los españoles" de intromisión en la política portuguesa, y proclamó que Portugal "no es una provincia de España". El motivo es la construcción de la red ferroviaria de Alta Velocidad acordada por los dos Gobiernos y que conectará Madrid con Lisboa en 2 horas y 45 minutos a precios competitivos con el avión.”; Cristiano Ronaldo, que en media hora descorchó al Zúrich con versos de su repertório; El infatigable José Manuel Durão Barroso redobló ayer sus gestos y promesas especialmente en materias sociales en un último esfuerzo para convencer a los eurodiputados socialistas y verdes para que le voten hoy para un segundo mandato de cinco años al frente de la Comisión Europea.
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terça-feira, setembro 15
RUA FERNANDO NAMORA (OUTRA VEZ)
Como aqui foi referido não é conhecida qualquer participação dos residentes de Telheiras na decisão de realizar a obra (profunda), ainda em curso, na Rua Fernando Namora. Não existe sequer informação no local da obra com as referências habituais que identifiquem o dono da obra, empreiteiro, prazos, custos, etc., como julgo que a Câmara, como é de lei, obriga toda e qualquer entidade. Para quem não conheça aquela é uma via estruturante no acesso ao novo bairro de Telheiras e, com a presente intervenção, fica reduzida de 4 para 2 faixas. De um lado foi construída uma ciclovia e do outro lugares para estacionamento, na maior parte, em espinha. Seria possível encontrar uma solução de compromisso que permitisse a criação da ciclovia sem necessidade dos lugares de estacionamento. A rua ficaria com 3 faixas sendo, dessa forma, possível garantir uma razoável fluidez de tráfego que, nas horas de ponta, é intenso envolvendo meios de transportes particulares e públicos. Posso estar mal informado mas não conheço qualquer informação que tenha sido prestada aos residentes acerca desta intervenção que interfere muito com a qualidade de vida dos residentes. Sou um deles. Acho que o Zé deu um tiro no pé!
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segunda-feira, setembro 14
TGV- "VOANDO SOBRE UM NINHO DE CUCOS"*
Custa a acreditar que Manuela Ferreira Leite tenha afirmado o que afirmou acerca do projecto do TGV. Custa a acreditar que não tenha medido as consequências políticas das suas afirmações. Ou que caso as tenha medido tenha sacrificado as relações com Espanha ao populismo de uma afirmação anti-espanhola sem futuro pois é insustentável seja qual for a estratégia da política internacional de Portugal no contexto europeu ou mundial. Não é preciso ter uma formação de nível superior, ter lido, viajado e escrito muito, saber de economia e finanças, de contas públicas e de indicadores, de política internacional e diplomacia, para temer o pior de uma política hostil face a Espanha. Basta o bom senso que Durão Barroso, esse mesmo que é presidente da Comissão Europeia, e foi presidente do mesmíssimo partido da Dr. Manuela Ferreira Leite, demonstrou nas suas declarações, acerca do projecto TGV, de Janeiro de 2004 sublinhando, entre outros, um aspecto muito importante e muito esquecido: a contribuição do TGV para a redução dos custos ambientais.
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OUTUBRO EM SETEMBRO
Ferro Rodrigues defende em nove pontos as razões para se votar no PS.
A utilidade de um voto não se prova através de proclamações ideológicas ou argumentos aritméticos; afirma-se pelas propostas e pela demonstração de que em eleições legislativas o voto de protesto para nada serve. Quem não está interessado em assumir responsabilidades de governo, joga no agudizar da crise económica e social a partir da crise política e assim deveria ser penalizado e ter expressão parlamentar pouco relevante.
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A utilidade de um voto não se prova através de proclamações ideológicas ou argumentos aritméticos; afirma-se pelas propostas e pela demonstração de que em eleições legislativas o voto de protesto para nada serve. Quem não está interessado em assumir responsabilidades de governo, joga no agudizar da crise económica e social a partir da crise política e assim deveria ser penalizado e ter expressão parlamentar pouco relevante.
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domingo, setembro 13
O populismo de Manuela (versão anti-espanhola)
A afirmação anti-espanhola de Manuela Ferreira Leite, a propósito do TGV, é de uma extraordinária gravidade política e mereceu, de imediato, a atenção da comunicação social de Espanha:
La líder de la oposición ha señalado que no le gusta "que los españoles se metan en la política portuguesa" y ha justificado el interés de España por que el tren de alta velocidad llegue a Portugal a que, de ser así, recibirá más fondos de la Unión Europea. Sócrates, defiende en cambio las "inversiones en las redes de alta velocidad" para ayudar a superar la crisis y ha criticado que la candidata de la oposición esté dispuesta a faltar a su palabra con España y echarse atrás en un proyecto que respaldó cuando era ministra en 2003.
La líder de la oposición ha señalado que no le gusta "que los españoles se metan en la política portuguesa" y ha justificado el interés de España por que el tren de alta velocidad llegue a Portugal a que, de ser así, recibirá más fondos de la Unión Europea. Sócrates, defiende en cambio las "inversiones en las redes de alta velocidad" para ayudar a superar la crisis y ha criticado que la candidata de la oposición esté dispuesta a faltar a su palabra con España y echarse atrás en un proyecto que respaldó cuando era ministra en 2003.
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A ERRÂNCIA DE MANUELA E A RESPONSABILIDADE DE SÓCRATES
Fotografia de Hélder Gonçalves
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Nestes debates, por mais que os consideremos decisivos, não se joga o resultado final de qualquer eleição. Só se acontecesse a derrocada de um dos contendores, e mesmo assim há derrocadas e derrocadas, como foi evidenciado pela rouquidão de Jerónimo de Sousa no debate que antecedeu as legislativas de 2005! Não é expectável que isso aconteça num debate a este nível e este até foi sereno, civilizado e esclarecedor nalguns aspectos relevantes (TGV, por exemplo…), o que é bom para os eleitores e, do meu ponto de vista, favorece o PS. Manuela Ferreira Leite, como dirigente partidária, não tem um pensamento estruturado e por isso pode dar-se ao luxo de ensaiar uma espécie de errância propositiva que, convenhamos, não é fácil desmontar. Mas uma candidata a primeira-ministra não pode defender tudo e o seu contrário. Esta notícia recente é paradigmática do que acabo de escrever. Sócrates saiu vencedor do debate. Mostrou ser um dirigente político responsável, com domínio dos dossiers e com sentido de Estado. Julgo que é disso que os portugueses gostam. Manuela Ferreira Leite sobreviveu. Haja saúde!
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sábado, setembro 12
ARRANQUE DO ANO LECTIVO
Voltando a um assunto banal: o ano lectivo arrancou no ensino básico e secundário. Em 2004 o tema era o desastre do arranque do ano lectivo no tempo da saudosa ministra Maria do Carmo Seabra no governo PSD/PP. Voltamos, pois, à normalidade salvo se a gripe A fizer das suas, mas isso é outro assunto. Hoje foi disponibilizada a informação, cumprindo o calendário, com as colocações dos candidatos à frequência do Ensino Superior Público. Este ano fui “cliente” e posso testemunhar que o serviço funcionou em pleno. O ano lectivo de 2009/2010, em todos os graus de ensino, não apresentou problemas no motor de arranque. Esta operação, no seu conjunto, envolve muita gente e muitas responsabilidades. O sistema público de educação saiu a ganhar. E os portugueses também. O governo fez o que competia ... o que parece uma coisa banal...
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sexta-feira, setembro 11
REQUIEM POR SALVADOR ALLENDE
Fotografia de Hélder Gonçalves
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No dia de todos os aniversários tristes nunca esqueço o crime político que ceifou a vida de Salvador Allende, democraticamente eleito, que, para mim, sempre será Presidente da República do Chile. Passava o dia 11 de Setembro de 1973 e, em breve, havia de nascer a madrugada da liberdade em Portugal. Que viva!
(…)
(…)
In “Todos os Poemas – III” – “Toda a Terra” – I Parte “Areias de Portugal”Assírio & Alvim – 2ª edição (Outubro de 2004)
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EM MEMÓRIA DE JORGE DE SENA NO DIA DO SEU REGRESSO A PORTUGAL
NÃO, NÃO, NÃO SUBSCREVO, ...
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Não, não, não subscrevo, não assino
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,
como se golpes, contra-golpes, intentonas
(ou inventonas - armadilhas postas
da esquerda prá direita ou desta para aquela)
não fossem mais que preparar caminho
a parlamentos e governos que
irão secretamente pôr ramos de cravos
e não de rosas fatimosas mas de cravos
na tumba do profeta em Santa Comba,
enquanto pra salvar-se a inconomia
os empresários (ai que lindo termo,
com tudo o que de teatro nele soa)
irão voltar testas de ferro do
capitalismo que se usou de Portugal
para mão-de-obra barata dentro ou fora.
Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:
infantilmente doentes de esquerdismo
e como sempre lendo nas cartilhas
que escritas fedem doutras realidades,
incompetentes competiram em
forçar revoluções, tomar poderes e tudo
numa ânsia de cadeiras, microfones,
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,
e em moer do povo a paciência e os olhos
num exibir-se de redondas mesas
em televisas barbas de falácia imensa.
E todos eram povo e em nome del' falavam,
ou escreviam intragáveis prosas
em que o calão barato e as ideias caras
se misturavam sem clareza alguma
(no fim das contas estilo Estado Novo
apenas traduzido num calão de insulto
ao gosto e à inteligência dos ouvintes-povo).
Prendeu-se gente a todos os pretextos,
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)
o abocanhar patriótico dos tachos.
Paralisou-se a vida do país no engano
de que os trabalhadores não devem trabalhar
senão em agitar-se em demandar salários
a que tinham direito mas sem que
houvesse produção com que pagá-los.
Até que um dia, à beira de uma guerra
civil (palavra cómica pois que
do lume os militares seriam quem tirava
para os civis a castanhinha assada),
tudo sumiu num aborto caricato
em que quase sem sangue ou risco de infecção
parteiras clandestinas apararam
no balde da cozinha um feto inexistente:
traindo-se uns aos outros ninguém tinha
(ó machos da porrada e do cacete)
realmente posto o membro na barriga
da pátria em perna aberta e lá deixado
semente que pegasse (o tempo todo
haviam-se exibido eufóricos de nus,
às Áfricas e às Europas de Oeste e Leste).
A isto se chegou. Foi criminoso?
Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião
do filme que as direitas desejavam,
em que como num jogo de xadrez a esquerda
iria dando passo a passo as peças todas.
É tarde e não adianta que se diga ainda
(como antes já se disse) que o povo resistiu
a ser iluminado, esclarecido, e feito
a enfiar contente a roupa já talhada.
Se muita gente reagiu violenta
(com as direitas assoprando as brasas)
é porque as lutas intestinas (termo
extremamente adequado ao caso)
dos esquerdismos competindo o permitiram.
Também não vale a pena que se lave
a roupa suja em público: já houve
suficiente lavar que todavia
(curioso ponto) nunca mostrou inteira
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano
usada foi por tanto entusiasta,
devotamente adepto de continuar ao sol
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos
não foram antes grandes pecadores).
E que fazer agora? Choro e lágrimas?
Meter avestruzmente a cabeça na areia?
Pactuar na supremíssima conversa
de conciliar a casa lusitana,
com todos aos beijinhos e aos abraços?
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,
hão-de tocar seus copos de champanhe?
Ir já fazendo a mala para exílios?
Ou preparar uma bagagem mínima
para voltar a ser-se clandestino usando
a técnica do mártir (tão trágica porque
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,
e de intervir directamente em tudo)?
Mas como é clandestina tanta gente
que toda a gente sabe quem já seja?
Só há uma saída: a confissão
(honesta ou calculada) de que erraram todos,
e o esforço de mostrar ao povo (que
mais assustaram que educaram sempre)
quão tudo perde se vos perde a vós.
Revolução havia que fazer.
Conquistas há que não pode deixar-se
que se dissolvam no ar tecnocrata
do oportunismo à espreita de eleições.
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,
ou pode ser que as perca. Em qualquer caso,
que ao povo seja dito de uma vez
como nas suas mãos o seu destino está
e não no das sereias bem cantantes
(desde a mais alta antiguidade é conhecido
que essas senhoras são reaccionárias,
com profissão de atrair ao naufrágio
o navegante intrépido). Que a esquerda
nem grite, que está rouca, nem invente
as serenatas para que não tem jeito.
Mas firme avance, e reate os laços rotos
entre ela mesma e o povo (que não é
aqueles milhares de fiéis que se transportam
de camioneta de um lugar pró outro).
Democracia é isso: uma arte do diálogo
mesmo entre surdos. Socialismo a força
em que a democracia se realiza.
Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora
importa uma só coisa - defender
uma revolução que ainda não houve,
como as conquistas que chegou a haver
(mas ajustando-as francamente à lei
de uma equidade justa, rechaçando
o quanto de loucuras se incitaram
em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,
e sem que a escravidão volte à socapa
entre a delícia de pagar uma hipoteca
da casa nunca nossa e o prazer
de ter um frigorifico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,
guardai no bolso imagens de outras Franças,
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes
tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:
garantes de uma ordem democrática
em que a direita não consiga nunca
ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem
de seres discursiva e não galante
em graças de invenção e de linguagem,
manda-os àquela parte. Não é tempo
para tratar de poéticas agora.
Santa Bárbara, Fevereiro 1976
manda-os àquela parte. Não é tempo
para tratar de poéticas agora.
Santa Bárbara, Fevereiro 1976
(aniversário de uma tentativa heróica de conter uma noite que duraria décadas)
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Jorge de Sena, in POEMAS “POLÍTICOS E AFINS” (1972-1977) - 40 ANOS DE SERVIDÃO
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