domingo, setembro 6

ACERCA DO DISCURSO POPULISTA DO PSD


A campanha eleitoral do PSD, é penoso para qualquer pessoa de bom senso admiti-lo, caiu na linguagem própria da extrema-direita. Não sei que diabo se passa na cabeça de Manuela Ferreira Leite e de um intelectual do calibre de Pacheco Pereira para jogarem mão de argumentos próprios dos políticos populistas. Todos sabemos, pela história e pela experiência, para quem conheça um pouco de história e tenha alguma experiência dos meandros do poder, com seus vícios e virtudes, que o PS é, no nosso sistema político partidário, um baluarte da defesa da liberdade e da democracia. Nele convivem, aliás, diversas correntes ideológicas debatendo-se entre diferenças políticas, tensões geracionais e cambiantes doutrinárias. O PS ocupa o lugar do centro-esquerda no nosso sistema político partidário. Uma banalidade. Mas serve para dizer que não há outro lugar a partir do qual se possa gerar uma alternativa de governo viável. Não é sequer uma questão de ser um governo de esquerda, é de ser um governo viável, capaz de conciliar interesses antagónicos e de gerar políticas de superação da crise (mais profunda do que muitos possam pensar) do sistema capitalista tal como o conhecemos. A direita sabe isso melhor do que ninguém. Por isso o seu discurso populista só pode ser interpretado como um ensaio para a criação de um modelo de governo autoritário que abra caminho à liquidação da Constituição cuja matriz incorpora os valores do 25 de Abril. Todo o discurso populista do PSD, e do PP, em defesa das liberdades não é mais do que uma paliçada por detrás da qual se acoitam os inimigos da liberdade. Alguns deles já deram provas do que são capazes quando acederam ao governo no período de 2002 a 2005. A memória é curta mas haverá sempre quem não esqueça. A social-democracia de Sá Carneiro, e a Democracia Cristã de Freitas do Amaral, estão mortas e enterradas e os seus poucos herdeiros perderam a audácia de se levantarem em sua defesa. Será o eleitorado de esquerda capaz de compreender o que está em jogo nestas eleições?
.

1 comentário:

vai tudo abaixo disse...

Lá vem o "canto da sereia": se não querem que a direita venha para o poder, votem em nós. Esquecem-se que, durante 4 anos, fizeram uma política de direita. Quem é que pode confiar neste PS?
Se o PS estivesse mesmo interessado numa convergência à esquerda, corria com os socretinos e discutia na base de um programa, não de lugares.