domingo, agosto 12

A Queda da Luz

Amaciadas pelo calor, as grandes lajes convidavam ao repouso. E saboreava-se o esquecimento num tecido de sol, vivendo sem pensar e sobretudo sem agir, estendido preguiçosamente e absorto na total sensação do calor envolvente. Por sobre tudo isto, via-se o céu de um azul orgulhoso e arejado. Nenhum ruído, nenhum canto de ave, nenhum coaxar de rãs – apenas o zumbido indistinto e entorpecedor do grande calor. (…) Não se importava de acolher as paixões e as loucuras, o que o não impedia de se voltar para o infinito azul e repousante, na deliciosa bruma do longe.

Albert Camus In “escritos de juventude”, A queda da Luz – Notas de Leitura (Abril 1933)

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