“São raros aqueles que continuam a ser pródigos depois de
terem adquirido os seus meios. Esses são os reis da vida, que se devem saudar
com discrição.”
(…)
“ – a miséria é uma fortaleza sem ponte levadiça.”
(…)
“De resto, como fazer compreender que uma criança pobre pode
por vezes ter vergonha sem nunca invejar coisa alguma?”
(…)
“E, à noite, deitado, morto de cansaço, no silêncio do
quarto onde a mãe dormia levemente, ainda ouvia uivar dentro dele o tumulto e
furor do vento que amaria ao longo de toda a vida.”
(…)
“ … a criança morrera naquele adolescente magro e vigoroso,
de cabelos revoltos e olhar arrebatado, que trabalhara todo o Verão para levar um
salário para casa e acabava de ser nomeado guarda-redes titular da equipa do
liceu e, três dias antes, saboreara pela primeira vez, quase desfalecido, o
contacto com a boca de uma jovem.”
Albert Camus, in O Primeiro Homem
[Depois de amanhã, 7 de novembro, faz 99 anos que nasceu Camus. Está prestes a iniciar-se o ano do centenário do seu nascimento. Espero que, em Portugal, alguma coisa aconteça. A ver. ]
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